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Presidentes da Tijuca, Salgueiro e Tuiuti analisam posições de desfiles no Carnaval 2023

A equipe do site CARNAVALESCO ouviu os presidentes da Tijuca, Salgueiro e Tuiuti e os três analisaram as posições de desfiles no Carnaval 2023. Confira abaixo. * VEJA AQUI COMO FICOU A ORDEM DOS DESFILES

presidentes tijuca salgueiro tuiuti

Unidos da Tijuca, 4ª a desfilar no domingo (Presidente Fernando Horta)
“No fundo foi legal para a Tijuca, agora, colocação é isso aí, umas tem que desfilar domingo, outras tem que desfilar segunda-feira. E a Tijuca ela foi campeã desfilando no domingo, o negócio é a escola fazer um grande carnaval, e bola que segue. Aliás eu não tive nem a chance de sortear, porque sortearam na minha frente e já tiraram a bola máxima. Mas isso faz parte do jogo. Da minha parte, a escola vai fazer um grande carnaval e bola que segue. Eu sei que o domingo , pela contagem dos anos de carnaval, o domingo sai menos campeã, mas a Tijuca já foi campeã no domingo desfilando entre as primeiras.

Salgueiro, 5ª a desfilar no domingo (Presidente André Vaz)
“Eu acho que ficou bom, a gente sempre quer segunda, mas caiu domingo, a quinta escola, lado dos correios, vamos com tudo, estamos preparados. O dia que for o mais importante é a escola estar unida e fazer um carnaval a altura do Salgueiro”.

Paraíso do Tuiuti, 1ª a desfilar na segunda (Presidente Renato Thor)
“Na verdade, o Paraíso do Tuiuti é a sétima escola a desfilar na Marquês de Sapucaí. Somos a primeira de segunda-feira. Com certeza não vamos poupar esforços para conquistar nosso objetivo que é voltar ao desfile das campeãs. No último carnaval o Tuiuti não perdeu para ninguém, o Tuiuti perdeu para ela mesma, devido a alguns fatos acontecidos, mas estamos nos esforçando o máximo possível para que nós possamos acertar nos mínimos detalhes”.

Presidentes da Mocidade, Mangueira e Portela analisam posições de desfiles no Carnaval 2023

A equipe do site CARNAVALESCO ouviu os presidentes da Estação Primeira de Mangueira, Mocidade e Portela e os três analisaram as posições de desfiles no Carnaval 2023. Confira abaixo. * VEJA COMO FICOU A ORDEM DOS DESFILES

foto manga portela mocidade

Mangueira, 6ª a desfilar no domingo (Presidente Guanayra)
“A troca nos favoreceu bastante, é o que eu falei no início, é sorte né, no começo a sorte não estava muito boa, mas depois nós demos uma volta. Mangueirense gosta de encerrar o carnaval, de encerrar os dias. Já imagino aquele arrastão levando a Mangueira, Mangueira levando a galera”.

Portela, 2ª escola a desfilar na segunda (Presidente Fábio Pavão)
“O saldo é positivo, a gente queria desfilar na segunda-feira e conseguimos nosso objetivo mais uma vez, a Portela tem dado sorte nos sorteios, desfilando na segunda. Claro que a gente preferia, e todo mundo ou quase todo mundo preferia, desfilar no lado dos Correios, por isso a nossa intenção era ser ou terceira, ou a quinta de segunda, fomos a segunda de segunda, assim como a gente desfilou esse ano, nessa posição, e outras vezes também de forma recente. Toda vez que a gente desfilou segunda, a gente desfilou nas campeãs, e agora a gente vai fazer o nosso centenário, um desfile na segunda-feira para ser campeão. O último título de Renato Lage inclusive foi sendo a segunda escola de segunda, então é um local que várias escolas que desfilaram nessa posição já foram campeãs, e a Portela vai brigar para ser campeã também desse carnaval de 2023”.

Mocidade, 3º a desfilar no domingo (Presidente Flávio Santos)
“Não é o que queríamos, mas vamos brigar. Não ficou ruim também não, terceira. Era terceira ou quinta, preferia que fosse quinta, mas terceira tá bom também. Sendo domingo a gente vai brigar, vamos fazer um bom carnaval”.

Unidos da Ponte celebrará Mãe Meninazinha de Oxum com o enredo ‘Liberte nosso sagrado’

A Unidos da Ponte bateu o martelo para a sua temática do carnaval de 2023. A azul e branca levará para a Marquês de Sapucaí o enredo “Liberte nosso sagrado: o legado ancestral de Mãe Meninazinha de Oxum”, em que homenageia a saga contra o racismo religioso de uma das mais importantes Iyalorixás do Brasil. A narrativa celebra também a ligação da mãe de santo com a cidade de São João do Meriti, sede da Unidos da Ponte. A Unidos da Ponte será a segunda escola a desfilar na Marquês de Sapucaí, no sábado de carnaval, dia 18 de fevereiro de 2023, pela Série Ouro.

enredo ponte 23 2
Foto: Divulgação

O enredo desenvolvido pelos carnavalescos Rodrigo Marques e Guilherme Diniz, com a participação do pesquisador Tiago Freitas, contará a luta de Mãe Meninazinha que durou três décadas, para libertar a coleção de objetos sagrados que estava em poder do Museu da Polícia Civil e que foi transferida para o Museu da República, depois de uma campanha liderada por ela e várias lideranças religiosas de matriz africana. Antes dela, sua avó materna e mãe de santo, Iyá Davina de Omolu, já falava sobre a importância de libertar aqueles objetos sagrados apreendidos em batidas policiais, ocorridas durante o período do final do império até a Era Vargas.

A homenageada recebeu recentemente os carnavalescos no Ilê Omolu Oxum, onde revelou: “O Nosso Sagrado agora está em um lugar digno, sendo cuidado e tratado com respeito. O nosso próximo passo é organizar uma exposição no museu, a partir de nossa visão, além de criar um programa educativo para que as crianças sejam educadas sem preconceitos e mentiras a respeito do nosso povo”.

Junto dela, sua sobrinha biológica, Mãe Nilce de Iansã, coordenadora dos projetos sociais do terreiro e da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), reitera a importância de se preservar a memória e a cultura das comunidades tradicionais de terreiro e afirma: nós aprendemos desde muito cedo aqui no Ilê Omolu Oxum a preservar e cuidar da memória herdada de nossos ancestrais, pois temos aqui o Museu Memorial Iyá Davina, fundado em 1997, com objetos sagrados de nossa linhagem de axé, que datam desde o Século XIX e remontam a história do candomblé no Rio de Janeiro.

