Por Guibsom Romão, Carolina Freitas, Juliana Henrik e Marcos Marinho

A Imperatriz Leopoldinense, novamente, dois carnavais após unir duas parcerias finalistas para o Carnaval de 2024, decidiu juntar as obras das parcerias de Hélio Porto e Gabriel Coelho em um único samba para homenagear Ney Matogrosso em 2026. Assim, assinam o samba os compositores: Gabriel Coelho, Alexandre Moreira, Guilherme Macedo, Chicão, Antônio Crescente, Bernardo Nobre, Hélio Porto, Aldir Senna, Orlando Ambrosio, Miguel Dibo, Marcelo Vianna e Wilson Mineiro. O resultado foi anunciado depois das 5h deste sábado, em uma quadra lotada de emoção, na Zona Norte do Rio. A escola da presidente Cátia Drommond será a segunda a desfilar no domingo de carnaval, defendendo o enredo “Camaleônico”, desenvolvido pelo carnavalesco Leandro Vieira.

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Fotos: Nelson Malfacini/Divulgação Imperatriz

A noite contou com momentos marcantes, como a presença do próprio homenageado. Ney subiu ao palco, emocionado, e recebeu o pavilhão da Imperatriz das mãos de “Oxalá”, enredo da verde e branco em 2025, em um encontro simbólico e histórico para a escola.

Apesar da grande festa, dois nomes importantes não puderam estar presentes: a rainha de bateria Iza, por compromissos profissionais previamente acordados com a direção, e o vice-presidente João Drumond, que segue em recuperação de um problema de saúde.

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O show dos segmentos foi outro ponto alto da noite, com destaque para a performance de Pitty de Menezes, que emocionou a quadra ao interpretar canções inesquecíveis de Ney Matogrosso.

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“Estou muito feliz, porque a escola mais que todos nós sabe qual é a melhor escolha para um grande carnaval, é uma escola que vai em busca do campeonato. Nós somos a segunda de domingo, mas vamos ser a primeira da quarta-feira de cinzas. E essa parceria que juntou hoje, nós somos amigos, já fomos parceiros, e essa união vai fortalecer a escola muito mais do que o mundo do samba imagina”, afirmou o compositor Aldir Senna, que é da parceria de Hélio Porto.

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Parceria de Hélio Porto, Aldir Senna, Orlando Ambrosio, Miguel Dibo, Marcelo Vianna e Wilson Mineiro

“Estou feliz. Meu terceiro campeonato. E aqui está a final do meu terceiro campeonato. Estou muito feliz. Tenho certeza que a escola fez um acerto, tenho certeza que vai sair também um excelente samba mais uma vez. Estou muito confiante que a escola com certeza vai brigar pelo título mais uma vez. Sobre a junção, já tinha alguns boatos antes, mas a gente nunca sabe. A gente só sabe realmente quando o anuncia aqui. Foi uma surpresa, realmente. Foi mantido as sete chaves, que ninguém sabia. Mas eu tenho certeza que a escola fez a melhor opção para fazer um excelente samba e um grande carnaval para a escola”, comentou o combpositor Gabriel Coelho.

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Parceria de Gabriel Coelho, Alexandre Moreira, Guilherme Macedo, Chicão, Antônio Crescente, Bernardo Nobre

Leandro Vieira: ‘O Ney é perfume diferente’

O carnavalesco Leandro Vieira destacou que o enredo não segue uma linha biográfica, mas um olhar poético sobre o homenageado: “O filme sobre Ney Matogrosso é maravilhoso, mas não é a minha referência. O enredo trata do Ney como artista que muda de pele, que fez da música a sua bandeira. Tem pouco da vida particular dele. É o Ney do palco, da voz, do corpo em movimento”.

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Vieira também atualizou a preparação do barracão: “Os protótipos já estão finalizados. A Imperatriz já está na fase de reprodução de fantasias. E as alegorias já estão na ferragem e carpintaria. Estamos dentro do cronograma de uma escola altamente planejada”.

