Por Diogo Sampaio. Fotos de Allan Duffes e Nelson Malfacini

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Segunda escola a cruzar a Marquês de Sapucaí na noite desta sexta-feira, a Acadêmicos da Rocinha apostou em uma estética simples e de fácil leitura para contar a trajetória de Maria Conga, através do enredo “A guerreira negra que dominou dois mundos”, o que rendeu no melhor resultado plástico da escola desde o desfile de 2017, quando homenageou o carnavalesco Viriato Ferreira. No entanto, problemas de locomoção no abre-alas e na última alegoria comprometeram a evolução da tricolor de São Conrado, que abriu dois buracos em frente a módulos de julgamento. A agremiação encerrou sua apresentação com 54 minutos.

Comissão de Frente

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A comissão de frente assinada por Junior Barbosa trouxe os dois mundos em que Maria Conga se consagrou: o terreno e o espiritual. A apresentação se iniciava com dez guerreiras quilombolas e uma rainha negra liderando, todas com fantasias leves e em tons alaranjados. Junto a elas, um elemento cenográfico representando o “Cruzeiro das Almas”, com quatro ogãs tocando atabaque.

Com uma coreografia de passos bem marcados, que remetiam a gestos e danças típicos dos pretos-velhos, a comissão tinha seu ápice quando a rainha quilombola entrava no “Cruzeiro das Almas” e saia de lá a Vovó Maria Conga de Aruanda, arrancando aplausos do público.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

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Representando o rei e a rainha da Tribo Congolonesa, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Rocinha, Vinícius Jesus e Viviane Oliveira, se apresentaram com uma fantasia em tons terrosos, repleta de pedrarias e cheia de elementos africanos, como dentes de sabre. Em seu segundo ano na agremiação, a dupla apostou em uma dança com bastante passos coreógrafos, em referência aos versos do samba.

Devido a pista molhada, Viviane economizou nos giros e chegou a ter problemas com a bandeira na primeira cabine de jurados, onde quase a enrolou em um dado momento da apresentação. O excesso de passos marcados também gerou certa lentidão ao casal.

Harmonia

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Apesar do excelente samba, a harmonia da Rocinha teve um desempenho fraco, com a maior parte dos componentes pouco empolgados e sem cantar. Entre as raras exceções, esteve a ala de passistas da escola, que demonstrou ter o samba na ponta do pé e da língua.

Enredo

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Através do enredo “A guerreira negra que dominou dois mundos”, a Rocinha prestou uma homenagem a Maria da Conceição, ou simplesmente Maria Conga. Filha de reis do Congo, que foi escravizada e traficada para o Brasil, onde sofreu com a opressão e o açoite até se tornar símbolo de resistência ao fundar o Quilombo de Maria Conga. Após sua morte, se consagrou no reino das almas como líder da linha dos pretos velhos de Iemanjá, cultuada em terreiros de Umbanda. História essa narrada de forma cronológica linear e traduzida de maneira clara por meio de fantasias e alegorias de fácil leitura.

Evolução

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O quesito mais problemático da escola. Logo na abertura do desfile, devido ao problema de locomoção do abre-alas, abriu um buraco em frente ao primeiro módulo de jurados. Algo que se repetiu de forma mais grave com a última alegoria, que abriu um clarão que pode ser visto tanto na primeira como na segunda cabine de julgamento. A lentidão na entrada da escola fez com que a mesma precisasse acelerar o passo do meio para o final de desfile, o que deu um ritmo irregular para apresentação.

Samba-Enredo

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O samba-enredo composto por Cláudio Russo, Fadico e Anderson Benson teve desempenho apenas regular na Avenida, apesar de ter sido uma das obras mais elogiadas da safra no pré-carnaval. O intérprete Ciganerey e seu carro de som o defenderam muito bem e demonstraram entrosamento com a bateria. Porém, o canto fraco das alas impossibilitou um rendimento maior.

Fantasias

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Usando de matérias simples e baratos, como a palha e o capim desidratado, a Rocinha apresentou fantasias de fácil leitura e que tiveram efeito na pista. A criatividade das indumentárias também chamou a atenção.

Alegorias e Adereços

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Assim como as fantasias, as alegorias da Rocinha também utilizaram de materiais alternativos, mas de efeito. Nesse caso, se destaca o segundo carro, todo feito em bambu. A fácil leitura e o acabamento sem falhas graves foram os grandes trunfos do conjunto.

Outros Destaques

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Um dos grandes destaques da apresentação da Rocinha foi sua ala de baianas. As senhoras vieram representando as “Mães de Santo” com uma fantasia tradicional, branca e de renda. Elas evoluíram de forma leve e demonstraram excelente canto durante o desfile.

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