Leia abaixo a sinopse

Nossos caminhos se cruzaram em solos de São João de Meriti.

Nesse encontro desenhado pelo rei senhor da terra, Omolú, pedimos sua benção e proteção Mãe, para que nosso Carnaval de 2023 eleve o poder da voz doce da brandura e do respeito. Que esse lembrar da escuridão traga cura aos corações perdidos, para que assim tudo se erga num brilho de libertação.

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ANTES DO NASCIMENTO DE MÃE MENINAZINHA, O ORIXÁ DE SANTO DE SUA AVÓ, OMOLÚ, FEZ UM COMUNICADO AO POVO DE AXÉ: “AQUELA MENINA, FILHA DE OXUM, SERÁ A HERDEIRA E LIDER ESPIRITUAL DO TERREIRO”.

“Esse é o grande pai Omolú, foi por ele que estou aqui. Dizem que ele é o Deus da doença. Omolú, para mim, é o Deus da saúde. Ele é o nosso médico. Quando você está doente a gente recorre a ele. Ele é o Deus da saúde”.

A doença não é só do corpo, é também do coração.

No coração do homem triste sempre fez morada o desejo de prejudicar e oprimir as
minorias.

Ainda faz.

Ainda tem muita tristeza no coração dos homens.

“Desde a década de 20 que nós somos perseguidos, que nossas casas são invadidas, que nossos sagrados são quebrados, que nossos babalorixás ancestrais foram agredidos fisicamente e expulsos de suas casas pela polícia”.

“Naquela época, a polícia invadia os terreiros, quebrava tudo, pegava o que era de Orixá e levava aquilo que era nosso, no maior desrespeito. Hoje, são grupos de fanáticos que invadem os terreiros e também quebram tudo. Nós estamos sofrendo o que nossos ancestrais sofreram. Gente, isso dói dentro da gente, isso dói”.

E de repente se fez escuro.
Silenciaram o atabaque.
Invadiram o terreiro.
Arrancaram o fio de contas.
Quebraram a imagem do Orixá.
Levaram a cabaça, o ajerê, o ados, o abará e o ekó.
Queimaram saia, alaká, Iketê, ojá, zinguê e tudo.
Prenderam o sagrado de Axé.
Chegou a escuridão. Se fez o pranto.
A polícia bateu, prendeu e fichou: “praticante de magia negra”.
A lei para o povo preto fere até tirar o sangue.
Na diáspora local, higienizaram o centro da cidade do Rio de Janeiro.
Todo povo de axé foi afastado para o que chamavam de distante.

Então, na boca da mata, reuniram-se os filhos do choro.

Fez-se o vento e a chuva.

O anúncio no Orum de Yá Davina apontava estrelas para um novo tempo de axé:

LEVANTE OS OLHOS E VEJA A COROA DE OXUM
LEVANTE OS OLHOS E VEJA A COROA DE OXUM
LEVANTE OS OLHOS E VEJA A COROA DE OXUM

Ali na beira e nas margens verdejantes se fez o sol. O brilho chegou.

“Nós estamos aqui para lutar. Nós nos chamamos resistência, nós resistimos até agora e vamos continuar resistindo. Resistir, conforme nós estamos resistindo, vem através da união, independente de nação. É Ketu, é Jeje, é Angola, é Umbanda, todos nós juntos, vamos resistir. E nós vamos continuar. Enquanto vida eu tiver, eu vou continuar nessa minha fala e nessa minha luta. Enquanto eu viver vou lutar por essa
religião. Eu por ela não mato, mas eu morro”.

“Para eles acabarem com a religião eles teriam que acabar com a natureza”.

“Os orixás são elementos da natureza. Não se chega no mato para tirar uma folha e vai embora. A gente conversa com as folhas, com os matos, a gente conversa com a água, a gente conversa com a terra que pertence a Omolú. A gente conversa com a natureza. No quintal, a gente olha pra cima, olha pra baixo e a gente conversa e agradece, principalmente”.

Firmando o Ponto como Ponte de amor, todos eram filhos de um terreiro de chão batido.

Eram crias de Maria!
Iyá Maria do Nascimento Mãe Meninazinha d’Oxum.
Filha das águas.
Senhora da palha.
Herdeira do assentamento de Omolú: Num balaio de Salvador à Meriti.

Mãe da nação Ketu!
Mãe da nação meritiense!

Mãe da nação Ketu!
Mãe da nação meritiense!

TODO AQUELE QUE INICIA NO CANDOMBLÉ RENASCERÁ PARA UMA NOVA
VIDA.

“O candomblé é muito matriarcal. A presença da mulher é importantíssima, como mãe,
como filha e como acolhedora. A mulher representa tudo isso”.

Chegou um novo tempo de amor, luz e sabedoria:

LEVANTE OS OLHOS E VEJA A COROA DE OXUM

LEVANTE OS OLHOS E VEJA A COROA DE OXUM
LEVANTE OS OLHOS E VEJA A COROA DE OXUM

“Mãe, nós estamos aqui admirando a sua coroa. Orixá é maravilhoso. Orixá só nos
traz coisas boas. Eu sou feliz por ser de Orixá. Eu não poderia ser de outra religião, eu
tinha que ser de Orixá”.

EU VI A ESCURIDÃO, MAS TAMBÉM EU VI A CURA.
A ESCURIDÃO PRENDE. FERE. ROUBA.
A CURA PERDOA. DEVOLVE. RENASCE.
NÃO PRENDAM MAIS NOSSO SAGRADO.
NÃO INVADAM MAIS NOSSOS TERREIROS.

LIBERTEM SEUS CORAÇÕES DA DOR.
CANDOMBLÉ É ORIXÁ, É NATUREZA E AMOR.
NOSSO SAGRADO SÃO PEÇAS SAGRADAS DE NOSSOS ANCESTRAIS.
INVADIR O NOSSO SAGRADO,
A PARTE MAIS ÍNTIMA DE NOSSA VIDA,
É UMA DAS PIORES DORES.
QUANDO NOSSO SAGRADO ESTÁ PRESO,
NÓS TAMBÉM ESTAMOS PRESOS.

Eu vi a Coroa de Oxum porque o amor venceu.
Se firmou o Ponto como Ponte de amor.
Somos filhos da Mãe Meninazinha.
Mãe da nação Ketu
Mãe da nação Meritiense.

