Salve as Iabás, ora ie ie ô! O Império da Tijuca já possui o seu hino oficial para o Carnaval de 2024. A parceria de Eduardo Katata, JC Couto, Henrique Badá, Ferreti, Zé da Ponte, Sérgio Gil, Gilsinho Oliveira, Gabriel Machado e Gabriel Cascardo se sagrou campeã da disputa de samba-enredo e a obra composta por eles irá embalar o enredo “Sou Lia de Itamaracá cirandando a vida na beira do mar”, assinado pelo carnavalesco Júnior Pernambucano. Trata-se de uma homenagem para Maria Madalena Correia do Nascimento, mais conhecida como Lia de Itamaracá, dançarina, compositora e cantora de ciranda brasileira. * OUÇA AQUI O SAMBA CAMPEÃO
Ao todo, quatro parcerias chegaram na decisão e cada uma teve 25 minutos para apresentar suas respectivas obras no palco. O evento, realizado na quadra da coirmã Unidos da Tijuca, começou ainda na noite de quarta-feira, sendo que o anúncio do samba vencedor aconteceu já no fim da madrugada de quinta, com o dia já clareando. E além da escolha do hino oficial, a festa contou também com a final do concurso “Musa Imperial”. Cinco garotas da comunidade do Morro da Formiga estavam nesta fase decisiva da competição. A vencedora foi Aliny Nascimento que, como prêmio, faturou a fantasia e o posto entre as beldades que desfilam em locais de destaque. Ela ganhou ainda um spa com três massagens e um look completo de moda fitness. Em 2024, o Império da Tijuca será a segunda escola a cruzar o Sambódromo da Marquês de Sapucaí na sexta-feira de Carnaval, dia 09 de fevereiro, pela Série Ouro.
“É uma emoção ímpar. Espero esse título tem muito tempo. Fui campeão a última vez no ano 2000. Ganhou o melhor para escola. Estou muito emocionado. Pode esperar muita emoção na Avenida. Minha parte preferida no samba é ‘Vim me apresentar/sou filha das águas mulher guerreira/a inspuração vem do mar/com as onda na branca areia”, disse o compositor Eduardo Katata.
“É uma satisfação muito gratificante. Foi feito um estudo para entender o que de fato a escola precisava. Entender a cultura da Lia de Itamaracá, as cirandas e trazer o que ela tem para o país. Fazer isso em uma obra de samba-enredo é inesquecível. É minha primeira vitória na vida em concurso de samba. Sou calouro. Destaco o nosso refrão do meio. É a hora que brincamos com a escola, levantamos e falamos da rainha. Deixamos palpável para comunidade e o povo do carnaval tão grande é a cultura de Lia para todo o país”, afirmou o compositor Gabriel Cascardo.
“É imensurável vencer a disputa de samba. Persigo isso há cinco anos. É só felicidade, alegria, não merecia tanta emoção. É uma coisa do outro mundo ganhar um samba na minha escola do coração. Agradeço aos meus parceiros. Viajamos em um cometa e ganhamos. Sempre estivemos nas finais, batemos na trave e agora o gol aconteceu”, celebrou o compositor Zé da Ponte.
Presidente exalta enredo
Em entrevista ao site CARNAVALESCO, o presidente Tê contou que a escola do Morro da Formiga prepara uma apresentação forte no conjunto de fantasias e alegorias. “O desfile do Império do Tijuca não vai ser diferente como nos outros anos. Vamos aperfeiçoar e melhorar o que erramos em 2023. Sabemos os quesitos que erramos, consertar e aí disputar o título. Temos um grande enredo que é a Lia de Itamaracá. É uma grande homenagem. Escolhemos um grande samba. Agora, não pode faltar a grande emoção da comunidade e cantar o samba. Posso afimar que em fantasias e alegorias vamos vir bem pra cacete”, disse o dirigente.
Alegria e irreverência
Em trabalho solo para 2024, o carnavalesco Junior Pernambucano derramou amor e carinho pelo Império da Tijuca. O artista contou quais foram as exigências da homenageada no enredo para o desfile do ano que vem.
“É a escola que amo, gosto e tenho o carinho muito grande. A ideia do enredo, por ser Pernambucano, sempre acompanhei a Lia desde criança. Era vontade de fazer o enredo. O presidente gostou e estou muito feliz com essa realização. Pode crer que a escola virá alegre e irreverente, como a própria homenageada pediu. Ela falou para levar muito colorido para Avenida. Estou indo nesta estética”.
