O Dia Nacional do Samba, celebrado em 2º de dezembro, consolidou-se como uma data marcante no calendário do sambista. Antes conhecido como “minidesfiles”, o evento, realizado na Cidade do Samba, evoluiu e ganhou novo significado, reafirmando sua importância no cenário cultural do Rio de Janeiro. Com entrada gratuita mediante a doação de um quilo de alimento não perecível, a celebração conectou escolas de samba e público. Em entrevista exclusiva ao CARNAVALESCO, o presidente da Liesa, Gabriel David, destacou o propósito renovado do evento, que reflete a grandiosidade do samba e do carnaval, os desafios enfrentados pelas escolas, os planos para o futuro e os rumores de mais escolas no Grupo Especial.
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David enfatizou que o evento vai além de um simples desfile, tornando-se uma plataforma de aproximação entre os torcedores e o universo das escolas de samba ao longo do ano. Ele também destacou a evolução da celebração, que a cada edição ganha novos formatos e maior alcance, com a ampliação do espaço de desfile e o acesso gratuito reforçando a proposta de democratizar o Carnaval.
Questionado sobre o que representa essa celebração, Gabriel David falou com entusiasmo sobre o impacto de ações como essa para o fortalecimento do vínculo entre as escolas de samba e os torcedores. David ainda reforçou a importância de iniciativas que transformam o evento em uma experiência mais inclusiva e de grande apelo cultural, evidenciando que o Carnaval é uma celebração que transcende a Marquês de Sapucaí.
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“Representa essa vontade de uma maior conexão entre escolas de samba e o público que ama o Carnaval ao longo do ano. A gente que trabalha com carnaval sempre vive ao longo do ano. Trabalhamos nas escolas de samba também, mas o público torcedor depende de iniciativas nossas pra poder estar junto, e essa é uma ótima iniciativa. É um evento que vem evoluindo muito ano após ano. Que bom que este ano conseguimos encontrar esse formato onde aumentamos o espaço de desfile. Assim, cabem mais pessoas na Cidade do Samba comparado com os outros anos. Além disso, é importante destacar que conseguimos fazer essa conexão com entrada gratuita, que é algo muito significativo para trazer mais pessoas e reforçar esse vínculo do público com o Carnaval”, disse David.
Neste ano, a entrada solidária com um quilo de alimento foi um dos pontos altos do evento, Gabriel refletiu sobre o impacto dessa iniciativa no evento e no público participante, segundo ele, iniciativas como essas reforçam o papel social das escolas de samba e da Liesa, provando que a cultura e a solidariedade podem caminhar juntas, gerando impacto positivo dentro e fora do mundo do samba.
“A nossa comemoração especial hoje é importante para a cidade do Rio de Janeiro e para o estado. O Dia Nacional do Samba é uma data que precisava de uma celebração como essa, e essa entrada solidária com um quilo de alimento reforça a campanha que temos mantido em todos os eventos da Cidade do Samba. É uma forma de unir o amor pelo carnaval com uma ação social importante, ajudando muitas pessoas que precisam. Essa campanha solidária é algo que nos orgulha muito e dá um sentido ainda maior para esse evento”, pontuou o presidente.
Questionado sobre a mudança no nome do evento, Gabriel explicou que a decisão veio da diretoria de comunicação e marketing, com o objetivo de refletir melhor a grandiosidade da celebração: “No carnaval, tudo é grande, tudo é importante. Acho que é mais forte e verdadeiro entender isso como a comemoração do Dia Nacional do Samba, sem diminuí-lo com o termo ‘minidesfile’. Na verdade, não é um desfile menor. Isso aqui é uma celebração à parte, que complementa o que acontece no início de março. Não é uma competição com o desfile oficial, mas sim um momento cultural complementar. Esse novo nome reflete melhor a grandiosidade e a importância desse evento dentro do calendário do carnaval”.
Gabriel também abordou os desafios técnicos enfrentados pelas escolas, como a complexidade do som propagado em movimento, que demanda melhorias constantes para garantir a qualidade das apresentações. Ele destacou o trabalho contínuo da liga para aprimorar esses aspectos técnicos.