Presidente Cátia Drommond: ‘Tudo belo como o Ney merece’

Visivelmente emocionada, a presidente Cátia Drommond exaltou o projeto de 2026: “O projeto que o Leandro apresentou é melhor que o de 2025. Temos essa proposta de sempre superar a própria Imperatriz. Vai ser um belo plástico, um belo samba, belas fantasias. Tudo belo como o Ney merece”.

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Cátia também celebrou a resposta da comunidade: “Ficamos felizes e realizados de ver a quadra cheia, a comunidade engajada. Esse é o nosso quinto carnaval juntos e seguimos no caminho certo”.

Pitty de Menezes: ‘Cantar as canções do Ney é uma honra’

O intérprete Pitty Menezes não escondeu a emoção de viver esse momento na carreira: “Para mim, representa tudo. Para nós, músicos e cantores de samba, a música popular brasileira é parte essencial da vida. Cantar as canções do Ney, que considero um dos maiores artistas do Brasil, é uma grande honra e uma responsabilidade. Espero conseguir interpretar o samba escolhido com a dignidade que nosso homenageado merece”.

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Ele também lembrou sua ligação afetiva com a obra de Ney: “Minha mãe ouvia os discos dele em casa, então já conhecia bem. Foi uma honra aprender e reinterpretar essas músicas de forma diferente. E ainda ouvi dele que eu sou ‘o cantor dele’. Isso não tem preço”.

Harmonia afinada

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O diretor de harmonia, Thiago Santos, destacou a transformação do canto da comunidade e a parceria com Pitty e mestre Lolo: “Soltamos nossos componentes, que passaram a cantar e dançar com liberdade. A Imperatriz é uma escola que dança. E a sintonia entre Pitty e Lolo reflete na escola inteira. O resultado está aí: três anos sem perder nota em canto”.

Casal Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro: ‘Vamos trazer o universo do Ney’

O premiado casal de mestre-sala e porta-bandeira, Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro, celebrou 2025 e já projetou 2026.

Phelipe avaliou o último desfile com entusiasmo: “O balanço é positivo. Saímos da Avenida bem felizes, conseguimos executar a coreografia como planejado e acredito que fizemos uma das apresentações mais comentadas dos últimos dez anos. Isso nos dá esperança de repetir ou até superar em 2026”.

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Rafaela, que celebrou 15 anos como primeira porta-bandeira da escola, relembrou a emoção do último carnaval: “Foi lindo e emocionante. Representamos muito axé, a nossa cultura, a minha religião. Que esse espírito continue em 2026. O Estrela do Carnaval foi especial, porque era o prêmio que me faltava. Esperei muito para ganhar, e agora quero lutar pelo bicampeonato.”

Sobre a preparação para o enredo dedicado a Ney Matogrosso, o casal foi categórico: “O Ney é eletricidade pura, é movimento. Eu me identifico muito com isso, porque também não consigo ficar parado”, disse Phelipe.

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“Ele nos dá inúmeras possibilidades, tanto na dança quanto no figurino. Assim como já fizemos em outros anos, incorporando passos da Cigana, de Xangô, de elementos afro, vamos mergulhar nesse universo. Mesmo que não leve diretamente para a avenida, o estudo é essencial para apresentar com propriedade. E o Ney nos inspira em todos os sentidos”, completou Rafaela.

Comissão de Frente: Patrick Carvalho quer mais um ano marcante

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O coreógrafo da comissão de frente, Patrick Carvalho, lembrou a conquista máxima no quesito em 2025 e reforçou a importância do samba para o trabalho: “Conseguir os 40 pontos foi muito especial. O samba influencia muito, mas estamos muito apegados ao estudo profundo sobre Ney. O artista é movimento, energia pura, e isso pode aparecer também na comissão”.

Diretor de carnaval, André Bonatte: ‘O Ney vai trazer uma estética inédita’

Responsável por coordenar a parte técnica e organizacional da Imperatriz, André Bonatte fez um balanço positivo do último desfile e projetou o futuro com entusiasmo:

“Para mim foi super positivo, porque a gente ficou muito próximo da campeã em termos de décimos perdidos. E com problemas que a gente entende que acontecem na avenida. A gente se preparou muito bem, mas sempre tem coisas que fogem ao controle. Mesmo assim, fica a sensação de que foi um grande carnaval. Já estou com saudade de 2025, mas precisamos superá-lo”.

