No quesito Mestre-Sala e Porta-Bandeira, a Mocidade não precisa sonhar porque já vive sua realidade. O casal formado para o Carnaval 2020 se consolidou e hoje é quase certeza de notas máximas pela escola. Enfileirando bons resultados, a dupla mudou a coreógrafa, treina como atleta em um clube de futebol e se prepara para ser a primeira escola da novidade para 2025: os desfiles da terça-feira de carnaval. Bruna Santos, atingiu toda a esperança depositada nela, enquanto Diogo Jesus, venceu a rejeição para formar um casal aclamado e provar uma das tantas viradas na vida em Verde e Branco.

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Fotos: Allan Duffes/CARNAVALESCO

Diogo Jesus era o mestre-sala, quando Padre Miguel explodiu de alegria com o título da Mocidade de 2017. Bruna Santos, era a segunda porta-bandeira da escola. Diogo se envolveu em uma polêmica carnavalesca e deixou a Verde e Branca. Bruna, chamava a atenção pela qualidade de seu bailado. Em 2019, Diogo foi anunciado de volta para o desfile de 2020. Bruna, enfim foi promovida a defender a nota com o pavilhão da Estrela-Guia. Assim, é um resumo da história que uniu dois sambistas, que meteoricamente formou um dos mais poderosos dos casais de mestre-sala e porta-bandeira do carnaval.

Antes do desfile do reencontro com a Mocidade, Diogo Jesus precisou trabalhar dobrado. Afinal, ele precisava limpar a imagem dele com os independentes que torceram o nariz pela sua volta. Rejeitado, contou com o time de assessores da escola para a missão de recuperar o prestígio com a comunidade. E faltava a principal parte dele, que era ganhar o amor da torcida com nota. E quando, ao lado da Bruna, entraram na primeira cabine de jurados, o casal de Louva-a-Deus – a fantasia que usavam – não deu chance para dúvidas. Três notas 10 e duas 9,9. 29,9 pontos e o único décimo contado que foi perdido nos quatro desfiles que fizeram. Ponto final nesta etapa. A barra de Diogo Jesus estava finalmente limpa. Virou certeza de notas e, hoje, é aclamado em Padre Miguel.

“O carnaval, o futebol… Todo lugar que a gente ocupa de exposição de imagem, requer um cuidado. E naquela época eu não tive esse cuidado. Foi muito trabalho e culpo, positivamente, a toda a diretoria, Brayan, diretor de marketing, que fez um trabalho incrível de imagem comigo junto com o Rodrigo Coutinho, na época assessor de imprensa, e a direção da escola que me deu o suporte para trabalhar, junto com a Bruna, que do meu lado, conseguimos fazer um grande trabalho. E isso transformou positivamente nesse carinho que a comunidade tem com a gente. Então, eu acho que com muito trabalho e muita humildade a gente conseguiu, e eu consegui transformar isso”, explicou o mestre-sala.

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Para Bruna, a missão era da estreia e a pressão por corresponder às expectativas, além de ajudar ao Diogo a ficar bem com a torcida. Ela conseguiu muito mais que isso. Bruna virou holofotes para ela e, quando começa a girar com a bandeira, é velocidade e precisão que impressionam. Quando perguntada se já fez alguma reflexão sobre o que já conquistou nesses quatro anos defendendo o pavilhão da Mocidade, ela faz a linha de que cada ano é um ano e conta que ainda não parou para refletir sobre ter conseguido atender à esperança que depositaram nela.

“Eu ainda não acreditei em tudo que eu estou passando e vivendo. Graças a Deus, ao lado do Diogo, que com a sua experiência, vem me ajudando bastante. E ao lado de grandes profissionais que nos ajudaram a chegar até aqui. E, agora, treinando com a equipe do Fluminense, com o fisioterapeuta, com a Poli e o Pedro, o nosso preparador físico, o Saulo. Acredito que esse ano vai ser mais um trabalho incrível e que a gente possa superar mais uma vez as expectativas”, disse Bruna.

Casal atleta

Basta acompanhar as redes sociais dos casais de mestre-sala e porta-bandeira para ver a puxada rotina de preparação da dupla. É estúdio, academia, treino pesado e muito trabalho. Mas, a Mocidade foi além e deu ao seu casal uma rotina de atleta de alto nível. Uma parceria com o Fluminense F.C. fez com que Diogo Jesus e Bruna Santos suassem a camisa ainda mais, tendo treino de atletas de ponta para tirar de letra mais um desfile e, agora, com uma cabine a mais de jurados. Durante a final de samba, em outubro de 2024, Diogo contou ao CARNAVALESCO que uma parada a mais na cabine de jurados não mudaria em nada e que eles estavam preparados e sempre trabalharam para isso. O que ele não sabia, é que ia precisar ter treinos mais puxados, a partir de dezembro. Bruna, contou que os treinos no Tricolor das Laranjeiras é outra realidade e acrescentou:

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“É um trabalho mais profissional. Não que a outra equipe não seja profissional, mas agora temos equipamentos de alto nível. Eles treinam pessoas de altos níveis. Então, a preparação está sendo incrível. O Fluminense está dando todo o suporte para a gente e estamos com pessoas incríveis ao nosso lado. A equipe está nos ajudando bastante, assim também como a nossa antiga equipe nos ajudou bastante no início do ano. Somos gratos a eles pelo que eles fizeram com a gente no início do ano, mas agora bola para frente porque mudou tudo e o Fluminense está nos ajudando, colocando mais pressão para ter um trabalho mais condizente com o desfile”.

