Na noite da última quarta-feira, a Portela fez uma procissão emocionante para Milton Nascimento. O cantor, carinhosamente chamado de Bituca, esteve na quadra da escola, localizada na rua Clara Nunes, em Madureira, para o ensaio da azul e branco. Ele chegou acompanhando do filho, Augusto Nascimento, e foi ovacionado pelo público na sua entrada no palco.
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![Portela dá flores em vida à Milton Nascimento em ensaio emocionante com a presença do cantor 1 miltonaportela 01](https://carnavalesco.com.br/wp-content/uploads/2025/02/miltonaportela_01.jpg)
Antes do início do ensaio, Bituca cantou para a comunidade portelense clássicos do seu repertório como “Maria, Maria” e “Nos Bailes da Vida”, canção cuja letra dá nome ao enredo desenvolvido pelos carnavalescos André Rodrigues e Toin Gonzaga. A noite ainda foi marcada pela emocionante interpretação de Gilsinho da canção “Travessia”, que encheu d’água os olhos de quem estava presente. Emocionada, a Portela ofereceu flores em vida e de corpo presente a um dos maiores cantores da música popular brasileira de todos os tempos.
Em entrevista ao CARNAVALESCO, Augusto Nascimento, filho de Bituca, expressou a emoção do pai em receber a homenagem da Portela. “É uma das maiores homenagens que ele já recebeu nos mais de 60 anos de carreira. Isso aqui coroa tudo o que ele construiu. Estamos todos muito emocionados”, declarou.
Ele também comentou sobre o recente episódio em que Milton teve o acesso negado no salão principal da festa de premiação do Grammy Award, destacando que a homenagem da Portela supera qualquer reconhecimento internacional. “Isso aqui é muito maior que o Grammy, sempre vai ser, isso aqui é carnaval. Aqui é o Brasil pulsando, é o verdadeiro significado de tudo o que sempre moveu e continua movendo ele a vida toda”.
Tia Surica, matriarca e presidente de honra da Portela, também compartilhou sua alegria em ver Milton sendo homenageado. “É mais do que importante que ele receba essa homenagem, porque ele tem que receber flores em vida. Milton Nascimento sempre foi um bom cantor e um bom compositor, e com a minha Portela o homenageando, eu fico mais lisonjeada”, afirmou.
O presidente da escola, Fábio Pavão, deu as boas-vindas ao artista mineiro: “É uma honra para mim, é uma honra para a Portela estar recebendo nesta noite Milton Nascimento”, disse no microfone abrindo a noite de ensaio.
Sentado em uma poltrona azul, o artista acompanhou a procissão da Portela no palco, emocionando-se diversas vezes junto com os portelenses. Sem dúvida, o momento de maior emoção foi quando Gilsinho cantou “Travessia”, parceria de Milton com Fernando Brant, levando o público às lágrimas.
No refrão, o intérprete convidou todos os presentes a soltarem a voz, transformando o momento em uma grande celebração. “Estamos dando flores em vida, graças a Deus. Ele vai desfilar com a gente e merece demais essa homenagem. Vamos fazer de tudo para que seja algo que ele nunca se esqueça”, prometeu Gilsinho.
Outro momento comovente foi protagonizado pelo casal Marlon Lamar e Squel Jorgea, que apresentou o pavilhão portelense ao homenageado. O mestre-sala brincou dizendo que o cantor foi o jurado mais difícil para quem já se apresentou: “Acho que o Milton foi o jurado mais difícil que enfrentamos até hoje. Estamos emocionados com a presença dele aqui. Ver a Portela alegre assim é uma verdadeira procissão ao samba de uma escola centenária”.
Squel, por sua vez, não escondeu a admiração por Bituca: “Eu sou fã do Milton. E, para mim, foi uma emoção recebê-lo em casa, dançar para ele, receber a energia incrível que esse homem tem, ter essa troca de energia nos alimenta e nos dá mais ânimo para caminharmos rumo ao nosso desfile. Ele já está sendo homenageado pelo povo brasileiro do jeito que merece, com respeito, tendo o lugar de destaque que merece, dane-se o Grammy!”.
A emoção tomou conta de todos os componentes da escola. Cassio Sales, de 34 anos, da Ala 27, compartilhou sua alegria: “A Portela é uma escola tradicional e o Milton é uma lenda viva. Homenageá-lo em vida é um privilégio. Quando eu o vi sentado no palco, foi uma honra indescritível. Ouvir a voz dele aqui na quadra da Portela é algo que levarei para sempre”.
Já Elis Regina, de 39 anos, da ala 19, não conteve as lágrimas: “O samba traz muita emoção. Quando a quadra começou a cantar ‘Quem acredita na vida’, foi a coisa mais linda. Chorei muito quando o Milton começou a cantar”.
Bianca Monteiro, rainha da “Tabajara do Samba”, resumiu o sentimento de celebração da noite: “Foi lindo demais ver Milton cantando para a nossa comunidade. Sabemos que não é fácil para ele, mas ele abraçou a todos nós. Foi a cereja do bolo que faltava para nossa emoção ser ainda maior. Milton é emoção, é amor. Suas músicas tocam profundamente na nossa alma”.
A noite foi, sem dúvida, um marco na história da Portela e na carreira de Milton Nascimento, celebrando a vida e a obra de um ícone da música brasileira. Dando flores em vida, a maior campeã do carnaval honra o legado de Bituca incorporando a força, a raça, os sonhos e a gana de quem tem a estranha mania de ter fé na vida.