Carnavalescos: Rodrigo Marques e Guilherme Diniz
Texto: Tiago Freitas
Unidos da Ponte
Carnaval 2023

Sinopse do enredo da São Clemente para o Carnaval 2023

Enredo:  “O Achamento do Velho mundo”

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Era um dia quente e ensolarado na linda Pindorama! Naquele verão, Guaraci “Bola de Fogo” estava disposto a queimar a pele dos Tupis sem dó nem piedade. Mas acostumados a tanta luminosidade, eles lotavam a praia de Botafogo, aproveitando a exuberância do cenário. Seus corpos talhados, pintados e bronzeados compunham a paisagem do local, exibindo sua habilidade “pegando jacaré” na marola do mar. Os mais jovens deslizavam em suas canoas, enchendo de cor e vida o espelho d’água: “muiraquitã tatuado no braço, calção corpo aberto no espaço, coração. De eterno flerte”. Tupis de toda parte sempre vinham passar o verão na praia. O Porto de Pindorama se transformava no “point” da galera. Era feliz a gente desse lugar.

E tinha dança, tinha festa, harmonia, tolerância, azaração e respeito. Biscoito de polvilho e mate bem gelado; guaraná e suco de caju. Todos os dias celebravam, desde o nascimento de Guaraci até o surgimento de Jaci, brilhante e prateada no céu do lugar. Esses dois bailavam livres pelos ares do local ao som dos hits do momento. As tabas se iluminavam pra festejar a noite efervescente. Um paraíso de gente feliz e bem resolvida, que não queria guerra com ninguém.

Mas esse dia reservava uma surpresa: ao pousar sobre as infinitas águas, o grande rio espreguiçou-se em um mar de calmaria e tranquilidade. A serenidade perene se espalhou para além dos limites da gigantesca Pindorama e carregou consigo lindas canoas, remadas pelos filhos de Tupã, guiando-os ao desconhecido.

Tendo apenas Jaci e Guaraci como guias, após um tempo flutuando “de boa” pelo espelho d’água, treze canoas aportam numa terra estranha, desconhecida até mesmo pelo Cacique e pelo Pajé, que era seu “fechamento”.

Os Tupis viajantes desembarcam numa terra de nativos de pele clara e escondidos debaixo de vestes extravagantes. Eles pareciam ter suas verdades embrulhadas como uma casca de fruta. “Todo mundo vestido, mas que loucura!” – exclamou o Cacique espantado! A terra de hábitos estranhos e ocas de pedra arregala os olhos dos “embaixadores de Tupã”. Mas sem perder tempo, esperto que só, o Pajé envolve os nativos ofertando seus presentes trazidos nas canoas encantadas: colares, cocares, frutas, biscoito de polvilho, mate (patrimônio imaterial de Pindorama), biquíni de crochê, caça e pesca de boa qualidade, já pensando naquele “comes e bebes” maneiro, típico da praia de Botafogo.

O Pajé logo “desenrola” uma “Primeira Pajelança”, pra abrir os caminhos e limpar aquela aura estranha do Velho Mundo. E a arte e a generosidade dos Tupis encanta os nativos, que penduram nos pescoços os colares e reverenciam a nobreza da alma dos navegantes das canoas encantadas!

Ao contrário do que se possa imaginar, os bravos viajantes de Pindorama nada usurparam dos “pobres” nativos, inocentes, perdidos em seus “não me toques” e “rococós”. Os Tupis, de alma altiva e brilhante, contaram suas histórias em volta de uma fogueira no centro das ocas de pedra; lendas de bravura e amor; de sabedoria e respeito à terra e aos animais, aos espíritos da floresta e aos antepassados. Também “rolou” uma dança bem animada, onde os Tupis ensinavam os nativos a rebolar “daquele jeito”, quebrando tudo. Um pouco constrangedor no começo, mas tolerância e paciência são virtudes de Pindorama.

Num rito de celebração, os mestres pintaram nos corpos dos nativos seus temas e símbolos, abençoando aquela gente e aquela terra. E pintados, se fizeram iguais aos filhos de Tupã, numa só tribo. Sem preconceitos, felizes, dançando num baile animado ao som do “pancadão” dos hits que faziam sucesso no verão.

E o amor de Pindorama se espalhou pelos corações. Agradecidos, os nativos do Velho mundo entregam as chaves da cidade ao Cacique, que chefiava a caravana dos Tupis. Um gesto de generosidade que cabe a todo líder de verdade, que entende seu papel.

Uma grande Taba foi erguida à Tupã e o Deus maior tomou assento nos corações dos nativos, comemorando o dia do “achamento” do Velho Mundo. Parecia um dia de festa na praia de Botafogo, regada à guaraná e suco de caju. Nada desse papo estranho de “colonizar”. O povo de Pindorama era muito mais evoluído que isso nas ideias e no coração: eles fizeram foi um carnaval!

E essa história foi contada de geração para geração, mantendo viva a lenda dos filhos de Tupã que atravessaram o infinito azul, e ensinaram ao Velho Mundo que trocar generosidade vale mais que a ganância. Treze canoas guiadas pelo amor de Jaci e Guaraci, até os limites da imaginação.

Jorge Luiz Silveira
Carnavalesco

Baía de Todos-os-Santos é o tema do enredo da Unidos da Tijuca no Carnaval 2023

A Unidos da Tijuca definiu o tema do enredo que levará para a Marquês de Sapucaí no Carnaval 2023. A Baía de Todos-os-Santos, com toda a história que por aquelas águas navegam, será apresentada pela escola do Borel no domingo de carnaval, dia 19 de fevereiro de 2023.

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Foto: ANB/Divulgação

O presidente Fernando Horta esteve na Bahia nesta quarta-feira, 13 de julho, reunido com representantes da União dos Municípios da Bahia (UPB), da Câmara de Turismo da Baía de Todos-os-Santos (CTBTS), do Observatório da Baía de Todos-os-Santos e dos municípios que fazem parte da maior Baía do Brasil, para debaterem o tema.

– Quando chegou ao meu conhecimento que um dos enredos poderia ser a Baía de Todos-os-Santos, falei logo que era a minha preferência, sem antes ouvir os demais enredos. Sabia que o tema geraria muitas possibilidades visuais porque é uma história que tem muita informação, grande, complexa, rica, profunda e com camadas. Fiquei animado para mergulhar no tema ainda de forma recreativa, pelo prazer. Posso dizer que estou muito feliz com a confirmação do enredo. É difícil escolher algo de maior destaque. O que me chamou mais atenção foi a diversidade de assuntos, história, cultura e paisagem. Como todos esses elementos conversam entre si, acaba gerando algo que é muito peculiar: imagens, cenários, histórias com muita personalidade. Estou encantado e está influenciando diretamente no resultado visual. A energia que o tema traz é de felicidade – analisa o carnavalesco Jack Vasconcelos que desenvolverá seu segundo carnaval na agremiação.

