O Império Serrano iniciou sua caminhada para o Carnaval 2026 sob o signo da reconstrução e da renovação com afeto. Após o incêndio que destruiu grande parte de suas fantasias em 2025, a escola aposta em talentos forjados dentro de casa para defender suas cores na avenida. Em mais uma edição da Feijoada Imperial, realizada no último sábado, na quadra da agremiação em Madureira, a escola apresentou ao público seus novos talentos: Felipe Santos, novo mestre de bateria; Vitor Cunha, no posto de intérprete; e Matheus Machado e Maura Luiza, formando o novo primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira.
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A escolha por nomes com trajetória dentro da escola mostra o desejo da agremiação de se fortalecer a partir de suas raízes. Em entrevista ao CARNAVALESCO, o presidente da agremiação, Flavio França, falou sobre o momento de reconstrução da escola do Morro da Serrinha: “Depois de tudo o que ocorreu, temos noção da responsabilidade que o Império Serrano tem com sua comunidade. Estamos nos colocando no lugar de escuta. Ouvir a comunidade para entender quais são os melhores caminhos”, declarou. E o caminho apontado pela comunidade da Serrinha parece ter sido mesmo o da aposta em talentos já conhecidos na agremiação.

Entre as decisões mais simbólicas desse novo ciclo está a escolha de mestre Felipe Santos para assumir a “Sinfônica do Samba”. Sua estreia foi marcada por um esquenta que arrepiou quem estava na quadra. Cria do Império, Felipe chegou à bateria entre 2009 e 2010 e, desde então, construiu sua trajetória com dedicação. Em 2026, assume a batuta da bateria imperiana, sucedendo outro cria da escola, mestre Vitinho, que segue como referência e conselheiro.
“Vitinho é meu irmão e meu mestre. Me deu a oportunidade e me dá conselhos. É uma honra dar continuidade ao trabalho dele”, afirmou Felipe, que terá como missão preservar a identidade da bateria imperiana. O agogô, instrumento símbolo da escola, continuará como protagonista, reforçando a tradição da agremiação. Além de Vitinho, Felipe busca inspiração em nomes consagrados como os mestres Gilmar, Lolo e Ciça, referências para o seu trabalho.

A sintonia entre ritmo e melodia, fundamental na harmonia de um desfile, também se reflete na estreia do novo intérprete da escola. Para Vitor Cunha, o desafio de assumir o carro de som vem acompanhado de emoção e pertencimento. Filho de Carlinhos da Paz, intérprete da escola em 1998 e entre 2000 e 2002, Vitor volta ao Império após anos de estrada em outras escolas do Rio e de São Paulo.
“É uma oração o que vou fazer durante minha estadia no Império”, declarou o cantor, que animou o público presente cantando sambas históricos da escola. “Tenho certeza de que não vou cantar sozinho. A escola vai cantar comigo”, afirmou Vitor, que acredita que o afeto da comunidade e a força do pavilhão serão combustíveis para entregar um trabalho à altura da tradição imperiana.
A harmonia entre os setores do Reizinho de Madureira foi revelada no reencontro do casal de mestre-sala e porta-bandeira. Matheus Machado e Maura Luiza, que já haviam dançado juntos entre 2016 e 2019 como segundo casal da escola, agora assumem o posto de primeiro casal com o desafio de defender o pavilhão imperiano com elegância.
“Ah, é um prazer muito grande estar retornando ao Império Serrano. Estou muito feliz de estar dançando com a Maura. Ela é uma porta-bandeira muito elegante e clássica. Coisas que o Reizinho pede”, declarou Matheus.

Para Maura, aceitar o convite para assumir o posto ao lado de Matheus é dar continuidade à sua herança familiar. “Foi uma emoção muito grande receber esse convite. É uma responsabilidade dupla, por ser imperiana e por defender um pavilhão de uma escola tradicional como o Império Serrano. Nós crescemos aqui dentro da escola. Encontrei no Matheus um excelente mestre-sala e um parceiraço”, disse a porta-bandeira.
Com todas as estreias e a apresentação da equipe completa para o Carnaval 2026, o Império desenha uma nova temporada em que passado e futuro se encontram. O presidente Flavio França reafirmou que a escola está trabalhando para garantir melhores condições de trabalho para os artistas da agremiação. “Foi um ano difícil. Tivemos o repasse de recursos tardiamente, o que torna não só o Império, mas todas as outras agremiações passíveis de sofrer o que aconteceu. Foi um alerta. Estamos pensando na qualidade e no cuidado que os artistas que fazem o desfile do Império merecem”, declarou.

Ao lado dele, o carnavalesco Renato Esteves prefere o silêncio estratégico. Depois de classificar o desfile de 2025 como “melhor/pior” da vida, ele garante que a escola trabalha com convicção, mesmo mantendo o enredo de 2026 em segredo.
“Acho que, este ano, a gente vai falar menos e mostrar mais. A gente acredita muito que o caminho a ser trilhado é esse”, afirmou o artista. Com um time que conhece bem o Império Serrano, o desfile de 2026 promete ser uma travessia entre o trauma e a esperança, guiada pela força ancestral da Serrinha abrindo alas para um novo tempo.
