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Dom Bosco de Itaquera encanta Anhembi com enredo repleto de magia

A Dom Bosco de Itaquera encantou no carnaval de 2025 com o enredo “O Circo Místico das Ilusões”, assinado pelo carnavalesco Fábio Gouveia.

O coreógrafo da comissão de frente, André, destacou o trabalho intenso da equipe para apresentar uma coreografia marcante.

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“Avalio nosso desempenho de forma muito positiva. Estamos nesse processo desde junho e montamos um grupo novo, cheio de energia. É meu primeiro carnaval na Dom Bosco, e viemos preparados com uma coreografia belíssima e figurinos incríveis, desenvolvidos pelo João Elson. Além disso, a maquiagem impecável do Everton deu o toque final. Acredito que tudo tenha saído conforme o planejado, e estou muito feliz com o resultado”, disse.

O carnavalesco Fábio Gouveia celebrou a oportunidade de imprimir uma nova identidade artística na escola.

DomBosco2025 CarnavalescoFabioGOuveia

“Quando fui convidado para fazer esse carnaval, ouvi que a Dom Bosco buscava renovação, uma assinatura artística própria. Algumas pessoas veem isso como um desafio, mas hoje eu uso essa missão como uma grande resposta. Meu objetivo era transformar essa vontade da escola em um desfile impactante, e acredito que conseguimos. Foi um trabalho árduo, mas a entrega da comunidade foi essencial para esse resultado”, afirmou.

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À frente da bateria, o mestre Bola exaltou o empenho da equipe e comemorou a performance.

“Sinto um enorme dever cumprido. Foi uma preparação intensa, com ensaios técnicos e muitas reuniões para ajustar cada detalhe. Sou sempre muito crítico com o meu trabalho, sempre quero mais, mas hoje posso dizer que estou satisfeito com a nossa bateria. O ritmo veio forte e bem executado”, analisou.

DomBosco2025 MestreBola

O casal de mestre-sala e porta-bandeira também deixou a avenida com a sensação de missão cumprida.

“Ensaiamos muito para esse momento. Não só nós, mas todos os casais que passaram por essa pista nesses dias se dedicaram intensamente. O cansaço existe, mas a satisfação de ter entregado um grande trabalho compensa qualquer esforço”, declarou o mestre-sala Léo.

Sua parceira, a porta-bandeira Mary, compartilhou do mesmo sentimento.

DomBosco2025 PrimeiroCasal

“Foi uma longa jornada de ensaios e preparação, e hoje saio da avenida extremamente grata. Demos o nosso melhor e conseguimos concretizar tudo aquilo que planejamos. É uma alegria enorme”, afirmou.

O presidente Padre Rosalvino demonstrou emoção no final do desfie ao conversar com o site CARNAVALESCO.

“Sinto uma emoção imensa. Dom Bosco sempre nos ensinou que a alegria deve reinar nos corações, e nós conseguimos transmitir isso na avenida. O Carnaval é sinônimo de felicidade, e ver nossa comunidade realizada depois desse desfile é a maior prova de que cumprimos nossa missão”, destacou o presidente Padre Rosalvino.

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Com uma apresentação lúdica e carregada de magia, a Dom Bosco de Itaquera mostrou sua força e vontade de evolução no cenário do carnaval paulistano.

Buscando retornar ao Grupo Especial, Tom Maior faz grande desfile com emoção no final

A Tom Maior reeditou o samba-enredo de 2009: “Uma nova Angola se abre para o mundo! Em nome da paz, Martinho da Vila canta a liberdade!”. A vermelho e amarelo fez uma apresentação contagiante no Anhembi. Os segmentos da escola acompanharam com muita emoção a chegada da escola na dispersão.

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Yascara Manzini

“É extenuante, porque é uma roupa linda e é uma coreografia muito forte, muito pesada. É de fato uma coreografia com elementos africanos e afro-brasileiros. Acho que foi muito bom. A gente fez em 40 minutos, bastante tempo de pista dançando uma coreografia tão forte e eu espero que o público tenha gostado. O momento em que aparece a bandeira de Angola, o próprio Ganga, eu acho que todos os elementos da comissão foram muito bem pensados. Para pensar essa nova Angola, essa reconstrução, esse lugar de uma criança que morre na guerra e que se encontra em outro lugar para ver a sua nação reconstruída. A comissão de frente que passou em 2009, foi o start para essa comissão de hoje, porque era uma comissão muito doída. Quando tinha aquele momento em que eles abriam um pano e tinha uma criança que a gente pressupunha que ela tinha morrido. Eu sempre fiquei pensando numa criança dentro da guerra com tanta morte, com estupros, sem possibilidade de pensar no futuro”, afirmou Yascara e seguiu.

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“E a história nasce daí, exatamente, dessa criança que morre, que chega numa outra dimensão, um ‘ganga’, um ancestral, que começa a apresentar para essa criança uma angola antes da chegada do homem branco, antes dos problemas que vieram junto com o colonizador. Apresenta os elementos e traz a cura para essa criança, que se desloca no tempo e vê Angola hoje, aquela escultura que tem no Monumento da Paz em Angola, e vê que Angola também está sendo celebrada no Brasil, na Tom Maior. A Tom Maior é uma escola que te dá muita possibilidade de fazer um excelente trabalho. Ela cumpre o que ela quer. Eu sou coreógrafa, mas eu também sou acadêmica, sou pesquisadora de estética africana há mais de 30 anos. Então é uma alegria que pela primeira vez na minha vida eu tive a oportunidade de juntar a minha vida acadêmica com o meu conhecimento como coreógrafa. Então eu saio muito feliz e realizada.”

Mestre Carlão, também presidente

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“No ano passado nós tivemos um resultado que não esperávamos. A escola entrou cotada para ficar entre as primeiras e tivemos problemas sérios de evolução. Esse ano foi um trabalho árduo em um grupo diferente e fizemos o máximo possível. Podem ver a nossa plástica: um carnaval grande para o grupo. Acredito que nós tenhamos feito o que o público estava aqui esperando, que é um grande espetáculo, um samba bom, e uma escola muito emocionante. Me sinto honrado. Honrado por Deus, honrado pelos Orixás, honrado por tudo. Nós conseguimos fazer um carnaval de acordo e estou feliz. É bom demais (novamente comandar a bateria com o samba sobre Angola) porque o samba é bom, a bateria trabalhou bastante e fizemos um grande conjunto de samba e bateria.”

Érica Ferreira, diretora de carnaval e de harmonia

“Não foi só por nós estarmos reeditando o enredo de 2009, mas foi realmente um processo de reconstrução, de renascimento da escola, de autoestima, de união, de realmente trabalharmos juntos. É que tem clichê, mas aquela coisa de ninguém largar a mão de ninguém. Durante o processo nós viemos tranquilos. Quando foi para sair e tirar o Abre-alas, deu uma empacada aqui na dispersão e não conseguíamos desacoplar o carro.”

