Por Gustavo Lima, Naomi Prado, Lucas Sampaio, Gustavo Mattos, Eduardo Frois e Will Ferreira

No sábado ocorreu a Festa de Lançamento dos Sambas-Enredo de 2026, com a apresentação dos tradicionais minidesfiles das 32 escolas filiadas à Liga-SP, divididas em três grupos (Acesso 2, Acesso 1 e Grupo Especial). A festa, como de costume, avançou madrugada adentro, iniciando às 15h, com o Camisa Verde e Branco sendo a última escola a se apresentar por volta das 5h. Em análise do CARNAVALESCO, o Grupo Especial mostrou um equilíbrio muito grande. No recorte dos últimos anos, esta é a melhor safra de sambas-enredo e, por isso, o alto nível das apresentações se refletiu na Fábrica do Samba.

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Entretanto, uma escola propôs algo inédito: A Estrela do Terceiro Milênio confirmou o grande samba-enredo que possui e incorporou o enredo de forma criativa. A agremiação realizou uma roda de samba no meio do desfile, inovando de fato.

MOCIDADE UNIDA DA MOOCA

Estreando no Grupo Especial também nos minidesfiles e entrando na passarela logo após o show de Xande de Pilares, a escola da Zona Leste estava visivelmente emocionada por se apresentar pela primeira vez entre as coirmãs do principal pelotão do carnaval paulistano. A MUM fez questão de mostrar que é uma agremiação de alto nível em todos os aspectos, começando pelo grande tripé que trouxe, impressionando o público, com a Rainha do Carnaval 2025, Ariê Suyane, à frente.

Com um samba elogiado, foi possível notar a emoção do trio de intérpretes formado por Emerson Dias, Gui Cruz e Sté Oliveira ao cantar a obra, que foi muito bem sustentada pela Chapa Quente, comandada por mestre Denys Silva. Assim como é tradicional nas escolas da Zona Leste, a comunidade da MUM cantou fortemente o samba, animando a Fábrica do Samba.

Com o tema “Geledés – Agbara Omirin”, assinado pelo carnavalesco Renan Ribeiro, a MUM abrirá o carnaval de São Paulo, na sexta-feira.

COLORADO DO BRÁS

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O enredo “A Bruxa está Solta – Senhoras do Saber Renascem na Colorado”, assinado pelo carnavalesco David Eslavick, segue despertando curiosidade no público. O minidesfile começou com elementos escuros em preto e roxo, como fantasias e tripés, sugerindo que o desfile oficial também terá essa paleta de cores. À medida que a escola evoluía, outras tonalidades foram surgindo, levando os espectadores a imaginar como essa transformação será apresentada na avenida. A corte da bateria, formada pela rainha Talita Guastelli e pela madrinha Bruna Costa, desfilou fantasiada, mostrando a seriedade da preparação da comunidade. A Ritmo Resposta, comandada por mestre Acerola de Angola, executou convenções bem respondidas pelo público e imprimiu energia ao samba.

A escola será a segunda a desfilar na sexta-feira com o tema “A Bruxa está Solta – Senhoras do Saber Renascem na Colorado”, assinado pelo carnavalesco David Eslavick.

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DRAGÕES DA REAL

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A entrada da escola foi bastante impactante. Integrantes da comissão de frente vieram executando uma coreografia cheia de energia, causando forte impacto visual. Em seguida, o tripé impressionou pela altura, pelo volume e pelo acabamento. Um costume tradicional da Vila Anastácio foi mantido no minidesfile: a evolução fluida, com componentes realmente se divertindo e curtindo o evento. A madrinha da bateria Ritmo que Incendeia, Lexa, estava entre as mais animadas, interagindo com os integrantes e com o público.

Com desenvolvimento do carnavalesco Jorge Freitas, a Dragões da Real será a terceira escola a passar no Anhembi com o tema “Guerreiras Icamiabas: Uma Lendária História de Força e Resistência”.

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TATUAPÉ

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Uma das características marcantes da azul e branca da Zona Leste é o canto potente dos componentes, e isso se repetiu. Na parte final do minidesfile, todos os presentes cantaram intensamente o samba-enredo da bicampeã. Até a ala das passistas, que costuma ter menor volume vocal, se destacou, chamando a atenção do público. Também vale destacar a comissão de frente, que apresentou uma coreografia leve e completamente alinhada ao samba-enredo.

Wagner Santos assina o tema da Tatuapé: “Plantar para colher e alimentar, tem muita terra sem gente, tem muita gente sem terra”, sendo a quarta escola a desfilar na sexta-feira.

