Buscando a 23ª estrela no ano em que completa 100 anos, a Portela irá contar toda a trajetória de sua história com o enredo “O azul que vem do infinito”, desenvolvido pelos carnavalescos Márcia e Renato Lage. A dupla terá o desafio de fazer o desfile do centenário da azul e branco de Oswaldo Cruz e Madureira.
A temática se passa em cinco personalidades marcantes da Portela. Desde Paulo da Portela até o saudoso Mestre Monarco. Salve! A parceria do samba campeão e escolhido para representar a escola na avenida, é dos compositores Wanderley Monteiro, Rafael Gigante, Vinícius Ferreira, Bira, Marcelão e Edmar Júnior.
Emocionado, o compositor Wanderley Monteiro declara em entrevista para o site CARNAVALESCO o seu sentimento pela Águia Altaneira e o que tentou colocar no samba do centenário. “Portela, te amo muito além do infinito, onde estão todos esses baluartes, todo esse azul lindo que foi desenhado pelos nossos carnavalescos e tentamos retratar em nosso samba”.
O site CARNAVALESCO dá continuidade à série de reportagens “Samba Didático” entrevistando o compositor Wanderley Monteiro para que possa detalhar os significados e representações por trás do versos e expressões presentes no samba da Portela para o carnaval de 2023:
Prazer novamente encontrar vocês
Ali pelas bandas de Oswaldo Cruz
Nosso mundo azul ganha vez
E aquela missão nos conduz
Eu, Rufino e Caetano
“O samba procurou falar das 5 personalidades que marcaram época na Portela. Paulo, Natal, Dodô, David Correa e Monarco. Ele começa com a narrativa do Paulo. É Paulo da Portela reencontrando os amigos que com ele fundaram a escola. Eu, Rufino e Caetano, esse encontro não poderia ser diferente, ali em Oswaldo Cruz”.
No linho, no pano, pescoço ocupado…
Vencemos mesmo marginalizados
“Trio dos fundadores Paulo, Rufino e Caetano. O Paulo tinha uma máxima que o sambista precisava andar bem vestido com terno de linho e gravata. E tinha esse jargão, como Monarco falava muito: “o sambista colocava uma gravata, falavam que era o pescoço ocupado”. Colocamos isso no samba, porque acreditamos ser uma referência. Era como Paulo gostava que os sambistas andassem. O samba sempre foi muito marginalizado naquela época, ele foi perseguido. Tem até uma música que é do Campolino e do Tio Hélio da Serrinha, gravada pelo Zeca Pagodinho”.
No bailar, uma porta bandeira
A nobreza desfila humildade…
Natal nos guiou, deu Águia!
A Majestade…
“Aqui a gente fala da Dodô, nossa grande porta bandeira e a primeira da Portela. Lançada pelo nosso professor, Paulo da Portela. Natal é um dos presidentes mais emblemáticos da história da Portela e ele fazia tudo pela nossa escola. ‘Deu águia’, fazemos um trocadilho porque Natal também tinha uma banca de jogo do bicho. E a águia é um dos bichos desse jogo e o símbolo da Portela. As vitórias que Natal conseguia para a Portela, também é uma alusão ao jogo do bicho que ele tinha”.
“Abre a roda”, “malandro, que o samba chegou”
Andei na “Lapa”, também já “subi o Pelô”
“Macunaíma” falou: nas “maravilhas do mar”
‘A brisa me levou”
“Nessa fase do samba falamos sobre os grandes carnavais da Portela, alguns desses 100 anos. A gente cita a importância de David Corrêa falando dos sambas dele. “Abre a roda malandro que o samba chegou”, é Madureira samba de 2013. “Andei na Lapa, também já subi o Pelô”, é do ‘Lapa em Três Tempos’ e o ‘Pelô’ é o samba de 2012. Nos versos seguintes, citamos os sambas compostos por David Corrêa”.
Eis um “Brasil de glórias” que incandeia
A “vaidade” é um “conto de areia”
Eu vim me apresentar:
“Deixa a Portela passar!”
“Eis um Brasil de glórias que incandeia”, é um grande samba do Candeia. “A vaidade é um conto de areia”, Tributo a vaidade, que é um grande carnaval de 1991 e “Conto de areia”, é outro samba clássico da Portela, composto por Dedé da Portela. “Deixa a Portela passar”.
“Lendas e mistérios” de um amor
Casa onde mora a profecia
Clara como a luz de um esplendor
Cem anos da mais bela poesia
“Lendas e mistérios de um amor”, a gente fala sobre o enredo de 2009. “Casa onde mora a profecia”, é o samba dominando o mundo. “Clara como a luz do esplendor, cem anos da mais bela poesia”, é sobre Clara Nunes que é outra grande personagem da Portela. E óbvio que tinha que estar no nosso samba também. “100 anos da mais bela poesia”, é falar da Portela, de como ela é. Sempre valorizando, exaltando os seus compositores, seus poetas. Essa é a Portela”.
Vivam esse sonho genuíno
De fazer valer nosso legado
Vejo um futuro mais lindo
Nas mãos de quem sabe o valor do passado
“Vivam esse sonho genuíno de fazer valer nosso legado”. Aproveite esse sonho autêntico, legítimo dos nossos fundadores e vamos aproveitar esse legado que eles nos deixaram. “Vejo um futuro mais lindo nas mãos de quem sabe o valor do passado”, é acreditar que os dirigentes de hoje da Portela seguiram todos os ensinamentos dos nossos professores e vão dar um caminho a escola de continuar brilhando nesse cenário do carnaval e do samba. Acreditamos que eles valorizando, reconhecendo e seguindo todos aqueles ensinamentos vão levar a Portela cada vez mais longe, e continuando com a profecia de Paulo”.
Ser Portela é tanto mais
Que nem cabe explicação
Basta ouvir os Baluartes
Pra chorar de emoção
“Ser Portela é tanto mais que nem cabe explicação, basta ouvir os baluartes para chorar de emoção”. Vem a explosão do coração, da paixão pela Portela pelos seus integrantes, reverenciando os grandes baluartes da Portela. Os personagens que nos fazem ser um apaixonado pela escola. ‘Ouvir os baluartes’, estamos falando de todos”.
Cavaco e viola… A velha linhagem
A benção Monarco pra essa homenagem
“Cavaco e viola na velha linhagem, a benção Monarco a essa homenagem”, aí estamos homenageando Paulinho da Viola, Ary do Cavaco, Seu Jorge do Violão, Manaceia e todos os outros. A benção Monarco é todos os narradores do nosso enredo e nosso último baluarte que nos deixou em dezembro de 2021. Prestamos essa homenagem nominalmente a um dos grandes nomes da Portela que é o Monarco”.
O céu de Madureira é mais bonito
Te amo, Portela, além do infinito!
“O céu de Madureira é mais bonito, te amo Portela além do infinito”, é aquela coisa do portelense. O céu de Madureira realmente é mais bonito para a comunidade”.