Por Matheus Mattos. Fotos: Magaiver Fernandes
Quinta agremiação a entrar na avenida, a Rosas de Ouro fez uma homenagem para o país Armênia através do enredo “Viva Hayastan”. A animação dos apaixonados pela escola era visível, sentimento dado por dois fatores. Alegorias bem mais grandiosas em comparação ao ano passado e bateria beirando a perfeição técnica. O andar descompassado de algumas alas foi um pequeno ponto negativo num desfile seguro.
Alegorias
O carnavalesco André Machado defendeu durante a época pré-carnaval que o “padrão” Rosas de Ouro voltaria no desfile, e foi visto uma proposta muito próxima. As cinco alegorias estavam bem mais grandiosas, iluminadas e com bom acabamento nos detalhes. O abre-alas “Os esplendor do paraíso nas planícies de Ararat” trouxe uma grande escultura de Adão e Eva, e muita movimentação humana em baixo da arca de Noé.
A segunda alegoria “Berço de Guerreiros Fascinantes” trabalhou o dourado e com tecido de pelúcia por todo o elemento. Já no terceiro carro “A Fé cristã ilumina o destino do povo armênio” teve uma interpretação imediata pela cor e esculturas de santos. A quarta alegoria “A arte armênia – Herança enraizada nos teus filhos” trouxe cores fortes, principalmente nas esculturas do pássaro. A última alegoria, que foi o destaque do carnaval da Rosas de Ouro, contou com uma grande imagem do fundado da escola, Seo Basílio, e homenagens à outras figuras importantes.
Comissão de Frente
O primeiro quesito da escola trouxe uma forte carga emocional para os sambistas presentes no sambódromo do Anhembi, isso porque a ala homenageou as vítimas do genocídio armênio. Conta a história que aproximadamente um milhão e meio de armênios foram assassinados pelo Império Otomano, no ano de 1915, sendo considerado então o primeiro genocídio do século XX. A proposta da coreógrafa ressaltou e celebrou o renascimento do povo após o ocorrido. O tripé fez alusão a um grande monumento do país, o Museu Memorial do Genocídio. O figurino da primeira ala usou apenas a cor rosa. Os bailarinos evoluíram através de passos simples e com pouca criatividade. O tripé, modesto, que os acompanhou foi usado poucas vezes na coreografias.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O casal oficial da escola, Edgar e Isabel, veio simbolizando o pássaro Grunk. A homenagem retrata a importância que o pássaro tem para os Armênios, porque ele está sempre voando à terra natal e levando boas notícias. O casal teve uma boa passagem em frente à segunda torre do quesito, estendo o pavilhão da forma que o regulamento. Porém a dupla sofreu com o helicóptero em frente ao setor H, o vento provocado atrapalhou o desempenho da porta-bandeira em relação ao domínio do pavilhão. A fantasia da dupla trouxe uma fantasia luxuosa e com uso variado de três cores. O casal trouxe passos modernos, mas mantendo o estilo de cortejo clássico.
Harmonia
A escola mostrou uma constância no cantar satisfatório, mas com oscilações entre setores. A segunda parte da agremiação foi a que menos mostrou empolgação ao cantar o samba. “A Rosas” e “Tem que respeitar” foras os dois trechos mais cantados pelos componentes.
Evolução
O quesito sofreu em algumas partes do desfile, não houve um padrão no andar, ele variava entre rápido, parado e lento. Em relação a composição da ala atrás da bateria, o recuo beirou a perfeição, mesmo com o ousado movimento dos ritmistas. Ala coreografada atrás da ala inclusiva destacou pela coreografia, simples e com muita movimentação em determinadas partes.
Bateria
O destaque do desfile da Rosas de Ouro foi o desempenho da bateria. Os ritmistas da Bateria com Identidade, do mestre Rafa, representaram Os Fedayiner. São grupos conhecidos como os “sacrificados” porque se organizam em ações para defender a Armênia da invasão turca. A batucada trouxe o recuo diferenciado e que se tornou característica deles. Mestre Rafa também foi o destaque, além de não economizar nas bossas, o comandante chamava os jurados e marcava o BPM (Batidas por minuto) com o braço, mostrando domínio do andamento.
Samba-enredo
O intérprete Royce do Cavaco adotou uma postura diferente do que acostumado. Em três momentos, o cantor realizou apagões na ala musical, destacando o canto da comunidade. No minuto 32 e no 43, a ala parou praticamente todo o final da segunda estrofe, só voltando no refrão de cabeça, durando cerca de sete compassos.
Enredo
A proposta da Rosas de Ouro pra esse carnaval homenageou a Armênia, país do continente europeu. A linhagem do enredo se inicia com o genocídio armênio, seguido pelas riquezas que a terra fornece. A escola aborda os guerreiros presentes na história do país, a religião, as curiosidades e finaliza com o carnaval armênio. A intenção foi vista no desfile, mesmo com a diversas informações das fantasias, a leitura não exigiu nível técnico apurado do tema.
Fantasia
Assim como nas alegorias, as fantasias também demonstraram evolução plástica. A ala “O Reino de Uratu” trouxe uma mistura de cores positiva entre dourado e azul. A proposta da entidade trouxe muito ouro e a cor rosa, principalmente no segundo setor.
Destaques
Um grande destaque emocionante do desfile foi a ala inclusiva, com deficientes auditivos, físicos e pessoas com síndrome de down. Um tradutor de libras esteve no lado traduzindo toda as orientações dos integrantes de harmonia.