Com raízes fincadas no Morro de Mangueira, onde surgiu e funciona há mais de 20 anos, o Museu do Samba vai levar seus frutos aos quatro cantos da cidade do Rio de Janeiro. Uma exposição itinerante montada com parte do acervo da instituição, sessões de contação de histórias e até um mini show musical com o trio vocal Matriarcas do Samba integram a programação do projeto Samba Nego Miudinho, que vai percorrer escolas municipais de diferentes regiões da cidade a partir do segundo semestre deste ano. O projeto conta com o patrocínio da Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, com o Programa Pró Carioca – Programa de Fomento à Cultura Carioca Diversidade Cultural – Edição Paulo Gustavo.

Foto: Diego Mendes/Divulgação

Até o dia 15 de julho, o Museu do Samba está com inscrições abertas para as escolas públicas interessadas em receber a exposição itinerante. No total, serão selecionadas cinco escolas municipais localizadas nas Áreas de Planejamento 1, 2, 3, 4 e 5 da cidade do Rio de Janeiro, que abrangem bairros da Zona Oeste, Zona Sul, Zona Norte e Centro. Apenas uma escola de cada área receberá a exposição. A expectativa é que cerca de dois mil alunos do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental sejam beneficiados. A prioridade será para escolas localizadas próximas a regiões mais vulneráveis, como morros e favelas cariocas. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail [email protected] .

A exposição Samba Nego Miudinho percorrerá as escolas entre agosto e dezembro deste ano. Em cada unidade, ela ficará montada por 15 dias. Na abertura, haverá um bate-papo com as integrantes do grupo Matriarcas do Samba, formado por Nilcemar Nogueira, Vera de Jesus e Selma Candeia, que são, respectivamente, netas de Cartola e Clementina de Jesus e filha do compositor Antônio Candeia Filho. Na sequência, o trio vocal faz uma apresentação musical, com repertório de sambas antológicos cuja temática principal é a contribuição do povo negro na construção do Brasil.

A história social do samba, com destaque para a trajetória de grandes sambistas e suas obras, as origens africanas da cultura do samba, assim como a formação e a geografia das agremiações carnavalescas e das rodas de samba serão apresentadas aos alunos por meio de itens como pinturas, objetos, fantasias e adereços que fazem parte do acervo do Museu do Samba. Já na contação de histórias, as matriarcas Nilcemar, Vera e Selma falarão de suas próprias vivências em família, dos bastidores da criação de grandes obras da música popular brasileira e de suas trajetórias no mundo do samba e do carnaval. Livros de autores negros também estarão à disposição da garotada para leitura e atividades em grupo.

“O projeto foi desenvolvido pelo departamento Educativo do Museu como uma oportunidade e um meio para aplicação da Lei 10.639, que prevê o ensino da cultura afro-brasileira em nossas escolas; é, ainda, uma atividade de conteúdo antirracista, que abre possibilidades para os estudantes – a maioria deles descendentes de negros escravizados, cuja contribuição econômica, científica, social e cultural tem sido invisibilizada – e para os professores, que poderão trocar suas experiências de práticas e métodos de ensino da história e cultura afro-brasileira e africana no cotidiano escolar”, explica Nilcemar Nogueira, fundadora do Museu do Samba.