Gilsinho, intérprete

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“Achei sensacional. A arquibancada veio junto com a gente, cantou junto. Achei que a escola se comportou muito bem, cantando bem, evoluindo bem. Mas é esperar o resultado pra ver como é que foi. O samba é todo muito bom. Samba muito bem construído, samba alegre, pra cima. Eu gosto do samba inteiro. Pra gente funcionou tudo muito bem. A sensação é de que a gente vai subir, se Deus quiser.”

Mestre-sala

“A gente caiu (ano passado), que eu acredito que seja de forma injustamente. Esse desfile é pra mostrar do que a gente é capaz, que a gente é grande, que a gente pode voltar. E a nossa dança foi como nossa escola: grandona. Tudo muito bem executado, muito bem ensaiado. Graças à diretora Érica, que botou a escola ensaiado desde muito tempo atrás, ninguém entendia o porquê, mas todo mundo viu aí o resultado. É isso. A sensação é de dever cumprido. Eu acho que a Tom Maior fez a lição de casa bem feitinha. A gente ensaiou muito, muito, muito. Enquanto tinha escola em setembro começando a ensaiar, a gente já estava fazendo ensaio de rua.”

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Porta-bandeira

“A gente trabalhou bastante desde abril e tudo que a gente ensaiou e propôs a gente executou. Foi maravilhoso, maravilhoso. Eu gosto muito do nosso desenho coreográfico. Tirando a nossa emoção, que a gente se emociona bastante, deu tudo certo. Olha, a sensação de, independente da nota, que eu acredito que vai vir, é de dever cumprido mesmo. Tudo que a gente propôs, a gente fez. Então, assim, foi um trabalho bem executado.”

Coreógrafos do Tuiuti comentam sobre a comissão de frente esperada: ‘potente, significativa e necessária’

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Edifranc Alves e Claudia Mota são coreógrafos da Comissão de Frente do Paraíso do Tuiuti Foto: Carnavalesco

A Paraíso do Tuiuti abordará a história de Xica Manicongo, considerada a primeira travesti escravizada do Brasil. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, a renomada dupla de coreógrafos, Claudia Mota e Edifranc Alves, falou sobre a equipe da comissão de frente e a importância de sua representatividade na abertura do desfile do Tuiuti.

Claudia enfatizou a relevância da colaboração entre os coreógrafos e o carnavalesco Jack Vasconcelos.

“Nossa parceria com o Jack é 100%. Somos um trio muito unido e conectado. O Jack é uma pessoa extremamente sensível, e valorizamos essa sensibilidade, especialmente em um enredo tão significativo, potente e necessário como este. Ele possui essa característica de forma muito intensa, e nossa convivência é sempre harmoniosa. O Jack é generoso e compreende as necessidades do coreógrafo, da equipe e do elenco. Ele entende o que precisamos para evoluir na produção da Comissão. Fazer uma coreografia envolve diversos aspectos, e este enredo destaca, principalmente, a relação com as pessoas. Notamos que todo o barracão está empenhado, desde a presidência até a portaria, em fazer deste desfile um momento histórico, e isso tem sido possível, graças a Deus”, declarou Claudia Mota.

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Comissão de Frente do Paraíso do Tuiuti Foto: Carnavalesco

O coreógrafo Edifranc também abordou a importância da iluminação cênica, que a cada ano se torna uma inovação no sambódromo e um aspecto crucial para as Escolas de Samba.

“A iluminação do sambódromo é um recurso maravilhoso que possibilita às escolas crescerem artisticamente e cenicamente diante dos jurados. Estamos utilizando ao máximo esse recurso para compor nosso trabalho, e o resultado será extraordinário. Vocês ficarão surpresos!” afirmou Edifranc Alves.

Atualmente, os tripés se tornaram elementos fundamentais nas comissões de frente, muitas vezes possuindo a largura de um carro alegórico. Edifranc comentou sobre a relevância desse componente na comissão.

“Hoje em dia, os tripés são um elemento essencial, um componente indispensável nas comissões de frente. É difícil imaginar uma comissão sem eles. Portanto, sua importância é imensa!” ressaltou Edifranc.

Todo ano, os foliões ficam ansiosos para descobrir o que esperar da comissão de frente, especialmente da Tuiuti, que nos últimos carnavais tem mostrado uma aula de emoção na Sapucaí.

“Esse enredo é magnífico, já nasceu grandioso, importante e potente. Temos um elenco excepcional, que inclui bailarinas trans e bailarinos cis, todos incríveis. Estamos explorando ao máximo os elementos que eles podem nos oferecer e esperamos entregar um trabalho de grande excelência e emoção. Vocês vão se surpreender”, concluiu Claudia Mota.

Pixulé: A Voz da Tuiuti que Encanta e Faz História no Carnaval

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Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

Pixulé é um renomado intérprete de samba-enredo brasileiro. Com uma carreira que se estende por mais de três décadas, ele iniciou sua trajetória no mundo do samba como integrante da bateria da Leão de Nova Iguaçu. Ao longo dos anos, passou por diversas agremiações, destacando-se como intérprete principal em escolas como a Inocentes de Belford Roxo, Alegria da Zona Sul, Império da Tijuca e Império Serrano. Em março de 2023, foi anunciado como o novo intérprete do Paraíso do Tuiuti para o Carnaval de 2024, permanecendo na escola para o Carnaval de 2025, onde irá cantar o samba-enredo sobre Xica Manicongo.

Pixulé concedeu uma entrevista ao CARNAVALESCO, na qual compartilhou suas expectativas para o Carnaval de 2025 no Paraíso do Tuiuti e sua experiência ao interpretar esse samba.

“Representa tudo na minha vida. É um samba maravilhoso, embora seja desafiador de ser cantado, mas sem dúvida, é um dos melhores sambas que já tive a oportunidade de cantar ao longo da minha carreira”, afirmou ele.

Perguntamos a ele sobre a sinergia que estabelece com o mestre Marcão. Sua resposta foi repleta de elogios:

“Perfeita, perfeita! É um sincronismo maravilhoso. Eu e o mestre Marcão nos entendemos apenas com um olhar; não é necessário mais nada.”

Pixulé acredita que, no dia do desfile, o público estará ansioso para vivenciar esse momento na Sapucaí.

“O povo está aguardando por este samba. Já no ensaio técnico, o público estava presente, todos esperando, não apenas pelo Paraíso da Xica Manicombo, mas também pelo samba-enredo que permeia a alma de todos ao longo dos anos!”