A Unidos da Tijuca apresentará no dia 1º de agosto o título do enredo e a sinopse do tema. O encontro acontece às 19h30 na quadra de ensaios, localizada na Avenida Francisco Bicalho nº 47 – Santo Cristo e será transmitida nas redes sociais da agremiação.

Entrevista especial ‘Eleição no Salgueiro’: André Vaz apresenta propostas para a gestão salgueirense

O Salgueiro realiza no próximo dia 17 de julho sua eleição presidencial. A situação concorre com a chapa “Paixão Salgueirense”. André Vaz é o candidato para reeleição. Abaixo, você pode conferir uma entrevista com ele. O site CARNAVALESCO abrirá o mesmo espaço para o candidato da oposição, Thiago Carvalho (você pode ler aqui).

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Foto: Divulgação

Por que ser novamente presidente do Salgueiro?
“Ser novamente presidente do Salgueiro é para dar continuidade ao trabalho que a gente começou em 2018, com muita dificuldade. Assumimos a escola em dezembro de 2018 sem nada no barracão de material, repasse da Liesa com dois milhões e duzentos (mil reais) já repassados pra antiga gestão. Foi uma luta muito grande. Fizemos um carnaval, em nosso ponto de vista, muito bom, tanto é que voltamos nas campeãs. Depois veio pandemia, do nosso mandato de quatro anos, só dois carnavais que a gente idealizou, o carnaval de 2020 e 2022. Com muita dificuldade o de 2022, no meio de uma pandemia, um carnaval fora de época. Então é pra dar continuidade no trabalho pra que a gente possa nesses quatro anos aí fazer muito mais pela escola”.

Conta para gente qual é a história do André Vaz dentro do Salgueiro antes de virar presidente?
“A minha história começou no final dos anos 1980. Dali virou uma paixão muito grande pela escola. Todo ano desfilando, ajudando a ala montagem em 1995/1996 e no final dos anos 1990 me tornei presidente da ala paixão salgueirense. Fiz amizades, tive encontros marcantes, a paixão só aumentou. No começo dos anos 2000 já ajudava a diretoria da escola, participava de reuniões e de lá pra cá o laço André e Salgueiro só aumentou”.

O Salgueiro ficou 16 anos sem título e agora está há 13 anos. O que falta para o sonho décimo título?
“O Salgueiro teve muitos desfiles que foram campeões, mas infelizmente o título não veio. Pra mim, o título vai vir naturalmente. Estou montando um time cada vez mais forte que possa trazer esse título. Uma boa administração, contas em dias, funcionários e segmentos em dia, fornecedores em dia, isso tudo traz mais tranquilidade para que a cada ano que passe você colocar o Salgueiro no nível mais alto de desfile, com fantasias e carros alegóricos. Consequentemente, esse título vai vir”.

Uma das maiores escolas de samba do carnaval vive em conflito político. É possível o salgueirense acreditar que após pleito o clima será de harmonia e em prol da escola?
“Houve o conflito em 2018. Tinha que ter. A antiga gestão não respeitava o estatuto da escola. A gente sempre acreditou na nossa vitória, porque o estatuto tem que ser preservado. Por isso, houve conflito político. Hoje, o Salgueiro vive um momento completamente diferente. A pessoa que entender que pode ser candidato para presidência do Salgueiro pode montar chapa, não terá nenhum obstáculo, como tivemos em 2018. Para montar a nossa em 2018, nós sofremos muito. A antiga gestão não aceitava que segmentos ir falar com a gente, quem aceitasse era punido e cortada escola. Hoje, tem chapa de oposição que em nenhum momento foi oprimida, teve ameaças, pelo contrário, a gente preza a paz. Em 2018, teve que ter ação na Justiça, porque a gestão caminhava para 12 anos de gestão e o estatuto do Salgueiro é bem claro que você pode cumprir dois mandatos”.

Qual sua análise da equipe salgueirense para o ano que vem?
“A expectativa é a melhor possível. Já tínhamos um time forte, um time de segmentos fortíssimo. Trouxemos um carnavalesco que no nosso entender é um dos melhores do carnaval atual. Trouxemos um diretor de carnaval, o Julinho, que a gente acredita muito. A nossa diretoria está sempre dando estrutura para que eles possam, no desfile, exercer a melhor expectativa para que o Salgueiro venha muito bem na Avenida”.

Qual é o seu momento inesquecível dentro da presidência do Salgueiro?
“Meu momento inesquecível, na minha visão do Salgueiro é, com certeza, o ano de 2019. Quando a gente assumiu a escola em dezembro de 2018, faltando setenta e poucos dias para o carnaval, não tinha nada na escola. Não tinha material, não tinha nem dinheiro no banco e a Liesa já tinha repassado dois milhões e duzentos mil reais para a escola. E o momento inesquecível foi o desfile, quando a gente entrou ali no Setor 1, que a gente viu aquela festa na arquibancada, a torcida empolgada, a gente cantando o samba de 2019, “Xangô”, foi um momento que me marcou muito, que eu jamais vou esquecer”.

andre vaz salgueiro

O que você pensa ou projeta fazer de obra na quadra em mais um mandato?
“Em relação a nossa quadra a gente sempre projeta melhorias. Hoje estamos finalizando, se Deus quiser, daqui a uns 15, 20 dias, a obra no barracão, a qual tinha que acontecer e, consequentemente, daqui a pouco vamos fazer umas reformas na quadra, nos banheiros, piso do segundo andar, no corredor dos camarotes. Deixar a quadra cada dia que passa mais confortável pra que a gente possa levar artistas de nome e receber nosso público com tranquilidade nos camarotes, lá embaixo, receber convidados, patrocinadores. Esse é nosso objetivo; todo ano ter uma projeção pra quadra. Vamos dividir os investimentos entre quadra, barracão e a escola, para que a gente possa manter as contas equilibradas”.

