Compositores: Noca da Portela, Claudio Russo, Lico Monteiro, Leandro Thomaz, Orlando Ambrosio, Marcelo Lepiane e Rodrigo Peu

Escrevo nestas mal traçadas linhas
A mãe preta feito a minha que a luta não faltou
Aquela que se ergueu sobre a senzala
E me fez um mestre sala da justiça e do valor
Lágrimas eu tenho feito um rio em Daomé
Volto com o vento pra honrar a sua fé
Invoco toda ancestralidade em cada irmão
Na escuridão do mar à luz de Iemanjá
Destino que aporta nesse chão

Sob o azul do seu axé… Oh! Mãe Naê
Nas minas do Maranhão vi florescer
O poder do seu Vodun e no ouro de Oxum
Liberdade pra viver

Só Xangô pôde entender o que senti
Nos teus passos, minha mãe, fui aprendiz!
Me ensinou como vencer, trouxe a força de um malê
Que construiu meu país

Quem me guiou… Orunmilá
Sou traço do ifá no ilê Brasil
Me olhando te vejo, te lendo me enxergo
Eu sou a balança, a revolta, o martelo
Sou voz…
Que o samba permeia, teu sangue na veia
Escolta de amor
Escultura em melanina
A obra prima do meu criador
E se um dia te disserem que as cores te diferem
Lute feito a mãe preta que me ensinou
Que o tom da minha pele
Jamais seria um defeito de cor

Yà Ilê axé… Portela!
Me embala em teu colo… Portela!
É o porto onde pude enfim
Longe de mim te encontrar