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Entrevistão com Cátia Drumond: ‘Imperatriz é tradicional, mas está aberta para tudo que é novo’

Com 27 anos de serviços prestados, passando por todas as funções da escola, Cátia Drumond teve um desafio e tanto ao ter que substituir o próprio pai, o presidente da Imperatriz Leopoldinense, Luiz Pacheco Drumond, falecido em 2021. Só na presidência, somando as três passagens, foram mais de 25 anos de seu Luizinho, como era carinhosamente chamado pela comunidade.

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Contanto com a ajuda de seu irmão na vice-presidência, Vinicius Drumond, e do jovem filho João Drumond, fazendo parte da diretoria, Cátia tem dado continuidade a renovação que seu pai mesmo começou após o rebaixamento em 2019. Com o falecimento, coube à presidente seguir no trabalho, e a expectativa que a escola tem gerado para esse retorno ao Grupo Especial, também vem da atuação da nova mandatária.

Cátia recebeu a reportagem do site CARNAVALESCO no barracão da Imperatriz Leopoldinense na Cidade do Samba para uma entrevista em que contou um pouco mais do trabalho realizado na “Rainha de Ramos”, explicou a atuação destacada de seu filho João na diretoria da agremiação, revelou os preparativos para o carnaval 2022, relembrou bastidores do rebaixamento de 2019 e comentou sobre o peso de ser a única mulher presidente de escola de samba do Grupo Especial.

O que representa assumir a Imperatriz após a perda do seu pai?

Cátia Drumond: “”Foi um desafio enorme. Sempre falo que é difícil substituir uma pessoa que não é substituível. Ele é insubstituível. O carnaval vem sofrendo, vem agonizando, isso que me deixa nervosa porque a gente vê que o carnaval está perdendo força. É um desafio enorme”.

Você sempre trabalhou nos bastidores, precisamente, dentro do barracão. O que fazia na escola?

Cátia Drumond: “São 27 anos, já fui de tudo, já fui secretária, já servi cafezinho, já fui almoxarife, já fui diretora de carnaval. Nos últimos anos eu estava como administradora do barracão e compradora. Sei um pouquinho de cada setor. Passei em cada setor”.

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Em algum momento, você acha que seu pai imaginou que você assumiria a escola? O que ele falava para vocês sobre sucessão?

Cátia Drumond: “Não tinha sucessão na cabeça dele. Na cabeça dele, nenhum filho de verdade iria assumir a escola. Eu acho que para o meu pai, o ponto final estava nele. Porque ele sempre dizia para gente que era cansativo, ele falava que era uma cachaça, mas que a gente perdia um pouco da saúde da gente aqui. Eu acho que ele não queria muito isso para a gente não. Mas, é aquele negócio, 45 anos você não pega e joga no lixo. Não tem como, né? Então, vamos tentar seguir o legado dele, é difícil, não é fácil, principalmente quando a gente está subindo de um Grupo de Acesso, mas a gente sabe o tamanho da bandeira, o tamanho da força que a gente tem. E, eu acho que estamos no caminho certo. Mas, ele não esperava ninguém na sucessão dele, não”.

O mundo do samba está impressionado com a nova Imperatriz. Qual é o segredo dessa gestão?

Cátia Drumond: “Não tem nova gestão. É uma continuidade do carnaval de 2020. O meu pai já tinha trazido um pessoal para a diretoria, jovem. E a gente conseguiu resgatar no rebaixamento a comunidade para dentro da quadra novamente. Aí veio a Covid, veio o falecimento do meu pai, e acaba que eu assumo a escola. Então, a única coisa que eu fiz foi dar continuidade. Tem a cabeça do João (Drumond) que é um menino jovem, mas eu não vejo uma nova gestão, entendeu? É a continuidade da gestão do seu Luiz, sendo que é um tradicional com uma direção nova, mas nada. Agora, a Imperatriz é a mesma. E, o jovem é o futuro né. Então, eu acho que a Imperatriz era muito tradicional, hoje ela é tradicional. Mas, a gente está aberta para tudo que é novo. E com gente nova fica mais fácil”.

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Fotos: Nelson Malfacini/Divulgação Imperatriz

Quando vocês decidiram olhar mais para comunidade e trazer ela para dentro da quadra?

Cátia Drumond: “O resgate da Imperatriz foi em 2020, veio primeiro com a queda, depois com a contratação do Leandro (Vieira). E, aí, eu acho que a comunidade com a queda, até a própria comunidade sentiu que precisava estar junto. A gente precisava se unir para fazer uma Imperatriz forte, para voltar. É o que eu falo, quando se perde, a gente perde todo mundo junto, e quando a gente ganha, ganha também todo mundo junto. Então, assim, a Imperatriz perdeu em todo mundo, a equipe toda, mas quando ela também subiu em 2020, que ela ganha o carnaval do Acesso, ela também ganha com uma equipe toda, e ganha com uma comunidade que te abraçou no teu pior momento. Foi um momento que o meu pai quis sair da escola, ele já estava cansado aos seus 79 anos, dizia que não aguentava mais, que era muito cansativo para a saúde dele, mas ao mesmo tempo, a comunidade pede que ele volte, ele volta, e a gente faz um grande desfile. Acho assim, que vem de 2020. O trabalho não começou depois de 2020, o trabalho começou no carnaval de 2020, o resgate da escola está lá em 2020. Natural, eu acho que aí a comunidade dá importância pela perda do patrono dela, do presidente dela, e a própria comunidade vem e abraça a escola. Eu acho isso muito positivo, foi muito positivo para a gente”.

O que você pensa em fazer na sua gestão que não deu tempo para esse desfile?

Cátia Drumond: “Eu estou muito focada no desfile deste ano, mas vem novidade para 2023. Acho que virou a página 2022, porque a gente precisa virar essa página, está difícil de virar, mas logo assim que a gente virar a página 2022, vem muitas surpresas para 2023. Tem coisas em andamento, nada fechado, mas coisas em andamento que eu acho que vai ser bom para a escola. Para desfile, pós carnaval, para a própria quadra, para a Imperatriz num todo”.

