A ala de passistas da Em cima da Hora para o Carnaval 2022, representou a luta do suburbano contra a inflação, tema esse bastante atual e sofrido pelo povo. A inflação financeira sofre aumento contínuo, e os suburbanos por serem de classe mais simples, são os que mais sofrem e perdem o sono com todos esses perrengues.
A passista Eliane Nascimento, também comerciária, contou em entrevista ao CARNAVALESCO um pouco da representatividade carregada na fantasia.
“Estamos representando o dinheiro que o trabalhador vai em busca todos os dias. Estamos vivendo uma crise mundial, mas que aqui no Brasil já vem se arrastando há um tempo. Nossos políticos não estão preocupados em ver o que pode ser feito para melhorar a vida do cidadão, muito pelo contrário. Infelizmente o povo tem memória curta, então dificulta minha perspectiva de algo melhor”.
Cristiane Cruz de 50 anos, também passista, além de prometer muita garra para defender a escola, também nos contou o significado do enredo na sua vida.
“O enredo retrata a realidade da população carioca, quase toda a massa usa o trem como meio de transporte, fora a questão do comércio nos trens, as cantadas sofridas pelas mulheres, nada mudou. O tema é atemporal”, concluiu a dentista.
A passista Patrícia Araújo também não mediu palavras em relatar tamanha identificação com sua fantasia, uma vez que utiliza o trem como meio de transporte diário para chegar ao trabalho.
“Nunca me senti tão representada. Não digo nem só pela fantasia, mas também pelo samba já que cita o trem e as dificuldades que os empregados sofrem com seus patrões. Todos os dias eu pego trem, trouxe minha fantasia no trem lotado, então a escola retrata exatamente a minha realidade”, desabafou Patrícia.
A assistente administrativa de 34 anos também aproveitou para contar um pouco da sua luta ao enfrentar a realidade suburbana.
“O trem é a minha realidade. Eu moro em Nova Iguaçu e trabalho em São Cristóvão, então para chegar no meu trabalho, além do trem, eu pego um ônibus e uma van. Por estar sempre nessa constância, as vezes eu acabo sofrendo com a falta de trem. Nova Iguaçu ainda é um pouco privilegiado, já que de vez em quando tem um trem especial que sai direto da plataforma, porém nem sempre. Enquanto isso, a Supervia, está sempre querendo fazer reajustes nas passagens”, lamentou a passista.