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ROSAS DE OURO

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Ao contrário da maior parte das coirmãs, a atual campeã optou por realizar um esquenta com duas passadas, deixando a comunidade ainda mais animada para entrar no minidesfile. A histórica comunicação com o público esteve presente novamente, com todos levantando bexigões azuis e rosas para saudar a escola, que retribuiu com casais de mestre-sala e porta-bandeira fantasiados. O projeto Sou Roseira, que visa fortalecer a comunidade, mostrou mais uma vez sua força, assim como o canto da escola, que segue em crescente evolução.

A atual campeã do carnaval será a quinta escola a desfilar na sexta-feira com o enredo “Escrito nas Estrelas”, desenvolvido pelo carnavalesco Fábio Ricardo.

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VAI-VAI

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Pela primeira vez defendendo a Saracura em um minidesfile, Pedro Trindade e Mirelly Nunes se destacaram. Com giros rápidos e muita sincronia, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola mais vitoriosa do carnaval paulistano encantou o público na Fábrica do Samba. O samba-enredo segue sendo trabalhado pela ala musical. A introdução foi feita com um instrumento de sopro, criando uma abertura especial. Outra escolha da escola foi começar a obra pelo primeiro verso, e não pelo refrão principal.

A escola do povo será a sexta desfilar na sexta-feira de carnaval com o tema “Em cartaz: a saga de um povo heroico no apogeu da vedete Pauliceia”, feito por uma comissão de carnaval.

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BARROCA ZONA SUL

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Com uma representação de Oxum logo na comissão de frente, a Faculdade do Samba também chamou atenção pelos bexigões distribuídos aos componentes, criando um efeito visual bonito. O samba-enredo, novamente considerado um dos melhores da forte safra de São Paulo, funcionou muito bem. A escola cantou todo o percurso, especialmente quando a bateria Tudo Nosso se abaixou e o público cantou junto com a agremiação.

Fechando a sexta-feira de carnaval, a verde e rosa do Jabaquara tem como enredo “Oro Mi Maió Oxum”, assinado pelo carnavalesco Pedro Magoo.

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IMPÉRIO DE CASA VERDE

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É perceptível que o clima na escola mudou com o enredo “Império dos Balangandãs”. O samba, contagiante, tem rendido ótimos momentos nas vozes dos imperianos. O forte refrão de meio animou até quem assistia, arrancando palmas no ritmo do samba. Também merece destaque a estreia de Tiago Nascimento como voz oficial em um evento da Liga-SP, dividindo o carro de som com o renomado Tinga. A escola passou a impressão de querer mostrar que está mais forte do que nunca e que o 11º lugar de 2025 não representa sua verdadeira capacidade. A garra da comunidade e o excelente desenvolvimento do trabalho foram os pontos altos. Destacam-se ainda a comissão de frente, com estética africana, e o casal Patrick Vicente e Sofia Nascimento, que mostrou grande entrosamento.

O Império abrirá o sábado de carnaval em 2026, no dia 14 de fevereiro, com o enredo “Império dos Balangandãs: Joias Negras Afro-Brasileiras”, assinado pelo carnavalesco Leandro Barboza.

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ÁGUIA DE OURO

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A escola fez uma apresentação descontraída, colocando seus principais segmentos na frente do minidesfile e deixando os demais mais livres no fim. O canto da Pompeia se destacou novamente, agora com o reforço do mestre Moleza na bateria. Vale destacar a bossa em que a bateria executa um reggae nos últimos versos do samba: “Nos festivais pra celebrar / com o rei daqui e o rei de lá / e de mãos dadas bebemorar”. A comissão de frente, coreografada por Robson Bernardino, fez movimentos discretos e no ritmo. A porta-bandeira Monalisa Bueno estreou parceria com o mestre-sala Alex Malbec, substituto do eterno João Carlos Camargo, transmitindo segurança.

Com o enredo “Mokum Amsterdã: O voo da Águia à cidade libertária”, a escola será a segunda a desfilar no sábado, sob desenvolvimento do carnavalesco Alexandre Louzada.

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MOCIDADE ALEGRE

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A Morada do Samba trata o evento como algo grandioso há anos, e por isso sempre se destaca. Nesta noite, a comissão de frente comandada por Jhean Allex apresentou danças teatrais com figurinos que remetiam ao teatro e à negritude, alternando homens e mulheres, alinhada ao enredo em homenagem a Léa Garcia. O principal destaque foi o samba-enredo. Além da interpretação impecável de Igor Sorriso, talvez tenha sido o mais cantado pelo público, que balançava bandeiras da escola. O refrão de cabeça, apesar de curto, possui entonações longas e altas, o que permitiu grande volume vocal na Fábrica do Samba. O “Lerê” do refrão de meio permanece como o grande destaque da obra. A escola levou uma grande alegoria, quase tocando o teto da entrada para a pista, onde estava o pavilhão da escola e, no topo, a recém-eleita Rainha do Carnaval, Pâmela Lacerda. Também se destacaram o casal Diego Motta e Natália Lago, vestidos com indumentárias de avenida, demonstrando elegância, entrosamento e conexão com o pavilhão.