Ele ainda compartilhou uma experiência desafiadora que enfrentou: no primeiro ensaio técnico, veio com uma proposta mais andrógina e sofreu um certo preconceito.

“Algumas pessoas, inclusive algumas do meio do samba, foram preconceituosas comigo. Foi um momento delicado e complicado!”

Quando questionado sobre a repercussão da avaliação da equipe de carro de som no quesito harmonia, ele destacou a grande responsabilidade que isso traz.

“É uma responsabilidade imensa. É um momento em que não podemos errar. Precisamos atuar de forma coesa na avenida. A carga recai sobre o cantor! Temos uma equipe, um carro de som que trabalha conosco, e sem ele, o cantor não se sustenta. Como dizia minha falecida mãe, a gente vive pra isso. Essa responsabilidade se amplifica ainda mais com essa avaliação de harmonia. Vamos ver o que acontece.”

Elenco da Unidos de Vila Maria celebra desfile grandioso

A Unidos de Vila Maria realizou seu desfile no Sambódromo do Anhembi com o enredo “O Planeta Terra pede socorro. É tempo de renovar e preservar!”, assinado pelo carnavalesco Eduardo Caetano. A escola mostrou uma comunidade unida e empenhada em conquistar a sonhada volta ao Grupo Especial.

VilaMaria2025 Torcida

O diretor de carnaval Queijo celebrou o envolvimento de todos no projeto.

“Nós estamos muito felizes, os diretores se envolveram, os chefes de ala, a comunidade toda se dedicou. Quando a escola acredita no projeto, o resultado aparece. Estamos muito contentes e esperamos que terça-feira possamos sair daqui ainda mais felizes com essa volta para o lugar de onde nunca deveríamos ter saído”, afirmou.

A comissão de frente, comandada pela coreógrafa Taiana, entregou um espetáculo emocionante.

VilaMaria2025 Comissao

“Esse ciclo foi maravilhoso, intenso. Sabemos que, ao assumir uma comissão de frente, abrimos mão de muitas coisas da vida pessoal para nos comprometermos ao trabalho. Foram de oito a dez meses de ensaio para cumprir uma proposta desafiadora. Trouxe dois elencos, um cênico e um coreográfico, e foi um processo muito prazeroso. Hoje, minha estrela maior, meu Jorginho, brilhou no céu e esteve comigo nesse momento. Ele sempre dizia: ‘Mamãe, já deu certo’. E foi por ele que segui. Poderia ter parado, mas escolhi continuar porque ele amava o carnaval e queria me ver feliz criando e coreografando. Esses 19 artistas abriram mão de suas vidas por meses, e sou imensamente grata a cada um deles. Eles merecem todo prestígio, sou apenas a condutora”, declarou emocionada.

No carro de som, o intérprete Clayton exaltou a entrega dos cantores e da comunidade.

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“É um sentimento de felicidade estar de volta a essa escola maravilhosa, agora como intérprete oficial. O que posso dizer sobre hoje é que nosso carro de som veio perfeito, superou as minhas expectativas. No início do ciclo 2025, confesso que estava meio triste, mas hoje eles mostraram firmeza e arrebentaram. Fora o canto da comunidade, que veio muito forte. Como disse desde o começo: não era para cantar, era para gritar o samba, e eles atenderam”, celebrou.

“É uma sensação de êxtase, uma explosão de alegria. Valeu a pena cada esforço. Lutamos muito pela nossa escola, vivemos intensamente essa jornada, e hoje demos mais um grande passo rumo ao nosso objetivo”, destacou o presidente Adilson.

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O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Kawe e Nathalia, também compartilhou a emoção da apresentação.

“O trabalho não foi fácil. Todos sabem que, ao assumir o primeiro casal oficial, a atenção da diretoria e da comunidade se volta para nós. Chegamos agora à Vila Maria, que vinha de um histórico de notas baixas no quesito. Então, a cobrança foi grande para que entregássemos um desempenho impecável e conquistássemos a nota 40, que a escola precisa para subir. Trabalhamos intensamente e conseguimos realizar o que planejamos”, afirmou Nathalia.

Kawe complementou: “Estamos satisfeitos. Vamos esperar que nosso trabalho tenha sido bem avaliado pelos jurados. São cinco anos de dedicação, enfrentamos falhas de figurino, desconfiança, mas sempre entregamos o nosso melhor. Hoje, tivemos um desempenho excelente e espero que isso se reflita na avaliação”.

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O mestre de bateria Moleza destacou o compromisso dos ritmistas em buscar a excelência. “Você vê pelo sorriso dos músicos que tudo saiu conforme ensaiamos. Eles se comprometeram e cumpriram sua missão. Repetimos as bossas, fizemos nossas apresentações para os jurados dentro dos critérios exigidos. No Grupo de Acesso 2, os jurados comentaram que não ouviram algumas cuícas, então trabalhamos para corrigir isso. Também ajustamos a dinâmica dos repiques. Pegamos esses apontamentos como aprendizado e trabalhamos até o último momento para garantir um desfile impecável, com o regulamento embaixo do braço e buscando as notas que nossa escola merece”, explicou.

Com um desfile consistente e técnico, a Unidos de Vila Maria reforçou sua determinação em retornar ao Grupo Especial.

Independente Tricolor aposta em desfile técnico para tentar retornar ao Grupo Especial

Terceira escola a desfilar na noite do Grupo de Acesso I do carnaval de São Paulo, a Independente Tricolor fez um desfile correto para tentar retornar à elite do samba paulista. O enredo foi “Gritos de Resistência”. Ao final da passagem da tricolor, seus segmentos da se mostraram satisfeitos com o resultado final.

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Jeff Antony, mestre-sala da Independente

“Nossa passagem foi super tranquila. Conseguimos cumprir com tudo aquilo que nós ensaiamos aqui durante todos esses meses. E a gente sai com um dever de missão cumprida. Eu acho que foi muito bom, tanto para mim quanto para a Thaís. A gente conseguiu cravar todos os jurados e o andamento também foi bem tranquilo. A parte de um minueto, que a gente forma um X, eu acho um momento bem legal da coreografia, porque a gente mostra bem a nossa interação”, afirmou o mestre-sala. E continuou.

“Durante o desfile, com o calor excessivo que está fazendo, a gente fica bem preocupado, porque a fantasia é uma fantasia bem fechada. Mas com os treinos, com o nosso condicionamento em dia, a gente consegue superar. É uma sensação de dever cumprido, porque só a gente sabe o que a gente passa aqui. Quantas madrugadas ensaiando, se dedicando e quando a gente sai da avenida com esse sentimento é um sentimento maravilhoso que a gente sabe que a gente se dedicou e todo aquele sacrifício que a gente colocou em cada ensaio valeu a pena.”

