Em entrevista ao CARNAVALESCO, o candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, Rodrigo Amorim (União Brasil), destacou sua visão sobre o papel do carnaval na economia da cidade e como pretende fomentar o evento cultural. Amorim, que já atuou como deputado estadual, defendeu maior transparência no uso de recursos públicos para atrair investimentos privados e comparou o Carnaval ao futebol, sugerindo que a festa pode ser autossustentável financeiramente. “O carnaval do Rio não precisa de recurso público, apenas suporte logístico”, afirmou, ressaltando a importância do compliance claro para fomentar mais recursos, tanto públicos quanto privados. Questionado sobre as demandas de infraestrutura para as escolas de samba, Amorim reconheceu a necessidade de intervenções no Sambódromo e propôs uma parceria entre a Prefeitura e o Estado para realizar as obras. O candidato também apresentou suas críticas à gestão atual do carnaval de rua, defendendo medidas para reduzir o impacto dos megablocos na vida dos cariocas e melhorar a ordem pública durante os desfiles. Confira a entrevista completa com Rodrigo Amorim.

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Foto: Divulgação/Alerj

O carnaval é o principal evento da cidade e traz um retorno em impostos que ajuda o Rio o ano todo. Eleito prefeito como você pretende fomentar o maior evento cultural da cidade?

“Como deputado estadual, apresentei projeto de lei que dá mais transparência ao uso de recursos públicos. Acredito que quando temos transparência nas contas de um evento, a iniciativa privada investe mais. Quando os termos do compliance são claros, é possível captar mais investimento. Pessoalmente, nunca achei que o carnaval do Rio precisasse de recurso público, somente de algum suporte logístico. Se compararmos com o futebol, o Campeonato Brasileiro é um campeonato que se paga todo com dinheiro privado, direitos de transmissão e patrocinadores. Mas ao mesmo tempo, entendo que o investimento público já existe há anos e interromper abruptamente não é uma decisão sustentável. Mas dar transparência é possibilitar mais recursos, tanto público quanto privados”.

As obras da Cidade do Samba 2 já começaram. Mas são muitas agremiações em outros grupos que não tem um teto digno para construir seu carnaval. Sua candidatura tem alguma proposta para essas comunidades?

“Nos dois grupos principais eu creio que a estrutura já está suficiente. As escolas precisam ter influência sobre suas comunidades de modo que estas provoquem a prefeitura a trabalharem em suas regiões, a criarem novos locais de desenvolvimento. Só podemos propor algo se tivermos um diagnóstico preciso do problema. Sou contra promessas vazias e especulações”.

O Sambódromo completou 40 anos em 2024. Obras de infraestrutura no local são pedidas há anos. Há previsão de alguma intervenção no equipamento caso você seja o prefeito?

“Eu apresentei projeto de lei transferindo, com toda Justiça, a gestão do Sambódromo para o governo do Estado – que no fim das contas foi quem o construiu – e pretendo bater muito nessa tecla. Mas entendo que a Prefeitura e o Estado precisam dar as mãos para intervir pesado na Passarela do Samba, e espero que em menos de seis meses consigamos iniciar obras. O Sambódromo precisa estar preparado para a partir de 2026 estar todos os fins de semana ocupado, com eventos, shows, concertos, lazer. Não serve mais o modelo atual gerido pela Prefeitura que abandona o espaço por mais de 30 fins de semana”.

A subvenção para as escolas de samba será mantida na sua gestão? Há previsão de aumento? Você pensa em usar as quadras das agremiações para atividades e projetos sociais da prefeitura?

“Como eu disse antes, a subvenção não pode ser abandonada de uma hora para a outra, mas a transparência pode ser um ativo a ser aumentado, possibilitando assim mais investimentos privados. Não tem sustentabilidade uma decisão como essa de cancelar subvenções das escolas, causaria um dano muito grande. Mas podemos ter mais transparência e, pouco a pouco, deixar que a iniciativa privada pague o desfile”.

Quais as suas ideias para o fomento do carnaval de rua e como equilibrar os mega-blocos durante o carnaval com a vida da cidade?

“A Prefeitura atual agiu de forma demagógica promovendo um laissez-faire no carnaval de rua do Rio. Os atuais blocos ressurgiram há menos de duas décadas, e acabaram inflando demais, dificultando a vida dos outros cidadãos – até mesmo a vida de quem quer ir em outro bloco. Quem mora nos locais onde passam os blocos sabe a sujeira e a desordem que ficam, fora os roubos e furtos que se espalham pelas regiões. A pergunta é bem formulada principalmente porque usa um verbo pouco em voga: equilibrar. A Prefeitura resolveu distribuir bondades entre os donos de blocos e distribuiu uma grande maldade com os cariocas: desordem, tumulto, engarrafamentos e terrenos férteis para brigas, roubos e furtos. É preciso fundir alguns blocos e parar imediatamente de autorizar a criação de novas agremiações. E cortar alguns dos megablocos. A cidade precisa de ordem”.