Em uma decisão que promete agitar as estruturas do mundo do samba, a Portela anunciou uma mudança drástica em seu processo de escolha de samba-enredo para o próximo carnaval. Buscando uma disputa mais justa e um resultado que atenda verdadeiramente às necessidades da escola na Avenida, a nova gestão, liderada pelo presidente Junior Escafura, aposta em um formato com audições internas e sem a influência direta das torcidas na decisão final. Em entrevista ao CARNAVALESCO, Escafura detalhou o novo modelo. As próximas quatro semanas serão de audições fechadas ao público.

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Fotos: Marcos Marinho/CARNAVALESCO

“As próximas quatro quartas-feiras vão ser fechadas, uma audição interna, apenas com o palco e os compositores participando. A quadra só será aberta novamente na fase de junção das chaves, que antecede a semifinal e a grande final, marcada para o dia 26 de setembro”, explicou o presidente.

A mudança mais significativa, no entanto, está no poder de decisão. O tradicional corpo de jurados foi extinto, e a influência das torcidas, que muitas vezes transformavam a disputa em um concurso de popularidade, foi neutralizada.

“Torcida não vai decidir samba na Portela. Vai ganhar o melhor samba para a escola, não vai ser torcida de compositor”, cravou Escafura.

A responsabilidade final será do presidente, que garante, no entanto, que a escolha será técnica e baseada na opinião dos pilares da agremiação.

“A responsabilidade é minha, porém, obviamente, eu vou consultar o carnavalesco, vou consultar o intérprete, vou consultar o diretor de bateria, o diretor de carnaval, o diretor de harmonia, aqueles pilares que fazem o desfile acontecer”, afirmou.

A medida atende a uma antiga reivindicação dos compositores, que pediam um processo mais isonômico. “Pensamos uma disputa mais igualitária. Era um pedido antigo dos compositores, nós estamos atendendo os compositores para que todos possam ter condições de igualdade para disputar o samba”.

Safra ‘muito elogiada’ exige responsabilidade

A mudança no regulamento vem em um ano especial para a azul e branco de Oswaldo Cruz e Madureira. A safra de sambas concorrentes é considerada uma das melhores dos últimos tempos, elevando a expectativa e a responsabilidade da diretoria.

“A gente está muito feliz. Eu acho que quando a gente tem um grande enredo, teoricamente, a chance de ter sambas bons é muito grande. E graças a Deus aconteceu isso na Portela, de ter uma das melhores safras do próximo carnaval. Vai ganhar aquele samba que se adequar melhor ao enredo, melhor for para o Gilsinho cantar, para a bateria tocar, aquele que tiver o melhor encontro entre letra e melodia… A gente precisa acertar, porque temos uma grande safra e precisamos ter um dos melhores sambas do carnaval. A Portela não pode errar”, finalizou.

Renovação além da disputa

Com apenas dois meses e meio de gestão, as mudanças não se restringem ao concurso de samba. A quadra da Portela já exibe uma nova pintura e melhorias estruturais.

“Conseguimos já dar uma boa ajeitada na quadra, ainda tem muita coisa para a gente fazer. Também fizemos obras no barracão também, conseguimos adequar muita coisa de estrutura que precisava melhorar”, revelou Escafura.

O objetivo, segundo o presidente, é devolver à escola a grandiosidade que sua história exige. “O portelense precisa ver a Portela do jeito que ele sonha. Uma escola imponente, uma escola rica, uma escola luxuosa, uma escola que todo portelense sempre sonhou. A gente precisa se esforçar para entregar o carnaval que a Portela precisa, merece e o torcedor sonha”.