Terceira a desfilar no sábado, a Mocidade Alegre levará ao Anhembi o enredo “Malunga Léa – Rapsódia de uma deusa negra”, desenvolvido pelo carnavalesco Caio Araújo.

GAVIÕES DA FIEL

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Desde a criação dos minidesfiles nesse formato de lançamento do CD, esta foi a melhor apresentação dos Gaviões da Fiel. A escola encarou o evento com mais seriedade, buscando surpreender e mostrar a força da nação corinthiana no carnaval. Em anos anteriores, a apresentação parecia protocolar, mas desta vez a postura foi diferente. A maturidade da entidade merece elogios. A comunidade também demonstrou evolução com enredos culturais. No último carnaval, era nítida a dificuldade com o samba afro de “Irin Ajó Emi Ojisé”, mas agora, com um samba repleto de palavras indígenas, os componentes cantaram com muita força, mostrando grande adaptação. Vale destacar o trabalho do diretor musical Rafa do Cavaco e do carro de som ao lado do intérprete Ernesto Teixeira. O minidesfile revelou uma nova Gaviões da Fiel, atual terceira colocada e forte candidata ao título.

Pelo terceiro ano consecutivo, a Torcida que Samba desfilará na quarta posição do sábado, com o enredo “Vozes Ancestrais para um Novo Amanhã”, desenvolvido por Júlio Poloni e Rayner Pereira.

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ESTRELA DO TERCEIRO MILÊNIO

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O minidesfile da Milênio foi marcado pela ousadia. O homenageado Paulo César Pinheiro, autor de grandes composições, inspirou a escola a fazer uma roda de samba no meio da apresentação. A bateria Pegada da Coruja, comandada pelo mestre Vitor Velloso, parou completamente, deixando apenas tantãs e outros instrumentos leves na marcação, lembrando o desfile da Mangueira em 2012. A escola do Grajaú é conhecida por inovar, e a ideia foi bem-sucedida. O entrosamento do casal Arthur Santos e Waleska Gomes, além do forte canto das últimas alas, marcou a exibição. É um dos grandes sambas do carnaval. Darlan Alves e Grazzi Brasil vêm interpretando muito bem a obra, mantendo uma parceria consolidada.

Com desenvolvimento do carnavalesco Murilo Lobo, a Milênio será a quinta escola a desfilar no sábado com o tema “Hoje a poesia vem ao nosso encontro: Paulo César Pinheiro, uma viagem pela vida e obra do poeta das canções”.

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TOM MAIOR

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A escola vermelho e amarelo promete emocionar o público. O samba-enredo conduz a uma viagem por memórias positivas através de Chico Xavier e exalta também a cidade de Uberaba em uma carta do próprio homenageado. Grande destaque para a comissão de frente: um integrante representou Chico enquanto os demais bailarinos dançavam ao som da obra, trajando roupas da época, como boinas, camisas sociais, calças e suspensórios. A Tom 30, bateria liderada por mestre Carlão, mostrou uma cadência técnica que a coloca entre as mais qualificadas do carnaval, com todos os instrumentos audíveis. Para celebrar o momento, a escola distribuiu pequenas cartas com mensagens antigas de Chico Xavier, levando ao público recados positivos que vão além do carnaval.

Sexta escola a desfilar no sábado, a Tom Maior levará ao Anhembi o enredo “Chico Xavier: Nas Entrelinhas da Alma, as Raízes do Céu em Uberaba”, desenvolvido pelo carnavalesco Flávio Campello.

CAMISA VERDE E BRANCO

Com um dos melhores sambas do ano, o Camisa não contou com o intérprete Charles Silva no minidesfile, mas isso não foi um problema. A ala musical sustentou a obra e animou o público que permaneceu para ver o Trevo da Barra Funda. Um enredo sobre Exu naturalmente gera um samba vibrante, e isso se confirmou no minidesfile. A escola levou um grande contingente de componentes, do carro de som às últimas alas. Enredo e samba fortes motivam a comunidade, e a impressão é que, neste momento, muitos deixaram de lado a situação judicial para defender o pavilhão.

A porta-bandeira Lys Grooters, única nota 40 do Grupo Especial em 2025, agora tem novo parceiro. Marquinhos Costa, ex-Barroca Zona Sul, foi desligado e assumiu o posto no Trevo.
Encerrando os desfiles do Grupo Especial, o Camisa apresentará o enredo “Abre Caminhos”, assinado pelo carnavalesco Guilherme Estevão.