Thais Paraguassu, porta-bandeira da Independente

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“Uma noite bem quente, além da nossa roupa também ser quente. Mas a gente tem um truque, a gente molha aqui dentro da roupa, então tá tudo certo. Graças a Deus não teve vento, então a gente conseguiu fazer a apresentação dos quatro jurados com perfeição, exatamente como a gente tinha ensaiado. A gente sai muito feliz que conseguimos passar tranquilamente a avenida. A parte da coreografia que eu mais gosto é o que a gente chama de X, que é logo quando a gente abre o pavilhão e a gente faz um minueto, em que cada um vai para um lado. É a parte que eu mais gosto e deu tudo certo. Sensação de dever cumprido por ter feito um trabalho maravilhoso, tanto nos ensaios e principalmente no desfile.”

Chitão Martins, intérprete da Independente

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“Acho que a escola veio bonita. Independente é uma escola muito técnica na pista. Ali no recuo, passou todo mundo cantando, todo mundo evoluindo bem, a arquibancada respondeu ao nosso samba, acho que isso é bem legal. Agora é aguardar o resultado terça-feira, estou com a expectativa muito boa e confiante pra gente voltar no sábado das campeãs. A gente conseguiu até acrescentar coisas que não estávamos ensaiando. A gente fez um ensaio de estúdio na semana passada, em que fizemos uma brincadeira no refrão do meio de pergunta e resposta e funcionou legal. Acho que a ala veio bem, veio cantando forte, veio com alegria, contagiando… A gente está forte e confiante no resultado.”

Edgar Júnior, Coreografo da comissão de frente da Independente

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“É uma sensação maluca de passar essa faixa amarela final com a sensação de dever cumprido. Um time maravilhoso, uma estrutura maravilhosa da escola também, então graças a Deus, deu tudo certo. A cena do parto, da lei do ventre livre, que a gente trouxe para a avenida, do nascimento do primeiro negro livre… Levantou o público, levantou a galera, então eu acho que foi um momento alto do desfile. Nossa concentração foi de forma tranquila, maravilhosa, e durante o desfile também, passando com muita garra, muita energia, força e muita concentração, graças a Deus. A sensação é de gratidão, e de expectativa, de ano que vem, estar no ano especial, esse é o sentimento.”

Mestre Cassiano, da Independente

IndependenteTricolor2025 MestreCassiano

“Quando passa a última linha amarela aqui, é a sensação de dever cumprido. A gente está vendo na pista tudo que aconteceu, tudo que rola dentro da bateria e vendo a empolgação da rapaziada. O ano inteiro ensaiando, se dedicando bastante para chegar aqui, fazer o melhor sorrir da risada e contagiar o povo. Eu acho que a gente fez o nosso melhor, com certeza. E se Deus quiser, vem a nota, a escola volta ao grupo especial e vamos por tudo. Acho que o refrão do meio foi o nosso destaque. A gente faz uma bossa afro ali, com pausa. Acho que é o ponto alto da bateria. Eu tô há sete anos já como mestre de bateria. Eu acho que é um dos primeiros anos que eu desfilei tão tranquilo assim. Acho que foi tudo certo.”

Zamboni, diretor geral da Independente

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“Foi um desfile técnico, alegre. A escola veio muito bem na Avenida. É uma forte candidata ao título do Carnaval 2025. Coesa, com os departamentos todos funcionando. Graças a Deus, um desfile perfeito. Na minha ótica, não vi problema algum. Foi um ano difícil, um ano que a gente veio de uma queda. Não é fácil. Você que está no especial é outra estrutura. Mas graças a Deus, a nossa comunidade hoje deu a resposta na Avenida. Era o que a gente esperava. A escola veio tecnicamente perfeita. Eu sou uma pessoa que observo muito ala por ala, carro por carro, e não vi problema algum.”

Diretor de carnaval da Mocidade promete desfile emocionante, futurista e reflexivo

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‘É uma Mocidade com cara de Mocidade’, diz diretor de carnaval sobre desfile de 2025

O CARNAVALESCO conversou com o diretor de carnaval da Mocidade Mauro Amorim  sobre a sensação de voltar à escola onde começou sua carreira, a parceria com os carnavalescos Márcia e Renato Lage, o enigmático enredo e a relação com a comunidade da escola. O resultado, você confere abaixo.

Você foi diretor de carnaval pela Viradouro, Imperatriz e agora, em 2025, retorna à Mocidade, que foi a escola onde você começou, como integrante da equipe de harmonia. O que representa estar na sua escola do coração?

“Cara, eu sou um felizardo no carnaval por ter trabalhado nessas duas grandes empresas (Viradouro e Imperatriz), não são só escolas. Eu aprendi ali a estrutura de Carnaval, gestão de pessoas, gestão de Carnaval. Eu aprendi tudo ali. Hoje, eu consigo, na Mocidade, voltando para casa, depois de 10 anos muito distante, matar saudade de casa.”

A pressão é maior, tem um sentimento diferente?

“É complicado, mas é muito bom chegar no bairro em que você nasceu, que você cresceu. Meu pai, que não é ligado a Carnaval, hoje ligou para mim e falou: ‘O pessoal aqui da rua tá todo mandando um abraço para você. Eles querem saber quando você vai aparecer’, porque eu já não consigo aparecer lá na correria de Carnaval. É diferente porque tem esse contato muito próximo com a tua vida de infância, tem o contato com uma vida inteira.”

Como está sendo o trabalho com a Márcia e o Renato, agora só o Renato?

“O Renato é um ídolo. A primeira vez que eu pisei na quadra da Mocidade, ele foi campeão em 1996. Eu era moleque para caramba. Márcia era uma pessoa fenomenal e uma artista brilhante. Ela tinha uma energia ímpar. É bom demais poder estar perto dos meus ídolos.”

 O que esperar do desfile da Mocidade de 2025, em termos de alegorias e fantasias?

“Hoje eu até usei esse jargão, que parece muito clichezão, mas é uma Mocidade com cara de Mocidade, com uma assinatura visual muito forte do Renato. As pessoas que vão lá ao barracão olham e ficam muito felizes, porque estão vendo ali Renato e Márcia ilustrados no nosso trabalho.”

O enredo fala de futuro, tem uma preocupação socioambiental e menciona a estrela guia, o Cruzeiro do Sul. Explique essa proposta.

“Nosso enredo é um manifesto do bem, onde a gente não está aqui no tom de crítica, a gente está aqui no tom de que o futuro que a gente sempre sonhou chegou. O que que a gente faz de agora em diante? É máquina? Ser humano? É uma grande reflexão. A gente vai mostrar na Avenida grandes pontos de reflexão dessa tecnologia que a gente sempre sonhou, que é contemporâneo, que é o mundo que chegou hoje em dia. O que que a gente faz de agora em diante? Está tudo bem? Não está? A gente quer que o povo do Carnaval e principalmente o mundo veja nosso desfile e reflita um pouquinho. Vai ser emocionante.”

