Compositores: Blecaut Jr, Léo Nunes, Rico Teixeira, Jair Beda, André Marinho
Intérprete: Blecaut Jr e Léo Nunes

Logo eu, a Flor Courana de Benim
Numa fúria o vento arranca pétalas de mim
Minha sina é revelada
Fico em transe, atormentada
Sou lançada ao mar da solidão
Sob a cálida água benta, Rio quem me batizou
Quem me trouxe a cruz divina divina, também trouxe muita dor
Na serra da mantiqueira, a fome de ouro anseia me vender a um tal “senhor” ôôô
corja insolente tão devota da ambição elegeu a sociedade forjada nos grilhões da escravidão

(Mas)
No terrão da Cata preta, saia gira sem parar
Firma o tambor de acotundá
Feitiçaria, sete pele, possessão
De Maria Madalena, o amor traz salvação

Destino, santifica o manto
Fundamento, acalanto, um caminho a ensinar
No Rio, canjerê e sacristia
A antropofagia da fé a formar esse País
Meu fardo se rende ao luso bastião num fardo
As águas de Oxalá lavam o pecado
Emerge a imaculada redenção
Retinta seja uma nação que luta contra a intolerância
Espelha a África de quando era criança
Reescreve o meu Brasil

A rosa que a sorte escolheu.. Sou eu!
Viradouro vem exaltar, Maria!
Não sou uma santa qualquer
Lugar de mulher(lugar de preta) é onde ela quiser

Compositores: Felipe Filósofo, Fabio Borges, Ademir Ribeiro, Devid Gonçalves, Priscila Menino e Porkinho
Intérprete: Wic Tavares e Ademir Ribeiro

Um oceano de luz me invade
Purificando nas correntes deste mundo
Sem pudor, girei para o lado profundo
Seguindo a fumaça da caridade

Sinto um vento forte demais
Desabo aos pés de São Benedito
Queima o fogo de Miguel e grito
Possuída por visões espirituais

Tem as mãos começo a escrever
E a cela acende a palavra da vida
Perfumo um rio dando guarida
Às Madalenas, filha do prazer

Acreditem se quiser
Vejo corações da família sagrada
Entre lírios, espinhos e espada
Rezo a Santana os mistérios da fé

Simples como Francisco de Assis
Podem entrar, a casa é do Rei dos Reis
A profecia se fez
“Quem tem ouvidos, ouça o que o espírito diz”

O sol da meia noite já raiou
Flutua a esperança da redenção
Cortejo o encarado, os maus cairão
Floresço Rosa Mística da Vera Cruz no peito do Salvador

O Rufar dos tambores na Viradouro
Vem coroar o amor duradouro
O céu se abre aos filhos meus
O povo Aclama: a Santa Africana
Graças a Deus!

Compositores: Diego Thekking, Roberto Doria, Thiago Dal Bello e Jandré

Tão menina, em frente ao mar,
Lacrimejou marés
Vertiginosa profecia em visões babéis
Memória submersa no oceano
Seu legado Africano renegado foi primeiro
Rebatizada Flor no Rio de Janeiro
Vendida foi, peregrina para Minas
Cravejar quinze dias
Com temor duradouro
A cobiça depravada ouviu:
-Dignidade não se paga em ouro!
Magia desse batuque
A lua acende a fogueira
Preta que gira a saia
Girando a noite inteira
Fumaça desse cachimbo
Esquenta como tambor da Viradouro

Sopra, Ventania
Provou fogo como pena
E o padre fez suor
Contra sete era uma só
Assim como Madalena

Devota nas contas do Rosário, então
Na fé revinda a São Sebastião do Rio
Mistura cultos e crenças
Recolhe e alenta
Ventres alvos de um sistema vil
Se revelando em mais que cinco corações
Primeira preta escritora do Brasil
De olhos fechados vê a face derradeira
Real destino de uma vida inteira
Pois seus “fiéis em vermelho e branco”
Formando um manto, o nosso rito
Ecoa um canto a ser ouvido
São arcas da salvação
Seu ritual de liberdade na avenida
Profecia a ser cumprida na escola da emoção

Abençoada Viradouro
O povo aclama a Santa Flor
E quando amanhecer, em cada coração
Vai brotar uma Rosa de amor

Compositores: Chacal do Sax, Myngal, Felipe Mussili, Robertinho
Intérprete: Bruno Ribas

Um peregrino sou e clamo em oração
Santa Courana, acalme o meu coração
Em romaria peço, me tira esse agouro
Negra divina abençoe a Viradouro

