Emocionante, impecável e histórico, assim pode ser definido o desfile da Unidos do Porto da Pedra na noite deste sábado pela Série Ouro do carnaval carioca. A escola de São Gonçalo mostrou a força de seus quesitos, não cometeu falhas graves e pode sonhar com o acesso ao Grupo Especial. A potência do enredo, que exaltou o povo da floresta Amazônia, fez com que a escola entrasse na avenida com muita garra. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

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A abertura do desfile foi extremamente forte, a começar pela comissão de frente assinada pelo coreógrafo Paulo Pinna, com uma dança vigorosa e mensagem forte no final, eles arrancaram aplausos por toda a avenida, assim como o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Rodrigo França e Laryssa Victória, a dupla se destacou pela beleza da fantasia e também pela linda dança, a sensação foi de que sempre dançaram juntos. O que se viu no decorrer do desfile foi um show de bom gosto, o conjunto visual deslumbrante, aliado ao canto da comunidade levaram a vermelha e branca a sair da avenida ovacionada pelo público e com gritos de ‘é campeã’.

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Apresentando o enredo “A invenção da Amazônia” assinado pelo carnavalesco Mauro Quintaes, a vermelha e branca de São Gonçalo fez uma viagem pelas histórias amazônicas através do imaginário de Júlio Verne. A agremiação foi a quinta escola a cruzar a passarela do samba na segunda noite de desfiles da Série Ouro. A escola terminou sua apresentação com 54 minutos.

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Comissão de Frente

Coreografada por Paulo Pinna, a comissão de frente foi intitulada “Amazônia, Mãe-Terra-Vida”, a proposta da comissão foi realizar um grande ritual sagrado de proteção a floresta, o grupo utilizou um belíssimo elemento cenográfico para compor a apresentação, a sensação foi de imersão total ao ambiente da floresta. Os bailarinos se revezavam, enquanto o primeiro grupo representava os Indígenas Kanamari do Espírito-Arara, o segundo representou os olhos da mata, o momento que esses seres saíam do tripé teve uma ótima resposta do público. O tripé contou com uma grande escultura representando a Mãe Terra, ela se manteve adormecida durante boa parte da coreografia, no final, após a realização de um ritual feito pelo Pajé Kanamari , ela se levantava e mostrava toda sua beleza. No final da apresentação, os componentes formavam a palavra ‘resistência’, o público acompanhou atento e vibrou bastante.

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Mestre-sala e Porta-bandeira

Uma grande exibição do casal Rodrigo França e Layssa Victória, ela, que teve a missão de substituir Cyntia Santos, porta-bandeira que marcou época no tigre, estreou com o pé direito e mostrou todo seu talento. Apesar de ser o primeiro ano juntos, a dupla transmitiu muita sintonia e cumplicidade, a sensação foi de que já dançavam juntos há muito tempo. A aposta em uma coreografia mais delicada poderia ser um risco, mas eles dominaram com maestria e mesclaram os gestos delicados com momentos de maior intensidade, foi uma apresentação de encher os olhos. A fantasia, denominada “Delírio Ultramarino” contribuiu para que a dupla brilhasse ainda mais na avenida, ele estava vestido de Capitão Nemo, com um figurino predominante preto, com detalhes em dourado e um grande costeiro, já a roupa de Laryssa representou de Senhora dos Mares, muito luxuosa, a roupa foi um dos momentos mais bonitos do desfile.

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Harmonia

A abertura da escola foi muito forte, as primeiras alas cantavam o samba com muita empolgação e vibração, a Sapucaí inteira acompanhou e vibrou junto, foi uma ótima sintonia entre escola e público. No geral, nenhuma ala passou sem cantar e a escola apresentou um canto extremamente uniforme. Vale destacar a ala de passistas, extremamente bem vestidos e com muito samba no pé, as moças e rapazes deram um show e levantaram o público durante a passagem da escola. As alas 5, “ Runakuna – Tradições Andinas”, 10, “A Demonização de Jurupari” e 13, “Bois de Parintins”, também passaram com muita empolgação.

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Enredo

O carnavalesco Mauro Quintaes, de volta a Porto da Pedra, foi o responsável por desenvolver o enredo “A invenção da Amazônia”, inspirado no livro de Júlio Verne chamado “A jangada”, de 1881. A história é ambientada na Amazônia brasileira e a jornada feita pelos protagonistas apresenta com riqueza de detalhes a cultura amazônica. Mauro Quintaes elaborou um enredo que passou do ficcional ao político, do misticismo à conscientização e emocionou. Ele dividiu a escola em quatro setores, o primeiro, denominado “Delírio Aventureiro”, o início da escola misturou a mecânica do Julio Verne com a rústica do ribeirinho, a construção da jangada, que mistura o passado e o presente. O segundo setor, chamado de “Mistério das Águas”, esse setor representou a viagem de Verne pela Amazônia e seu encontro com os povos Incas. No terceiro setor, “Guardiões da Grande Floresta”, o folclore entrou em cena através de personagens do imaginário amazonense. Para finalizar, o último setor, “Amazônia Viva – Festas, Lutas e Resistência”, encerrou o desfile com uma celebração política, cultural e regional.