O lado social é fundamental para uma escola de samba. O que melhorar para comunidade e claro lá no morro do Salgueiro?
“Quando se fala de Salgueiro, consequentemente você fala do social. A ideia é sempre melhorar, oferecer projetos para que a comunidade desfrute. Já temos um centro médico hoje que atende mais de mil pessoas por mês. Junto com o social da vila olímpica trazer a comunidade para dentro da nossa vila olímpica, dentro da nossa quadra. Quando se fala de Salgueiro temos que lembrar onde tudo começou que foi no Morro do Salgueiro. Temos que fazer vários projetos no morro, projetos de dança, com os profissionais que a gente já tem e projetos de esporte também para que o Morro do Salgueiro seja beneficiado junto com a escola”.

O que o salgueirense pode esperar da Vila Olímpica?
“Foi o que a gente mais teve dificuldade na nossa gestão. A gente pegou uma vila olímpica interditada e conseguimos, no ano passado, fazer um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) e agora conseguimos, junto com o governo do estado a liberação de uma verba para que a gente possa reformar nossa vila olímpica. A partir daí alcançar coisas boas, trazer nossa comunidade, as crianças, a terceira idade. Então acho que a gente vai fazer uma gestão diferente na vila olímpica. Vão ter profissionais capacitados em cada setor para que a gente possa levar estrutura para essas crianças e para a terceira idade. E, também trazer parceiros porque com certeza você trabalhando bem o social, a vila olímpica, tem empresas que só investem no social. A expectativa é essa, fazer um trabalho diferenciado para que essas empresas possam viabilizar nosso projeto tanto de professores, de aulas, de tudo para que a comunidade seja beneficiada nesse projeto. Então o salgueirense pode esperar muita coisa boa na vila olímpica porque esse é nosso foco”.

Na área de shows no Salgueiro o que você quer fazer no futuro?
“Cada mês que passa procurar trazer grupos famosos, pessoas famosas para que possam abrilhantar nossa quadra junto com novos parceiros. Existem grupos aí que para você trazer, só com uma parceria, então, a gente trabalha nisso. Para que o Salgueiro sempre esteja com vários eventos grandiosos para que a gente possa trazer parceiros, outro público, para que eles venham conhecer a quadra do Salgueiro e apra que a gente possa estar transformando a nossa quadra em uma casa de show. Esse é o objetivo. Buscar sempre melhorias para que a gente possa trazer shows e parceiros que possam nos ajudar muito no nosso carnaval”.

Por fim, qual mensagem você deixa para os sócios que podem votar dia 17 na eleição salgueirense?
“A mensagem que a gente deixa para o dia 17 é que as pessoas avaliem nossa gestão desde dezembro de 2018. Uma gestão diferenciada na qual a gente procurou fazer tudo de bom para a escola. Pegamos um momento complicadíssimo, pegamos a escola em dívidas, com o poder público, no primeiro ano, afastado do carnaval. O Governo do Estado ajudou, a prefeitura veio ajudar quando nosso atual prefeito assumiu. Foi muito complicado os quatro anos que nós tivemos. Desses quatro, dois anos parados com a pandemia. Então a gente procurou ser o mais sincero possível, o mais transparente possível para os nossos sócios. Eles sabem disso. As pessoas que frequentam as assembleias viram o que o Salgueiro arrecadou em todos os sentidos, seja quadra, boutique, bar, shows, repasse da Liesa, repasse da Rede Globo. O que a gente leva é que os sócios avaliem esses quatro anos e que, se Deus quiser, vão estar presente domingo lá (na quadra) para eleger a Chapa 1 por mais quatro anos à frente da nossa escola Acadêmicos do Salgueiro”.

Acadêmicos do Tatuapé homenageia a cidade de Paraty em 2023

A cidade da Flip, da arquitetura colonial, do Caminho do Ouro, da natureza exuberante, Patrimônio da Humanidade, da gastronomia criativa, dos caiçaras, indígenas e quilombolas é, também, do Carnaval paulistano. Paraty, no litoral fluminense, é o enredo da Acadêmicos do Tatuapé para 2023.

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Foto: Divulgação

“Tatuapé Canta Paraty. Patrimônio da Humanidade!” foi anunciado pelo próprio prefeito da cidade, Luciano Vidal, nesta terça-feira (12), após uma reunião com representantes da agremiação. No vídeo divulgado em conjunto com a escola, o prefeito exalta os títulos da cidade histórica: “Hoje, a cidade é criativa em gastronomia, patrimônio mundial, cultura e biodiversidade”, introduz.

Paraty, sua cultura e a biodiversidade tornaram-se o primeiro sítio misto brasileiro com o título de Patrimônio Mundial em 2019. O reconhecimento pela Unesco considera a cultura viva do local, que é diferente de um sítio arqueológico. A cidade equipara-se em valor histórico e ambiental, por exemplo, a Machu Picchu, no Peru.

Ainda antes, em 2017, Paraty entrou para a Rede de Cidades Criativas, também da Unesco, por conta da gastronomia. O destaque vai para a farofa de feijão, prato típico local e essencial para os tropeiros do Caminho do Ouro.

“Nosso objetivo, a cada ano — e não vai ser diferente neste ano, com a parceria, com o apoio e a confiança de vocês — é fazer sempre o melhor desfile da nossa vida. E neste ano, vamos fazer, mais uma vez, com a graça de Deus e com o apoio de vocês”, diz Eduardo Santos, um dos presidentes da Acadêmicos do Tatuapé no vídeo de anúncio, ao lado do prefeito da cidade homenageada.

Elenco para 2023

“Tatuapé Canta Paraty. Patrimônio da Humanidade!” vai contar com o mesmo elenco do Carnaval SP 2022. A agremiação renovou todos os artistas e profissionais envolvidos no último desfile e segue, portanto, sem alterações.

Carnaval SP 2023

Com uma homenagem à cidade de Paraty, no Rio de Janeiro, a Acadêmicos do Tatuapé vai disputar seu terceiro título de campeã do Carnaval paulistano e é a 2ª escola a desfilar no sambódromo do Anhembi no dia 17 de fevereiro, sexta-feira, primeira noite do grupo Especial. Você já pode garantir um lugar nas arquibancadas no lote promocional de lançamento. Acesse www.clubedoingresso.com

Inocentes de Belford Roxo divulga sinopse e samba fica nas mãos de Claudio Russo

A Inocentes de Belford Roxo definiu novamente que o compositor Claudio Russo definará a parceria para confecção do samba-enredo “Mulheres de barro” para o Carnaval 2023. A escola não realizará disputa de samba na quadra. Este será o quinto ano que ele recebe a missão dada pelo presidente Reginaldo Gomes.