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A escola está muito atuante nas redes sociais e com a comunidade. Podemos esperar mais do que durante o ano, entre maio e dezembro?

Cátia Drumond: “Eu acho que toda escola precisa se comunicar com a sua comunidade. Não tem outra maneira hoje em dia. A melhor comunicação é essa. Você bota um negócio no Instagram, daqui a pouco bomba. Chegou, você alcançou o seu objetivo, que era chegar nos componentes. Eu acho que tem que ser assim. Eu acho que a partir de maio, a Imperatriz continua da mesma maneira, trabalhando da mesma maneira nas redes sociais. Continuam os projetos, a partir de maio, a gente está esperando acabar o carnaval, né? Assim que acabou o carnaval, a gente continua os projetos normalmente, aí volta ao normal”.

Ficou surpresa com o seu filho João querendo estar dentro da escola? Como você analisa a ótima repercussão do que ele fala na imprensa e entre os sambistas?

Cátia Drumond:”Foi uma grande surpresa porque, primeiro, meu pai faleceu e o João tinha 18 anos. E, aí a gente falou, o que que a gente faz? Alguns membros da família não quiseram continuar, não quiseram dar continuidade, e ficou eu e o Vinícius. E aí, eu dizia assim, até onde eu posso ir? Até onde eu consigo ir? E o João falou ‘ mãe, vambora, estou contigo, vou te ajudar’. E, realmente, ele é o meu braço direito e meu braço esquerdo aqui. Sabe, sem o João, acho que eu e o Vinícius estávamos bem atrapalhados. Ele ajuda muito, muito”.

O que representa ter trazido a Rosa de volta para Imperatriz?

Cátia Drumond: “Não fui eu que trouxe. Quando eu cheguei na escola, a Rosa já estava. Mas, eu como torcedora da Imperatriz acho um casamento, não estou falando nem como presidente, não fui eu que contratei a Rosa, foi meu pai, eu acho um casamento perfeito. A Imperatriz resgata a Rosa, a Rosa resgata a Imperatriz, e a gente resgata junto o Arlindo Rodrigues. Eu acho isso um casamento perfeito. E, ao mesmo tempo, está na modernidade toda, tem o romantismo, tem tudo, então, assim, eu fico feliz de ver a Rosa contando o Arlindo. Eu acho que não teria pessoa melhor para fazer esse enredo, que não fosse Rosa Magalhães”.

Qual é a palavra que vem na sua cabeça quando você pensa no dia 22 de abril e na abertura do carnaval?

Cátia Drumond: “Primeiro eu penso se eu vou conseguir chegar até a Avenida (risos). Minhas pernas tremem, sabe? Eu sei do desafio que é enorme. Mas, eu também sei do trabalho que a gente está fazendo, e que a Imperatriz, mais uma vez eu vou falar, vai abrir o carnaval com um grande desfile. Isso aí não tenha dúvida, a gente está trabalhando dia e noite, a gente cansa de sair daqui de madrugada em prol desse desfile. Pena que foi adiado. Podia ter sido logo em fevereiro e acabar com a curiosidade de todo mundo, e acabar com a minha ansiedade”.

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O que esperar dessa Imperatriz voltando para o Grupo Especial?

Cátia Drumond: “A escola vem bem luxuosa como é de praxe, Rosa Magalhães também exige isso. A escola vai fazer um grande desfile. Vai fazer um grande desfile como escola de Grupo Especial, porque a Imperatriz foi lá no Acesso, por um erro nosso, mas que nós pagamos bonito o erro, fizemos o dever de casa super bem feito. Mostramos do que somos capazes, e eu tenho certeza que nós vamos fazer um carnaval para ficar entre as seis, e para ser campeã”.

Mexeu com você o adiamento do carnaval? Qual foi o impacto para Imperatriz?

Cátia Drumond: “Mexeu muito. Agora a gente estava assim praticamente com 85% do carnaval pronto, praticamente faltando dois carros, agora finalizados. Eu fiquei muito triste porque carnaval é fevereiro, né? Mas, a gente tem que seguir o que a Liesa e o próprio prefeito que disse que não tínhamos condições de desfilar em fevereiro e preparar para abril. Eu acho que foi um impacto para quem estava bem adiantado, que era o nosso caso. Mas foi bem triste. Não tem como não impactar no financeiro porque você ganha mais dois meses de folha de pagamento, mais dois meses de conta de luz alta, isso se eu falar para você que não vai impactar, não tem como, e a verba é a mesma”.

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O que você sentiu quando a Imperatriz foi rebaixada em 2019?

Cátia Drumond: “Cara, foi no dia do meu aniversário. Quarta-feira de Cinzas, 5 de março, não vou esquecer nunca mais. Eu nem vi a apuração porque eu tomei um remédio e fui dormir. E, quando eu acordei, perguntei qual o resultado, Imperatriz rebaixada. É muito triste porque, assim, o meu pai sempre trabalhou muito certinho, muito sério. E, se foi um erro de projeto, se foi um erro no desfile, eu não sei, sei que nós erramos. Erramos, pagamos, fizemos o dever de casa, voltamos, mas é triste. Ninguém quer descer. Quem está no Grupo Especial, não quer descer. Quem está no Acesso, quer subir. Mas, quem está aqui não quer descer. O Acesso é bem difícil. Se o Especial é difícil, nossa, o Acesso é bem difícil, acho até que deveriam olhar mais pelas escolas do Grupo de Acesso, da Intendente (Magalhães), enfim, mas fiquei bastante triste, imagina, que presente de aniversário. Decepcionada, mas a gente sabia, depois do desfile a gente sabia que aquilo podia acontecer, não adianta você ir para casa e achar que aquilo não é realidade. Porque quando você entende do trabalho, às vezes você faz um grande barracão, mas aquilo acontece na Avenida, se você não faz um belo desfile, não adianta, você ganha e você perde dentro da Sapucaí, fora isso, mas foi bem triste”.

 Como foi o processo de resgate da Imperatriz?