Pernambucano ressaltou a questão organizacional do Império da Tijuca durante o processo de produção do desfile. “Uma das coisas que me fez voltar é a organização da escola que me deixa confortável. Aqui, não tem falta de estrutura, independente da crise e a situação financeira da Série Ouro. A escola tem um controle e administração muito boa e que me deixa tranquilo. O dinheiro é curto, mas é realizado no trabalho”.
Ao ser perguntado sobre o enredo ser o mesmo da Nenê de Vila Matilde, em São Paulo, o artista não polemizou, pelo contrário, deu valor a força e tradição das duas agremiações e a importância de Lia de Itamaracá.
“É super interessante. Foi uma coincidência. O assessor da Lia recebeu os dois convites e aceitou as duas propostas. São carnavais diferentes. Nós aceitamos de boa. É muito gratificante para uma artista ser homenageada em duas agremiações tradicionais, para ela será maravilhoso e para gente lindo de ser ver. São dois desfiles diferentes e com estéticas diferentes. Vão contar uma história única com uma visão diferenciada”.
Ciranda na bateria
Mestre Jordan fez um balanço do desfile de 2023 e o que pode melhorar para o Carnaval de 2024. “A gente teve um desempenho muito satisfatório. Todo mundo saiu feliz da Avenida. Fiquei muito realizado. Tudo que ensaiamos conseguimos colocarm em prática e vieram todas notas 10. Agora, vamos seguir inovando, nunca vamos apresentar o feijão com arroz. O enredo sobre a Lia pede surpresas, podem esperar, ainda vamos pensar como encaixar tudo. Prefiro deixar no suspense. A Lia de Itamaracá brilha com as cirandas e posso adiantar que vamos trabalhar em cima disso. Escolher o samba no início fica muito mais fácil para trabalhar a bateria”, disse.
Intérprete cheio de representatividade na Formiga
Desde o Carnaval 2017 no Império da Tijuca, o intérprete Daniel Silva vai para o oitavo carnaval na escola do Morro da Formiga. “Credito muito a comunidade essa relação. Sempre trocamos ideias e procuramos renovar o trabalho. Fazer sempre o melhor para escola, trabalhando com a harmonia e bateria. Chegamos ao denominador comum. Quando tem essa união tudo flui. A família Império da Tijuca é maravilhosa, a escola é de raiz, eu estou muito feliz. Defender um samba sobre a Lia é uma honra. Ela é uma figura gigante da cultura brasileira. Cantar e homenagear em vida é duplamente saboroso. A gente vai fazer um desfile aguerrido, como sempre fazemos, que é tremer o chão da Sapucaí”.
Fantasia encanta o casal
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Renan Oliveira e Laís Lúcia, citou em entrevista ao CARNAVALESCO, que a fantasia para o desfile do ano que vem promete surpresa e que facilita no trabalho da dupla. Eles também fizeram um balanço do último carnaval.
“O Carnaval de 2023 foi uma superação. Experimentamos uma fantasia que foi elaborada de uma forma diferente. Tivemos uma preparação pela coreógrafa de forma maravilhosa. Agora, a gente vai trabalhar ainda mais. Ter atenção com a nossa fantasia e já começamos a treinar. Temos parceria com estúdio de dança, surpresas vão vir no próximo carnaval. Estou adorando a fantasia para 2024. É maravilhosa. O Junior Pernambucano, mais uma vez, encantou. A coreografia pode ter relação com a fantasia”, disse a porta-bandeira.
“Estudamos todas análises. Conseguimos executar tudo o que treinamos para o desfile. Tivemos o desafio da fantasia e realmente nos superamos. A gente pretende melhorar a cada ano. Estamos treinando junto, feito dança de sala, e com estrutura, inclusive, de treino funcional. A preparação já começou e está muito forte. Tem uma semana que nós vimos a fantasia, estamos satisfeitos, não é comum. Com o samba escolhido, ainda no mês de setembro, facilita o trabalho específico. Esse tempo ajuda para fechar toda movimentação coreográfica. Depois, a gente adciona os passos e finalizações”, completou o mestre-sala.
Planejamento especial para homenageada
Diretor de carnaval, Luan Teles contou como vai ser o processo de trabalho para o desfile do ano que vem. “A princípio vamos apresentar o samba campeão no dia 17, na feijoada, no Tijuca Tênis Clube, em outubro, pensamos em fazer os ensaios de terça na comunidade e em dezembro começarmos os ensaios de rua na Conde de Bonfim. Ter o samba escolhido no início de setembro facilita para trabalharmos a obra antes da gravação do álbum oficial do carnaval. Nossa escola é uma grande família. Nosso time é um dos melhores do carnaval”, garantiu.
