Ao completar dez anos no comando de baterias na cidade de São Paulo, mestre Acerola de Angola ganhou um presente mais do que especial: logo no ano de estreia à frente da Ritmo Responsa, da Colorado do Brás, ele conquistou o acesso ao pelotão de elite do carnaval paulistano.
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Indo para o segundo ano na escola do Centro de São Paulo, o ritmista-mor da Ritmo Responsa concedeu uma entrevista exclusiva ao CARNAVALESCO falando sobre uma série de assuntos pertinentes à trajetória dele.
Como que veio o convite para chegar na Colorado do Brás – e, também, qual que é o balanço em relação ao trabalho no Grupo de Acesso I em 2024?
“O convite veio através do presidente Ká e de diretores da escola. Foi muito bom, eu assumi e, de prontidão, falei que estávamos juntos. Depois eu entendi como é que funcionava: a escola se parece muito comigo. É uma escola muito tranquila, muito de boa e eu sou muito de boa, muito tranquilo, muito alegre. Eles falam que é a escola mais feliz, é a escola mais alegre, a Colorado é alegre e eu sou muito alegre. Quem me conhece sabe que eu sou alegre, eu danço na avenida e tudo mais. É uma escola muito alegre, então parece muito comigo. Entre o carnaval de 2024 para o de 2025, a mudança foi mais difícil para mim porque eu entrei em uma escola em que eu não era daqui e a bateria não era completamente da agremiação – chegou bastante gente que gostava do meu trabalho e veio acompanhar. A escola que eu nasci, que eu fiz parte, vai desfilar logo em seguida da minha. Bastante gente que eu criei, então, não vaid esfilar comigo porque eu falei pra eles irem desfilar na outra agremiação. A gente teve um processo de agregar mais ritmistas novos, fazer a escolinha do zero, pegar mais ritmistas, pegar o pessoal que era antigo da escola, resgatar pessoas daqui. A gente está formando um trabalho e, no final, se Deus quiser, vai dar tudo certo”.
Você já mudou algumas coisas em relação ao trabalho do mestre Allan Meira. Para o ano que vem, o que muda? Como você pretende fazer para balancear a bateria da escola?
“A gente vai tocar Bahia – então, nesse ano, a escola vai ser um ano que a gente vai ter timbau na bateria, algo que não tinha no ano passado. Em 2024, a gente fez umas coisas mais voltadas para o Nordeste, mais pensando no xaxado, no Baião, no forró. Nesse ano, viremos mais para o afoxé, para o afro. É uma parada mais voltada só para a Bahia. Tem timbau, os repiques-mor vão fazer paradas que vão remeter à Bahia. Essa é a ideia de diferente que a gente tem. A gente tem uma bossa que usa o guiso – pra quem não conhece, é um instrumento que dá um brilho para a canção. Na parte que fala de magia, a gente dá uma magia toda especial. A gente pretende levar isso para a avenida”.
Já te vi em alguns eventos com o Léo do Cavaco. Como é a sua relação com ele e também com o restante do carro de som?
“Eu sou fã do Léo, ele é um cantor da nova geração igual eu, que sou um mestre da nova geração. Hoje a gente é realidade, mas ele é novo no processo e eu também sou novo no processo. A gente tem essa parada de ser novo e estar junto e falar que esse aqui é o momento das nossas vidas. A gente não pode perder, a gente vai entregar junto, a gente vai se abraçar e vai correr junto até o final. É maravilhoso o processo, não tem o que reclamar dele e da ala musical inteira. Essa ala é maravilhosa!”.
Qual o seu desfile inesquecível e por quê?
“O desfile inesquecível da minha vida foi o meu primeiro desfile. Não foi no Anhembi, foi no Butantã. Para quem não sabe, eu assumi a bateria do Barroca no Butantã, Faltando dois meses para o carnaval. Era meu sonho ser mestre de bateria da minha escola. Eu sou Colorado hoje, mas a minha escola é o Barroca. O meu desfile inesquecível foi esse porque foi muito difícil. A gente ralou! E o pessoal da escola falou que a gente só largaria isso aqui quando a gente estivesse no Especial. E o Barroca, hoje, é do Grupo Especial. O mestre de bateria de lá é meu irmão, para quem não sabe – e tem muita gente que sabe, mas é meu irmão de sangue. A gente esta no Especial, Graças a Deus eu voltei para o Especial e a gente desfila seguidamente. É até engraçado desfilar em seguida, primeiro eu desfilo na Colorado e depois vem o Barroca. E o meu desfile inesquecível foi esse de 2014 no Barroca, no Butantã, ainda na UESP”.
Quais são as suas principais referências enquanto mestre bateria porquê?
“Enquanto mestre de bateria, as principais referências são os meus amigos com quem eu cresci. Assumimos baterias quase ao mesmo tempo, eu falo que é a nossa geração de mestres. O Pelé, da Leandro de Itaquera, o Fernando Neninho, o Klemen… a gente virou mestre meio que com um ano ou outro de diferença, mas tudo ao mesmo tempo. E, é lógico, os mais velhos. O Sombra, o Zoinho e o Tadeu são todos meus amigos, a gente está sempre se falando, estamos direto juntos, fazendo churrasco, conversando. E tem os mais novos, que veio um pouquinho depois da gente – o Dennys, o Guma – eu fui diretor do Guma na Tucuruvi, pra quem não sabe. Todos eles são minhas referências. E, lógico, o maestro Neno, que é a nossa maior referência não só de mim, mas da maioria dos mestres. Foi o que ensinou muita coisa em concepção de bossa, de balanço, de swing. Foi o que mais ensinou a gente”.