Cátia Drumond: “Ganhou, ganhou. Ganhou porque você começa a ver com outros olhos, você começa a enxergar erros que você não via. Porque, assim, quando você não vem bem mas vem empurrando, uma hora a corda vai arrebentar. Foi mais ou menos o que estava acontecendo com a Imperatriz. Quando arrebentou, você para e fala ‘vamos analisar, alguma coisa está errada’. E aí você vai atrás para consertar os erros. Eu acho que em 2020 a gente conseguiu recuperar, não vou te dar uns 100%, mas acho que uns 90%, e agora em 2022 eu não posso ir com 90%, eu tenho que ir com 100% certo, não posso errar”.

Como é ser a única mulher no comando de uma escola de samba no Grupo Especial?

Cátia Drumond: “No Grupo Especial, porque no Grupo de Acesso também tem, né? Olha só, eu até brinco com os presidentes quando eu estou lá, eu falo ‘só tem eu de menina poderosa’, mas assim, me tratam super bem, eu nem lembro dessa diferença, não lembro mesmo. Entre os presidentes lá, de todas as agremiações do Grupo Especial, não sinto nenhuma diferença por eu ser mulher. Eu acho também que por eu estar aqui a muito tempo ocupando o lugar que eu sempre ocupei ao lado do meu pai, então muita gente já me via como a futura presidente da escola. Me sinto bem, mas eu falo para eles que eu sou a ‘menina poderosa ‘(risos). Aqui é uma escola feminina, a gente tem uma presidente mulher, e uma carnavalesca mulher. Eu acho que está aí, a mulher vai ocupando os cargos. A mulher tem que crescer no mundo do samba, eu trato a Imperatriz como se eu cuidasse da minha família, então a gente organiza a casa. Não que os homens não saibam organizar, mas eu acho que a mulher tem mais o jeitinho dela”.

Pensando no todo, o que você sonha para o futuro das escolas de samba?

Cátia Drumond: “Independência. Acho que a gente precisa disso, resgate do sambista, trazer essa molecada, essa criançada de projeto social para dentro da escola que isso é fundamental, se não o samba vai acabar”.

Leandro Vieira fala do projeto do Império Serrano na série ‘Barracões da Série Ouro’: ‘É o cavalo certo para receber esse enredo’

Apesar de sua última participação no Grupo Especial ter sido em 2019, que acabou levando a escola de volta a Sério Ouro, o Império Serrano nunca chegou a deixar de ser uma das escolas mais esperadas na avenida. De cara nova e apostando em um carnavalesco renomado, Leandro Vieira, a escola promete fazer o possível e o impossível para realizar um desfile lindo na Marquês de Sapucaí.

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Com enredo autoral, Leandro Vieira, carnavalesco consagrado graças a seus trabalhos na Estação Primeira de Mangueira e o título na Imperatriz em 2020, estreia na escola esse ano e contou em entrevista ao site CARNAVALESCO como surgiu a ideia do enredo.

“O enredo do Império chegou para mim em 2019. Isso é curioso. O Besouro apareceu enquanto eu estava pesquisando os heróis esquecidos e subalternizados na história do Brasil, que foi o enredo da Mangueira naquele ano ‘História para ninar gente grande’. Mas eu achei tão fabuloso o conteúdo da narrativa oral em torno do Besouro, que eu achava que ele tinha condição de me trazer uma narrativa bonita, em termos estéticos e em termos conceituais. Portando acabei guardando esse enredo para um momento em que eu vislumbrasse a possibilidade de o fazer. Surgiu o convite do Império, e hoje eu me dou conta de que não havia escola melhor para retratar esse enredo. Quando eu recebi o convite para trabalhar no Império, automaticamente eu já tinha o enredo, o Besouro e o Império Serrano tem muitas ligações. Quando fui contratado eu já tinha a vontade de fazer esse enredo e acabei achando o corpo certo. O Império Serrano é o cavalo certo para receber esse enredo”.

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Leandro também contou que as semelhanças descobertas por ele em suas pesquisas entre o Império e o Besouro são enormes. “Feijões da mesma concha”, brinca o carnavalesco ao citar as conformidades entre as tradições, uma vez que ambos possuem legado de resistência, são pautadas na religiosidade afro brasileira, o corpo que dança, luta, enverga mas não quebra.

“Foi muito bacana ir construindo esse enredo e descobrindo a cada dia em que eu estava fazendo uma fantasia, uma alegoria, que eu estava trabalhando no enredo certo, para a escola certa e na hora certa”, relatou Leandro.

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Mesmo com toda essa empolgação e expectativa em cima do desfile do Império Serrano, as dificuldades da escola seguem duras, assim como para todas as outras coirmãs presentes no grupo. Leandro, que atua também como carnavalesco na Mangueira, vivencia essa discrepância de verbas e condições de trabalho entre o Grupo Especial e a Série Ouro bem de pertinho. Mesmo sendo totalmente contra o favoritismo entre as escolas, o carnavalesco reconhece a alta responsabilidade de trabalhar em uma escola como o Império Serrano.

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“Eu penso muito na Mangueira e no Império como iguais, não vejo diferença entre as duas, mas claro que no Império as coisas funcionam de forma diferente, até mesmo pelas condições. Sem dúvida alguma o maior desafio é fazer uma escola que tem todas as dificuldades que as escolas do Grupo de Acesso possuem e saber que mesmo assim essa escola é apontada como a possível campeã do grupo em que desfila. A diferença entre o Império e essas escolas, é a expectativa, que por sinal não é minha, eu detesto. Não fui contratado para ser campeão, não penso em campeonato, nunca pensei e gosto de não pensar. Mesmo sem pensar em campeonato já ganhei três vezes. Favoritismo é a pior bobeira que existe. Mas a grande dificuldade é essa”.

Quando questionado sobre a criação de uma Cidade do Samba 2, Leandro se mostrou totalmente a favor e ainda ressaltou a tamanha urgência desse planejamento. “Essa questão da Cidade do Samba para a Série Ouro é importante por conta da dignidade do espaço de trabalho de quem trabalha lá. Barracões sem banheiro, sem telhado, as situações dos barracões são precárias, e a do Império Serrano não é diferente. Acho que esse espaço com uma estrutura mínima para fazer um espetáculo que quer ter o mesmo nível do Grupo Especial, que é o exigido inclusive, que seja algo acima da média, tem que ter o mínimo. Essa nova Cidade do Samba é urgente, justamente por estar ligado com o espaço de dignidade dos trabalhadores do Carnaval”, desabafou.