Rosa Maria Egipicíaca da Vera Cruz
Bondosa mãe de justiça
Aos olhos do menino Jesus
Suplicando por amor eu solto a voz
Santidade interceda então por nós
O seu manto traz conforto e proteção
Te dedico toda minha devoção
A calunga travessia do negreiro
Oceano de correntes e grilhões
Aportou aqui no Rio de Janeiro
Cura das imperfeições

Ela é, flor sagrada do Brasil
Na terra das gerais, seu cortejo seguiu
Mesmo na dor entoando ladainhas
És poderosa entidade rainha

Rezas e o exoterismo, sagrado exorcismo em comunhão
Malvados e querubins, em sua mente atormentação
Divino amor, divino amor
Bendito seja a paz do senhor
Findo a tempestade alumia a bonança
Reluz da criança a revelação
Da sua imagem vem a salvação
Num céu de esperança a saga de fé
No altar do samba os filhos seus
De joelhos clamam oh! Sacra mulher
Adorno sublime da coroa de Deus

Compositores: Cleiton Mesquita, Raissa dos Santos, Merinho Eufrásio, Fabiano Dias

No marejar das águas
Presságio
O infinito a imensidão ligando continentes
Nas brumas, a sina da menina
Revolto qual a vida
Raiz Africana de Iudá, da nação Courá, Courana
Preta e cálida no solo do Brasil
O brilho raro das pedras quem viu
Custava o suor da nossa gente
Levando miséria e escravidão
Pediam perdão em reza
Chicote no lombo pecado não era
Ao som do acotundá, pra gira da saia rodar
Fumaça encantada no cachimbo
Etérea liga aos ancestrais
O fogo que arrepia é feitiçaria
É força além do bem e do mal
Entende quem quer
A força da mulher do nosso carnaval

Rosa, filha de Santana, o povo aclama sua divina missão
Solfejos dos anjos, amém!!! Prega seu ritual, em devoção

Brinda de ouro e vestes de seda
Ainda falta o pão a mesa
Da terra nasce a esperança
O vento carrega aflições pelo ar
No manto reluzente, eis que o véu espelhou
A face oculta do seu anjo protetor
Flutuam arcas de um reino sobrenatural
Com o rei dos encantados, se casou
Alívio das Almas, em nome do senhor
Eterna de toda dor
A luz de um novo dia
Salvou o fim dos tempos
Com recolhimento, e amor

Em nome da Santa trindade
Da nossa fé e adoração
A Viradouro lhe dá a sua glória
E a nossa eterna gratidão

Compositores: Marquinhos Diniz, Reginaldo, Rosana ALV ES, Robson Vieira, Ricardo Alves, Prof. Augusto
Intérpretes: Paulinha Diniz e Marquinhos Diniz

Ò Santa Rogai por nós, abençoa Niterói!
Vieste da “Costa da mina” antigo “Daomé”,
No espelho d’água tua imagem refletiu,
A saga começou, de lá pra cá,
Impedindo a criança de sonhar,
Foi rebatizada no Rio de Janeiro
Uma nova Rosa brotou, sutil
Preta e cálida, “A Rosa mística do Brasil”.

Vendida as Minas Gerais,
No auge da extração do ouro e diamantes,
Mercado intenso entre a cobiça e a escravidão
A moeda de troca “em Mariana”, era de cortar o coração.

Nos batuques do “Acotundá”,
Na gira da fazenda “Catapreta”,
A negra rodava a saia pra saudar
Os ancestrais e as almas benditas
Com a fumaça do cachimbo pelo ar
As trevas se desfaziam no clarão
O padre “Enxota Diabos” exorcizava,
Ela possuída gritava mais alto,
Que um raio e um vulcão.
Quando alguém comparou com peça teatral,
sofreu na “inquizição” em Portugal.
Criou no Rio a “Casa do Recolhimento”,
Pra mulher desprezada em casamentos.

“Rosa Maria Egipcíaca”
Seu livro está aí
Em Vermelho e Branco na Sapucaí

Ninguém falou de ti nos carnavais,
Pela primeira vez vão ouvir teu nome,
Pra cessar a sede e afastar a fome,
Das garras do bicho homem,
Mas a Viradouro chegou,
Escreveu não leu o coro come

Compositores: Evaldo, Anderson Só, Zico, Márcio D’Mel, Wagner, Cristiano Roola e João Elite
Intérprete: Alessandro Tinganá

Senti um turbilhão de emoções
Apertando meu coração na imensidão do mar
Pressenti em lágrimas o meu destino
Nas terras de um país menino
A infância desbotar
O elo da escravidão calou meu dom
Segui em frente na serra da Mantiqueira
Desvirginando a mente
Tropecei mas não cai na cobiça do ouro imoral
Enverguei mas resisti a dor no pecado carnal

