O currículo de Jorge Freitas no carnaval de São Paulo é recheado de superlativos. Hexacampeão do carnaval paulistano, o carnavalesco é o maior campeão da história moderna da folia paulistana (iniciada em 1968, com a oficialização dos desfiles na cidade de São Paulo) e conquistou ao menos uma taça em quatro das cinco escolas de samba do município pelas quais assinou desfiles. Figura importante da festa na maior cidade do América do Sul desde 2000, o profissional concedeu uma entrevista exclusiva para o CARNAVALESCO falando sobre uma série de temas pertinentes ao carnaval paulistano. A visão de Jorge Freitas sobre uma série de aspectos foi revelada no dia 25 de maio, dia em que a Dragões da Real fez a festa de lançamento para o enredo “A vida é um sonho pintado em aquarela”, idealizado por ele.

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Foto: Lucas Sampaio/CARNAVALESCO

Campeão, mas sem levar o título

Ao fazer um balanço sobre tudo que envolveu a Dragões da Real em 2024, Jorge Freitas destacou que a agremiação teve os mesmos 270 pontos da Mocidade Alegre, que sagrou-se bicampeã da folia paulistana: “O balanço de 2024 é que nós fizemos um desfile para ser campeão. Nós, na avenida, fomos campeões também: com a mesma pontuação da nossa coirmã campeã – e eu parabenizo a escola campeã do carnaval. O balanço foi o melhor possível. Existe a competição, a disputa e, a cada ano, nós temos que melhorar mais para que, no carnaval, a gente saia da avenida campeão e também saia da apuração campeão”, pontuou, aproveitando para já falar da expectativa para 2025.

Pressão?

Maior papa-títulos no posto de carnavalesco na história do carnaval paulistano, Jorge Freitas foi contratado pela Dragões da Real para que a agremiação, que está desde 2012 no Grupo Especial, enfim, conquiste a tão sonhada taça. De lá para cá, foram três vice-campeonatos e oito idas para o Desfile das Campeãs.

Jorge, entretanto, não se sente pressionado: “Isso, para mim, é muito normal. Eu não vejo isso como desafio: vejo isso como um seguimento do meu trabalho. Em todas as agremiações que eu passei, eu sempre me empenhei da mesma forma. Semrpe procuro colaborar com a agremiação – e é claro que, no meu terceiro carnaval na Dragões da Real, eu posso dizer que tenho um sentimento bem diferenciado aqui. É uma escola que me acolheu de uma forma tão grandiosa!”, pontuou.

Regulamento e elogios

Muito participativo também para falar sobre os balizamentos de julgamento que foram utilizados no carnaval de 2024, Jorge Freitas também falou sobre as novas mudanças que devem acontecer para 2025 – já que todos os jurados foram dispensados pela instituição organizadora: “Tudo que é feito através da Liga-SP é para melhorar o carnaval. Os gestores, quando eles sentam para analisar o que deu de errado e o que pode melhorar, é para melhorar o carnaval de São Paulo como um todo – do Grupo Especial ao Acesso II. Hoje, temos um carnaval grandioso em todos os grupos e a competitivdade é muito grande, mas o planejamento que hoje o carnaval de São Paulo tem é pensando em todas as agremiações, com todo o carinho. Eu, como profissional e pessoa que ama o carnaval de São Paulo, tenho mais é que apoiar e dar a força para todos que estão lá fazendo o trabalho. No passado, ajudei e colaborei e acho que quanto mais pensadores de carnaval (estudiosos e jornalistas, por exemplo) colaborem e estejam alinhados, mais nos tornaremos o melhor carnaval do Brasil”, comentou.

Homenagem em forma de enredo

O dia 16 de abril foi triste para todo o mundo do samba paulistano. Jorginho Freitas, neto do carnavalesco da Dragões da Real, faleceu. Toda a consternação gerou uma homenagem das mais tocantes possíveis: o enredo da Dragões da Real em 2025, intitulado “A vida é um sonho pintado em aquarela”, falará sobre o ciclo da vida inspirado na clássica música da Toquinho. E é claro que o parente foi a grande inspiração para a temática.

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Foto: Fábio Martins/CARNAVALESCO

Sem esconder a emoção, o avô de Jorginho destacou o quanto o neto segue sendo importante: “Fazer um enredo que mexe com a emoção só é possível com uma escola que transmite emoção. É só com a instituição que, na verdade, vai trabalhar o enredo não só no desfile, mas a partir do lançamento dele. São ações que vão são promovidas durante todo o ano para serem concluídas no desfile. Estou muito à vontade aqui e estou com uma responsabilidade com o plano espiritual de fazer o meu melhor para que o meu neto, com os amiguinhos dele, fale ‘esse é o meu avô, que orgulho!’. Eu vi ele aqui hoje, senti ele a todo momento. Olha o que nós fizemos!”, aproveitando para, mais uma vez, agradecer e elogiar à agremiação.

Em outro momento, Jorge explicou o enredo de maneira poética: “O trabalho em tal temática me deixa forte: tem o lado do meu neto Jorginho – que, nesse plano, era chamado de ‘grande astronauta’. Ele está me dando força para que eu faça o maior carnaval da minha vida. A vida nos prega algumas surpresas, e algumas coisas aparecem de repente, sem pedir licença, e a gente parte. O descolorir é como o carnaval: quando terminamos nosso desfile, cada um tira a sua fantasia e guarda para que, no próximo carnaval, a gente vista uma nova. Na vida também é assim: quando a gente parte desse plano para o espiritual, a gente veste uma nova fantasia para vir aqui novamente e pintar uma nova aquarela”, finalizou.