Paulo Barros chega ao seu terceiro carnaval consecutivo na Vila Isabel e comemora seu vigésimo primeiro desfile como carnavalesco no Grupo Especial. O CARNAVALESCO entrevistou o artista para uma rápida conversa sobre a carreira e os desfiles de Paulo ao longo dessa estrada no mundo do samba.
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
Qual é o seu balanço profissional nesses mais de 20 anos como carnavalesco no Grupo Especial?
“Eu faço um balanço muito positivo, é um balanço de prazer. Cada carnaval que eu faço, ele me traz alegrias muito particulares. Você ver uma obra sua, o que você imaginou, está ali, concreta dentro da Sapucaí, um carro alegórico, uma ala, um acontecimento que você fez, que você imaginou, e você conseguiu concretizar aquilo para o artista, isso é, particularmente para mim, um ponto que eu ganho na minha escala de satisfação, de alegria”.
Qual é o seu desfile inesquecível e por qual motivo?
“Não tenho. Eu posso citar alguns que ficaram marcados por vários motivos. O primeiro, talvez tenha sido em 2004, foi quando eu fui vice-campeão, porque eu estava estreando no Grupo Especial e você estrear no Grupo Especial e ser vice-campeão, isso já é uma coisa que eu considero marca a sua vida. Eu tenho 2010, que foi o primeiro campeonato, um desfile arrebatador, um desfile que foi considerado unânime, sensacional, vamos dizer, e eu tenho desfiles também que não foram consagrados, mas que para mim me trouxeram uma alegria enorme de fazer como da Mocidade que eu fiz baseado na música do Paulinho Moska. Para mim foi um dos grandes desfiles que eu fiz e nem voltou nas campeãs, mas eu considero ele um dos grandes projetos realizados na minha vida. Assim como aqui na Vila Isabel, em 2018, quando eu fiz um enredo que falava sobre o que vem por aí no futuro, também foi um desfile que marcou uma estética de ala, de fantasia, que para mim foi um divisor de águas. Vou repetir, não foi aclamado, não, mas a satisfação pessoal que eu tive já me trouxe essa alegria. Na Portela você ajuda uma escola a conseguir um campeonato depois de trinta e tantos anos, então não tenho desfile preferido, eu tenho desfiles preferidos”.
E do lado oposto, qual desfile que na sua visão você pensou tudo vai dar certo, tudo vai sair conforme planejado, mas que alguma coisa não funcionou, ou que não deu muito certo e por qual motivo?
“Não tenho nenhum. Todos os meus desfiles deram certo, eu nunca perdi um carro alegórico, no ano da Alemanha eu tive um problema na concentração no setor 1, e depois um problema na dispersão lá no setor 11, que já não fazia parte do julgamento, foi quando o abre-alas teve que ser cortado porque engatou os dois e tiveram que desengatar, só que a mídia e a televisão passaram que isso foi erro, e na verdade dentro da pista não aconteceu erro nenhum. Se eu disser que eu tenho algum desfile meu, que eu tenha projetado alguma coisa aí que não deu errado, não. Não tenho nenhum, para mim todos deram certo”.
O que falta na sua visão, para você, dentro do carnaval?
“O que eu sinto falta hoje no Carnaval é condições de fazer, de acompanhar a tecnologia. Hoje a gente tem muitas possibilidades tecnológicas para agregar ao desfile, só que a gente não tem budget para isso. Falta dinheiro, entendeu? Então você fica amarrado em algumas coisas que você tem aí o quê? Você tem iluminação, você tem a fumaça, você tem a luz, você tem os movimentos que são feitos pelo pessoal de Parintins, até muito legais, mas a gente tenta sim agregar outras coisas, mas que o dinheiro não dá para fazer”.
Paulo, você é um carnavalesco muito amado por muita gente, mas também tem muita gente que não gosta do seu estilo, tem as críticas e tudo mais. Isso mexe de alguma forma com você? E por que você acha que ainda acontecem essas críticas?
“Eu ficaria triste se eu não tivesse os críticos. Eu torço para que eles continuem criticando, porque é chato para caramba ser unanimidade”.
Você considera justamente que o seu estilo de desfile é visto e compreendido realmente na pista?
“Qualquer desfile se concretiza ali. Essa história de favoritismo, de que você vai estar fazendo uma previsão, por exemplo, eles chamam de ensaio técnico. Aquilo de técnico não tem coisa nenhuma. Ali é um ensaio de canto e de harmonia para o componente evoluir e cantar como ele deve ser. Mas um ensaio técnico mesmo, para eu fazer isso, eu teria que ter todos os carros, todas as fantasias, assim como acontece no teatro. Então, treino é treino, jogo é jogo, a mágica é no dia e na hora. E vamos torcer para que a escola jogue bem no dia do desfile”.