E na fé me guiei, dancei acotundá
Curei, doei, fiz o bem no “terreiro” ao luar

É sombrio o “ar” que divide opiniões
Em pergaminhos descrevi minhas visões
Almas Pelegrinas recolhi
Delírio que transcende a humanidade
Império de união e igualdade, dilúvio de paixão
Quem diria! Da sina, desprendida
Só vejo alegria, amor e esperança
No espelho D’água em que outrora eu sofria

Santa Negra Maria, seu povo te reverencia

Venha Courana! É seu esse altar
Um concerto de fé hoje vai te aclamar
Canonizar em verso e prosa
A Viradouro é “Rosa”

Compositores: Yara Mathias, Cacau Souza, Jô Borges, Jack Nery, Karla Basquete, Teresa Coelho
Intérpretes: Alexandre Simpatia, Cacau Souza e Jô Borges

A arca cruzou o oceano
Cumprindo a profecia
Levando a criança courana
Num mar de mistérios
E nessa viagem sobrenatural
Tormenta, dilúvio prenúncio do mal
Em meio a tempestade
O brilho da coroa
O manto da Santa protetora

Sopra o vento
A menina aporta no cais
Passa o tempo assim surgiu
A Rosa mística do Brasil

Sofrida, com seu fardo seguia
do Rio as Minas Gerais
Acorrentada entre a incerteza e a salvação
No caminho da desilusão
E o brilho do ouro, cega a sociedade
Cruel e covarde
A mão que reza o terço
Fere com a chibata
Numa falsa fé
Que os libertava.

A saga a traz de volta, as margens
Do litoral, destino entrelaçado as mãos do guia
Espiritual que a conduzia
O samba transformou tristeza em festa
Quando o som do surdo ressoou
E abriu alas pra santíssima rainha
Que seu povo consagrou

É Maria Mariá balança a saia
No toque do acontudá
Chama o ancestral, quando toca o couro
No terreirão da Viradouro

Compositores: Sérgio Pavão, José Antônio, Odir Júnior, Júlio Louzada
Intérprete: Nêgo

Courana, nascida na costa africana
Viu refletir, no espelho D’água a sua sina
Menina, chega ao Rio de Janeiro
No cativeiro um novo nome recebeu
A “Rosa mística do Brasil” nasceu!
Em Romaria seguiu lá pra Minas Gerais
Nas freguesias o corpo vendia nos rituais
Rodando a saia, esbanjando beleza
Ostentando riqueza à luz do luar
Dos ancestrais a mais doce lembrança
Evocada na dança do “acotundá”

Do cansaço a mudança do Egito inspiração
Uma forte aliança, misticismo e devoção
Exorcismo, possessão, ventanias
Encenação ou feitiçaria?

No Rio a serva de Deus,
Impressionava aos seus
Com dons paranormais
Aprendeu a ler nas palavras divinas
Sobre as almas peregrinas
Seu primeiro livro escreveu
Dos preconceitos sociais as protegeu
Cada vez mais elevada ao altar
Aclamada santidade popular
Um dilúvio então encerra a profecia
E a Rosa se casa com dom Sebastião
No céu um turbilhão em euforia
Nos folguedos com batuque em louvação
É festa em sua canonização!

A Viradouro encanta!
A imagem da Santa reluz
Explode alegria o nosso canto
É tanto o amor que nos conduz!!!

Compositores: Júlio Alves, Cláudio Russo, Dudu Nobre, Diego Nicolau, Fadico, Manolo, Anderson Lemos e Júnior Fionda.

A mais linda Flor
Desabrochou ainda menina
Em sua África natal
O tempo passou
E veio a dor do esquecimento
Feito um ritual
Rosa nasceu no turbilhão
Das águas grandes do mar
E na Mantiqueira apareceu
Entre as vielas do ” Arraia”
A fome do ouro refletiu
Um Brasil cativo e servil
Rosa pelas frestas sociais
Onde o sentimento encontrar os ais
Batuques do acotundá
Afloram o chão
Catapreta foi terreirão

Gira saia, gira preta! Santa meretriz
Na alma a cicatriz ainda dói
Retinta flor da mesma raiz
No altar de Niterói

E veio um tempo de visões e possessão
Vivia entre lágrima e vulcão
Amor divino
Destino ao Rio tornou
Em um canto de amor aos ancestrais
E em meio a devoção
Rosa Maria queria Paz
Amanheceu
E o primeiro livro assim surgiu
Aos pés de Deus a rosa mística do meu Brasil
Ao lado de dom encantado
A negra sagrada mulher
É coroada no toque do batuqueje

Sou de arerê, sangue nagô
Preta corá no ilê do meu pai Xangô

O o Maria! Rosa Maria, santa preta
No gongá
Abençoada, a Viradouro
Estende o manto pra te reverenciar