Por Allan Duffes, Luan Costa e Rhyan de Meira
A parceria de Xande de Pilares, Pedrinho da Flor, Betinho de Pilares, Renato Galante, Miguel Dibo, Leonardo Gallo, Jorginho Via 13, Jeferson Oliveira, Jassa e W.Correa venceu a disputa de samba-enredo do Salgueiro para o Carnaval 2025. O resultado saiu às 05h50 deste sábado. A noite foi especial na Academia do Samba. Quadra lotada e com a maior arrecadação da história da agremiação. Além do troféu em forma de figa de madeira, um símbolo da tradição do Salgueiro, a parceria campeã levou R$ 100 mil, e as demais finalistas, R$ 50 mil cada. A surpresa foi revelada pelo presidente André Vaz, como um presente do patronho Adilsinho. * OUÇA AQUI O SAMBA DE 2025
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Galeria de fotos da final de samba do Salgueiro para o Carnaval 2025
Ao CARNAVALESCO, Xande de Pilares comentou a conquista na disputa de samba do Salgueiro para 2025. Essa é a quarta conquista na escola. As outras foram em 2014, 2015 e 2018.
“Eu não vejo como vitória. Vejo como uma oportunidade de tentar garantir uma vitória para a minha escola de samba, que eu amo de coração. Eu sou salgueirense. E quando o samba é escolhido aqui, a gente tem a oportunidade de representar a escola na avenida e ver se o samba vai encaixar com a escola, para que na abertura dos envelopes confirme o que foi escolhido hoje. Quando é o meu samba e quando não é, a emoção é a mesma na avenida. Porque eu sou muito salgueirense. A minha parte favorita no samba é que a fala do seu Zé. Eu sou morador de morro. Salve o seu Zé. Que aluvie a nossa gente do morro. Estende o chapéu. Todo morro tem um patrono. Todo morro tem um cabeça de área”.
O compositor Pedrinho da Flor também falou da conquista: “Eu já cheguei a ganhar três vezes seguidas, em 1990 ganhei também, no total foram quatro vezes e depois de tantos anos de de escola eu comecei agora essa fase de descobrir a forma de disputar um samba pra ir à final. E aí está dando certo porque a gente está fazendo bem feito. Cara vez é uma grande emoção, porque é muito grande, a gente não sabe o que vai ser dito ali. Para gente começa a chegar na reta final e a cabeça fica mil, a gente não dorme, pensa o que vai acontecer, se vai acontecer aquilo e na verdade de repente o samba já tá até escolhido a gente não sabe, mas hoje estou muito feliz”.
O compositor W. Correa também festejou o resultado. “São 15 anos de parceria e a sensação é sempre como se fosse a primeira vez. É como ver o nascimento de um novo filho. A emoção se renova todo ano. Estou muito feliz de estar ao lado dos meus parceiros. São mais do que amigos, são a minha família. Muito gratificante ver nosso trabalho sendo reconhecido e, mais do que isso, ver a comunidade abraçar o samba como se fosse deles. É uma vitória coletiva, não só nossa, mas de toda a escola. Eu gosto de todo o samba, mas a parte que mais mexe comigo é o refrão principal”.
O compositor Betinho de Pilares falou sobre a vitória: “Essa é a quinta vez que venço. A emoção é sempre diferente, foi um samba que a comunidade abraçou e para gente o que importa é isso, ver a comunidade toda feliz, confraternizando, eu estou feliz demais”.
Em entrevista ao CARNAVALESCO, o presidente André Vaz falou sobre a importãncia da chegada do diretor executivo, Leandro Santos, e do patrono Adilsinho, para o desenvolvimento do projeto do Salgueiro para o Carnaval 2025.
