A Uirapuru da Mooca abriu a noite de ensaios técnicos deste sábado no Sambódromo do Anhembi, em preparação para o Carnaval 2023. Com destaque para o contagiante samba, a escola sofreu com a chuva que caiu durante seu único treinamento previsto nesta temporada. A agremiação será a sexta a se apresentar no dia 11 de fevereiro, pelo Grupo de Acesso II, com o enredo “Amazônia: Terra do Uirapuru – Salve os donos da terra e suas lendas”.
Comissão de Frente
A Uirapuru mostrou que dá para fazer uma comissão legal mesmo com simplicidade. Dez dançarinos performam durante uma passagem do samba com movimentos que casam com todas as passagens do samba. Durante o refrão principal é possível entender claramente que os gestos dos atores são referências diretas aos versos.
Com uma coreografia tão simples, se aproximar da perfeição é uma meta fácil de alcançar. Atendendo ao propósito de apresentar o enredo, a escola da Mooca começa seu desfile com o pé direito.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Um quesito complicado de ensaiar com a pista molhada durante toda a passagem pela Avenida. O primeiro casal, formado por Anderson Guedes e Pâmela Yuri, procurou não correr riscos desnecessários e realizou uma dança mais lenta e conservadora, priorizando a análise do andamento da escola. O mais importante neste treinamento foi perceber a boa interação nas expressões de um para com o outro. Ambos estão focados no objetivo maior da agremiação.
Harmonia
A matemática foi muito ingrata com a Uirapuru. Primeiro horário, chuva, sistema de som recém instalado. As escolas do Grupo de Acesso II tendem a ter um canto mais discreto que as dos grupos superiores, o que faz a somatória de todos esses fatores resultar em uma percepção praticamente nula da harmonia. O jeito foi apelar para analisar visualmente a participação de cada componente na pista, e é uma pena que o desempenho tenha sido tão discreto mesmo com um samba fácil de cantar e que atiça o corpo como esse. A direção de harmonia precisará colocar na consciência da comunidade a beleza da joia que a Mooca esculpiu. Apostem mais na expressões corporais que a música permite de forma tão espontânea.
Evolução
Com o baixo contingente, fica muito fácil evoluir na Avenida sem pressa, dentro do tempo desejável. Ainda é preciso resolver problemas com a compactação, e o espaço deixado para o recuo da bateria foi muito exagerado. A côrte da “Moocadência” ficou muito tempo cobrindo o grande buraco feito, o que pode não ser bem visto pelos jurados. Por fim, o tempo de 44 minutos de conclusão do ensaio é prova de que o que falta à Uirapuru no quesito é mais treinamento, já que o relógio será amigo da escola este ano.
Samba-Enredo
O samba da Uirapuru é simplesmente delicioso. Para um enredo que fala de lendas do nosso folclore, é uma espécie de resenha musical das principais histórias sobre a Amazônia que o povo brasileiro conhece. No refrão de cabeça, os versos “Eeh… Caboclo Eeh… Resistência da floresta”, auxiliado por um “Eeh!” mais alto entre eles, faz o corpo reagir quase como instinto, jogando os braços para cima. O time de canto, liderado pelo intérprete André Ricardo, molda a obra com a graça de um escultor renomado, enquanto a bateria consegue fazer bossas que só tornam o espetáculo ainda mais agradável de se apreciar. É tão fácil de cantar que não duvido que o público presente no Sambódromo do Anhembi no dia do desfile oficial entrará no canto junto com a comunidade da Mooca.
Outros destaques
A Rainha Acássia Nascimento foi show à parte diante dos ritmistas da bateria “Moocadência”, que caprichou nas bossas aplicadas ao belo samba da escola.
A Uirapuru da Mooca sofreu um revés ao ter o ensaio comprometido pela chuva que caiu no final da tarde deste sábado, justamente no único ensaio geral previsto para a escola nesta temporada. Mas a comunidade do tradicional bairro dos imigrantes italianos mostrou atributos que podem fazer a diferença na acirrada disputa do Carnaval de 2023. Agora é momento de aproveitar ao máximo os ensaios de quadra e realizar ensaios de rua para chegar no dia 11 na melhor forma possível.