Desfile 2022

Embora possua todas as dificuldades, ainda sim é momento de alegria! Foram dois anos sem carnaval, logo, a ansiedade está a todo vapor, e no Império as coisas não estão diferentes. A escola da Serrinha sempre é muito ovacionada pelo seu canto e sua energia. Mediante a isso, Leandro acredita que o problema da escola é outro, e alegou estar tentando corrigir.

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“O problema nunca foi o canto, a dança, ou a maneira como a escola se comporta nos desfiles. Nesse sentido o Império Serrano é escola de Grupo Especial, grande como a Mangueira, Portela, Salgueiro. Quando a questão é o corpo, o Império Serrano está entre as grandes. As dificuldades do Império sempre foram as questões de organização do barracão, fantasias. O que eu posso responder sobre o projeto que Império Serrano vai apresentar, é que nós estamos tentando corrigir essas falhas que a escola sempre teve no que é administrativo e na entrega do que é o desfile”.

Com os pés no chão, finaliza: “Para não ser otimista demais, acho que podemos esperar um Império Serrano minimamente organizado para chegar lá em pé de igualdade com as grandes da disputa onde ele está inserido”.

Apesar do estilo mais tradicional presente na agremiação, a escola vem apostando em figuras modernas do carnaval, entretanto, ainda sem perder sua verdadeira essência. Ainda sobre o desfile, o carnavalesco acredita fortemente na ideia de que o verdadeiro triunfo da escola será a sua bateria. Apaixonado pela bateria do mestre Vitinho, Leandro mostrou ser fã desse trabalho contemporâneo, além de se identificar.

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“Eu olho para o Vitinho no Império Serrano e tenho a sensação de que o trabalho dele incendeia a escola de uma tal maneira, que é a bateria do Império Serrano que a gente espera, mas ao mesmo tempo é outra coisa, é o Império Serrano que não quer ser velho, sempre falo isso inclusive. Ser tradicional não quer dizer ser velho. É muito contemporâneo e moderno querer ser tradicional. Então eu acho que o Vitinho e o que ele implementa na bateria do Império é tradicional e também contemporâneo, mas não tem nada de tradicionalista. Por isso eu acho que o grande triunfo do desfile do Império Serrano é a bateria, a qualidade musical que o mestre de bateria imprimiu numa escola envelhecida”, concluiu.

O Império Serrano será a oitava escola a desfila no dia 21 de abril, encerrando a noite de desfiles do Carnaval 2022 da Série Ouro.

Buscando a pontuação máxima novamente, mestre Moleza fala de seus gostos e suas inspirações como diretor de bateria

Rodrigo Neves, mais conhecido como mestre Moleza, lidera uma das baterias sensações do carnaval paulistano nos últimos anos. Vencedora do prêmio Estrela do Carnaval no ano de 2019, a ‘Cadência da Vila’ é famosa por executar várias bossas durante todo o percurso na avenida e, também, pelo seu andamento cadenciado, pois o nome da batucada já diz. Moleza está indo para o seu nono carnaval na Unidos de Vila Maria. É um profissional totalmente identificado com a escola e comunidade, tanto é que virou membro da direção de carnaval da agremiação. O diretor de bateria está há muitos anos no carnaval, mas começou a sua história como ritmista e, contou à equipe do CARNAVALESCO, características da ‘Cadência da Vila’ e, também, grandes inspirações dentro de sua trajetória.

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O surgimento do apelido ‘Moleza’

“Eu comecei a tocar com uns 13 anos lá na Águia de Ouro. Na época, não tinha essa coisa de escolinha de bateria e, quando eu entrei, para tocar, fazer shows e apresentações, acho que Deus me deu um dom de tocar, aprender rápido as coisas e o mestre Juca me chamou para fazer essas saídas e eu era o mais novinho lá dos ritmistas. Os caras bebiam e eu era moleque, ‘caretão’ e ficava dormindo em cima dos instrumentos. Aí eles vinham naquela pilha lá de ‘po, você é mole’. Então, esse negócio de moleza pegou. Todo apelido que a gente não gosta, pega. Hoje, se alguém me chamar de Rodrigo na rua, acho que eu nem olho para trás”.

O entrosamento com Wander Pires

O intérprete Wander Pires, chegou na Vila Maria em 2018 e vem liderando o carro de som com muita autoridade. Mesmo com menos tempo de casa, o cantor também já tem grande identificação com a comunidade da ‘Vila mais famosa’. O mestre Moleza contou brevemente como funciona essa interação entre Cadência da Vila e Wander Pires.

“Ambos trabalhamos pela escola, mas antes disso, eu era e continuo sendo muito fã dele. Eu acho que é que um cantor que está em alto nível há muito tempo, começou há anos e é um cara que eu tenho gratidão de poder trabalhar. Eu assistia ele pela televisão, já considerava ele o melhor cantor de samba-enredo e hoje eu posso trabalhar com ele. Essa admiração, favoreceu essa questão. Ele está muito entrosado com a Vila Maria. Você percebe isso na felicidade do semblante dele, na tranquilidade e a gente se fala meio que duas vezes por semana com aqueles áudios extensos, com aquele ‘jeitão’ dele. A gente conversa sobre bossas, é um cara super aberto e procuro ouvir sempre a opinião dele. Não é o jeito que você fala, é como você fala. Ambos temos uma admiração mútua. É uma sintonia grande e é por isso que tem dado certo”.