“A gente pegou um Salgueiro aqui em dezembro de 2018 em terra arrasada, não tinha nada no barracão. A gente conseguiu fazer um carnaval de Xangô no maior sacrifício, a comunidade e várias pessoas ajudando, a quadra que é nosso maior patrocinador também. E conseguimos o quinto lugar naquele ano. E, de lá para cá, vieram várias dívidas. A gente sabe como é que funciona o carnaval. Dificuldade de alguns repasses que seria na data certa. Isso vai isso dificultando a organização do conjunto da obra. O nosso patrono veio e está dando tranquilidade para gente, todos funcionários recebendo em dia, a gente comprando material com mais tranquilidade, podendo escolher se é a vista ou se é a prazo, podendo escolher a qualidade do material. O Salgueiro nos últimos carnavais, tinha ano que a gente precisava esperar o dinheiro entrar e com essa demora aquele material específico já tinha acabado. A gente tinha que ir para o plano B. Agora, o clima está leve, todo mundo feliz. Volto a dizer tudo que o Jorge Silveira está pedindo em termos de carnaval a escola está entregando, Paulo Pina (coreógrafo) a mesma coisa. A gente vai fazer com que seja o melhor carnaval do Jorge, o melhor carnaval do Paulo, melhor carnaval do nosso casal. Para ser campeão tem que ter esses conjuntos todos que eu estou falando aqui. Pagar em dia, organização no barracão, no projeto que o Wilsinho está tocando, com certeza, leva a escola muito mais tranquila e leve para Marquês de Sapucaí”.
Em sua estreia no Salgueiro, após ter conquistado dois títulos consecutivos na Mocidade Alegre, em São Paulo, o carnavalesco Jorge Silveira falou sobre o trabalho no Salgueiro para o conjunto de fantasias dos desfile do ano que vem.
“A gente fez um trabalho esse ano muito especial que foi ter estudado o Salgueiro com profundidade. Eu costumo dizer que cada escola de samba tem uma identidade própria, tem uma marca própria, tem uma matriz própria. Cada componente de escola se vê dentro da sua agremiação pelo repertório que a escola construiu ao longo do tempo. Junto com a minha equipe a gente percebeu e estudou os anos em que o Salgueiro teve um melhor desempenho de nota de evolução, harmonia, canto, são os anos que o conjunto de fantasias focava em evolução. O Salgueiro vê historicamente momentos em que ele explode melhor na avenida, quando ele tem um conjunto de fantasias que possibilita ao salgueirense entregar essa energia no desfile. A gente projetou esse ano um conjunto com fantasias que são mais voltadas para o aspecto do figurino, para o conforto do componente, mas ele entrega leitura, entrega riqueza, vai entregar o luxo. As opções de material e acabamento que a gente está fazendo é o nível que o Salgueiro merece, eu também gosto de acabamento. Essa lógica vai ficar muito clara no desfile, que vai entregar muita potência para o componente e muito conforto pra que ele possa sentir a vontade para melhorar a sua alegria de maneira espontânea”.
Diretor de carnaval do Salgueiro, Wilsinho Alves, falou ao CARNAVALESCO como está o trabalho no barracão da escola para o desfile do ano que vem.
“É um trabalho de muito cuidado do Jorge Silveira, respeitando muito as origens, tradições, o que o salgueirense quer. Fui convencido por ele a dar spoiler das fantasias, ele me pediu e o presidente aprovou, e fez bastante sucesso. O trabalho de barracão já está acontecendo há bastante tempo, o Salgueiro já terminou há muito tempo o desenho de suas fantasias, já tá reproduzindo a primeira metade, a gente trabalha por etapa, a tendência é que a gente vire o o ano sem fantasias para reproduzir, todas já serão reproduzidas. Estamos indo pra quarta alegoria de esculturas, a gente trouxe uma equipe exclusiva de Parintins. O Salgueiro, como o presidente falou, vive um momento calmo com seus trabalhadores, com pessoal do barracão, essas empreiteiras todo mundo recebendo em dia, e isso tem se refletido no dia a dia e se Deus quiser vai refletir no carnaval”.
O intérprete Igor Sorriso conversou com o CARNAVALESCO, falou da volta para o carnaval do Rio de Janeiro e enalteceu o trabalho musical da escola.
