A Portela realizou a gravação de seu samba-enredo no último dia 17 de outubro no Century Estúdio, em Jacarepaguá. A escola de Madureira gravou a faixa para o álbum das escolas de samba, e levará a Avenida em 2025 o enredo “Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol – Uma homenagem a Milton Nascimento”, dos carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga. Com diversos integrantes presentes, o CARNAVALESCO conversou com alguns para saber como foi a gravação. Nilo Sérgio, mestre da “Tabajara do Samba”, comentou sobre o andamento que colocou na obra e como pensou nas bossas.
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“No andamento botamos 140 BPM (batidas por minuto) para a gravação. Na quadra vamos ver o andamento para a avenida. Sobre as bossas, estava eu e a família do Robertinho Silva, que tocou com o Milton por 35 anos. Me mostraram cinco batidas do ‘Tambor de Mina’, e aí eu peguei essas batidas e construímos uma bossa dentro do samba”.
O mestre espera que ao escutar o samba, tanto Milton, quanto os fãs do cantor, possam identificar detalhes de obras do artita, destacando a sua musicalidade. “Quero que o Milton identifique o que colocamos de arranjos. Trouxemos para a bateria momentos das obras dele e a importância da musicalidade. Todo ano tem a responsabilidade de querer mostrar uma boa gravação. A bateria da Portela fez acontecer. Essa é a informação que eu tento levar, tento trabalhar junto com o portelense, de que a Portela está bem representada”.
O intérprete Gilsinho comentou sobre a sua preparação para gravar o samba de 2025, destacando também o refrão como a parte da obra mais chama sua atenção: “É a preparação de sempre, beber bastante água, economizar bastante a voz, descansar bastante, ter boas noites de sono e vir para cá confiante no trabalho que a gente tem planejado. O samba é muito bom, uma parte que toca bastante é justamente o refrão. É muito forte e expressa muito do que é o Milton Nascimento. Espero que ele exploda no carnaval”.
O cantor também falou sobre expressar bastante a emoção na hora da gravação, sempre aliada a técnica a ser utilizada: “O caminho é conseguir fazer o equilíbrio dos dois, botar muita técnica, mas expressar bastante a emoção que vai passar para a escola”.
Para Gilsinho, cantar Milton será uma grande homenagem em vida: “Milton Nascimento é um ícone da nossa MPB. É super importante. A gente está muito feliz em poder fazer essa homenagem para ele em vida. E que possa se emocionar, principalmente, no Carnaval, que fique bem feliz com essa homenagem que a gente está fazendo”.
Gilsinho também construiu o arranjo do samba, em parceria com Leandro Lima, e comentou o que foi feito, inclusive, se há algum instrumento especial: “Não posso falar muito porque senão vai ser spoiler. Mas eu preparei algumas coisas bem legais e os arranjos foram feitos por mim e pelo Leandro Lima, que é o nosso cavaco, o meu maestro, e está um arranjo bem bonito e emocionante. Acho que o portelense vai gostar bastante. Tem as bossas de bateria que são muito boas, o Nilo caprichou bastante”.
Leandro Lima, cavaquinista que construiu o arranjo junto de Gilsinho, também falou com o CARNAVALESCO sobre o que foi feito e revelou mais algumas curiosidades relacionadas a gravação: “A construção do arranjo pensamos na musicalidade do Milton. Levamos uma viola, que é uma coisa que remete bastante a questão regional, para diversificar e compor também essa questão de identidade musical do Milton”.
Júnior Schall, diretor de carnaval, comentou o que esperar da gravação da Portela no álbum, reforçando que espera que a faixa emocione a todos os portelenses, destacando a melodia do samba como seu ponto alto: “Esperar que diante de uma obra belíssima, os breves e sutis ajustes melódicos, possibilitem ainda mais força no canto de toda a comunidade. Cantar com cada vez mais alma e emoção. Mais uma vez, a gente entende que o samba é um fator definidor, para tenhamos a emoção como um ‘quesito portelense’ que a gente tem que gabaritar. O meu destaque é o fator de equilíbrio do conjunto de força com uma melodia que é muito portelense e ao mesmo tempo contempla a alma de Milton Nascimento. O conjunto da obra portelense é o grande ponto”.
O presidente da agremiação, Fábio Pavão, também esteve presente na gravação, e falou ao CARNAVALESCO sobre o que esperar da faixa da escola no álbum e qual parte do samba mais mexe com ele: “Que seja o mais próximo possível do que é o samba na quadra, na avenida, na situação real mesmo. É isso que a gente espera da gravação, que ela possa ser o mais fidedigno possível com a realidade. Eu, particularmente, gosto muito do samba. Tem várias partes muito bonitas, tanto em relação à melodia, quanto em relação à letra. É a primeira vez que a gente está aqui, no estúdio Century. A gravadora optou por essa estrutura aqui, que é excelente”.
Na entrevista com os autores do samba da Portela para 2024, Samir Trindade, que assina a obra com Fabrício Sena, Brian Ramos, Paulo Lopita 77, Deiny Leite, Felipe Sena e JP Figueira, abordou a importância da obra para ele e do que espera do rendimento: “O samba é muito importante, pelo fato de a Portela ser a escola do meu coração, e, por esse enredo também que homenageia uma figura, um ícone da música popular brasileira. É um encontro de entidades da Portela com Milton Nascimento. E que esse samba continue emocionando o portelense, que ele cresça mais ainda. A gente espera atingir o ápice no dia do desfile da Portela”.