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“Só tenho que agradecer a confiança e a amizade do presidente Reginaldo Gomes e do presidente de honra Rodrigo Gomes. Mais uma vez, irei me dedicar para fazer um samba bonito, valente e emocionante, como o belíssimo enredo merece. Tenho que agradecer também, a comunidade que em todos esses anos abraçam minhas obras e atravessam a avenida cantando com muita alegria”, disse o compositor Claudio Russo.

A Inocentes será a oitava agremiação a desfilar, no Sábado de Carnaval, no Sambódromo, em 2023, na Série Ouro da Liga-RJ, com o enredo “Mulheres de Barro”, do carnavalesco Lucas Milato e enredista Leandro Thomaz, que fala sobre as paneleiras de Goiabeiras, de Vitória, Espírito Santo. Grandes mulheres artesãs, que produzem panelas de barro. Confere abaixo a sinopse.

JUSTIFICATIVA

A missão da Inocentes de Belford Roxo, enquanto escola de samba e entidade cultural, é mostrar a verdade do Brasil para o brasileiro, levando-o a perceber sobre o seu país aquilo que está além do que o senso comum é capaz de compreender. Assim, a Caçulinha da Baixada vai apresentar uma das muitas histórias perdidas na nossa vasta imensidão cultural e territorial, que merecem reconhecimento por parte de seu próprio povo: AS MULHERES DE BARRO.

As Paneleiras de Goiabeiras são mulheres artesãs que herdaram o saber de confecção das panelas de barro de suas ancestrais. Esse saber, passado de geração a geração, é um conjunto de técnicas milenares, de pelo menos 2500 anos, oriundas dos povos originários habitantes da região de Vitória, no Espírito Santo, os Tupi-Guarani e os Una. A história dessas mulheres é um cartão-postal da região de Goiabeiras Velha, que ficou famosa pela divulgação e exportação das tradicionais panelas de barro e da moqueca capixaba, iguaria que só alcança um alto nível de qualidade gastronômica e de representatividade cultural quando cozinhada em uma feita por elas.

O texto de nossa sinopse é uma mensagem às mulheres artesãs do Brasil. Nela reproduzimos o diálogo de uma paneleira com uma trabalhadora do carnaval da Inocentes de Belford Roxo. Nossa ideia é a de que as histórias dessas mulheres, nascidas em lugares distintos, são complementares. A artesã da escola reconhece a sua própria luta na luta da paneleira, que também se reconhece na luta da artesã. Elas moldam materiais diferentes, mas que resultam na mesma criação de vida. Nosso enredo é uma grande homenagem a essas mulheres, artistas-trabalhadoras, que dão sentido à própria vida, entre a força e a fragilidade, na maleabilidade do barro.

SINOPSE

Eu preciso falar de um Brasil que aprendi a moldar com as minhas próprias mãos. Nos caminhos do tempo, nossas ancestrais nos ensinaram a recriar o nosso pequeno grande mundo através do barro. Sempre me disseram que o homem veio de lá, sabe? Eu tenho muito orgulho de ser artesã da matéria-prima da criação, de onde surgiu a existência humana. Do barro, tudo se cria, ganha vida. Nessas linhas que cortam os meus dedos, moça, eu guardo as linhas do tempo. Quando ainda era pequena, eu me dei conta da importância desse ofício. Ah, como eu me lembro. Sentada à beira da calçada, nessa mesma rua de Goiabeiras, minha velha me abraçou com as mãos pintadas de argila e os olhos banhados de sentimentos, e com as palavras um pouco arrastadas pelo tom da emoção, me contou sobre a arte das primeiras artesãs. Lá por outras curvas do tempo, quando a natureza moldava o ciclo da vida, havia um povo em comunhão com a sua terra, que do próprio chão retirava o sustento e a arte. Herança una e tupi-guarani. Do trabalho das artesãs indígenas, a sabedoria da arte da cerâmica se moldou às mãos pretas, calejadas pela escravidão no nosso país, e desde então, geração a geração, foi passada até os dias de hoje. Povos de força, que mesmo com a chegada dos invasores portugueses, fizeram o legado resistir. Somos filhas da natureza, e a ela retribuímos o nosso dom.

A minha vida eu ganho assim desde nova, ‘tá’ vendo? Tudo aqui é feito do fundo do peito, e cada parte do processo revela um pouquinho do que eu sou. Eu nasci dentro de uma panela de barro e passei a enxergar o mundo através dela. A minha essência vem do Vale do Mulembá, de onde extraímos as lágrimas da terra. Emerge do solo o início de uma trajetória de reflexão, muito esforço e suor. As mãos experientes rasgam o chão. O corpo grita, mas a alma vibra. No espelho do Vale, eu vejo refletida a nossa luta. Paneleira que é paneleira sabe a qualidade da matéria só pelo toque. Eu posso ouvir a argila escorrendo sobre os meus poros, moça. Ela não pode ser nem muito fina, nem muito grossa. Desse jeito aqui, consegue sentir? Logo depois, os barcos viajam pelas águas dos manguezais capixabas. Eles passam o dia todo lá. Da casca do Mangue-Vermelho, vem a cor da nossa obra. Na modelagem, o barro ganha corpo sob os meus olhos, mas esse movimento aqui a gente chama mesmo é de puxada. É a minha verdade que se desenha sobre uma peça pronta para tomar forma. O que eu faço é complemento de meu corpo, parte de mim. Após o sonho ganhar molde, o calor do astro-rei se encarrega de secar as novas peças, e depois é a vez de fazer o polimento. Com as pedras de rio, encontradas às margens das águas doces, as impurezas e as más energias ficam de lado. Depois dessas etapas completas, montamos a fogueira para o açoite. É o momento onde as chamas terminam de esculpir os últimos acabamentos da nossa obra. Falando assim parece até rápido, ‘né’, moça? Mas é tempo que leva, viu. E tem mais: todo esse conhecimento é representação do que somos. Constituímos uma grande árvore do saber, onde você tem que regar as raízes, se conectar a elas, para que os frutos se multipliquem.