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Evolução

A comunidade de São Gonçalo abraçou a escola e esteve em peso no desfile deste ano, ao todo, a Porto da Pedra levou para a avenida cerca de 2 mil componentes, a sensação foi de que a escola deslizou pela avenida, em um ano marcado por alguns problemas de evolução, a Porto da Pedra passou pela avenida sem apresentar nenhum erro, as alas e alegorias passaram pela pista com extrema facilidade, os componentes evoluíram com muita alegria e desenvoltura, apesar de organizada, a escola em nenhum momento perdeu a espontaneidade.

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Samba-Enredo

Considerado neste pré-carnaval como um dos melhores do grupo, o samba composto por Vadinho, Claudinha Sing, Pedro Dentinho, Robinho Porto, Zé Alex, Karina Porto, Rejane França, Fábio LS, Baiano, Bigode, Marcão e Celinho, provou na pista que realmente é uma grande obra. Extremamente bem conduzido pelo intérprete Nego, em sua estreia pela escola, o samba, que tem uma linha melódica bastante interessante e com algumas resoluções métricas criativas, foi cantado a plenos pulmões pela comunidade e também pelas arquibancadas, nem mesmo o temor por conta da letra um pouco complicada no refrão principal, como o “Warrãna-rarae”, foi capaz de impedir que o samba se destacasse dentro ótimo desfile apresentado pelo tigre de São Gonçalo. Já nos primeiros acordes, o samba já era entoado com muita força na avenida.

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Alegorias e Adereços

A Porto da Pedra apresentou um conjunto alegórico de encher os olhos, a riqueza de detalhes presente em cada alegoria impressionou pelo cuidado, assim como as esculturas, o tigre, que é sempre muito esperado, veio imponente no abre-alas. A escola levou para a avenida três carros e um tripé. O abre-alas, chamado de “A Jangada”, foi dividido em duas partes, na primeira foi representada a sala de criação de Júlio Verne, na parte da frente foi inserido o nome da agremiação. A segunda parte representou a Jangada, maquinário criado pela mente de Júlio Verne para embarcar nessa viagem pela Amazônia, o Tigre, simbólo da agremiação veio no alto do carro, com movimentos e ótimo acabamento.

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O segundo carro, “Amazonas, um rio de histórias e mistérios”, ele representou a história e a mística que envolvem o Rio Amazonas, o acabamento primoroso da escultura principal, que tinha movimento, chamou atenção, assim como o fato do carro soltar agúa pela avenida, o único senão foi o fato de um dos queijos ter quebrado. O tripé “Quando a mata se levanta para a luta” tinha a predominância da cor verde para representar a natureza e também primou pelo acabamento. Finalizando o desfile, a escola apresentou o carro “Amazônia viva – arte, luta e resistência”, foi um grande manifesto em defesa dos povos da floresta, a escultura de um índio lendo o livro que deu origem ao enredo foi uma ótima sacada, imagens de Bruno Pereira, Dom Philips, Chico Mendes e Dorothy Stang fechou o desfile da escola e emocionou.

Fantasias

Assim como o belíssimo conjunto de alegorias, a Porto da Pedra apresentou um ótimo conjunto de fantasias, no total foram xx alas, além das composições em alegorias. Por conta do enredo, Mauro Quintaes optou por não utilizar penas naturais em nenhuma fantasia da escola, somente o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira usaram, no restante apenas penas artificiais. O uso das formas foi muito explorada nas alas, assim como as cores bem marcadas em cada setor, o início do desfile foi majoritariamente vermelho, cor da escola, as baianas representaram as donas da floresta, o figurino chamou atenção pelo ótimo acabamento e volumetria. No decorrer do desfile, a escola utilizou bastante o verde, principalmente ao retratar a natureza. Os figurinos apresentados primaram pelo bom gosto, vale destacar as seguintes alas: “Aymará”, “Gavião de olhos brilhantes”, “A bravura amazona” e “Bicho folharal”.

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Outros Destaques

A bateria “Ritmo feroz” levantou o público presente na avenida, os ritmistas representaram os navegantes andinos e o mestre Pablo, que tem por costume se apresentar com fantasias marcantes, dessa vez escolheu se fantasiar de Matinta Perera, figura do folclore amazônico.

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A rainha de bateria Tati Minerato desfilou com uma fantasia belíssima, representando a flor dos andes, ela mostrou total sintonia com a bateria.