“Foram seis anos longe do carnaval do Rio, mas eu nunca me afastei completamente. Durante esse tempo, acompanhei tudo de perto. Estudei o regulamento, me mantive informado sobre as mudanças e as novas regras, porque minha função é cantar samba-enredo, e eu levo isso muito a sério. Preciso estar sempre atualizado com o que está acontecendo, o que está mudando e o que meus colegas estão fazendo para alcançar as notas máximas. Eu analiso onde estão ganhando e perdendo pontos, para ajustar meu desempenho de acordo com o que o carnaval exige. A parte musical do Salgueiro está sendo preparada com muito cuidado, cheia de riqueza, detalhes e qualidade. Já estamos trabalhando intensamente para isso. E, sinceramente, me sinto mais tranquilo por estar rodeado de profissionais tão capacitados, o que me dá ainda mais confiança de que vamos entregar um excelente trabalho”.
Referência em nota 40, o casal de mestre-sala e porta-bandeira do Salgueiro, Sidclei e Marcella, citaram ao CARNAVALESCO que já estão trabalhando forte para manter o padrão de excelência da dupla no carnaval.
“Quando termina o carnaval, já começamos a pensar no próximo. Estudamos as justificativas dos jurados, analisamos vídeos dos outros casais, e nos preparamos para buscar algo a mais no ano seguinte. Estávamos ansiosos pelo samba, porque o trabalho para os jurados começa com a música, que ele inspire nossa apresentação. Quanto à fantasia, recebemos um presente maravilhoso do Jorge (Silveira, carnavalesco). É uma fantasia que combina perfeitamente com a nossa personalidade, com o Salgueiro e com o enredo. Um spoiler que posso dar é que estaremos de “corpo fechado” para o Carnaval de 2025, para garantir que ninguém tire a décima estrela da nossa escola”, disse a porta-bandeira.
“O trabalho começa muito antes de termos o samba nas mãos. Estudamos as justificativas dos jurados e o que cada um busca ver na avenida. Mesmo quando ganhamos nota 10, queremos entender como podemos evoluir. A tradição é fundamental para nossa dança, mas sempre buscamos trazer algo novo sem desrespeitar essas raízes. Esse é o nosso objetivo: apresentar algo que honre a tradição e, ao mesmo tempo, surpreenda”, completou o mestre-sala.
Contratado para o Carnaval 2025, após passagem pela Mocidade, o coreógrafo Paulo Pinna citou ao CARNAVALESCO como foi o convite para comandar a comissão de frente salgueirense.
“Foi uma alegria imensa. O Salgueiro é uma escola que, mesmo nos anos em que não disputa o título, está sempre muito focada e sólida. Quando recebi o convite, fiquei extremamente feliz porque sabia que esse ano seria uma virada de chave para mim. O que me deixou mais contente foi o clima leve e tranquilo que encontrei na escola. Mesmo sendo meu primeiro ano aqui, sinto uma energia diferente. Temos total liberdade para fazer o trabalho que queremos, e o projeto é incrível! Queremos surpreender e tocar o coração do salgueirense, resgatar o encanto que o Jorge Silveira mencionou. Nossa comissão vai trazer inovação, mas sem perder a essência do Salgueiro. A expectativa está altíssima, e estamos prontos para fazer um grande Carnaval”.
Comandantes da “Furiosa”, os mestres Guilherme e Gustavo foram perguntados como está o entrosamento com o intérprete Igor Sorriso e o carro de som da escola. Eles demonstraram muita confiança no trabalho que vem sendo realizado.
“Apesar do Igor Sorriso estar em outra escola, em São Paulo, a gente sempre teve afinidade muito grande. O Igor foi intérprete, quando eu fui mestre de bateria na escola mirim. Pode esperar que a parte musical do Salgueiro, estará preparada e bem forte. Vocês podem esperar um Salgueiro com muita força para buscar a décima estrela”, disse mestre Gustavo.
“A partir de hoje, vamos falar sobre ritmo, andamento e o que é bom para a bateria e o carro de som. Não tem como só pensar na nossa nota, porque o que está em jogo é o carnaval do Salgueiro. A afinidade é muito grande com o carro de som, e com o Alemão do Cavaco, nosso diretor musical”, garantiu mestre Guilherme.
