Com “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju – O Guardião da Amazônia Negra”, o carnavalesco vai levar a história mística do Xamã Babalaô amapaense para a Marquês de Sapucaí em 2026. Em uma viagem pela cultura da Amazônia Negra, o carnavalesco Sidnei França conversou com o CARNAVALESCO sobre a ideia do enredo da Verde e Rosa, jogando luz na figura desse brasileiro, na narrativa apresentada e no que espera dos sambas a serem inscritos.
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Sidnei contou que a ideia de falar sobre o Mestre Sacaca surgiu a partir de uma pesquisa sobre as efemérides centenárias de 2026, nas quais, com o apoio dos pesquisadores Stefanye Paz e Felipe Tinoco, foi estruturando o enredo.
“O foco central, a chama inicial, foi entender tudo que completaria 100 anos em 2026. E aí a gente começou a pesquisar e achamos, de forma quase acidental, a figura de Mestre Sacaca e começamos a investigar. Pesquisando cada vez mais, ficamos impressionados, eu, Tinoco e Stefanye, com a força desse homem, com a grandeza dessa existência. A Guanayra nos mandou para o Amapá e, de lá para cá, é história, é o desenvolvimento dessa saga”.
O artista também falou sobre a importância de fazer um enredo autoral dentro da Estação Primeira, destacando a ideia de trazer narrativas densas e brasileiras para a Avenida.
“Nunca foi opção na Mangueira não ser autoral, porque a escola tem essa intensidade. Pensar em Mangueira é pensar sempre em histórias densas, brasileiras. Esse enredo vem trazer, mais uma vez, essa assinatura tão identitária do Brasil e, dessa vez, um Brasil não divulgado, que não é comumente conhecido pelas pessoas. Quase ninguém pensa em uma Amazônia Negra”.
Ao falar sobre a narrativa, Sidnei pontuou que o enredo de 2026 da agremiação seguirá por um caminho diferente em relação ao desenvolvimento narrativo do último carnaval, destacando o regresso à ancestralidade como característica marcante do que a Mangueira pretende mostrar na Avenida.
“Não considero que essa narrativa se ampara no que nós fizemos em 2025. O que eu acho que tem de novo é uma tentativa extrema e muito forte de ser claro a cada momento. Agora estou falando das ervas, agora estou falando dos tambores. Isso eu acho que se assemelha a uma busca de um recorte muito definido em cada setor, mas, quanto ao desenvolvimento narrativo, é bem diferente. O último enredo terminava apresentando o cria do morro como uma possibilidade de futuro negro, e agora a gente não vai para o futuro, pelo contrário. Ao transformar o Xamã Babalaô no amapazeiro, ele retorna para a natureza. Isso é um regresso à ancestralidade, não um avanço. São estruturas narrativas diferentes, mas com muita clareza em seus enfoques”.
O artista também ressaltou a importância de a Mangueira trazer à luz a figura de Mestre Sacaca, uma personalidade pouco conhecida nacionalmente, mas que será projetada através da Verde e Rosa.
“Acho isso maravilhoso. Claro que é muito digno exaltar, no carnaval, grandes personalidades, figuras lendárias da cultura brasileira. Mas também é muito honroso, é muito potente, você transformar um nome esquecido, apagado, e apresentá-lo para o mundo inteiro na voz da Mangueira. É motivo de muito orgulho e muita honra”.
Sidnei França concluiu falando dos sambas que concorrem para ser o hino da Mangueira em 2026, enfatizando que o tema é uma rica fonte de inspiração para os compositores.
“Apoteóticos. Vejo nesse enredo elementos muito fortes que transcendem o material e alcançam o campo espiritual. E isso é muito vivo para a proposição de sambas marcantes. Tenho certeza de que temos sambas grandiosos”.