Apenas cinco dias antes do desfile do Grupo de Acesso II do carnaval de São Paulo, toda a comunidade do samba paulistano foi sacudida por uma tristíssima notícia: a morte de Carlos Alberto Caetano, popularmente conhecido como Carlão. Fundador e grande baluarte da Unidos do Peruche, ele foi um dos eternos cardeais do samba na cidade e seria homenageado em vida pela escola que criou no desfile “Axé, Griô! Carlão do Peruche, o Cardeal Preto do Samba”. Durante o lançamento do enredo da Unidos do Peruche para o carnaval 2026, o CARNAVALESCO conversou com algumas figuras importantes da agremiação para entender o legado de Carlão do Peruche não apenas na verde, amarelo e azul da cor do anil, mas para todos os sambistas paulistanos.

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Fotos: Will Ferreira/CARNAVALESCO

Exaltação de familiares

A Unidos do Peruche, até hoje, é uma espécie de extensão da casa da família Caetano. Seo Carlão, por exemplo, é pai de Wagner Caetano, atualmente um dos diretores de Carnaval da Filial do Samba. Dentre os netos do cardeal do samba estavam Bruno, o mestre Azeitona, novo comandante da “Rolo Compressor”, bateria da escola; e Taiene, nova porta-bandeira da instituição.

Alguns dos rebentos citados conversaram com a reportagem para falar um pouco sobre Seo Carlão. Azeitona foi um deles: “A gente sabe, no carnaval, a relevância que o meu avô tem. Ele sempre prezou pela união, por estar todo mundo junto. A família perucheana sempre está vindo, participando de tudo… e esse é o legado a gente vai continuar seguindo. Para a gente, que é da família, também foi muito triste. É claro que ele já tinha uma idade, mas o legado que ele deixou foi da família continuar tendo o respeito mútuo pelas pessoas”, comentou.

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Bruno, o mestre Azeitona, novo comandante da “Rolo Compressor”

Azeitona aproveitou para deixar um recado para todo o mundo do samba – em especial para a comunidade da Filial do Samba: “A gente vai continuar unidos. A gente, a nossa família também, voltando para a escola, participando mais da escola. Como diria o velho, ‘No pomar da vida, nada nasce à toa. Onde tem laranja podre também tem laranja boa’”, relembrou.

Wagner Caetano, filho do baluarte e ex-presidente da agremiação, foi mais direto: “Eu sou o legado do Carlão. O Carlão é o meu pai, eu fui criado aqui desde criança, desde pequenininho. Graças a Deus, nessa nova gestão, eu estou na direção de carnaval e na administração, na secretaria. Minha filha é a primeira porta-bandeira e o meu sobrinho é o mestre de bateria. A nossa família está todinha engajada para continuar o legado que meu pai deixou aqui para a gente e para toda a nossa comunidade”, comentou.

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Wagner Caetano, filho do baluarte e ex-presidente da agremiação

Presidente honrado

Alessandro Soares, o Zoio, mostrou-se extremamente admirado e grato a seo Carlão e a toda a família Caetano: “Ele é o nosso griô, é a nossa inspiração. Vai ser a inspiração sempre. É o nosso legado sempre. Hoje eu tenho o filho dele, Wagner Caetano, na minha diretoria executiva – e eu aprendo todo dia. A família Caetano é a fundação da Peruche, é a história do Peruche. Eles estão aqui com o mestre de bateria, na diretoria executiva, no nosso primeiro casal. A essência da Peruche está aqui, muito forte – e isso é importantíssimo. Seu Carlão é eterno. É o griô do samba, o legado dele é o samba quem fala. É um legado lindo, maravilhoso. Será sempre a nossa inspiração”, destacou.

O mandatário perucheano aproveitou para falar sobre o já citado desfile de 2025: “Foi um carnaval lindo, maravilhoso, eu queria muito ter feito antes e eu não consegui. Eu tive um pouco mais de condição para fazer nesse último carnaval, apostamos todas as fichas. Infelizmente, faltou só um pouquinho. Mas eu tenho certeza que ele ficou feliz de ter feito uma homenagem. Fizemos com todo o coração essa homenagem para ele”, destacou.

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Alessandro Soares, o Zoio

O desfile em questão não conseguiu o retorno ao Grupo de Acesso I por apenas um décimo, somando 269,6 pontos.