Em lua de mel com a torcida

Diogo e Bruna não são queridos apenas pelo sorriso cativante. Eles ajudaram a salvar a Mocidade em apurações sombrias que a escola teve, principalmente, em 2023. Considerados, junto da bateria, garantias de notas, eles passam longe de preocupar a diretoria, que consegue colocar seus esforços em quesitos que não têm conseguido agradar aos jurados.

Sobre o assunto, Diogo costuma dizer que gosta da pressão e acredita ser consequência do trabalho do casal, e afirma lidar com tranquilidade com a questão de ser uma garantia de notas boas. Aplaudidos de ponta a ponta durante os ensaios de rua da Mocidade, o casal ganha carinho do público não só independente, mas de outras comunidades, como foi o caso do ensaio que fizeram em Nilópolis, no Encontro de Quilombos, organizado pela Beija-Flor.

“A gente fica muito feliz de receber esse carinho da nossa comunidade. E para a gente é um termômetro de ver que está entregando um bom trabalho, que a comunidade está gostando do que está vendo e que está apoiando, que também é algo bem importante para a gente. A gente nota que a comunidade está vendo todo o nosso esforço, e o trabalho que nós entregamos para eles”, disse a porta-bandeira Bruna.

Ganhando 10, mas trocando a coreógrafa

Ao final do carnaval de 2024, após mais uma apresentação nota máxima, Vânia Reis, deixou a função de coreógrafa do casal da Mocidade. Ela, que também integrava a direção de carnaval, se desligou da escola quando a comissão foi desfeita e assumiu o trabalho com o casal da vizinha Unidos de Padre Miguel. Vânia de trabalho reconhecido e resultados incontestáveis, foi substituída por Ana Paula Lessa (foto), que já ensaiou casais que foram campeões do carnaval por três vezes.

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“Quando ocorreu a troca da coreógrafa, achamos que mudaria toda a visão do que a gente já fazia. Mas, a Ana é inteligente ao ponto de não mexer naquilo que estava dando certo. E também com a nossa experiência, conseguimos manter o trabalho e melhorar alguns pontos. A Ana está sendo incrível do nosso lado e está dando todo o suporte como coreógrafa. O casal precisa de uma visão de fora, uma pessoa experiente que olha nosso corpo. E a Ana tem essa experiência. Eu tenho certeza que está dando certo e vai dar certo”, falou o mestre-sala sobre sua nova ensaiadora.

Ana falou ao CARNAVALESCO sobre como ela recebeu a missão de pegar um trabalho já consagrado no carnaval: “Era um trio que funcionava muito bem e um trabalho que eu admirava. Então, exige mais de mim, da minha dedicação, da minha atenção. Mas eu costumo dizer também que cada pessoa que passa na nossa vida como direção, como uma visão crítica, artística ou estética, consegue contribuir. Então a frase mais perfeita para tudo na nossa vida é 'como nós podemos melhorar', mesmo que a gente seja incrível. E é em cima disso que é o trabalho. Não existe ninguém que seja tão bom, que não possa melhorar também, em qualquer aspecto. Então eu encaro como um bom desafio, não como uma coisa difícil, complicada ou negativa para mim ou para eles, mas como um bom desafio para todos nós”.

Sobre o casal, a coreógrafa contou que sempre quis vê-los juntos e que se apaixonou ao ver o primeiro desfile e, ali, já tinha interesse em trabalhar com Diogo e Bruna. Ana aproveitou para elogiar os dois. Segundo ela, são disciplinados e criativos. E o trio vai precisar de criatividade para alinhar a dança tradicional ao enredo futurista da Mocidade. Ana se diz vanguardista, enquanto o casal é mais moderno. Bruna Santos explicou o meio-termo deste trabalho:

"A gente está mantendo a dança tradicional e estamos colocando alguns passos dentro do enredo, sim, mas nada que seja muito ligado, até porque nós precisamos manter a tradição e não tem como fugir muito, mas tem alguma coisa ou outra ali, sim, na coreografia, que remete ao enredo", contou a porta-bandeira.

Carnaval 2025

Para o próximo carnaval, a Mocidade será a primeira escola da terça-feira de carnaval (4 de março), com o enredo “Voltando para o Futuro – Não há limites pra sonhar”, desenvolvido pelos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage. Espera-se muito futurismo, mas o primeiro casal da Verde e Branca faz mistério quando o assunto é fantasia. Diogo e Bruna elogiaram suas indumentárias, mas nada os fez revelar se terá penas de faisão albino ou será uma fantasia intergaláctica.

Para abrir uma noite de desfiles, a missão do casal é conquistar os jurados e o público. Diogo Jesus, o mestre-sala, prometeu realizar uma coreografia marcante. Eles, que já treinam o número oficial nos ensaios de rua, precisam trabalhar para que o pavilhão da Estrela-Guia brilhe para as arquibancadas e no caderno de notas, ao mesmo tempo.

“Não é fácil fazer um trabalho que vai alegrar, vai emocionar todo mundo e, principalmente, o jurado. Mas também não é só para a cabine, é para o público em geral. A gente está com uma coreografia linda, limpa e vai trabalhar ela até o final, até o dia do desfile. Mas é uma coreografia que vai marcar e que já está nos marcando também”, concluiu o mestre-sala.