O andamento cadenciado da bateria

“Já é um gosto antigo, desde quando eu nem tocava. Se a gente pegar os desfiles da Tiradentes, que eu não tive a oportunidade, os desfiles antigos do Rio, eu acompanhava isso mesmo muito pequeno. Eu tinha aquela coisa de quando tivesse uma oportunidade de comandar uma bateria, eu faria algo parecido com aquilo. Lógico que buscando uma modernidade, pois tudo evolui. E aí, quando você começa a trabalhar, não pode fazer as coisas sozinho. Tem diretor de harmonia, de carnaval, presidente. Então, vai mesclando essas ideias até o ponto que se tem credibilidade para poder implantar o seu estilo. Isso vem com o tempo, com o resultado de bateria, juntamente aos quesitos que estão ligados à bateria. A partir do momento em que você consegue imprimir um andamento cadenciado, mas se ouvindo e a harmonia e a evolução da escola conseguem tirar 10, eu acho que fica sem argumento dos críticos falar algo. Então, você implanta uma marca que vira sua identidade. E aí tem essa questão de tendências. A gente tem muito o nosso estilo e acreditamos na nossa verdade para disseminar e colocar o nosso legado. Enquanto alguns vão para um caminho, a gente vai para o inverso. Quando você opta por isso, vai ter muitos elogios, muitas glórias, mas também vai acabar recebendo muitas críticas. Temos nossa convicção com muito estudo, muita técnica de audição e materiais”.

Equilíbrio entre os naipes é o trunfo

Claramente, a Cadência da Vila é uma bateria que se dá para ouvir todos os instrumentos juntos e de forma limpa. É outro diferencial da batucada da Vila Maria. Por isso, para Moleza não existe um naipe que se diferencie dos outros. Todos são importantes para cadenciar o samba.

“Não existe um naipe trunfo. A bateria da Vila Maria é um conjunto. A nossa característica é que todos os instrumentos devem aparecer e, quando estão tocando juntos, vocês não vão ter dificuldade de ouvir qualquer naipe. Essa é principal diferença. Toca caixas, repiques, surdos, chocalhos, agogôs, cuícas e sem colocar aquela famosa mão no ouvido para forçar, você vai ouvir tudo, diferentemente de outras baterias que têm as vedetes mais aceleradas ou com outro instrumento em ascendência. Já a nossa, é equilibrada para ter esse som agradável de se ouvir”.

A troca de informações com as baterias do Rio de Janeiro

“Eu comecei a desfilar no Rio em 2005 e tenho vários amigos e influências lá. A troca e o respeito é muito grande. Acabou essa distância entre carnaval de São Paulo e Rio, principalmente no meu segmento. Tem muita gente que vem desfilar aqui e muita gente vai desfilar lá. Eu vou para o Rio, tiro várias fotos, as pessoas me param para parabenizar o meu trabalho. Uns dão aquelas críticas boas e construtivas para se ouvir. Então, aquele bairrismo entre as baterias não existe. Temos grupos em comum entre os mestres de Rio e São Paulo e é aquela resenha e a gente troca muita ideia”.

As inspirações de mestre Moleza

“Aqui em São Paulo, as minhas inspirações são o mestre Juca da Águia de Ouro e o mestre Sombra da Mocidade. Eu falo deles e é engraçado e o estilo da bateria deles é diferente do estilo da minha. Eu sou aquele cara que pego coisas boas, mas não tenho aquele cara que coloco no altar. Eu preciso enaltecer, porque desde jovem eu trabalhei e aprendi muita coisa e, através deles, eu despertei esse interesse de estudar esse próprio estilo que eu tenho”.

Moleza também contou a sua inspiração de mestre do carnaval carioca. “No Rio de Janeiro tem alguns, mas acho que quem marcou época foi o Odilon. Da minha geração é o que de repente contou mais coisas do que se ouve hoje dentro das baterias. Sou fã do mestre Casagrande, mestre Marcão, mestre Lola, mas acho que o mestre Odilon está a um patamar acima do estilo que eu gosto”.

A Vila Maria é a quinta escola a passar pelo Anhembi na sexta-feira de carnaval (22) e mestre Moleza irá para o seu nono desfile com a agremiação. Mais uma vez, a Cadência da Vila vai em busca dos 40 pontos. Caso alcance o objetivo, será a quinta vez desde 2013 que a bateria conseguirá tal feito sob o comando de Moleza, sendo o quarto ano consecutivo com a pontuação máxima.

Outra curiosidade é que desde 2014, o quesito nunca perdeu nenhum décimo dentro do julgamento, visto que há o descarte nas apurações. Realmente, é um gigante trabalho que mestre Moleza e seus diretores da Cadência da Vila têm feito. E os indícios são sempre de melhora a cada carnaval.

Beija-Flor convoca foliões para circuito com Cacique, Bola Preta, Portela e Salgueiro

Neste domingo, a Beija-Flor abre a porta de sua quadra para seu último grande evento antes de cruzar a Sapucaí no Carnaval 2022, após dois anos longe do calor do público. Em grande estilo, e com ilustres convidados, a azul e branca promove o ‘Circuito Beija-Flor de Nilópolis #PréCarnaval’, a partir das 13h.

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O evento é um grande chamado para que foliões e foliãs retomem seus postos no reino de Momo ao som das participações especiais das escolas de samba Portela e Acadêmicos do Salgueiro e dos tradicionais blocos Cacique de Ramos, Bola Preta e Banda de Ipanema.

Além da sonora de qualidade para toda a família, a quadra da ‘Deusa da Passarela’ terá um espaço destinado às crianças, com brincadeiras e diversão. No melhor clima de matinê, a agremiação ainda vai premiar a melhor fantasia do evento num concurso organizado durante a tarde.

Os ingressos custam apenas R$ 10 na pista (primeiro lote). A pista premium, com direito a abadá e copo personalizados do evento, está sendo vendida a R$ 40.

O circuito será encerrado com um grande show da própria Beija-Flor, que dará ao público uma palhinha do que está por vir na Avenida (o enredo deste ano é “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”).

Entradas estão à venda na Boutique da quadra, em Nilópolis, ou através do site Ticket Planet.

Informações gerais:
Circuito Beija-Flor de Nilópolis #PréCarnaval
Data: Domingo, 10 de março de 2022
Horário: A partir de 13h
Endereço: Rua Pracinha Wallace Paes Leme, 1025, Centro – Nilópolis (RJ)
Ingressos: R$ 10 (pista)
R$ 40 (pista premium com direito a abadá e copo do evento)
Camarotes: 1° piso: R$ 1 mil para 15 pessoas (R$ 500 revertidos em consumação)
2° piso: R$ 1,2 mil para 20 pessoas (R$ 500 revertidos em consumação)

Obrigatório o comprovante de vacinação contra a Covid-19.