Veja como foram as apresentações na final
Parceria de Marcelo Motta: A parceria formada por Marcelo Motta, Rafa Hecht, Thiago Daniel, Clairton Fonseca, Júlio Alves, Kadu Gomes, Alex SP e Fadico foi a primeira a apresentar nesta final e o samba rapidamente se destacou na quadra. A obra foi interpretada por Tinga, que, com sua voz marcante e puro carisma, trouxe ainda mais intensidade à apresentação, elevando a obra e criando uma conexão imediata com a torcida.
Desde os primeiros versos, o samba mostrou sua força, vale destacar expressões como “Porteira aberta, vela acesa e cachaça” e “Entoa ponto ao meu padroeiro”, que permeiam todo o enredo. A melodia, aliada à letra, fez com que o público acompanhasse com empolgação, especialmente nos trechos mais envolventes como “Xangô meu pai, amarra o inimigo e dá um nó”, onde a quadra respondeu com muita empolgação.
A interação entre letra e melodia fluiu de maneira natural, facilitando o canto e envolvendo o público. O desempenho da parceria foi satisfatório, com Tinga conduzindo a apresentação de forma precisa e com a torcida dando conta do recado. Porém, ao longo dos 30 minutos de apresentação foi possível que parte da quadra dispersou, perdendo interesse em acompanhar o samba.
Parceria de Xande de Pilares: A parceria formada por Xande de Pilares, Pedrinho da Flor, Betinho de Pilares, Renato Galante, Miguel Dibo, Leonardo Gallo, Jorginho Via 13, Jefferson Oliveira, Jassa e W. Correa deu sequência as apresentações e deixou ótimas credenciais. O samba foi interpretado por Xande de Pilares, Pitty de Menezes e Charles Silva, que conduziram a apresentação com muita energia e sintonia com a comunidade do Salgueiro, contribuindo para o sucesso da obra na quadra.
Desde o início, o samba mostrou sua força com referências às tradições religiosas afro-brasileiras, como no trecho “Prepara o alguidar, acende a vela”, mostrando total relação com o tema proposto pela escola. O público acompanhou com animação, respondendo bem às passagens mais marcantes, como no refrão do meio “Tenho a fé que habita o sertão, de Lampião, o cangaceiro”. A letra, rica em simbolismos de proteção, foi bem recebida, especialmente as menções a figuras como Exu e Xangô. A melodia acompanhou de forma fluida, permitindo ao público cantar junto com facilidade, o que ajudou a manter a energia na quadra ao longo da apresentação.
O samba conseguiu se destacar, manteve o nível durante todo o tempo e teve excelente aceitação do público presente. Como grande destaque fica o refrão principal, é aguerrido, como todo salgueirense gosta e mostra que a escola está pronta para brigar. Vale mencionar a presença maciça da torcida, extremamente animados, eles preencheram toda a quadra bandeiras e balões.
Parceria de Fred Camacho: A parceria formada por Fred Camacho, Luiz Antônio Simas, Eri Johnson, Diego Nicolau, João Diniz, Guinga do Salgueiro, Fabrício Fontes, Wilson Tatá, Gustavo Clarão e Francisco Aquino encerrou as apresentações da noite, trazendo um samba com momentos de destaque, apesar de uma recepção mais moderada do público. O samba foi interpretado por Evandro Malandro, Diego Nicolau, Thiago Brito, Juan Briggs e Rodrigo Tinoco, que deram o seu melhor em termos de energia e presença, mas não conseguiram conquistar completamente a comunidade presente na quadra.
Alguns momentos de destaque incluíram passagens de impacto como “O Salgueiro tem mandinga de preto velho!”, que trouxeram respostas mais intensas do público, especialmente no refrão principal. No entanto, apesar de uma melodia fluida e bem estruturada, o samba teve dificuldades em gerar uma adesão generalizada na quadra, possivelmente por falta de uma maior explosão em determinados trechos. A obra encontrou dificuldades em estabelecer uma conexão profunda com a comunidade durante a apresentação.
Embora o samba tenha cumprido bem sua proposta, e seus intérpretes tenham se dedicado, ele não conseguiu alcançar a mesma sinergia com a comunidade que outras parcerias tiveram ao longo da noite. A recepção, apesar de positiva em certos momentos, não foi suficiente para que o samba se tornasse um dos favoritos da final.