“O som para escola de samba é um desafio, porque ele é produzido em movimento e propagado em movimento. Isso é algo tecnicamente complexo. Temos tentado melhorar da melhor maneira possível. Eu sempre digo dentro da liga que em algum momento precisamos estudar profundamente essa questão do som. Acho que há uma evolução grande, mas ainda precisamos avançar mais. É importante termos consciência disso para chegarmos a um nível ainda melhor. Todo ano aprendemos algo novo e buscamos implementar melhorias, mas sabemos que há espaço para crescer e oferecer uma estrutura sonora ainda mais consistente para as escolas de samba e para o público”, disse Gabriel.
Gabriel revelou ainda que a Liesa está implementando ajustes logísticos e estruturais no Sambódromo, com base no feedback recebido do público. Ele destacou também parcerias estratégicas com o MetrôRio e o Corpo de Bombeiros para melhorar a segurança e a experiência do público nos desfiles.
Público presente na segunda noite na Cidade do Samba enaltece excelência nas apresentações
“Participei de muitas conversas, embora nem todas, pois temos hoje uma diretoria de produção e de operações muito ativa. O comando geral dos Bombeiros nos recebeu muito bem, e discutimos pontos importantes para melhorar tanto do nosso lado quanto no tempo de entrega dos projetos. Queremos adiantar esses processos para que os estudos possam ser feitos com maior antecedência e, se necessário, mudanças também possam ser implementadas com mais tempo. O metrô é um grande parceiro, mas enfrenta desafios que ainda estamos estudando juntos. Tenho notado uma boa vontade enorme de todos os órgãos públicos e privados envolvidos em entender a importância do Carnaval. O que precisávamos era nos especializar na produção de eventos como liga. Estamos trabalhando em mudanças tanto operacionais quanto estruturais para melhorar pontos que foram destacados pelo público no ano passado. Estamos ouvindo bastante os torcedores e utilizando as redes sociais para identificar o que podemos melhorar. Nosso objetivo
é oferecer uma experiência mais fluida para o público, tanto na chegada ao Sambódromo quanto na saída, garantindo que tudo funcione melhor, da estrutura às operações logísticas”, destacou Gabriel.
Entre as mudanças já confirmadas, está a reformulação do livro “Abre-Alas”, que guia o público pelos desfiles. David detalhou a novidade: “A única mudança foi no formato, para facilitar o preenchimento pelas escolas de samba. Criamos um núcleo na Liesa, com a participação do carnavalesco Gabriel Haddad, para essa reformulação. Ele já tinha um projeto inicial e colocou isso à disposição para melhorar o processo. Essa nova formatação foi apresentada aos carnavalescos, e todos gostaram. Espero que isso facilite bastante o trabalho das escolas. Em termos de como o público vai receber o livro, nada muda. Ele continua sendo uma ferramenta essencial para acompanhar os desfiles e conhecer mais sobre os enredos e projetos das escolas”.
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Quanto aos rumores de que o Grupo Especial possa ser ampliado para 15 escolas em 2026, Gabriel foi cauteloso, mas se mostrou aberto à possibilidade. “Financeiramente, acho inviável no momento. Para manter o nível dos desfiles, precisamos de recursos, e incluir mais escolas dividiria o montante disponível. Não é uma decisão da liga, mas algo que pode ser discutido. Eu adoraria ver mais escolas no grupo especial, mas isso só será possível se houver um aumento proporcional nos recursos destinados às escolas. Caso contrário, há o risco de comprometer o padrão de qualidade que o público espera dos desfiles”, frisou o presidente.
Para o futuro, o presidente da Liesa expressou seu desejo de realizar mais eventos ao longo do ano na Cidade do Samba, consolidando o local como referência cultural e social. Além disso, confirmou que a apuração dos desfiles continuará sendo realizada no espaço, reforçando seu papel como centro estratégico para o carnaval.
“Gostaria de fazer mais eventos na Cidade do Samba ao longo do ano. Mas, como em janeiro e fevereiro os barracões são usados para testagens, evitamos eventos nesse período. Talvez no próximo ano consigamos realizar um ou dois eventos a mais durante o ciclo. Ainda há muitas possibilidades para explorar, e estamos estudando como encaixar isso no calendário sem prejudicar o trabalho das escolas”, finalizou Gabriel.