Por Luan Costa, Matheus Morais e Rhyan de Meira

A Beija-Flor escolheu na manhã desta sexta-feira, por volta de 4h, a obra da parceria de Romulo Massacesi, Junior Trindade, Serginho Aguiar, Centeno, Ailson Picanço, Gladiador e Felipe Sena para ser o samba-enredo do Carnaval 2025. A escola terá o enredo “Laíla de todos os santos. Laíla de todos os sambas”, que será desenvolvido pelo carnavalesco João Vitor Araújo. A decisão lotou a quadra, em Nilópolis, e a “Deusa da Passarela” fez um grande evento. * OUÇA AQUI O SAMBA CAMPEÃO

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Foto: Luan Costa/CARNAVALESCO

“Com essa é a sexta vitória. A gente estava num jejum de dez anos, mas o Laíla abençoou. De todos os sambas que eu fiz, sem dúvida nenhuma, esse é disparado o mais especial da minha vida, porque o Laíla foi um cara que a gente conviveu, que a gente acompanhou muita coisa boa. A gente sofreu junto, ele me abraçou e agora essa homenagem para ele me deixa sem palavras. Estou feliz demais”, contou o compositor Junior Trindade.

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“Ganhar um samba falando do meu amigo Laíla, meu mestre, meu griô, me deixa muito feliz. O samba é do povo, que está feliz. A Beija-Flor, é imbatível com um samba-enredo bom. A parte que mais mexe comigo na obra é: “Oh jakutá, o Cristo Preto me fez quem eu sou! Receba toda a gratidão, obá, dessa nação nagô”, disse o compositor Serginho Aguiar.

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“Agradecer a comunidade nilopolitana, o carinho com que ela abraçou o samba. Ela comprou o barulho, sabia das nossas dificuldades, mas abraçou o samba e eu sei que o mestre estava aqui comandando a comunidade dele nessa escolha. Essa é a segunda vez que ganho, a primeira foi em 2012. Uma felicidade muito grande, porque dessa vez é homenageando o mestre. Aquele que forjou todos nós. O trabalho da gente, o que acreditamos dentro do carnaval deve-se a Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, o Laíla”, afirmou o compositor Romulo Massacesi.

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João Vitor Araújo, artista responsável pelo desfile de 2025, conversou com o CARNAVALESCO e disse o que significa falar de Laíla no desfile do ano que vem.

“Eu acho que esse destino já estava escrito, porque nem nos meus melhores sonhos eu imaginaria que eu seria o escolhido para desenvolver esse enredo. Porque eu tenho uma história muito curiosa, hoje eu estou na Beija-Flor de Nilópolis é graças a ele. Ele me fez um convite para compor a comissão de carnaval há oito anos atrás e eu não pude participar porque eu já estava comprometido com outra escola e isso me abriu portas. Acho que a responsabilidade é gigante, eu peço a Deus, aos meus orixás, sabedoria todos os dias para que eu consiga caminhar e consiga fazer um belo trabalho e peço obviamente ao espírito de Laíla também para que ele me conduza a um bom trabalho”.

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A porta-bandeira Selminha Sorriso falou ao CARNAVALESCO sobre a relação com Laíla e o amor pela Beija-Flor. “Ele sempre foi muito carinhoso, família, muito respeitador. Nos ensinava a acreditar, a levantar a cada vez que caíamos, a sermos melhores, a buscarmos a força interior. Dizia para não nos compararmos com ninguém, mas sempre buscarmos o nosso melhor. Na Beija-Flor, todo desfile é sério, é trabalho coletivo, e é isso que nos faz vitoriosos. Aprendi que o ‘eu’ é importante, mas o ‘nós’ é muito maior”.

Em entrevista ao CARNAVALESCO, o presidente Almir Reis citou o que não poderá faltar no desfile da Beija-Flor.

“Não pode faltar macumba e romantismo. O Laíla tinha aquela coisa de ser bronco, mas era um grande romântico. Um grande amor, um grande poeta do samba. Ele amava o que fazia. O enredo e a forma como o João Vitor conduziu a plástica eu acho que tem tudo a ver com ele”, garantiu o dirigente.

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Contratado para o desfile de 2025, o diretor de carnaval, Marquinho Marino explicou o que é possível o torcedor esperar do trabalho na Beija-Flor.

“O melhor que fiz até agora foi unir a galera, para ter um trabalho de sucesso, de qualidade, depende de muita gente. A direção de carnaval nada mais é que uma representante, um porta-voz de toda uma comunidade, de toda uma diretoria. A minha função maior, eu sempre pensei assim, é unir, agregar, mais do que propriamente trabalhar tecnicamente. A Beija-Flor tem uma estrutura espetacular não só em quadra, mas em barracão, não só estrutura de materal, de equipamento, mas uma estrutura de pessoal, pessoas que amama a escola, que estão aqui há 30 anos, que sabem o que estão fazendo. Eu chegar e dizer que mudei alguma coisa, do meu ponto seria uma ingraditão muito grande com quem me recebeu até agora, que ajudou tanto a escola, e me apoiou”.

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Responsáveis pela comissão de frente da Beija-Flor, os coreógrafos Jorge Teixeira e Saulo Finelon comentaram o que representar produzir o trabalho de 2025, que homenageia Laíla.

“Está sendo uma grande honra, porque eu acho que é um momento muito importante que a escola está vivendo. Estar nesse momento é um diferencial na nossa carreira. O projeto do que vamos fazer já está praticamente decidido”, comentou Saulo.