Presidente da Inocentes de Belford Roxo lamenta fortes chuvas na cidade: ‘Situação muito difícil’

Belford Roxo vive momento difícil nos últimos dias por conta das fortes chuvas que atingiram a cidade no último final de semanas. São centenas de famílias que perderam tudo nas enchentes e que agora precisam de assistência. Através do programa ‘RJ para todos’, o Governo do Estado já atendeu milhares de pessoas que agora se encontram em situação de vulnerabilidade social. A Inocentes de Belford Roxo esteve na Sapucaí na última quarta e o presidente Reginaldo Gomes falou sobre a situação da cidade.

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“A situação lá está muito difícil. Nós já tínhamos esse ensaio de bateria aqui no Sambódromo programado, então não dava para não vir, ainda mais com o desfile próximo. Não vamos ensaiar na rua essa semana, porque a Prefeitura está fazendo uma limpeza na cidade e buscando os recursos necessários para quem está precisando”, disse o presidente da Inocentes de Belford Roxo, antes de complementar:

“A escola já ajudou alguns lugares e fez algumas doações para a comunidade, mas ainda falta muito. O estado agora também está aportando valores para ajudar as famílias que perderam tudo. É muito triste o que aconteceu em Belford Roxo. Acredito que até dia 21, as coisas possam estar melhores, e aí sim, a Inocentes, como um símbolo de resistência, possa fazer um grande trabalho, com a comunidade em alto astral. Vocês podem esperar um desfile que vai brigar pelo título”, concluiu Reginaldo Gomes.

A bateria treinou na última quarta no Sambódromo desfalcada de alguns ritmistas que não puderam estar presentes por conta dos estragos deixados pelas fortes chuvas na cidade. A Inocentes de Belford Roxo é a segunda escola a se apresentar no dia 21 de abril na Marquês de Sapucaí. Para este Carnaval, a agremiação levará o enredo ‘A Meia-Noite dos Tambores Silenciosos’.

Tati Minerato, rainha de bateria do Porto da Pedra, faz ensaio exclusivo para o CARNAVALESCO

A rainha de bateria do Porto da Pedra, Tati Minerato, fez um ensaio exclusivo para o site CARNAVALESCO, no barracão da escola, na Zona Portuária do Rio. Ela comentou a expectativa para o desfile do Tigre de São Gonçalo.

“Só coisas boas! A Porto da Pedra está vindo muito linda, com uma comunidade muito forte, muito presente, na quadra mesmo é possível sentir a energia diferenciada de campeã”, disse.

Ela revelou que vai desfilar com uma fantasia na cor dourada. “Estarei com uma fantasia muito rica e com bastante luxo. Tem sido lindo ser rainha de bateria da Porto da Pedra. É uma honra estar representando uma comunidade tão linda e forte”. (Texto Isabelly Luz e fotos Nelson Malfacini)

Liesa começa venda de arquibancadas populares para os desfiles do Grupo Especial

A Liesa colocou à venda a partir desta quinta-feira as Arquibancadas Populares dos Setores 12 e 13 para os desfiles das Escolas de Samba do Grupo Especial, na Sexta-feira e Sábado, dias 22 e 23 de abril. Preço do ingresso R$ 15,00 e a meia-entrada a R$ 7,50.

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Foto: Divulgação/Liesa

As reservas serão feitas de 10 às 12 horas (ou até esgotarem os ingressos) do dia 07 de abril, através do telefone. O interessado em comprar para o Setor 12 deverá ligar para 3032-0012; e para Setor 13 deverá ligar para 3032-0013. Na ligação, o comprador informará o número de seu CPF, o dia de desfile e a quantidade de ingressos desejados. Cada comprador poderá adquirir até quatro ingressos por dia de desfile.

Se desejar adquirir ingresso de meia-entrada, o comprador deverá informar esse desejo em LIGAÇÃO ÚNICA, COM ESTA FINALIDADE, lembrando que terá direito a adquirir apenas 1 (um) ingresso pessoal e intransferível para cada dia de desfile e na hora do pagamento/retirada do ingresso deverá efetuar a devida comprovação desse direito.

Serão disponibilizados para venda 8.560 ingressos de Arquibancadas Populares para Sexta-feira e outros 8.560 ingressos para Sábado, já considerada a nova capacidade de público para cada setor, segundo o Corpo de Bombeiros.

Cabe registrar que outros 5.000 ingressos para cada dia de desfile são cortesias para serem distribuídas pelas Escolas de Samba às suas Comunidades, no dia de sua apresentação.

A retirada dos ingressos será no dia 09 de abril, sábado, das 9 horas às 15 horas, no Estande de Atendimento / LIESA, montado atrás do Setor 11 da Passarela do Samba, com acesso pela Rua Salvador de Sá. O pagamento será exclusivamente em DINHEIRO. Quem não retirar nesse dia perderá o direito a reserva.

NO DIA DO EVENTO, LEVAR COMPROVANTE DE VACINAÇÃO CONTRA COVID 19 PARA PODER ACESSAR AO SAMÓDROMO, BEM COMO OBSERVAR EVENTUAIS PROCEDIMENTOS DETERMINADOS PELAS AUTORIDADES SANITÁRIAS.

IMPORTANTE: Lembramos que é vedada a entrada de menores de 05 anos; menores de 05 a 18 anos somente terão acesso acompanhados pelos pais ou responsáveis.

Outras Informações:
Central LIESA de Atendimento e Vendas
Rua da Alfândega, 25 – lojas B e C, Centro do Rio
e-mail: [email protected]
Tel: (21) 3190-2100

Feijoada do Salgueiro acontece neste domingo com show do Grupo Revelação

A edição de abril da Feijoada do Salgueiro acontece no próximo domingo,10, já em clima pré-desfile. A contagem regressiva para pisar o chão da Sapucaí na defesa do 10º título de sua história , vem recheada com o ritmo do Samba do Xoxó e da apresentação do Grupo Revelação, que volta ao palco da Academia para ditar o ritmo da tarde regada a muito samba e feijoada.

