Por Guilherme Ayupp, Fiel Matola e Matheus Emanuel. Fotos: Magaiver Fernandes
A Viradouro realizou sua grande final de samba nesta madrugada em sua quadra no Barreto. De volta ao Grupo Especial, a vermelha e branca consagrou o time formado pelos compositores Renan Gêmeo, Bebeto Maneiro, Ludson Areia, Jr Filhão, Raphael Richaid, Ricardo Neves e Carlinhos Viradouro. Os poetas terão a honra de serem autores do hino que embalará o desfile sobre o enredo ‘Viraviradouro’, de autoria do maior campeão da década, o carnavalesco Paulo Barros. A vermelha e branca de Niterói será a segunda a desfilar no domingo de carnaval em 2019.
A parceria foi basicamente formada por amigos que sonhavam em disputar um samba juntos na Viradouro. Depois de muitas idas e vindas eles finalmente conseguiram se reunir. Tanto que apenas Renan Gêmeo e Raphael Richaid possuem vitórias anteriores na agremiação. Renan participou das parcerias campeãs para os carnavais de 2011, 2012 e 2017 antes de vencer agora pela quarta vez, a primeira no Grupo Especial. Raphael Richaid venceu em 2009.
O compositor Renan Gêmeo disse ao CARNAVALESCO que a repercussão da obra foi positiva desde o início da disputa.
“Eu e meus parceiros estamos muito felizes por esta vitória em um ano tão especial, literalmente, para nossa escola. Estamos satisfeitos com a repercussão de nossa obra, desde o início da disputa. Eu acho que todo mundo que estava aqui merecia e tinha condições de representar a Viradouro. Nossa parceria possui todos os compositores criados aqui dentro, há muito tempo gostaríamos de reunir essa rapaziada e finalmente conseguimos. É uma conquista muito especial”, conta Renan.
Vários setores da quadra da Viradouro cantaram o samba antes do início oficial da apresentação. A obra foi defendida no palco pelos intérpretes Gilsinho, Pitty de Menezes e Bruno Ribas. A passagem do samba teve um início bastante forte com a torcida segurando toda a primeira passada. O refrão causava explosão na quadra. Outros trechos da obra não foram tão cantados pela torcida. A bateria Furacão Vermelho e Branco fez uma longa bossa desde o fim da primeira do samba até quase o refrão do meio. A melhor apresentação foi coroada campeã.
Presidente prega pés no chão mas não acha utopia brigar pelas Campeãs
Ciente de que desde 2010 uma escola oriunda do Acesso não conquista na pista a permanência no Grupo Especial no ano seguinte, o presidente da Viradouro Marcelinho Calil manteve os pés no chão ao falar dos objetivos da escola, sem deixar de demonstrar ambição nas primeiras colocações.
“É, sem dúvida, uma estatística ruim para a escola que sobe essa coisa de sempre cair. Mas nós estamos trabalhando muito forte para buscar objetivos muito mais altos que uma simples permanência. E isso não significa que a Viradouro não seja humilde. O trabalho aqui é feito com muito pé no chão, muito planejamento. Dá para sonhar com a volta no sábado”, declarou.
O presidente revelou à reportagem do CARNAVALESCO que definições sobre possíveis mudanças na obra escolhida só devem ser decididas nos próximos dias.
“Eu gosto de trabalhar da seguinte maneira. Acabamos de escolher o samba, vamos degustar um pouco. Daqui uns dois dias me reúno com a diretoria, o departamento musical e os compositores e aí traçamos essas mudanças, se assim acharmos que é necessário”, declarou.
Paulo Barros exalta força da Viradouro
Em entrevista ao site CARNAVALESCO, Paulo Barros disse que ainda vê na volta para escola uma agremiação muito forte.
“Se eu tivesse que apontar uma diferença significativa grave entre a escola no passado e a de agora eu não aponto não. Foram dez anos e agora na minha volta o sentimento da escola é o mesmo, a essência é a mesma, uma escola muito forte em Niterói e também no contexto de uma escola de samba”, disse.
Segundo o artista, mesmo vindo da Série A, a Viradouro é uma gigante do carnaval e pode almejar grandes conquistas em 2019.
“Apesar da Viradouro ter subido agora, a sensação é que ela não desceu nunca. Criou-se um mito de que escola que sobe não pode almejar algo bom, e eu acho que é por conta da infraestrutura do grupo de acesso que quando a escola sobe, até triplica, mas eu não vejo a Viradouro nesse contexto, por conta de que ela é grande e sempre foi”.
Como faz em todas escolas por onde passa, Paulo Barros não interfere na escolha do samba-enredo.
“Eu não consigo me meter, até porque não é minha praia, pouquíssimas pessoas são gabaritadas para isso, não sou músico e não tenho capacidade técnica. O samba para mim, a tradução do meu entender, é ouvir e gostar”.
Em seu segundo trabalho consecutivo com Paulo Barros, o coreógrafo da comissão de frente Alex Neoral já pensa na performance de 2019.
