Por Caroline Gonçalves e Gabriella Souza
A equipe do site CARNAVALESCO ouviu algumas personalidades presentes nos desfiles das escolas mirins, na noite de terça-feira, sobre a importância da manutenção dos desfiles das crianças e jovens para o futuro do carnaval. * VEJA AQUI FOTOS DOS DESFILES
Edson Marinho, presidente da Associação Mirim: “Nós passamos por muitas dificuldades, todos nós envolvidos na diretoria trabalhamos muito para conseguir uma verba, mesmo que muito pouca, ela chegou mas as escolas não conseguiram usufruir disso. A parceria com a Guaracamp nos ajudou muito através de um projeto conjunto de oficinas, utilizamos também de muitos materiais reciclados. Trabalhamos muito para dar um pouco de dignidade para as nossas crianças, que são a nossa esperança, que darão continuidade a essa festa que a gente tanto gosta. Hoje desfilaram cerca de 18 mil crianças divididas em 16 escolas”.
Matheus Olivério (mestre-sala da Mangueira): “Eu sou cria da Mangueira do Amanhã, então isso aqui é muito importante para mim, participar disso me emociona, passa um filme na cabeça. O mais relevante é saber que estamos criando nosso futuro e que depois de nós terão outras gerações, defendendo pavilhões e sendo resistência”.
Squel (porta-bandeira da Mangueira): É uma alegria tão boa, a gente vem aqui e vê o futuro começando, onde os primeiros passos são dados. Mas é também uma responsabilidade muito grande em darmos continuidade à história, as tradições, as maneiras e como as coisas são feitas para que eles possam aprender e continuar. O que sinto de verdade é orgulho”.
Analimar Ventapane (Herdeiros da Vila): “Isso aqui é tudo para o carnaval, se a gente não pensar nas nossas crianças, nos seus estudos nós não conseguiremos manter as nossas tradições e não haverá renovação. Isso aqui hoje é a renovação do samba”.
Juliana Alves (Ex-rainha de bateria da Unidos da Tijuca): “A cultura é tão importante quanto educação e todos devem entender que quanto mais cedo você aprende valores, cria identidade, autoestima, fortalecer os laços, criam-se pessoas mais fortes. Que essas crianças possam ter educação através dessa nossa arte e sempre possam acreditar em seu potencial”.
Leozinho Nunes (Intérprete da São Clemente): Para mim é muito importante porque eu comecei nessa escola, a Aprendizes da Penha é uma das escolas que não possuem uma ‘escola-mãe’ e foi onde eu comecei cantar quando era mirim, foi nela que minha carreira projetou, se não fosse ela eu não teria me tornado cantor e estar realizando meu sonho de estar em meu quinto ano na São Clemente. Eu vim aqui dar uma palavra para essas crianças para mesmo incentivar, essa referência é importante, mas é mais importante para mim e para minha carreira”.
Luis Carlos Magalhães (presidente da Portela): “Aqui a escola que tem que se virar para fazer esse desfile, quando na verdade é um serviço para o estado e para toda sociedade. Essas crianças começam a ter um pertencimento no seu bairro, começar a gostar da arte, começam a fazer outras atividades culturais. E os governos nunca dão atenção, isso não é reconhecido. Em qualquer país do mundo uma festa infantil como essa seria reconhecida e incentivada”.
Bianca Monteiro (rainha de bateria da Portela): “Elas são o futuro da nossa escola. É a semente plantada que tá crescendo, dando flores, assim como eu. No mundo que a gente tá vivendo falta tanta coisa e trazer o amor, a esperança e mostrar para as crianças que elas ainda podem sonhar em ser alguma coisa é importante. Que essa iniciativa nunca acabe e que mesmo com todas as dificuldades financeiras que as escolas mirins tem, que esse amor nunca acabe, que essas crianças possam através do samba ter sempre esse sonho de ser alguma coisa”.
Arlindinho (cantor e compositor): “Esse desfile é fundamental aqui. Eu comecei em escola mirim e isso é importante para as crianças irem se desinibindo, se acostumando com a Sapucaí, com o desfile, aprendendo a amar o samba. É uma questão social muito importante e também se trata de uma coisa muito animada, popular e de graça. É bem bacana”.
Sidclei (mestre-sala do Salgueiro): “Eu sou oriundo de escola de samba mirim. Comecei na Corações Unidos do Ciep, desfilei também na Herdeiros da Vila. E acho que independente de se tornar um grande mestre-sala, um grande diretor de bateria, um grande intérprete, aqui você aprende a gostar do samba. O samba pode ser eterno, mas o samba tá se perdendo por muita coisa. Eu nasci no samba, muitas coisas que eu conquistei eu agradeço ao samba. Então para essas crianças é maravilhoso, eu sempre faço questão de vir, meus filhos já foram mestre-sala, hoje tô aqui com a minha neta desfilando. É uma emoção imensa ver essas crianças abrilhantando o carnaval da nossa cidade por mais que os governos não estejam dando uma importância tão grande, mas carnaval é cultural. O carnaval resgata pessoas”.
Chuvisco (mestre de bateria da Estácio de Sá): “Mesmo as escolas mirins não tendo apoio, a gente não pode deixar isso morrer. As crianças são o futuro do nosso samba, uma hora a gente tem que parar e dar espaço para os mais novos chegarem. E nada melhor do que dar esse incentivo para as mirins porque logo eles estarão na escola adulta e assim eles vão dando continuidade ao samba, isso nunca vai morrer”.