Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

Sob um Sol escaldante no último domingo, a Imperatriz da Paulicéia realizou o primeiro ensaio técnico da agremiação no Anhembi em vista do carnaval 2024. Com um ótimo carro de som e uma canção elogiada pelos sambistas paulistanos, as condições climáticas adversas prejudicaram outros pontos da instituição, que defenderá o enredo “Maracatu – Bendito é o seu Rito”, que será o terceiro desfile a ser exibido no dia 03 de fevereiro, no Grupo de Acesso II.

Samba-enredo

A safra do Grupo de Acesso II de São Paulo em 2024 é elogiada por muitos amantes do samba paulistano e brasileiro. Em tal agrupamento, a canção da Imperatriz da Pauliceia já se destaca. Ao vivo, a canção ganha ainda mais força graças ao ótimo desempenho da Swing da Pauliceia, bateria comandada por mestra Rafa, e pelo igualmente ótima tarde de Tiganá, intérprete da azul e branca. Bastante cadenciada, a música era facilmente dançada e cantarolada por todos que estavam no Anhembi – não apenas componentes.

Comissão de frente

O refrão do meio do samba-enredo é claro ao citar o rei e a rainha no enredo. E a comissão de frente representa exatamente tais figuras, que aparecem com destaque na coreografia. Os demais componentes representam as demais pessoas da corte, guardiões do casal real. Todos eles tinham calças azuis (com exceção do rei, de vermelho): os guardiões e guardiãs apareciam com roupas brancas por cima, com o rei e a rainha utilizando roupas douradas. Importante destacar, também, que o segmento veio sem tripés, ao contrário da grande maioria das coirmãs. Apesar do forte calor, os componentes dançaram com bastante energia, sempre marcando o samba.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Dos segmentos que mais sentem condições climáticas adversas, Ronaldo Ferreira e Leila Cruz focaram na segurança. Executando giros mais cadenciados para poupar esforços (sobretudo nos primeiros setores), o casal soube dosar a quantidade exata de energia ao longo de toda a passarela. Vale registrar o desfraldamento fácil do pavilhão em todos os instantes e, também, a ótima sincronia entre ambos – vestidos com cores neutras – pendendo muito para o branco.

Evolução

O fato da escola não costumar vir com muitos componentes para o Anhembi foi um trunfo neste domingo, já que a Evolução pode, naturalmente, ser mais cadenciada sem grandes prejuízos. Com tal vantagem, a Imperatriz usou e abusou da inteligência para não se desgastar – e, ainda assim, se movimentar de maneira uniforme, sem sobressalto algum.

Harmonia

O quesito que mais merece observação de toda a escola foi, claramente, afetado pelo calor bastante forte no Anhembi. A “cabeça” (no jargão carnavalesco, o começo) da escola trazia segmentos que, por inúmeros motivos, costumam cantar pouco – como a Comissão de Frente, a Velha Guarda e a Ala das Baianas. Por conta disso, a agremiação já adentrou o Anhembi em volume mais baixo. Se alguns agrupamentos estavam cantando bem (como a ala depois do abre-alas e o segundo setor no geral), hava irregularidades – já que outros componentes não colaboravam tanto assim, como a ala que veio após o casal mirim da agremiação.

Outros destaques

Já citada anteriormente, a Swing da Pauliceia teve atuação bastante sóbria no ensaio técnico: sem executar tantas bossas, os comandados por mestra Rafa souberam sustentar muito bem o samba-enredo com desenhos contidos de determinados naipes. Vale destacar, também, que, ao voltar para o recuo, os ritmistas entram na frente de passistas e de outra ala – ao contrário do que muitas escolas fazem.