O independente sonha e sempre quer mais. O que você pode prometer para o independente de 2025?

“Um desfile de muita emoção. A escola adota uma postura pela primeira vez de 100% de alas da comunidade. Todas as fantasias são doadas para a comunidade. Vai lá, ensaia com a gente o período todo e olha o tamanho que tá a escola. Nos nossos ensaios, a gente teve que redimensionar muita coisa e replanejar muita coisa por causa do volume de gente frequentando os ensaios. Isso é muito bom. Ter a nossa comunidade forte, unida e acreditando no nosso projeto é maravilhoso. Dá uma estrutura de trabalho, dá uma segurança de trabalho para chegar aqui na avenida, que é muito grande”, finalizou Mauro.

‘Emoção estar aqui pelo Milton e pela Portela’: Portelenses contam expectativa para desfile oficial

À medida em que os dias se aproximam do desfile oficial, uma enorme expectativa
toma conta do coração portelense. A responsabilidade dupla de ser a última escola
a entrar na Avenida, feito que não ocorre desde 2006, e homenagear Milton
Nascimento, faz com que torcedores e integrantes da comunidade Azul e Branca
vivam uma ansiedade crescente.

Glória Ângela, de 72 anos, conta que a paixão pela Azul e Branca vem de outros
carnavais. Ela desfila desde 1973, mas garante que a emoção deste ano será
diferente, afinal, serão duas paixões num só desfile.

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Glória Ângela, de 72 anos, desfila desde 1973 Foto: Carnavalesco

“Eu adoro o Milton, ele é da minha época. É muito importante falar de Milton
Nascimento, porque ele é um ícone da nossa música popular brasileira e merece
todo o apoio e todas as homenagens, principalmente porque é uma figura ainda viva
na nossa história. É uma responsabilidade enorme tanto para a comunidade da
Portela quanto para a diretoria preparar um carnaval à altura dele e, principalmente,
para encerrar com chave de ouro o Carnaval do Rio de Janeiro”, confiante, disse
Glória.

A paixão pela Majestade do Samba e pelo rei da MPB vem de berço e atravessa
gerações. É o caso do garçom Cristiano Luiz do Nascimento, de 42 anos, que vai
desfilar na agremiação pela segunda vez. O amor pelo Carnaval e por Milton
Nascimento veio da mãe, que não estará presente na Avenida devido a uma cirurgia
no joelho. Para ele, a emoção é ainda maior.

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Cristiano Luiz do Nascimento, de 42 anos, vai
desfilar na agremiação pela segunda vez Foto: Carnavalesco

“A minha família acompanhava ele, e eu aprendi desde cedo a gostar muito. É uma
responsabilidade dupla para nós. Não é só por ele, mas pela Portela. É uma escola
22 vezes campeã, família e que está homenageando um rei da música brasileira. É
uma maravilha. A minha mãe é fã do Milton, portelense e não está aqui por causa
da cirurgia. É uma emoção estar aqui pelo Milton, pela Portela e por ela”, afirmou o
componente.

Para muitos, a homenagem ao artista também será um protesto e uma forma de
reafirmar o protagonismo da música popular brasileira. Isso porque no início do mês,
Milton foi a Los Angeles, nos Estados Unidos, para disputar o Grammy ao lado da
cantora norte-americana Esperanza Spalding, com quem gravou um álbum. Em um
post nas redes sociais, a artista revelou que a produção do evento negou uma
cadeira para que o brasileiro ficasse na área vip da cerimônia.

No Instagram, Esperanza repudiou a ausência do cantor e compartilhou a foto de
um cartaz que fez questão de segurar ao longo da premiação. O protesto foi
replicado pela comissão de frente da Portela durante o ensaio técnico na Marquês
de Sapucaí, no último domingo.

“Então, foi recusado a Milton um lugar nas mesas para a cerimônia deste ano. Isso
não me agradou. Não estou falando de uma vitória no Grammy. Estamos
comemorando a gloriosa vitória de Samara Joy, estou falando de uma cadeira física,
aqui nesta mesa em que estou sentada. Estou brava por essa lenda viva não ter
sido considerada importante o suficiente para sentar entre as pessoas da lista A”,
disse a artista.

Após a recepção, a equipe de Milton decidiu deixar a premiação. O caso
rapidamente viralizou nas redes sociais, e entre a comunidade de Oswaldo Cruz e
Madureira não foi diferente. Para Yuri Segantini, de 32 anos, desfilante pela primeira
vez na Azul e Branca, o sentimento foi de revolta.

“Para a gente, fica uma impressão ruim pelo fato da recepção que ele teve. É bom
para o brasileiro perceber e dar importância ao artista nacional, porque gostam
muito de valorizar artistas de fora do país. É importante valorizar a nossa música
popular brasileira e os artistas da casa, porque, às vezes, lá fora eles não recebem
a devida importância que tanto merecem”, comentou Yuri.

Por outro lado, os portelenses reafirmam o papel do enredo em ressaltar a
importância de Milton Nascimento e a relevância da música popular brasileira, como
comentou o componente Kléber Gonçalves, de 29 anos.

Kleber Goncalves
Kléber Gonçalves

“O desfile da Portela vai fazer jus à importância dele. O portelense sairá em defesa
dele, com certeza. O Milton é um artista que faz muita diferença em nosso país.
Acredito que o que fizeram com ele no Grammy foi uma sacanagem, porque ele é
um grande músico, antigo, e que precisa ser respeitado”, enfatizou.

Com fantasias caprichadas e canto poderoso da comunidade, Vila Isabel encerra a segunda noite de desfiles com leveza

A Unidos de Vila Isabel foi a última escola a pisar na Avenida durante o segundo dia de desfiles do Grupo Especial. A apresentação da azul e branca foi satisfatória, com fantasias que se destacaram pelo capricho, criatividade e ótimo uso das cores. O conjunto alegórico teve um bom acabamento, mas algumas soluções do carnavalesco Paulo Barros não causaram o impacto esperado no público, especialmente pelo uso repetitivo de certos efeitos especiais, que geraram uma sensação de déjà vu ao longo do desfile.

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Inspirada no universo do terror e das assombrações, a escola transformou a Marquês de Sapucaí em um verdadeiro Trem Fantasma, apostando em uma estética sombria e recursos visuais marcantes. No entanto, a apresentação não foi isenta de imprevistos. A comissão de frente enfrentou dificuldades com o drone, que caiu em duas exibições, comprometendo parte do impacto da encenação. Já o casal de mestre-sala e porta-bandeira, com uma bela fantasia, teve sua apresentação prejudicada por uma corrente de vento que acabou enrolando a bandeira em uma das cabines.

