Por Antonio Junior. Fotos: Allan Duffes e Magaiver Fernandes
Todo o pré-carnaval da Imperatriz, passando inclusive pelo ensaio técnico de alto nível que fez na Sapucaí, apresentava uma proposta diferente, de uma escola mais leve na Avenida. Porém, foi a Rainha de Ramos cruzar a faixa de início de desfile que o projeto ficou fortemente comprometido. A escola enfrentou problemas no processo de acoplamento de seu abre-alas, abriu um espaçamento de um setor e meio (entre a faixa inicial e a metade dos setores 3 e 4 da Sapucaí).
O carro abre-alas passou pelo primeiro módulo de julgamento desacoplado, ultrapassando o limite de seis alegorias permitido pelas regras do carnaval 2019. Segundo o regulamento, a escola pode perder 0,5 ponto se considerar que desfilou com sete alegorias. Além disso, a escola ainda teve problemas para locomoção dos carros 3 e 4 ao longo da Avenida, o que gerou espaçamentos entre as alas e as alegorias. Por fim, a Imperatriz não apresentou o tripé “Terra Bra$ili$”, entre a musa Pâmela Gomes e a sexta ala da agremiação, que teve problemas na concentração, o que pode comprometer o quesito enredo da agremiação.
Dentre os destaques positivos, a Imperatriz contou com apresentações bem próximas à perfeição do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Thiaguinho e Rafaela Theodoro. A comissão de frente bem interativa da agremiação e o conjunto de fantasias da escola também merecem destaque.
Comissão de frente
Coreografada por Fábio Batista, a comissão gresilense representou a lenda de Robin Hood, que tirava dos ricos e dava aos pobres. Utilizando uma estrutura no estilo grua e duas outras complementares, a teatralização rendeu uma interação bastante interessante entre o quesito e o público presente. Após a coreografia que durava pouco mais da metade da passada de samba da Imperatriz, Robin Hood foi às alturas, sustentado por cabos de aço na parte superior da grua, e lançou cédulas fakes para o público e pela pista da Sapucaí, levantando as arquibancadas.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal foi o maior destaque do desfile da Imperatriz. Thiaguinho e Rafaela Theodoro tiveram apresentações muito seguras nos quatro módulos de julgamento, mesmo em três deles enfrentando as dificuldades do considerável vento que passava pela madrugada na Sapucaí. A dupla executou muito bem os movimentos do bailado, com destaque especial para Rafaela. A porta-bandeira esbanjou simpatia e expressões faciais interpretativas de acordo com a letra do samba, o que deu um colorido mais especial às apresentações do casal.
Harmonia
Diante de todos os problemas do desfile gresilense em Alegorias e Evolução, a comunidade parece ter sentido o baque e isso acabou refletindo no desempenho do canto da agremiação. O canto não foi tão forte e contínuo como, por exemplo, no ensaio técnico da agremiação há uma semana.
Enredo
O enredo da Imperatriz foi desenvolvido bem na Avenida. Fantasias e alegorias, mesmo as que tiveram problemas, eram de leitura fácil. Mesmo assim, por conta da ausência do tripé programado para estar a frente da sexta ala, o quesito pode ser comprometido pela avaliação dos julgadores.
Evolução
Quesito mais prejudicado no desfile da Imperatriz. O problema no acoplamento da primeira alegoria rendeu um espaçamento muito grande entre a ala que o sucedia e a alegoria. A escola custou a resolver o problema e a cabeça da escola acabou avançando. Outras duas alegorias também apresentaram problemas de locomoção na Avenida, o que acabou ocasionando mais espaçamentos ao longo do desfile. Além disso, a agremiação precisou apertar o passo para fechar o desfile no tempo. Os últimos dois setores do desfile gresilense passaram pelo segundo módulo em velocidade considerável e também podem ser penalizados no que diz respeito a oscilação do andamento.
Samba-enredo
A obra foi bem interpretada por Arthur Franco e o time de canto da escola, mas teve rendimento comprometido justamente pelo impacto que a escola sofreu com os problemas no desfile. Mesmo com o louvável trabalho do intérprete oficial da agremiação, apenas o refrão principal pegou de fato e nos primeiros dois setores da agremiação. No restante da escola encontrou dificuldades de sustentação.
Fantasias
Outro destaque positivo do desfile gresilense. O conjunto de fantasias da escola apresentou fácil leitura, diversidade de materiais utilizados e bom acabamento. Apenas a oitava ala (Quanto vale uma vida? Mercado de escravos) que apresentou problemas em algumas fantasias de desfilantes, com costeiros defeituosos. No mais, o quesito foi bem defendido e executado, no trabalho dos carnavalescos Kaka e Mário Monteiro.
Alegorias
Quesito crítico do desfile da Imperatriz. O abre-alas que desacoplou, apresentou problemas de acabamento na parte traseira. A segunda alegoria também teve problemas de acabamento, com trechos descascados na parte dianteira direita do navio que era retratado. O carro 5 (Minha casa, Minha vida) apresentou concepção confusa e destoou do restante do apresentado pela agremiação. Destaque positivo para a última alegoria da escola, que não apresentou os mesmos problemas e mostrou-se muito bem feito. Porém, os problemas do quesito podem render perda de décimos consideráveis na classificação.
Bateria
Comandada por Mestre Lolo, a Swing da Leopoldina buscou a todo o momento contribuir para o bom andamento do desfile e o bom rendimento do samba. O segmento abusou das bossas e fez o público presente nas arquibancadas da Sapucaí puxar aplausos na passagem dos ritmistas pela Avenida.