A panela de barro é o símbolo da minha terra, senhora. Qualquer pessoa aqui é capaz de se reconhecer nela. Nosso povo é assim: orgulhoso, festeiro, sabe? É lindo de ver a cultura que sai em cortejo pelas ruas de Goiabeiras Velha. A identidade em movimento do território que abriga a nossa esperança. Cultura viva em êxtase. Todo sexto dia de janeiro, a bandeira da Folia de Reis passa de casa em casa trazendo muita benção para as nossas famílias. Um pouco antes, no dia do nascimento do Deus menino, “São Benedito vai abrindo meu caminho”. A fé em nossas vozes acompanha a banda de Congo, que leva o nome do maior tesouro de Goiabeiras: Panela de Barro. A gente louva para lembrar quando um grupo de pretos, sufocados pelas águas da escravidão, se salvou agarrado a fé e a imagem de São Benedito. Você precisa ver a alegria desse povo quando o nosso boi Estrela passa. Ele vem saudando os moradores ao som das toadas interpretadas pelas cantadeiras, mas a estrela da nossa celebração é mesmo a panela de barro. Na Festa das Paneleiras, convidamos pessoas de todo lugar para ver de perto o nosso trabalho. Música, arte e poesia dão o sabor da tradicional moqueca capixaba. ‘Cê’ já experimentou? Eu te garanto que igual à daqui ninguém encontra não. Como disse uma vez um jornalista: “moqueca é capixaba, o resto é peixada”. Olha, essa terra traz tanta memória boa. Eu lembro que, antigamente, em época de carnaval, voltávamos do Barreiro em um caminhão. É porque era muita gente, e muita coisa, sabe? Na volta, enquanto estávamos passando na rua, desfilava também o bloco dos Barreiros, que hoje em dia é escola de samba. A gente cantava as músicas de carnaval vestidas de alegria e pintadas de barro, e o povo acenava como se fosse um grande carro alegórico. Eu me sentia uma colombina de barro, menina! No fim das contas, o que parecia sujo virava fantasia também. Era uma festança só!

Mesmo com toda essa história que te contei, moça, tem gente que ainda tenta tomar o que é nosso e não reconhece o verdadeiro valor das paneleiras. Isso aqui é como se fosse religião, o nosso dom nos faz sacerdotisas do barro. Tempos atrás, todas nós fazíamos as panelas em nossos quintais, no coração de nossas casas, mas com a modernização aqui da área, o fluxo de venda se transformou também. Cada vez mais compradores queriam conhecer o nosso produto, e aí ficou difícil, ‘né’? A gente precisava lutar por melhores condições de trabalho, e fazer com que a nossa arte fosse tratada com o respeito que ela merece. Olha, não foi fácil. Por muitas vezes, tentaram anular a nossa trajetória e tomar nosso Vale, mas paneleira não tem medo de defender o que é seu não. A gente fazia barulho mesmo. Com as bênçãos da nossa Banda de Congo, manifestamos por justiça, levando nas mãos cartazes e clamores por dias melhores. Fomos buscar apoio, porque o nosso bem precisava e precisa sempre ser preservado. Atrás de toda panela de barro, existe uma paneleira, uma mulher guerreira, que faz do seu trabalho uma expressão direta do coração. É por amor que dedicamos nossas vidas a essa arte. Enquanto moldamos o futuro, resistimos contra a ignorância. Eu luto para que essa gente que tenta nos diminuir lembre que ninguém tem o direito de passar por cima de um saber que é patrimônio vivo. Somos uma família envolta em laços de sangue e de barro: avós, mães, filhas, amigas que choram, vibram, trabalham umas pelas outras. Foi a partir dessa cumplicidade que erguemos nossa associação, e com ela, o Galpão das Paneleiras. É o templo do nosso ofício, onde nos sentimos em casa, e abrimos as portas para todas as artesãs que constroem o Brasil com as marcas das pontas dos seus dedos. E assim, nós deixamos tatuadas no tempo as nossas identidades. Afinal, imagina quantos sonhos e lutas cabem na palma das mãos. Sou instrumento da arte assim como você. O meu galpão é extensão do seu barracão de escola de samba, onde ganham vida as fantasias. Da mesma forma que eu me enxergo em suas alegorias, você consegue ver o reflexo da sua arte em minha panela de barro. Juntas faremos história no dia-a-dia e em noite de Carnaval.

Olha, antes de você ir embora, leva contigo esse pedacinho de papel que eu trouxe com um poema rabiscado, que é ‘pra’ você mostrar a todo o povo de Belford Roxo e também sempre lembrar desse nosso encontro.

“Todo capixaba tem um pouco de beija flor no bico
Uma panela de barro no peito
Uma orquídea no gesto
Um cafezinho no jeito”
(Elisa Lucinda)

Enredo: Lucas Milato e Leandro Thomaz
Texto / fala: Berenice Correia, Jecilene Correia, Lucas Milato, Leandro Thomaz e João Francisco Dantas.
Pesquisa e desenvolvimento: Lucas Milato, Leandro Thomaz, João Francisco Dantas e Caio Araujo.
Revisão: Rosa Maria Leandro
Agradecimentos: Jamilda Bento (Historiadora), Valdemiro Sales (Mestre da Banda de Congo Panela de Barro), as Paneleiras de Goiabeiras, e toda a população capixaba!

‘Tem a história da obra do Arlindo e a ligação dele com a escola’, diz Alex de Souza sobre homenagem que o Império Serrano levará para Sapucaí em 2023

Passado o carnaval de 2022 e a conquista incontestável da Série Ouro, que deu acesso ao Grupo Especial, o Império Serrano anunciou para 2023 o enredo “Lugares de Arlindo”. Apresentado pelo carnavalesco Alex de Souza em conjunto com o diretor de carnaval Wilsinho Alves e toda a equipe de direção de carnaval da escola, o enredo traz a trajetória artística de Arlindo Cruz e carrega esse nome, porque a sua obra “O Meu Lugar”, irá nortear o desfile. * LEIA AQUI A SINOPSE DO ENREDO

sinopse imperioserrano
Foto: Walter Farias/Site CARNAVALESCO

“É um enredo sem muita firula. Esse enredo tem a história da obra dele e a história da ligação dele com a escola. Eu acredito que será um enredo que terá muita emoção e eu quero isso mesmo. Eu quero ver aquela emoção de fã aparecendo. Essa emoção com certeza vai existir e é engraçado que eu li a sinopse mais ou menos pronta para Babi e ela se emocionou, depois me deu a garantia de que eu estava no caminho certo”, disse Alex para o CARNAVALESCO.

Mas mesmo sem firulas, o Império apresentará com muita poesia a trajetória artística de Arlindo. Até mesmo porque, não seria possível homenagear um poeta, sem apresentar a poesia. Arlindo também está tendo seu lado amigo e companheiro pensado e sendo desenvolvido pela equipe imperiana. A respeito disso, o diretor de carnaval da escola, Wilsinho Alves, exemplifica o pensamento comum entre carnavalesco e direção de carnaval.

