O Acadêmicos do Tatuapé vem brigando pelo título todo ano. Em 2023 ficou na quarta colocação e no último carnaval, ocupou a terceira posição da tabela. É uma escola que sabe estudar os critérios de julgamento e aplicar na pista, para assim, conquistar os objetivos de lutar pelo campeonato. A agremiação investe em muitos quesitos importantes, sendo o casal Diego e Jussara que há muitos anos garantem nota máxima, o renomado intérprete Celsinho, o experiente carnavalesco Wagner Santos, que foi campeão com a escola em 2018 e que permanece até hoje, além de outros quesitos que fazem do Tatuapé uma potência.
No último carnaval, a escola foi a única que gabaritou o quesito Alegorias. Um dos presidentes da entidade, Eduardo Santos conversou com o CARNAVALESCO e exaltou o trabalho de Wagner, falou sobre o enredo para 2025 e deu fortes opiniões referente às mudanças do corpo de jurados para o próximo ano.
Justiça é o que move a Zona Leste em 2025
O tema para 2025 tem como título “Justiça – “A Injustiça Num Lugar Qualquer É Uma Ameaça À Justiça Em Todo Lugar”. É uma frase de Martin Luther King que deu inspiração ao nome do enredo. Como bem diz o título, a agremiação da Zona Leste irá falar sobre justiça e irá dar ênfase em todos os tipos de luta que aconteceu na humanidade. O presidente Eduardo, diz que o enredo é autoral e estava engavetado. “Na verdade, a gente negociou até o final, bem próximo do dia 23 de abril, que é a data por tradição em que a gente apresenta o enredo. Esse era um enredo autoral que a gente tinha, independente de negociação alguma ou de patrocínio algum. Nós gostaríamos muito de ter uma oportunidade para poder fazer. A oportunidade pintou esse ano e então vamos lá, inspirados em Martin Luther King. A frase dele é que comanda. Toda a nossa proposta, nós vamos tentar contar essa história da melhor maneira possível, lá desde o caos, desde a ausência da lei, até os dias de hoje, contra todas essas barbaridades que acontecem. O preconceito existente com as mulheres, pretos, pobres, homossexuais, indígenas… Tudo isso emendando, complementando a história da justiça, como tudo começou. Não só do ponto de vista jurídico, mas do ponto de vista também religioso, da justiça divina, os dez mandamentos. Tudo isso está lá dentro, tudo isso vai fazer parte do nosso projeto e espero que a justiça seja feita, se Deus quiser”, contou.
Trabalho ‘fantástico’ das alegorias
Como citado, o carnavalesco Wagner Santos está no Tatuapé desde 2018, quando se sagrou campeão. Desde então, o artista e toda escola teve problema com o quesito Alegorias. O exemplo mais clássico é no Carnaval 2020, onde a agremiação liderou sete quesitos na apuração, até chegar o momento da leitura do conjunto alegórico. Entretanto, para 2024, isso mudou. Foram os únicos a gabaritar o quesito, conquistando a polêmica ‘excelência’. O gestor enalteceu o artista e todo o barracão. “Foi fantástico. Além de muito bonito, um trabalho que tinha um sentido muito grande. Propostas muito claras. Como a gente ia abordar cada um dos carros, o que cada um representava e o que cada um contava. O Wagner foi muito feliz na criação, a nossa equipe de barracão foi muito feliz na confecção e tudo acabou dando certo. Graças a Deus nós conseguimos as quatro notas 10, contando pela primeira vez com aquele um décimo de bônus, que era o jurado considerar excelente o conjunto das alegorias que a gente estava apresentando. Então, isso foi muito legal. Foi um orgulho muito bom, muito grande para nós. É fruto do nosso trabalho. Acho que a justiça foi feita, graças a Deus”, disse.
‘As escolas erram mais do que os jurados’
Reuniões constantes na Liga-SP estão acontecendo em busca de um julgamento que agrade a todos. Na virada do Carnaval 2023 para 2024, a maioria dos quesitos foram totalmente reformulados. Porém, houve bastante polêmica e outras escolas ficaram insatisfeitas com as notas dadas. Sendo assim, todo o corpo de jurados foi mudado, mas o mandatário saiu em defesa deles e declarou que as escolas erram mais que os julgadores. “Todo ano isso acontece (reuniões). Essa é uma constante e eu tenho absoluta certeza de que não irá parar nunca. Sempre haverá um questionamento, sempre haverá algo a melhorar. Graças a Deus o Carnaval é uma ciência humana e está sempre em transformação, em cada desfile tem uma história e cada história tem a sua repercussão, tem as suas consequências e discussões acabam sendo geradas. É claro que você tem um grupo de escolas descontentes, que é sempre maior do que as contentes. Acaba acontecendo sempre o questionamento. É da regra, do jogo e a gente sabe que o jurado vai errar. A gente precisa respeitar isso. As escolas erram mais do que os jurados e nenhuma escola é expulsa do carnaval porque errou”, afirmou.
Contra a decisão final da Liga-SP
Com fortes opiniões, Eduardo Santos ainda continuou a defender o júri, dizendo que são seres-humanos e não há faculdade para que aprendam a julgar carnaval. Se errou, precisa avaliar o erro, desde que não haja deslealdade. “A gente procura saber onde foi o erro para corrigir. A avaliação do Tatuapé é que essa mesma dinâmica deveria ser adotada com os julgadores. Se eles erraram, precisa ser reciclado, corrigido e entender o erro para não acontecer mais. Se ele foi de alguma forma desleal, aí não tem porque ele continuar. Eles são seres humanos como nós. O Tatuapé sempre se posicionou dessa forma, os jurados têm essa capacidade técnica, só que não existe nenhuma faculdade que forme julgadores de carnaval. O que a gente faz é pegar pessoas capacitadas de fazer um julgamento de determinado quesito e ele vai fazer. Só que ele vai aprender a julgar, julgando. Não existe outra possibilidade. A pessoa se forma em maestro, mas não existe uma matéria onde se aprende a julgar samba-enredo, harmonia, bateria… Isso ele vai aprender fazendo. Vamos dar condições. Infelizmente ou felizmente já há uma decisão que todos serão trocados e Deus queira que eles façam o melhor trabalho possível e que ganhe sempre a escola que fez a melhor apresentação segundo os critérios de avaliação. Não pode entrar a torcida e o amor”, declarou.