Para quem ama carnaval e as escolas de samba não há como negar a ambiguidade de sentimentos vividos nesse ano de 2021. Se por um lado foi reconfortante ver sambistas aos poucos sendo imunizados contra a Covid-19, por outro lado foi doloroso receber a confirmação de que não haveria carnaval nesse ano. Foi a primeira vez, desde a criação do desfile das escolas de samba em 1932, que não houve carnaval. Nem durante a segunda guerra mundial a maior celebração da cultura popular brasileira deixou de acontecer.

Seguindo a tradição dos finais de ano, o site CARNAVALESCO dá sequência à série de reportagens com a retrospectiva do ano de 2021. Nesta reportagem vamos relembrar os meses de abril, maio e junho. * LEIA AQUI A PRIMEIRA PARTE

Abril:  Imunização avança no Rio e aumenta esperança por realização do carnaval

O mês de abril começou com grande esperança no Brasil, com a vacinação finalmente avançando. O mundo do carnaval disponibilizou duas importantes quadras para ajudar na imunização da população, na Portela e no Cacique de Ramos. Ao mesmo tempo que crescia a esperança, os cientistas alertavam sobre a importância de se manter o isolamento social sob pena de o carnaval não poder ser realizado. Por outro lado o prefeito Eduardo Paes acreditava que com 70% da população imunizada em dezembro, a realização do réveillon e do carnaval pudesse ser garantida. O mês de abril terminou com 92% de idosos e 20% de toda a população carioca totalmente imunizada. E o ministro da saúde prometia ainda para 2021 a vacinação completa dos brasileiros.

vacina portela4

O Paraíso do Tuiuti seguia suas mudanças na escola. Depois de trocar o casal em março, em abril a diretoria da escola decidiu mudar o enredo para o desfile de 2022. Ao invés de falar sobre os bichos, a escola decidiu abordar uma temática afro. O carnavalesco Paulo Barros vai levar um enredo com essa narrativa pela primeira vez em sua carreira na avenida. Na Beija-Flor, mudança no comando da escola. Um negro assume a presidência da escola mais preta do carnaval, Almir Reis.

almir beijaflor

Apesar do avanço da imunização, a Covid-19 seguia ceifando a vida de milhares de pessoas em todo o país diariamente. No mundo do samba a devastação parecia incontrolável. O coronavírus retirou do nosso convívio, o jornalista Aloy Jupiara, o compositor da Mocidade José Carlos Luna, a coordenadora da ala de baianas da Mocidade Alegre Lúcia, o componente da São Clemente Vitinho Almeida, e o harmonia da Unidos de Padre Miguel, Nilton. A esposa do cartinista Lan, Olívia Marinho e o integrante da velha guarda da Portela, Souza, também nos deixaram no mês de abril.

Maio: A dor da perda de Nelson Sargento e Dominguinhos do Estácio

O mês de maio chegou ao seu final tirando deste plano dois sambistas de altíssimo quilate. Em 30 de maio, após sofrer de complicações da Covid-19, o presidente de honra da Mangueira, Nelson Sargento, morreu. Apenas um dia depois e com os sambistas ainda de luto partiu o lendário intérprete Dominguinhos do Estácio, por consequência de um AVC. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas e o diretor de harmonia Rômulo Ramos também faleceram.

A grande notícia do mês de maio para o carnaval foi o primeiro aceno do prefeito Eduardo Paes para a realização do carnaval. Com a vacinação avançando e os casos começando a baixar, o chefe do executivo começou a se reunir com dirigentes das escolas de samba para definir planos de metas para os desfiles. A Prefeitura assinou um contrato de quatro anos com as escolas, até o fim da gestão Paes. Por outro lado, sambistas pediam socorro ao poder público, com eventos ainda proibidos. No fim do mês, Paes garantiu o retorno gradual das atividades do setor cultural.

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No início do mês de maio o ator e humorista Paulo Gustavo perdeu a batalha contra a Covid-19, após quase três meses lutando pela vida. A partida de Paulo fez o país inteiro chorar. Com uma relação muito forte com a São Clemente, onde desfilou em 2014, o humorista causou uma mudança de rumos na agremiação. A preta e amarela da Zona Sul abandonou o seu enredo anterior e decidiu homenagear o niteroiense em seu desfile.

Junho: O adeus a Laíla e  Mestre Mug

O dia 18 de junho de 2021 pode ser apontado como um dos mais tristes da história do carnaval. Deixaram este mundo dois gênios do carnaval. Mestre Mug, que foi mestre de bateria da Unidos de Vila Isabel por mais de 30 anos e Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, o Laíla, que atuou em diversos segmentos dentro de uma escola de samba, representando uma das figuras mais emblemáticas da história dos desfiles de escola de samba. Marcelo Moura, secretário geral da Portela, Djalma Falcão, ex-presidente da União da Ilha e Maria Murari, vice-presidente do Vai-Vai, foram outros sambistas que partiram em junho.

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Foto: Eduardo Hollanda

O luto pela perda de Laíla tomou conta do Rio de Janeiro. Em seu velório, diversas escolas marcaram presença. O prefeito Eduardo Paes anunciou que a Cidade do Samba 2 receberia o nome do mestre. Ainda em junho o mandatário municipal afirmou a intenção de realizar um evento teste em Paquetá só com vacinados. E o Império Serrano iniciou sua campanha no Campeonato Carioca da Série C.

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