“Quando saí da Tijuca eu estava na cabeça que só voltaria a trabalhar em uma comissão se fosse com o Paulo Barros. Aí foi sorte, desejo e uma coisa de você projetar para o universo, veio a Comissão da Vila há vinte dias do carnaval. Eu fui corajoso e topei, e foi um bom encontro. Este ano, para Viradouro, temos mais tempo, já com a ideia formada e tudo projetado, completamente o oposto de 2018, começaremos o ensaio na segunda-feira. Este ano nós teremos homens, bailarinos e temos também circenses”.
Casamento perfeito entre Ciça e Zé Paulo
Quem também está de volta para Viradouro é mestre Ciça. E o casamento com o intérprete Zé Paulo já começou muito bem. O comandante da Furacão Vermelho e Branco elogiou os ritmistas novos que encontrou na casa.
“No meu retorno eu encontrei uma rapaziada mais nova. A mais antiga também está na área, vai dar para mesclar bastante. Pode ter certeza que vamos ter uma grande bateria na Avenida para buscar a nota máxima. O andamento será esse entre 145 e 147 BPM (batidas por minuto)”, informou Ciça.
“A responsabilidade é muito grande em carregar esse pavilhão por tanto tempo e agora no Grupo Especial. Temos um samba que foi aclamado pela comunidade. A gente tem que se desdobrar para cantar de forma ainda melhor. Mas graças a Deus, estamos no caminho certo”, comentou Zé Paulo.
Viradouro faz a melhor apresentação de segmento dos últimos anos em finais
Se um desavisado não soubesse que a Viradouro veio da Série A certamente não acreditaria ao ver a festa preparada pela vermelha e branca na quadra. Recheada de importantes personalidades do carnaval, a quadra ficou atônita com uma apresentação de segmentos nunca antes vista em finais de samba.
Formatada como um musical pelo coordenador da ala de passistas, Valci Pelé, a apresentação foi imponente, sem deixar de exibir cada samba inesquecível e os componentes da escola, ao som da inspirara bateria de mestre Ciça. O elenco contou com 87 pessoas. Digno de qualquer grande espetáculo. A Viradouro aproveitou a quadra lotada para apresentar o seu projeto de sócio-torcedor.
Responsável pela direção de carnaval da Viradouro, junto com Dudu Falcão, Alex Fab conta que a Viradouro terá apenas cinco alas comerciais em 2019.
“Depois de hoje, teremos uma reunião na segunda onde vamos vê se o samba campeão precisará de ajuste ou não, isso porque na terça já vamos ensaiar para a gravação do CD, então temos que ser rápidos. Quanto às alas da comunidade este ano: em um universo de 30 alas, somente cinco serão comerciais. Nossos ensaios de início só serão às terças, a ideia é que mais perto do carnaval façamos aos sábados e no fim de novembro deverão começar os ensaios de rua aos domingos”, explicou.
Casal volta para elite do carnaval
O casal de mestre-sala e porta-bandeira da Viradouro, Julinho e Rute, topou em 2018 sair da elite do carnaval para desfilar pela Viradouro na Série A e foi recompensado. Veio o título e agora estão de volta no Especial.
“Quando a gente foi chamado pra vir para a Viradouro, nós fomos pegos de surpresa com esse convite. A Viradouro nessa administração do Marcelo e do Marcelinho possui um trabalho muito sério. Fizemos um trabalho de Grupo Especial”, disse Rute.
“Agora, no Grupo Especial, a gente tem uma responsabilidade ainda maior. Não só pra nós, mas para todos os componentes da escola. A escola renasceu como uma fênix, como diz o próprio enredo. É um momento em que a Viradouro está resgatando a confiança da comunidade, dos componentes. Mas agora é todo mundo com o pé no chão. Aumenta a responsabilidade para colocar a Viradouro no patamar em que ela sempre esteve”, completou Julinho.
O casal enaltece o figurino criado pelo carnavalesco Paulo Barros para o desfile de 2019.
“A gente já conhece o figurino. Nossa fantasia já está sendo feita. É uma fantasia linda, vai surpreender pelo lado positivo. A escola que volta com a cabeça e com a estrutura que a Viradouro está é para ser campeã”, afirmou a porta-bandeira.
Como foram as apresentações dos outros finalistas
Parceria de PC Portugal – Apesar de ter levado a menor torcida entre os finalistas, a apresentação começou com o canto muito forte, impulsionado pela dupla de cantores Tinga e Emerson Dias. A parceria optou por levar um grupo teatral representando crianças. Entretanto apenas o refrão principal foi bem cantado pela torcida. Os demais trechos da passagem pouco eram ouvidos.
Parceria de Felipe Filósofo – A parceria caprichou na festa durante sua apresentação. Personagens, como a Bela e a Fera se apresentaram caracterizados. O intérprete da Mocidade, Wander Pires, defendeu o samba na quadra. A passagem do samba foi impulsionada no início por uma torcida bastante aguerrida, que cantou bastante a obra. A composição no entanto sofreu uma queda de rendimento depois dos primeiros dez minutos de apresentação. Na passada sem a bateria o canto da própria torcida não foi satisfatório. Uma apresentação irregular.