Apesar dos desafios, a Vila Isabel desfilou com garra. Os componentes cantaram com muita empolgação do início ao fim, ajudando a escola a entregar um desfile bem construído e vibrante. A escola encerrou sua apresentação com um tempo total de 77 minutos.

Comissão de Frente

A Comissão de Frente da Unidos de Vila Isabel no Carnaval de 2025 foi coreografada por Alex Neoral e Marcio Jahú. A apresentação trouxe o tema “O Homem que Enganou o Diabo… Virou Assombração!”, inspirado na lenda de Jack Lanterna, uma figura popular do Halloween. Segundo a tradição irlandesa, Jack Mesquinho foi um homem que enganou o Diabo diversas vezes para evitar pagar sua conta. No entanto, ao morrer, foi rejeitado tanto pelo céu quanto pelo inferno, sendo condenado a vagar eternamente com uma lanterna feita de abóbora iluminada por carvão em brasa.

A encenação destacou a figura do Diabo, representando seu poder infernal e a maldição lançada sobre Jack. Para reforçar o clima sombrio, um tripé representando o inferno acompanhou a coreografia, criando um cenário visualmente impactante e alinhado ao enredo da escola.

A primeira apresentação foi excelente, com todos os efeitos previstos funcionando perfeitamente, incluindo o uso de fogo e drone, recurso também adotado por outras escolas neste ano. Na segunda cabine, a performance transcorreu de forma correta, mas, no final, a abóbora (drone) caiu, o que impactou diretamente a exibição seguinte, já que o equipamento subiu e voltou a cair. Apesar dos imprevistos, a última apresentação transcorreu sem problemas, garantindo um desfecho positivo para a comissão.

Mestre-sala e porta-bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Unidos de Vila Isabel foi formado por Cristiane Caldas e Marcinho Siqueira. A dupla representou a proteção dos passageiros do Trem Fantasma da escola, vestindo uma fantasia inspirada no Olho Grego, um amuleto conhecido por afastar o mau-olhado e atrair boas energias. Também chamado de “Olho Turco” ou “Nazar”, esse talismã tem origens antigas e atravessou diferentes culturas, sendo amplamente associado à proteção contra influências negativas. O figurino do casal foi um dos mais bonitos apresentados este ano.

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As apresentações alternaram momentos de excelência com outros de preocupação. A dança foi bastante coreografada e executada com muito vigor pela dupla. No entanto, houve imprevistos: na primeira cabine, uma pequena dobra na bandeira chamou a atenção. Já na segunda cabine de julgadores, uma corrente de vento atrapalhou o desempenho de Cris, resultando no enrolamento da bandeira e comprometendo a apresentação. Apesar disso, o casal manteve a elegância e concluiu sua participação com garra e dedicação.

Enredo

O enredo “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece!” foi desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Barros. A escola transformou a Marquês de Sapucaí em um grande Trem Fantasma, levando o público a uma viagem pelo imaginário popular das assombrações, misturando o medo e a diversão do universo do terror. O enredo, criticado no pré carnaval passou de forma coesa e com uma proposta bem clara, inclusive com referências à Câmara Cascudo. Porém, não houve aderência do público, que reagiu de forma passiva à apresentação.

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O desfile começou com um gigantesco Trem Fantasma invadindo a Avenida, convidando a plateia a embarcar nessa jornada assustadora. A cada setor, novas “estações” revelavam diferentes criaturas do folclore e do imaginário coletivo, como fantasmas, almas penadas, bruxas, lobisomens e figuras icônicas do terror, tanto do Brasil quanto de outras culturas. Entre os destaques estavam personagens como o Boitatá, o Curupira, o Bicho-Papão, além de lendas urbanas e histórias macabras.

A Vila Isabel brincou com os medos de infância e as superstições populares, trazendo um desfile visualmente interessante, com alguns efeitos especiais e referências cinematográficas, ao melhor estilo Paulo Barros. O enredo também destacou a influência do Halloween e a forma como o medo pode ser transformado em entretenimento.

Alegorias e Adereços

A Unidos de Vila Isabel desfilou em 2025 com seis alegorias, todas inspiradas no universo do terror e das assombrações, transformando a Avenida em um verdadeiro Trem Fantasma. Cada carro contou com efeitos especiais que reforçaram a assinatura do carnavalesco. No entanto, alguns desses efeitos acabaram se repetindo ao longo do desfile, gerando uma sensação de déjà vu e não causando o impacto esperado no público. Ainda assim, o acabamento das alegorias foi correto, apresentando poucas falhas visíveis.

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O Abre-Alas, intitulado “Embarque nesse Trem da Ilusão”, representava uma locomotiva sombria repleta de caveiras e fantasmas, remetendo aos brinquedos de parque de diversões, o melhor momento foi a presença de Martinho da Vila como o grande maquinista. O efeito sonoro emitido pela alegoria nos primeiros setores do desfile foi muito alto, sendo difícil ouvir o samba. Em seguida, veio “Fogo do Boitatá e Vento de um Saci-Pererê”, com um grande Boitatá incandescente na dianteira e um Saci em meio a um redemoinho na parte traseira.

A terceira alegoria, “A Noite dos Vampiros”, trouxe uma ambientação gótica com caixões, morcegos e figuras vampirescas, evocando o clássico imaginário dos vampiros. Já “Quem Tem Medo de Bicho-Papão?” representou os medos infantis, com um grande quarto onde sombras e criaturas assustadoras ganhavam vida. O desfile seguiu com “O Caldeirão Vai Ferver!”, reunindo personagens como bruxas, zumbis, espantalhos e outras figuras do Halloween, celebrando a diversão do terror.

Fantasias

O conjunto de fantasias apresentado por Paulo Barros foi o grande destaque do desfile da Vila Isabel. O carnavalesco apostou em alas volumosas, coloridas e de leitura extremamente clara, uma de suas principais marcas. Além do excelente acabamento, o figurino dos componentes trouxe soluções criativas que chamaram a atenção ao longo da Avenida, tornando a apresentação visualmente impactante.

Entre os destaques, estiveram a ala 8, “Yacuruna”, inspirada na criatura mítica amazônica, a ala 10, “Rodeiro”, com uma representação marcante de seres fantasmagóricos, a ala 18, “Lobo Mau”, que trouxe um olhar sombrio sobre o clássico personagem dos contos de fadas, e a ala 23, “Beetlejuice”, referência icônica ao universo do terror. A combinação de criatividade, volumetria e riqueza de detalhes fez com que as fantasias fossem um dos pontos altos do desfile.