Luan Teles contou como será o esquema para o desfile da Lia. “A gente tem a tranquilidade de desfilar na sexta-feira e a Nenê no domingo. Estamos conversando. Ela vai chegar um dia antes e vai abrilhantar nosso desfile. Vamos preparar uma recepção digna e teremos diretores para dar o total apoio. Temos um planejamento surpresa e mais para frente vamos revelar”.
Como foram todas apresentações
Parceria de Bola: A obra composta por Bola, Daniel Katar, Igor Federal, Vagner Mariano, Bello, Rodrigo Bola e André Cabeça, com participação especial de Márcio André, foi a primeira a se apresentar na final da disputa promovida pelo Império da Tijuca. O intérprete Thiago Brito é quem defendeu o samba e demonstrou bastante segurança na condução. Ornamentada com bandeiras e bexigas nas cores da escola, a torcida, apesar de empolgada, teve um canto irregular. Somente durante os refrões que a obra era entoada com mais força. Esse ponto alto ocorria principalmente no refrão do meio, com os versos “É São João no calor de uma fogueira/Tem maxixe, tem fandango e reisado a noite inteira/Cavalo marinho, côco de roda e muita folia…/Chama a Lia, chama a Lia”. Quanto ao restante da quadra, a recepção ao samba foi fria. Ao longo dos 25 minutos de apresentação, a grande maioria dos presentes no local apenas assistiu, sem cantar ou sambar em qualquer momento.
Parceria Zezinho Professor: A segunda obra a se apresentar na final foi a composta por Zezinho Professor. O intérprete Tiãozinho Cruz é quem comandou o microfone principal. O samba teve como destaque o refrão principal, com os versos “Descendo a ladeira, eu vim da Formiga/Trouxe a Sinfonia Imperial/Vim de verde e branco sambar com alegria/Folias de Lia é meu Carnaval”. Por conta da parceria não trazer torcida, no momento em que a bateria parou de tocar, inicialmente, ficou um silêncio, com apenas Tiãozinho Cruz pedindo para o pessoal cantar. Porém, aos poucos, alguns dos presentes começaram a bater palmas e entoar a obra. Mesmo com este apoio, ao longo dos 25 minutos de apresentação, a reação da quadra em geral foi tímida, sendo possível observar poucas pessoas cantarolando o samba.
Parceria de Samir Trindade: Na sequência, o terceiro samba a se apresentar na final foi o de autoria de Samir Trindade, Julio Pagé, Wagner Zanco, Jota, Almeida Sambista Ney Baiano e Osmar Fernandes, com participação especial de Alfredo Maio. Responsável por conduzir a obra, o intérprete Nino do Milênio deu um show no palco, interagindo com a torcida e até mesmo arriscando alguns passos. O cantor ainda soube valorizar no canto as variações melódicas presentes no samba. Com um grande número de pessoas, a torcida foi uma atração a parte. Ornamentados com bandeiras diversas nas cores verde e branca, eles cantaram e pularam o tempo inteiro. O momento de maior explosão acontecia no refrão principal. Os versos “Esse samba quem me deu foi Lia/Que é da Formiga e de Intamaracá” eram berrados pelos torcedores, que por sua vez foram acompanhados por outras pessoas presentes na quadra. Vale mencionar que havia ainda, no meio da galera, uma banda com instrumentos de sopro, além de uma artista circense performando em pernas de pau. Também foram utilizados pela parceria fogos de artifício no palco.
Parceria de Eduardo Kataka: O samba composto por Eduardo Katata, JC Couto, Henrique Badá, Ferreti, Zé da Ponte, Sérgio Gil, Gilsinho Oliveira, Gabriel Machado e Gabriel Cascardo foi o quatro e último a se apresentar na final da disputa do primeiro Império do samba. A obra foi conduzida por um time de intérpretes encabeçado por dois nomes de peso, no caso Emerson Dias, voz oficial do Acadêmicos do Salgueiro, e Marquinhos Art’ Samba, da Estação Primeira de Mangueira. O grupo foi responsável por crescer o samba, que teve um ótimo desempenho na quadra. Com bandeiras nas cores da agremiação, a torcida mostrou bastante animação e teve seus picos de canto nos refrões, especialmente no refrão do meio, com os versos “Cirandeiro ah, cirandeiro ê/Rainha preta, a voz que tem poder/Cirandeiro ê, cirendeiro ah/Entra na roda vamos cirandar”. O restante da quadra reagiu bem ao samba, sendo possível observar até mesmo segmentos, como a harmonia, entoando a obra. Um detalhe curioso é que a parceria trouxe um artista plástico. Ele pintou um retrato de Lia do Intamaracá, a homenageada do enredo, ao longo dos 25 minutos de apresentação.