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“Como o Saulo falou, é uma responsabilidade muito grande falar de uma pessoa que fez história e ajudou a construir o que é a Beija-Flor. É uma tarefa de muita responsabilidade. A gente sempre foca na emoção. Queremos emocionar, fazer o público sentir, como aconteceu na apresentação do enredo na quadra, quando as pessoas saíram sensibilizadas”, comentou Jorge.

Ao CARNAVALESCO, mestre Rodney falou do trabalho na bateria para o desfile do ano que vem. “O papel da bateria da Beija-Flor é trabalhar para escola e o samba. Tivemos um desempenho maravilhoso em 2024, reconhecido por todos. Não vai faltar a emoção no ano que vem. Eu falo, estou arrepiado. Essa energia, essa química que envolve a escola é algo único. Só vivendo para entender realmente”.

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O intérrete Neguinho da Beija-Flor exaltou ao CARNAVALESCO a convivência que teve com Laíla e afirmou a importância do amigo para o espetáculo do carnaval.

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“O Laíla foi um dos responsáveis por eu estar vivendo esse momento no mundo da música. Eu comecei com ele no Cordão do Bola Preta muito antes de ser da Beija-Flor. Eu entrei para a Beija-Flor em 1975 e eu comecei com o Laíla no Bola Preta em 1973. Essa é uma emoção que eu nunca senti, nem quando ganhei. Laíla, como todos sabem, é um ícone do carnaval. Está inserido no contexto de Joãosinho Trinta, Fernando Pamplona, Paulo da Portela. É uma personalidade importantíssima do nosso espetáculo”.

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Como passaram os sambas na final

Parceria de Romulo Massacesi: A obra assinada por Rômulo Massacesi, Junior Trindade, Serginho Aguiar Centeno, Ailson Picanço, Gladiador e Felipe Sena foi a primeira a se apresentar e trouxe uma apresentação carregada de emoção e profundidade. O samba evoca a figura de Laíla de forma magistral e a conexão com a comunidade foi imediata. A força do samba não está apenas nas referências ao grande mestre, mas também na forma como a melodia e a letra criam um ambiente de celebração e saudade, especialmente ao homenagear uma figura de grande importância para a Beija-Flor. O samba explora uma construção poética rica, com trechos como “Kaô meu velho” e “Da casa de Ogum, Xangô me guia”, que têm grande apelo emocional.

Bruno Ribas e Nino do Milênio, juntos com a enorme torcida, fizeram um excelente trabalho, porém, em um certo momento da apresentação, enquanto a torcida fazia o coro houve um desencontro, o que causou o “atravessamento” da obra, quando deveria repetir o refrão do meio, Bruno acabou partindo para a segunda do samba, o contratempo foi rapidamente corrigido.

O pré-refrão, com “Chama João pra matar a saudade, vem comandar sua comunidade”, traz um momento de encontro com o passado, lembrando figuras marcantes da escola e reforçando a conexão emocional com o público. A transição para o refrão principal, “Da casa de Ogum, Xangô me guia”, manteve a energia elevada, reafirmando a força espiritual que guia a escola. A apresentação desta noite foi repleta de energia, a obra passou de forma linear e constante, sempre mantendo o alto nível.

Parceria de Diogo Rosa: A segunda obra da noite foi composta por Diogo Rosa, Julio Assis, Diego Oliveira, Manolo, Julio Alves e Léo do Piso. O talento e experiência de Tinga, aliado a experiência de Emerson Dias, contribuíram para uma passagem excepcional da obra. O samba mexeu com a emoção do nilopolitano e na apresentação foi possível perceber inúmeros segmentos da escola acompanhando e cantando junto, a grande maioria visivelmente emocionado.

A numerosa torcida foi um dos destaques da apresentação, utilizaram bandeiras, papel picado e um elemento cênico representando uma pedreira, porém, o maior destaque vale para o desempenho do canto, principalmente durante o coro sem apoio dos cantores e da bateria. O pré-refrão possui um trecho extremamente interessante poético, forte e emocionante, na parte que diz “Meu velho, da encruza até a quadra, há acumba arriada, não há chama que lhe forje… Saiba, já está tudo preparado, pra você ser assentado bem ao lado do São Jorge”.

Parceria de Kirraizinho: A última obra a se apresentar foi composta Kirraizinho, Dr Rogério, Ronaldo Nunes, Clay Ridolfi, Miguel Dibo e Ramon via 13. O intérprete Pitty de Menezes comandou o microfone ao lado dos intérpretes Tem-Tem Jr e Charles Silva. A potência vocal de ambos contribuiu para um encerramento à altura da grande final.

Porém, mesmo que a letra seja bem trabalhada e poética, faltou uma força melódica que despertasse mais emoção na quadra. A obra, por mais refinada que seja, pareceu não conseguir empolgar a torcida, que em grande parte permaneceu menos envolvida em uma comparação direta com as anteriores.

O refrão principal, “Quando a saudade apertar, lembre que amor não tem fim”, carregado de sentimentalismo, não conseguiu tocar parte do público, porém não houve um momento explosivo esperado em uma final. O samba, embora bem escrito, não foi capaz de gerar o impacto necessário para se destacar. No geral, mesmo com a excelente condução dos intérpretes, a obra deixou a sensação de que faltou um pouco mais de intensidade e entrega.