Harmonia

A sintonia entre o intérprete Tinga e o Mestre de Bateria Macaco Branco prova, ano após ano, que sempre há espaço para evolução. O carro de som da Vila passou de forma impecável, com uma execução afinada e envolvente. A introdução do samba, enriquecida pela participação de uma sanfona, trouxe um charme especial e um toque único à apresentação. O único senão, foi o início muito acelerado, mas que foi corrigido ao longo da apresentação.

Tinga, com seu vigor e energia de sempre, impressionou mais uma vez. O intérprete comandou o desfile com maestria, demonstrando carisma e técnica impecáveis. Os elogios também se estendem à swingueira de Noel comandada por Mestre Macaco Branco, que encantou o público com várias paradinhas, incluindo uma coreografada na cabeça do samba, agregando ainda mais dinamismo à apresentação.

Esse desempenho musical de altíssimo nível contagiou a comunidade, que cantou o samba com extrema empolgação. Apesar de alguns momentos menos explosivos, no geral, a obra foi interpretada com entusiasmo por todos os componentes.

Samba-Enredo

O samba composto por Raoni Ventapane, Ricardo Mendonça, Dedé Aguiar, Guilherme Karraz, Miguel Dibo e Gigi da Estiva passou pela avenida de forma segura, mesmo criticado no pré-carnaval, ele foi sustentado pelo desempenho harmônico e pela comunidade. Um destaque especial vai para o verso “Silêncio, ao som do último suspiro vai chegar”, logo após o refrão do meio, que foi cantado com muita força, assim como todo o refrão principal.

Evolução

A evolução da Vila Isabel se manteve constante ao longo de todo o desfile, sem grandes problemas aparentes. As alas atravessaram a Avenida com muita empolgação e alegria, destacando-se pela espontaneidade, um dos pontos altos da apresentação. No entanto, em alguns momentos, especialmente durante a exibição da bateria nas cabines dois e três, a ala que vinha à frente seguiu adiante antes do tempo, causando um pequeno espaçamento no cortejo.

Outros Destaques

O desfile contou ainda com alguns momentos especiais, a começar pelo esquenta poderoso com “Zé do Caroço” e o samba exaltação da escola. A presença de Sabrina à frente da bateria swingueira de Noel é um acontecimento, a japa atravessou a avenida representando a “Fonte de Alegria”, o público acompanhou com empolgação a passagem da rainha.

Técnico, Salgueiro tem plástica de qualidade e faz desfile de excelência para brigar em cima

Depois do quarto lugar em 2024, o Salgueiro mostrou em 2025 uma Academia mais madura em um desfile que abusou da técnica,sem deixar muitos parâmetros para perda de pontos. Com plástica de qualidade nos carros, apesar de pequenos detalhes de falhas de acabamento, a escola passou muito tranquila na pista com força em alguns quesitos que já vem muito bem ha alguns anos, como s bateria, casal e harmonia (canto da comunidade). Ótimos figurinos do carnavalesco Jorge Silveira e uma estreia sem sustos, mas com bom funcionamento da proposta do coreógrafo da comissão de frente, Paulo Pina, fazem com que o salgueirense possa finalmente estar mais esperançoso na apuração da quarta-feira de cinzas. Enredo e samba também passaram bem, inclusive, melhor que o ano passado. Com o enredo “Salgueiro de Corpo Fechado”, a Academia do Samba encerrou seu desfile com 78 minutos.

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Comissão de frente

Paulo Pina fez sua estreia no Salgueiro levando para a Sapucaí uma comissão com 30 integrantes que se revezavam na coreografia. O coreógrafo também trouxe um elemento cenográfico representando o próprio terreiro ancestral do Salgueiro. A cenografia era inspirada em um tabuleiro de Ifá, no qual são realizados os jogos de búzios, com referências a arte africana em todo seu entorno.

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Nas laterais traseiras, um “gongá”, um altar com divindades e elementos de proteção, alegoria de qualidade estética de bom tamanho favorecendo a visualização da comissão. Na coreografia de deslocamento, danças mais tribais, a partir de Marabô que abre os caminhos para o Salgueiro. Em seguida, estes componentes sobem no elemento, seguem na dança, até que acontece a primeira transformação, quando os “marabôs” dão lugar ao matriarcado com as mães de santo benzendo o lugar com ervas na mão.

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No terceiro momento, o terceiro elenco traz elementos do carnaval como casal de mestre-sala e porta-bandeira (não o oficial obviamente) e rei momo, além de Xangô, o padroeiro do Salgueiro que é erguido com o carro tendo efeitos de fogo.

Mestre-sala e porta-bandeira

Elevando o pavilhão, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira do Salgueiro, Sidclei Santos e Marcella Alves, vestiram a fantasia “De corpo Fechado”. Em um corpo-armadura simbolizam a proteção da alma salgueirense. A dupla representou o poder de imantar e resguardar o Salgueiro. nosso. A indumentária trouxe ainda assentamentos individuais para Xangô e Iansã, dois orixás guerreiros, dando força para a narrativa da criação de fé, que protege e nutre no sujeito o desejo para a realização de seus objetivos, enfrentando
os percalços e os inimigos.

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Na dança, o casal apostou em um bailado mais tradicional com destaque, mais uma vez, para os giros da porta-bandeira que os sustentou em sequências bem grandes, com uma intensidade bem sobrea e equilibrada. Já Sidclei preencheu bem o espaço com um riscado bem em consonância com a porta-bandeira. Uma dança bem correta, sem incidentes, dentro de tudo aquilo que é pedido para o casal, não tendo aparentemente requisitos para que o jurado não lhes atribua a nota máxima.

Enredo

Com “Salgueiro de Corpo Fechado” Jorge Silveira levou para a Sapucaí um apanhado com os rituais de fechamento do corpo. Dividido em 6 setores, na abertura, o Salgueiro trouxe elementos de proteção que evocaram a ancestralidade e os saberes religiosos de sua própria comunidade. O território do Morro, que deu origem à escola de samba entrou como um lugar rico de manifestações culturais e religiosas. Em seguida, a escola navegou por ritos de fechamento de corpo no Império Mali, território que ficou conhecido através dos séculos não só por sua riqueza material, mas por sua forte espiritualidade.

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O terceiro setor falava de como a religiosidade nordestina absorveu série de práticas e saberes formados durante o período colonial e abordou também as crenças religiosas populares presentes a partir do cangaço nordestino. O quarto setor abordou as florestas do Norte e Nordeste destacando elementos das culturas indígenas relacionados com a busca pelo fechamento corporal. Em seguida, o Salgueiro destacou práticas que buscam o fechamento de corpo da cultura candomblecista.