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Foto: Ewerton Pereira/Divulgação Salgueiro

A partir das 13h, o público poderá curtir o evento que vai até as 21h. No intervalo entre as atrações, DJs agitam os foliões tocando todos os ritmos. A Bateria Furiosa e o elenco show da Academia do Samba encerram a festa com sambas que marcaram a trajetória vitoriosa da vermelha e branca , sem deixar de fora, é claro, o hino para o desfile de 2022.

Os ingressos estão sendo vendidos no site da Guicheweb com entrada a partir de R$60. Todas as modalidades de ingresso incluem o prato da feijoada preparada pelo cheff Thiago Castro , e que tem o toque especial das tias baianas do Salgueiro.

O endereço da quadra é Rua Silva Teles, 104. Informações pelo telefone (21) 2238 9226. A classificação é livre.

Serviço: Feijoada do Salgueiro edição de abril
Data: 10 de abril, domingo
Horário: a partir das 13h
Atrações: Samba do Xoxó, Grupo Revelação, Bateria Furiosa e elenco show do Salgueiro
Valor: a partir de R$ 60 com feijoada incluída
Link para venda: www.guicheweb.com.br/feijoada-do-salgueiro_16405
Informações : (21) 2238 9226

Samba Comentado: Vila Isabel 2022

O 1º episódio do Samba Comentado, produzido pelo Instituto do Samba, traz detalhes do samba feito em homenagem ao mestre Martinho da Vila, como por exemplo a explicação do trecho “Eu vou junto da família. Do Pinduca à Alegria pra brindar. Modéstia à parte, o Martinho é da Vila”. O que o compositor quis dizer com o trecho “Do Pinduca à Alegria”? O Pinduca é o filho mais velho do artista e a Alegria é a mais nova dentre os 8 irmãos, passando pela irmã mais famosa, a Martinália.

Série Barracões SP: Buscando o bicampeonato, Águia de Ouro pede paz nas bençãos de Oxalá

A equipe do site CARNAVALESCO visitou o barracão da atual campeã do carnaval de São Paulo, Águia de Ouro, e viu de perto todo o desenvolvimento do projeto de desfile da escola para 2022. A agremiação irá para a avenida com o enredo: “Afoxé de Oxalá – No ‘Cortejo de Babá’, Um Canto de Luz em Tempo de Trevas”. Sidnei França, carnavalesco responsável pelo desfile, explanou o enredo.

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“Esse enredo, é inspirado na canção de Luiz Antônio Simas, que é um intelectual brasileiro, ligado às brasilidades. É um escritor, professor, compositor, poeta, jurado do estandarte de ouro e é um cara muito referenciado, principalmente nos assuntos ligados à brasilidade, como futebol, umbanda, candomblé, samba e carnaval. Enfim, ele é um cara que tem a alma carioca muito aflorada e ele compôs ‘Afoxé de Oxalá’, que é uma canção que utiliza dos fundamentos do candomblé, utilizando o orixá Oxalá como uma salvação para a humanidade perdida. Então, o que a Águia de Ouro vai fazer é carnavalizar essa música. Obviamente, eu tive que fazer algumas adaptações de construção de narrativa para que quando as pessoas assistam o desfile e entendam como uma peça de teatro que tenha começo, meio e fim”.

Crítica social fará parte do desfile

O enredo em que a escola irá desfilar para buscar o seu bicampeonato, tem a autoria completa do carnavalesco Sidnei França e, dentro de toda a pesquisa para desenvolver o desfile, segundo o artista, falar de ancestralidade no meio de todo esse enredo, reflete na atualidade.

Realmente tudo é opinativo e deve-se refletir. Em um mundo descrente de tudo, onde vivemos em guerras, a figura de Oxalá pode se fazer presente em orações. Uma entidade tão amorosa, curaria todo o mal que nos cerca.

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“O que mais me fascinou na pesquisa, veio da canção do Simas, que é o quanto falar de ancestralidade é atual. Como eu disse, eu utilizei da figura de Oxalá para no último setor do desfile, falar sobre preconceito, discriminação e intolerância. Olha como você vai lá na ancestralidade para enxergar uma figura mítica para dialogar com necessidades do mundo atual. Ter mais entendimento de um com o outro. Quando se fala em ancestralidade, parece que ficou lá em um mundo que não nos cabe mais. No entanto, quando você vê essa força praticada nos terreiros de candomblé em 2022, interagindo com a atualidade, eu acho isso muito rico”.

Ancestralidade atual, desfile colorido, samba-enredo e canto da comunidade são as principais apostas

Em 2020, a escola da Pompéia, apresentou dois setores imponentes e luxuosos em seu desfile. O carro abre-alas, entrou na avenida cheio de detalhes e muito colorido. Dessa vez, o carnavalesco destacou que não será diferente. A questão multicor se fará presente. Além disso, a Águia de Ouro irá misturar a ancestralidade com o atual. Também, segundo o artista, o canto da comunidade e o samba-enredo são as forças da agremiação.

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“Esse desfile vai ter alguns códigos visuais que vão prender as pessoas, onde elas vão ver uma forma bacana de combinar o afro com a atualidade. Elas vão esperar coisas como palha, búzios, máscara, que são coisas características de enredo afro. Claro que vai ter, mas com o passar do desfile, vai ficando cada vez mais contemporâneo e mais moderno. Acho que isso é um elemento a se destacar. Outra coisa que eu usei em 2020 e vai ter neste desfile, é muita cor. Águia virá muito colorida, vibrante e eu acho que isso vai ‘acender’ o desfile. Outro elemento também é o samba. A escola canta muito, mas esse samba em especial, tem toda uma emotividade que vem da africanidade e tem uma letra muito própria para o que o enredo precisa, que é pedir paz”.

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Sidnei França destacou a ala das baianas, o casal de mestre sala e porta-bandeira e a segunda alegoria do desfile. “Acho que têm vários momentos (de destaque). As baianas vão passar muito bacanas pela beleza da fantasia, mas também pela representatividade do que elas vão ter no enredo. Apresentam Orum-Aiyê, o céu e a terra. O primeiro casal e o carro dois. Das quatro alegorias, a segunda, acho que vai ter a estética menos óbvia. Não estou falando de bonito ou não. Estou falando de uma proposta visual diferente do usual. Vai ter um certo choque. Não importa se é positivo ou negativo.

