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Samba didático: Chama do braseiro, Mocidade Independente de Padre Miguel aposta na temática nordestina

Compositor do samba da Mocidade, Diego Nicolau conversou com o CARNAVALESCO e detalhou as expressões utilizadas na letra

Estreante na Mocidade Independente de Padre Miguel, o carnavalesco Marcus Ferreira possui uma trajetória campeã. Vindo da Intendente Magalhães até a chegada no Grupo Especial com a Viradouro. O artista se tornou campeão junto com Tarcísio Zanon com quem formava uma dupla na vermelho e branco de Niterói. Para 2023, ele irá fazer um trabalho solo com a Mocidade Independente de Padre Miguel. O artista desenvolveu o enredo “Terra de meu céu, Estrelas de meu chão”. A temática aborda a história dos artistas do Alto do Moura, que são discípulos de mestre Vitalino, pertencentes ao Centro de Artes Figurativas das Américas. O samba campeão foi da parceria de Diego Nicolau, Richard Valença, Orlando Ambrosio, Gigi da Estiva, W. Correa, Leandro Budegas e Cabeça do Ajax.

O site CARNAVALESCO conversou com Diego Nicolau que explicou detalhes da letra do samba. É a continuidade da série“Samba Didático” entrevistando os compositores para que eles possam detalhar os significados e representações por trás do versos e expressões presentes nos sambas para o carnaval de 2023.

Senhor que fez da arte mundaréu
Em suas mãos Padre Miguel
Concebeu a criação
Plantou sua missão
Fez do sertão, barro tauá

“O enredo começa com a criação do mundo. Vamos fazer algo inspirado no título de 1996 que com aquele abre alas com as mãos construindo o mundo. Só que dessa vez em barro. ‘As mãos dos filhos do barro’. A gente faz esse contraponto no samba. É o barro utilizado lá, que utilizavam para fazer os trabalhos deles. A arte dele”.

Jardim no agreste floresceu
Regado ao firmamento de meu Deus
A lida pra viver, da lama renascer
Marias e Josés no céu que moram pés, raiz!
Fiel retrato desse meu país

“Passamos para a parte rural, da natureza. São todas essas situações, todas essas imagens que ele retratou dos nordestinos. Dos retirantes que iam passando e parando para fazer seu destino. E ele retratava através da sua arte. É a parte dos retirantes, da natureza do sertão nordestino. E terminamos falando “fiel retrato desse meu país”. É justamente isso que ele fazia, retratava a realidade do país, do povo e do nordeste”.

Segue o carro de boi
O peão no barreiro
Ô rainha bonita
Sou teu rei cangaceiro
É a vida um xadrez
Pra honrar o legado
Quem foi que fez?
Foi Deus do barro

“No terceiro setor da escola, vamos falar do surreal. Através de um tabuleiro de xadrez, dos personagens do nordeste. O lampião, Maria Bonita. Todos esses personagens que permeiam o nordeste e o sertão. E a escola vem com alegoria também falando do surrealismo, da arte figurativa”.

Molha Pedro minha terra
Chão de estrelas de João
Traz Antônio minha amada
Padim Cícero Romão
Alumia o teu povo em procissão

“Depois vem a parte da religiosidade também. Dos três santos nordestinos. É quando ele fala sobre essa construção que é muito importante e conhecida fora de lá. Sabemos que ele tem muito esses aspectos culturais e as procissões. Que é pedido as santidades muita chuva, que tragam o amor. Os nordestinos tem suas mazelas que pedem sempre aos seus santos de devoção”.

Chega folia, chega cavalo marinho
Lindas flores no caminho
O nordeste coloriu
E de repente essa gente independente
Faz da greda seu batente
Molda um pouco de Brasil

“Finalizando é o Alto do Moura, a festa que tem lá. Com várias manifestações culturais e a gente brinca. Colocamos o “independente” dentro do enredo sem deixar de perder o sentido. Porque o povo nordestino é arretado e independente”.

Amassa, deixa arder o massapé
Lá no meu Alto do Moura
Um pedacinho de fé
A massa, força de Mandacaru
Lá do meu Alto do Moura
Fiz brilhar Caruaru

“Reafirmamos, colocando o amassa. É assim que ele molda, amassando o barro. E depois a massa é do povo, força. E falamos de Caruaru, que é a cidade que fica o baile do Alto do Moura”.

Ê meu cardeá!
Sou a chama do braseiro
Nordestino, retirante da saudade
Mais um filho desse solo pioneiro
Um artista esculpindo a Mocidade

“O refrão é algo que colocamos um duplo sentido com a Mocidade. Com a nossa parceria, e fomos brincando com o forno. Que eles colocam na obra para secar o barro. Após disso vem a chama do braseiro e falamos também do nordestino. ‘O pioneiro’ é da Mocidade, pois ela tem um samba muito marcante, campeã do carnaval de 1985, em que ela fala que quer ser a pioneira. Colocamos isso em um verso para sintetizar o que o componente da Mocidade quando entrar na Sapucaí estará representando. É um artista esculpindo a Mocidade”.

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