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Sobre o projeto de 2026, ele exaltou a ousadia do carnavalesco Leandro Vieira: “É algo que eu nunca vi. Nos últimos carnavais, com Lampião, Cigana e Oxalá, já tivemos estéticas e discursos diferentes, e com o Ney não seria diferente. Não é só uma estética que a Imperatriz nunca viu, mas acho que o Carnaval do Rio nunca viu. Vai ser algo bonito aos olhos e, com o samba escolhido, também bonito aos ouvidos”.

Bonatte também destacou a sintonia com o carnavalesco: “O Leandro é muito parceiro e muito responsável por muitas coisas da direção de carnaval. É muito fácil trabalhar com ele, porque domina tudo. É sempre uma questão de entendimento, não de discordância. Concordamos em quase tudo”.

Por fim, revelou números e prazos para a preparação da escola: “Estamos planejando entre 3.100 e 3.200 componentes, contando os de carro. E já temos calendário: a bateria começa na primeira semana de novembro e, já no segundo fim de semana, iniciamos os ensaios de rua com a escola toda”.

Como passaram os sambas na final

Parceria de Jeferson Lima: O primeiro samba a se apresentar foi o dos compositores Jeferson Lima, Rômulo Meireles, Chico de Belém, Mirandinha Sambista, Alfredo Júnior e Tuninho Professor. A pareceria, que teve Wander Pires no microfone principal, foi recebida de forma tímida pela quadra. A performance no palco foi excelente, fazendo o samba passar de forma correta, mas não o suficiente para ser colocado como favorito na disputa. O refrão “Não há pecado, amor, vem se acabar! / Bicho pega, bicho come, requebra homem com H” mexeu com a quadra, mas não foi entoado por grande parte dos presentes.

Parceria de Gabriel Coelho: A segunda obra a se apresentar foi da parceria de Gabriel Coelho, Alexandre Moreira, Guilherme Macedo, Chicão, Antônio Crescente e Bernardo Nobre. Com Igor Vianna na voz, o samba, que era um dos favoritos na disputa, provou que o favoritismo tinha um porquê, já que foi cantando com entusiasmo por toda a quadra e quesitos, como passistas, baianas e boa parte da harmonia. Até o mestre-sala, Phelipe Lemos, caiu no meio do povo cantando e performando o samba. A cabeça do samba “Jurei mentiras mas não tô sozinho / Fui tudo o que eu sempre quis / Camaleônico Imperatriz / Camaleônica é a Imperatriz” faz uma excelente abertura de samba e já agita a quadra durante todas as passadas. Uma boa parte dos compositores desceram do palco para cantar no meio do público. O samba ainda contou com um Igor Vianna em uma noite de glória com o microfone nas mãos. O refrão “SE JOGA NA FESTA, ESQUECE O AMANHÃ MINHA ESCOLA NA RUA PRA SER CAMPEÃ! / VEM MEU AMOR / VAMOS VIVER A VIDA / BOTA PRA FERVER / QUE O DIA VAI NASCER FELIZ NA LEOPOLDINA” levantou a quadra todas as vezes que foi entoado. Após o encerramento do samba, o coro não foi outro, “É campeão” foi repetido pelos presentes.

Parceria de Hélio: Encerrando a noite, com Igor Sorriso e Charles Silva nos microfones principais, o samba de Hélio Porto, Aldir Senna, Orlando Ambrosio, Miguel Dibo, Marcelo Vianna e Wilson Mineiro, foi muito bem recebido pela quadra, quesitos como baianas e alguns harmonias, acompanhados da porta-bandeira Rafaela Theodoro, fizeram um trenzinho dançando com o samba. O samba foi bem executado no palco, provando que a sua presença na final foi merecida. O refrão “Eu quero é botar meu bloco na rua / De alma nua, pro dia nascer feliz / Prazer é minha lei, Prazer meu nome é Ney / E eu sou Imperatriz” foi muito bem cantando pela quadra, puxou o samba em todas as passadas que teve.