Em menos de dois carnavais, a Tom Maior saiu do 4° lugar para a 12° posição, uma diferença de oito posições. A presidente Luciana Silva conversou com o site CARNAVALESCO durante a gravação da faixa do CD. Ela citou o nível elevado do carnaval paulistano e explica motivos que proporcionaram o último resultado.
“Isso vai começar a ser uma coisa bem corriqueira no carnaval de São Paulo, porque os desfiles estão muito nivelados. Se você pegar há cinco ou seis anos, a primeira da última colocada tinha uma diferença de mais de um ponto. Hoje, da primeira para sétima tem uma diferença de dois décimos. O carnaval está tão nivelado que qualquer deslize, qualquer erro te leva a um resultado ruim”, disse a presidente, que acrescentou: “No nosso caso teve também a questão do enredo, o horário de desfile, e isso influencia na classificação. Não acredito que o desfile da nossa escola tenha sido pra brigar entre as últimas, mas também acredito que o horário acaba prejudicando. Tem o sol ali batendo, o componente sofre. Nós fomos penalizados porque tinha componentes com óculos de lentes transitions, a lente escurece com o sol e fomos pontuados como se eles estivessem de óculos escuros. Teve algumas pontuações que foram erros, mas agora não tem como justificar, o desfile à noite tem um diferencial muito grande”.
Para o carnaval de 2020, a agremiação apresentará o enredo “É coisa de preto”, desenvolvido pelo carnavalesco André Marins. A sinopse exalta o povo negro, abordando questões culturais e o processo de transição do africano até o afro-brasileiro. Líderes e figuras negras também recebem destaques. A presidente revela vontade antiga de falar sobre o assunto e afirma que enredo destaca, e não lamenta.
“É uma tema que já queríamos falar. A Tom Maior fez um desfile muito forte, que foi Angola
2009. Nós não queríamos fazer algo que fosse comparado aquele desfile, nós queríamos fazer uma homenagem que fosse diferencial. A nossa raça ela tem que ser citada sempre, mas a ideia era que exaltasse e não lamentasse. Teve sim escravidão, eles foram tirados de seus países, mas foi construído uma história nova e muitos venceram. Nós temos que exaltar o nosso povo porque o Brasil é isso, é coisa preto, é coisa de vermelho, é coisa de amarelo, e é esse o nosso carnaval, tem a parte política também”.
O carnaval de uma escola de samba é produzido com muita antecedência. Perguntada sobre cronograma do barracão, Luciana garante prazo em dia e detalha carinho especial com fantasias.
“Nós estamos cumprindo as nossas metas diárias. Eu falo que um dia perdido são bem
complicados de se recuperar. O barracão está dentro do estipulado, nos estamos trabalhando bastante em fantasia, porque fantasia acaba sendo muito mais trabalhoso. Você fabrica duas mil fantasias pra um componente e não tem a possibilidade de medir, de ajustar, por isso tem que ser cuidadoso. Quanto mais tempo uma fantasia fica pronta, mais tempo ela fica exposta à altas temperaturas, e isso interfere no resultado final. Mas nós estamos dentro do tempo e isso nos da tranquilidade, mas não 100%”.
A Tom Maior será a segunda escola de samba a desfilar na noite de sexta-feira, dia 21 de
Fevereiro.