A Academia do Samba encerrou seu desfile com a Umbanda reunindo ritos e práticas cruzadas de diversas outras etnias como devoção a santos, entidades e orixás africanos na busca pelo fechamento corporal. A história foi muito bem contada a partir dos carros, mais do que nas fantasias, ainda que a leitura dos figurinos fosse satisfatória. Enredo bem redondo com aquilo que foi prometido no abre-alas e no enfoque um pouco mais aberto que o Salgueiro queria dar ao tema.

Alegorias e Adereços

No geral, um trabalho destacado do carnavalesco Jorge Silveira, com bom gosto sobriedade, mas com algumas pequenas falhas de acabamento. O Salgueiro saudou no Abre-Alas todas as suas ancestralidades. Na missão de fechar o corpo, cumpriu ritos presentes nas religiões de matriz africana. Na frente do carro, estava a figura de um preto-velho, detentor de toda a sabedoria ancestral e um grande defumador na frente do carro.

O primeiro tripé “Sou Herança dos malês” tinha cavalos muito bonitos na frente, mas demonstrou problemas de acabamento como ferro a mostra no pescoço do cavalo e desgaste na torre que vinha acima do carro. No segundo carro, seguiu o intuito do primeiro, mas agora evocando Xangô, padroeiro da escola, com quem a agremiação tem uma íntima ligação. Ocupando o centro da alegoria, a imagem do orixá foi representada guardada em todas as direções por representações de Exu Pimenta.

A terceira alegoria do Salgueiro trouxe na arquitetura do carro, o casario colonial que remete às construções do período colonial, trazendo ainda elementos presentes nas igrejas, como velas, altares, ostensórios, mostrando a opressão da Igreja e também objetos de proteção que eram usados por católicos, representando assim o sincretismo religioso que permitiu que os povos escravizados seguissem professando sua fé.

O quarto carro, “A Fé que habita o sertão” mostrou essa amálgama presente no cangaço, surgida de crendices e tradições seculares que foram sendo ressignificadas ao longo do tempo, reafirmando a mística crença de que os cangaceiros tinham o corpo bem fechado, trazendo consigo toda a ancestralidade da fé brasileira. O ambiente seco foi representado não só pela vegetação típica da região, mas pela grande carcaça de um boi que se estendeu por toda a alegoria, que era muito divertida e irreverente.

O quinto carro mostrou os ritos de origem indígena para fechamento do corpo. A geometria e as esculturas presentes na alegoria se inspiram nos elementos presentes em cultos do catimbó-jurema. Entre eles, o torpor dos cachimbos dos mestres catimbozeiros. Alegoria de estilo mais rústico e com excelente uso das composições. Mas teve problema de quebra em um de seus elementos em uma barra na parte de cima.

O último carro trouxe o processo de iniciação no Candomblé como um dos ritos mais importantes da religião. No carro havia representações de Iaôs, inspiradas nas obras do pintor argentino Carybé. Em meio a essas cabeças, o carro também trouxe uma quartinha, objeto geralmente feito de barro ou porcelana, com um formato que remete à criação humana. Em destaque principal, os elementos do carro remetiam à simbologia do soberano, por isso, dois opaxarôs, que mostram a ligação da criação do mundo e os caminhos atravessados pelo orixá, assim como um igbá, nome do recipiente sagrado onde
são assentados os objetos de culto à divindade. Uma lua com a figura de São Jorge vinha no final acima do carro. E a maior surpresa foi o primeiro casal que depois da dança veio no último carro em local destacado.

Fantasias

Jorge Silveira teve um apuro muito grande com o conjunto de fantasias do Salgueiro, imprimindo o seu estilo, ainda que os figurinos tivessem um pouco menos leitura do que os carros. Mas, com muita qualidade de acabamento, bom uso das cores, destacando o vermelho e branco da Academia onde era possível, mas sem se fazer refém e se utilizando da paleta de cores dentro do que cada setor pedia. Destaque para a ala de passistas veio com a fantasia “Com o diabo no corpo” , em uma bonita fantasia no vermelho e preto, representando o intuito dos cangaceiros que se ligaram também com o profano como arma de defesa.

Harmonia

O Salgueiro teve um bom canto da comunidade, como já é esperado da Academia do Samba. Os componentes mantiveram uma canto regular por todo o desfile, até mesmo no final quando a obra aumentou um pouco seus BPMs (batidas por minuto). O carro de som, comandado por Igor Sorriso, em sua estreia no Salgueiro teve um desempenho muito satisfatório em relação ao samba, aproveitando das nuances melódicas dele com o intérprete oficial realizando boas vocalizações, terças, enquanto o restante das vozes de apoio seguiam uma linha melódica mais reta. Bom trabalho do carro de som que se mostrou muito bem ensaiado e preparado.

Samba-Enredo

O samba é de autoria de Xande se Pilares, Claudio Russo, Betinho de Pilares, Jussara, Jefferson Oliveira, Miguel Dibo, Marcelo Werneck e W Corrêa. A obra foi muito valente e teve características muito intrínsecas ao estilo que o Salgueiro gosta de levar para a Sapucaí. Melodia de fácil assimilação, com alguns molhos como o refrão do meio “Tenho a fé que habita o sertão” que tem algumas características bem particulares, com campo harmônico que não é de forma tão comum levado para a Sapucaí.

O andamento foi para frente, como gosta a “Furiosa”, mas permitiu que as batidas “bem macumbadas”, “de curimba”, fossem produzidas na obra como algumas bossas no refrão principal, no “macumbeiro, mandigueiro”. Na parte final do desfile foi perceptível uma elevação da velocidasde do andamento, que nao teve grandes efeitos negativos a rítmica da bateria. Não foi um sacode, mas a obra passou satisfatoriamente.

Evolução

A evolução do Salgueiro foi excelente, com muita fluidez e técnica a escola foi tomando a pista, realizando as suas apresentações com muito tranquilidade, sem apresentar buracos, ou mesmo grandes espaçamentos, saiu da Marquês de Sapucaí com 78 minutos sem correria ainda com a bateria brincando um pouco nos últimos setores. Correta, a escola não apostou muito em alas coreografadas, mas na espontaneidade do componente e a relação que o Salgueirense tem com essa temática. Tudo pareceu muito natural. Fez com excelência e perfeição.

Outros destaque

Antes do desfile Igor Sorriso relembrou Quinho, fazendo em conjunto com o público o “Arrepia Salgueiro”. Xande de Pilares, um dos autores do samba, cantou “Erga sua cabeça” no esquenta e, junto com Igor Sorriso, o ponto “adorei as almas”. A bateria “Furiosa”, dos mestres Guilherme e Gustavo, representou “Jesuíno Brilhante”, uma das figuras mais marcantes do sertão nordestino e considerado o primeiro cangaceiro da história brasileira. Fizeram bossas com utilização do atabaque e de xaxado. A rainha Viviane Araujo veio de “carcará” com uma fantasia com detalhes em led.