“Esse enredo é uma sinopse dos lugares que moldaram o Arlindo. Não necessariamente lugares físicos, mas lugares da emoção, da fé… esse ano o Império Serrano vai incorporar na avenida. Lá no sorteio do desfile, quando eu vi a Grande Rio perto da gente, eu fiquei bolado, mas depois eu pensei que, na verdade, nós temos tudo para fazer o maior desfile da história do Império Serrano. Como a Grande Rio fará um desfile espetacular também, eu acredito que faremos uma abertura de desfile espetacular… imagina só se o Império e a Grande-Rio resolverem revolucionar e apresentar desfiles que conversam?”, comenta Wilsinho.

Assim, Alex e Wilsinho pediram aos compositores da escola que para disputa do samba, estejam inspirados pela emoção característica nas composições de Arlindo e que não esqueçam que o trabalho terá como base a famosa canção “O Meu Lugar”, que é considerada pelo próprio Arlindo a sua maior inspiração.

“Antes da entrega dos sambas, quero lembrar a vocês mais uma vez que ‘O Meu Lugar’ é a base desse enredo, mas é um enredo que vai pincelar diversas outras obras e canções dele. Vamos mostrar a Madureira que ele fala, mas não vamos deixar de passear pelo Cacique, pelo subúrbio e pela própria história”, lembra Alex de Souza.

Deste modo, os interessados em participar da disputa do samba deste ano deverão ter em mente que a escola aceitará no máximo seis compositores por samba e as datas ficaram estipuladas assim:

Datas para tirar possíveis dúvidas sobre o enredo e os sambas: 26 de julho, 2 de agosto e 9 de agosto;
Data para entrega dos sambas: 18 de agosto às 22 horas na quadra do Império Serrano;
Data do início da disputa: 20 de agosto (em conjunto com a feijoada da escola);
Data final: Ficou em aberto, mas a direção de carnaval informa que haverá no máximo sete datas e pretende ter o samba definido até o final de outubro.

Presidente da Superliga faz balanço do Carnaval 2022, abre as portas para a Santa Cruz desfilar e projeta melhorias na Intendente Magalhães

A Superliga Carnavalesca realizou na noite da última terça-feira o sorteio da ordem de desfiles das Séries Prata e Bronze do carnaval carioca 2023. Antes da definição da ordem dos desfiles, duas plenárias com os representantes das escolas foram realizadas, nelas foram escolhidos os pares e algumas regras do sorteio. A indefinição ficou por parte da Acadêmicos de Santa Cruz, rebaixada da Série Ouro em 2022, a escola não enviou representantes e por enquanto não desfila no próximo carnaval.

presidente clayton superliga
Foto: Luan Costa/Site CARNAVALESCO

Ficou definido que as agremiações desfilarão no dia 24 de fevereiro (sexta) e 25 de fevereiro (sábado) de 2023. Assim como em 2022, as escolas da Série Prata buscarão duas vagas para o acesso à Marquês de Sapucaí. Para equilibrar a disputa, novamente haverá uma campeã por dia, sendo assim, a campeã de sexta e a campeã de sábado sobem para Série Ouro em 2024. A quantidade de escolas rebaixadas não foi definida.

Em entrevista ao CARNAVALESCO, o presidente da entidade, Clayton Ferreira, fez uma avaliação dos desfiles deste ano, segundo ele, foi um ano muito bom e as escolas que subiram fizeram por merecer, ele ainda fez questão de enaltecer o regulamento, para ele, ao ter uma campeã por dia o resultado fica mais justo.

“Balanço muito positivo, muito positivo mesmo, é a gente teve desfiles maravilhosos, tivemos problemas, claro, se não tiver problema na Intendente Magalhães não é Intendente, nós tivemos problema de som, as escolas que desfilaram na da Série Prata principalmente dando muito problema com chuva e foram muito prejudicadas, e o regulamento que alguns não entendiam acabou que serviu, porque as escolas foram julgadas dentro do mesmo parâmetro, mesma régua, aquelas escolas que desfilaram na sexta-feira tiveram o mesmo nível de avaliação do que as escolas de sábado, é um balanço muito positivo acredito que ganhou as melhores escolas principalmente, aquelas da Série Prata que ascenderam a Sapucaí, fico feliz com a falta do Arranco e fico feliz também com a Jacarepaguá que sempre sempre faz bons carnavais. Foram duas escolas que mereceram, passaram firmes, suas comunidades merecem. E nos outros grupos a mesma coisa”, pontuou o presidente.

serie bronze ordem2023

Projetando o próximo carnaval, Clayton prometeu melhorias na Intendente Magalhães, principalmente na sonorização, uma das principais queixas das escolas, ele ainda confirmou a TV Alerj na transmissão dos desfiles e contou ter o projeto da criação da TV da Superliga em andamento.

“Agora, a gente começa um novo ciclo, um novo projeto para 2023. Sempre melhorias na Intendente é possível. Assim, quando me fala, qual o principal problema na Magalhães? Item som. Porque assim, é por fazer igual falha pra outra, ele prejudica uma escola, prejudica a harmonia, o campeonato dessa escola. Então, o item número um é melhorar a qualidade de som da Intendente Magalhães, com certeza é isso. Isso vem sendo conversado, tenho certeza que serão feitas melhorias e mais uma coisa, a Superliga esse ano pro Carnaval 2023 estará junto à empresa responsável, a gente quer isso, estar junto com a empresa, será contratada para montagem e oferecimento de equipamentos de Magalhães, para nós também podermos opinar sobre aquilo. A TV Alerj vai continuar a transmissão, continuará com uma grande parceira para transmissão desse canal aberto e também pela internet, e nós pretendemos inaugurar a TV da Superliga, esse é um projeto que a gente tem também para 2023”, disse Clayton.

serie prata ordem2023

A grande polêmica da noite ficou por conta da Acadêmicos de Santa Cruz, contrariada com o resultado do carnaval deste ano, a escola não se filiou a Superliga e consequentemente não enviou representantes para o sorteio, porém, o presidente Clayton afirma que a vaga da agremiação está em aberto e que ainda é possível que ela se filie.

“A questão da Santa Cruz é que ela não se filiou, ela ainda pode filiar, só que não foi tirada a bola dela por uma interpretação no nosso campo jurídico de que como a gente não teve procuração para representar nós não poderíamos retirar bola, mas se ela quiser ela voltará, tem um dia que tem uma vaga ainda e aí a gente vai levar pra plenário, se vai ser, qual é a posição de ordem do desfile dela, se é a primeira ou se é a última”, finalizou o presidente.