Carnavalesco marcou sua história na agremiação por escrever o primeiro título da história da Águia de Ouro

Logo de cara, a identificação de Sidnei com a comunidade da Pompéia foi nítida. Foi muito bem recebido e conseguiu obter todo o respaldo necessário da diretoria para executar o seu melhor desfile. E deu certo. Conseguiu entregar um desfile digno em 2020 e levou o seu primeiro caneco para a escola.

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É fato que um carnavalesco não ganha carnaval sozinho, mas é responsável por grande parte do que se vê em um desfile de escola de samba. Queira ou não, Sidnei França marcou o nome dele na história da agremiação e é o carnavalesco responsável pelo primeiro e único título da Pompéia.

“Dos meus 2 aos meus 36 anos de idade, eu fui de uma mesma escola de samba, que é a Mocidade Alegre. Fui da ala das crianças, de adultos, fui para a diretoria da Solange quando ela assumiu, fiz parte da comissão de carnaval, diretoria carnaval até virar carnavalesco. Ganhei quatro campeonatos: 2009, 2012, 2013 e 2014 na Mocidade Alegre, fui para a Vila Maria e Gaviões e não deu certo. Ganhar esse último carnaval serviu para eu pensar que tenho a oferecer. Eu era um menino da Mocidade Alegre que quando saiu de lá, não conseguia me achar. Então, a Águia de Ouro me deu essa oportunidade de desenvolver um trabalho do jeito que eu gosto, com a calma que eu tenho, pesquisas, que acabou funcionando e teve o resultado esperado para todos. É honroso para mim saber que eu tenho o nome na história da escola como carnaval ganho no Grupo Especial. Tenho um carinho muito grande pela comunidade, que é uma escola familiar, organizada, disciplinada, de pessoas alucinadas pelo pavilhão. É uma comunidade muito engaja e dedicada com os propósitos. Ser coroado com o título e ver a emoção dessas pessoas na apuração, não tem preço. Pessoas da velha-guarda me agradecendo e falando que aguardou tanto por esse momento. Isso é espetacular”.

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Dentro do carnaval paulistano, é inegável que Sidnei França está na primeira prateleira dos carnavalescos. O artista já assinou doze desfiles e já tem 5 títulos no currículo. Em 2009, logo em sua estreia na comissão de carnaval da Mocidade Alegre, já venceu. Dentro disso, Sidnei pregou humildade e mostrou todo o seu amor à folia de São Paulo

“Eu cresci em escola de samba. Minha mãe era passista da Mocidade Alegre e eu acompanhava sempre. Minha primeira memória não é de festa de aniversário, viagens ou de escola, e sim dentro de uma escola de samba. A escola de samba está na minha construção. Quando eu voltava de férias da escola, minha redação era sobre carnaval. Eu olho pra Nenê, Peruche e Camisa, eu lembro da minha infância, porque eu comecei na Tiradentes. Na pandemia teve muitas lives e eles sempre me perguntavam se eu tenho vontade de trabalhar no Rio de Janeiro e eu falo que não. Minha identidade é muito paulistana e eu acho que tenho muito que fazer no carnaval de São Paulo. Então, se um dia eu não for mais carnavalesco, eu continuo sambista acima de tudo”.

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Conheça o desfile

Setor 1
“Oxalá interferindo a favor da humanidade. Oxalá é o senhor da criação e da vida. Diz a lenda africana, que o ar que nós respiramos, é o sopro da vida dado por Oxalá. Então, nesse setor, vamos mostrar Oxalá agindo na Terra a favor da paz. Ele encontra um planeta arrasado, caótica e começa a atribuir com suas qualidades de um ser supremo. Começa a derramar compaixão, empatia, esperança. Cada ala vai mostrando como Oxalá vai agindo para corrigir as mazelas da humanidade perdida”.

Setor 2
“Quando a gente chega no segundo carro, ele vem representando o amor de Oxalá pela natureza, porque ele criou a vida na Terra. Ele tem amor por sua própria criação. Por exemplo, visualmente falando, nós vamos ter muitos caramujos, que é um animal de Oxalá. É um animal lento, porque Oxalá é um orixá idoso, anda curvado e o caramujo é associado por ser lento e ter um casco nas costas. Vamos ter água, terra, fogo e ar, que são os elementos da natureza. Toda a questão da natureza, estará nesse segundo carro”.

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Setor 3
“Depois a gente sai dessa questão ampla da vida e do amor para começar de fato a entrar na maneira de como Oxalá é celebrado. Principalmente no Brasil e mais especificamente na Bahia. Vamos mostrar a Bahia como o portal do novo mundo. Os orixás juntos com os escravos chegaram no Brasil e formaram o candomblé. A gente mostra como a Bahia mostrou e ensinou a cultuar Oxalá. Também aparecem outros orixás. A história de Ogum com Oxalá, Iemanjá, Oxóssi, Iansã. Então, nessa terceira parte, vamos mostrar como Oxalá é visto no Brasil.

Setor 4
“Nesse fechamento do desfile, dei um tom mais crítico e social. A gente deixa de falar de natureza e passa a falar de hoje. Como o mundo está atualmente e como Oxalá pode ser a salvação. Vamos falar sobre intolerância religiosa, preconceito racial, discriminação de gênero. A gente começa a mostra ala por ala, que Oxalá é presente nos dias atuais nessa questão de corrigir uma sociedade que é doente. Vamos mostrar o público GLS, igualdade de gênero, a questão das pessoas que atacam os terreiros de candomblé e umbanda. Mostrar como Oxalá que é um orixá supremo e paciente, amoroso, cordial, pode agir a favor da humanidade hoje e quebrar esses preconceitos hoje.

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Ficha técnica

Alegorias: Quatro
Componentes: 1800
Dois casais mestre-sala e porta-bandeira
16 alas e quatro grupos cênicos
Diretor de barracão Raimundo – (Rai)
Decoração de fantasias – Jaqueline Meira