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Freddy Ferreira analisa a bateria da Mangueira no Carnaval 2025

Um desfile muito bom da bateria da Estação Primeira de Mangueira, comandada pelos mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto. Um ritmo equilibrado e com fluência entre os naipes foi exibido. Impressionante a criação musical das bossas mangueirenses, sempre seguindo exatamente o que pede o samba, seja em melodia ou mesmo em letra. Um impecável trabalho de muito bom gosto envolvendo os solos das peças leves foi apresentado, sempre havendo momento para que um determinado naipe recebesse destaque sonoro.

Na cozinha da bateria da Verde e Rosa, uma ótima e pesada afinação de surdos foi percebida. Marcadores do tradicional surdo de primeira foram eficazes e firmes. Surdos mor ficaram responsáveis pelo balanço autêntico do ritmo mangueirense, além de exibirem um trabalho primoroso em bossas. Repiques altamente técnicos tocaram junto de caixas roucas. Magistral o conjunto musical das caixas de guerra rufadas da Velha Manga, com um toque que serviu de base de amparo rítmico pra toda a bateria, evidenciando o grande trabalho dos médios. A parte de trás do ritmo ainda contou com timbales tocando junto dos genuínos timbaques da Mangueira, dando um molho único tanto ao ritmo, como nas paradinhas.

Na parte da frente da bateria da Mangueira, uma boa ala de xequerês tocou com solidez, auxiliando na profundidade musical das peças leves e adicionando uma tonalidade menos aguda que os demais naipes da cabeça da bateria da Manga. Cuícas foram eficazes, ajudando a marcar o andamento do samba-enredo com eficácia. Um naipe de tamborins com técnica acima da média executou um desenho rítmico com trechos complexos com segurança e bastante precisão. A coletividade do toque da ala impressionou a ponto de fazer jus ao apelido da bateria de “Tem Que Respeitar Meu Tamborim”. Uma ala de ganzás ressonante se exibiu com classe. Um naipe de agogôs de duas campanas (bocas) auxiliaram com qualidade no preenchimento musical da sonoridade das leves, inclusive participando de forma ativa de bossas. Sensacional o respeito musical para a criação dos solos dentro das convenções rítmicas, deixando claro um bom gosto criativo baseado em respeito a sonoridade produzida por cada naipe, enchendo as execuções de brilho sonoro.

O conjunto de bossas da bateria da Mangueira era simplesmente sublime. Sempre levando em conta as nuances melódicas da obra e o que a letra do samba solicitava. Do Funk evoluía para um ritmo de vertente africana, se conectando integralmente ao enredo. A paradinha que imitava som de tiro deixou claro que a criação musical mangueirense era do mais alto calibre. Suas execuções foram sobretudo potentes, garantindo impacto sonoro quando exibida. Uma musicalidade com bastante fluidez nas belas paradinhas da escola da Rua Visconde de Niterói.

Um desfile muito bom da ala de bateria da Estação Primeira de Mangueira, regida pelos mestres Rodrigo Explosão. Um ritmo equilibrado, com bossas potentes e musicais, além de uma conjugação sonora valiosa. Muito respeito musical pelos solos de cada naipe agudo, demonstrando um bom gosto evidente e acima da média no conceito criativo musical. Um grande trabalho da “Tem Que Respeitar Meu Tamborim”, no que deve ser um dos quesitos mais fortes da Mangueira na apuração.

Plástica caprichada, alto rendimento da ala musical e canto forte fazem Mangueira sonhar com voos mais altos

A estreia de Sidnei França no carnaval carioca foi satisfatória e trouxe para a Estação Primeira de Mangueira um frescor na parte estética que a escola vinha precisando. Com soluções criativas, diferentes, de bom gosto e com conceito, conseguiu entregar uma escola com bom acabamento e com muita leitura de enredo. Em consonância com a plástica, a Verde e Rosa entregou uma boa harmonia, não só pelo potente canto da comunidade, mas pelo trabalho de alto nível da ala musical, impulsionada pelo trabalho da bateria que fez com que o samba rendesse bem mais do que se imaginava quando a agremiação escolheu a obra. A evolução teve fluidez, a comissão passou com criatividade o enredo e o casal foi muito bem em pelo menos três dos últimos módulos. Um desfile que pode ajudar a escola a pensar em brigar em cima, dependendo do que ainda vai passar nas próximas noites. Com o enredo “À Flor da Terra, no Rio da Negritude entre Dores e Paixões”, a Mangueira encerrou seu desfile com 79 minutos.

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Comissão de Frente

Em seu segundo ano na Mangueira, Lucas Maciel e Karina Dias levaram para a Sapucaí “À Flor da terra” e mostraram que seguem em uma sequência de ascensão, sempre entregando bons trabalhos. A comissão de frente trouxe um elemento cenográfico que em um primeiro momento apresentava a ancestralidade da região de Benguela, local originário na África dos povos bantos, com uma fornalha na parte de traz e elementos que remetem aos búfalos. A dança começava ainda no chão, com os componentes vestidos de bantos antigos. A comissão sobe no tripé e segue a coreografia, com a iluminação fazendo a diferença e em baixo dos pés dos bailarinos, efeitos de fogo.

* LEIA AQUI: Grupos cênicos da Mangueira dão vida à ancestralidade através da arte

Agora, acompanhados de mais um componente, a condução sagrada Kaiango, energia ardente da dança, que aparece sem ninguém conseguir de onde vem. Eles saem de cena, sobe o cenário que transforma o tripé em favela, com os barraquinhos, e surge um novo elenco. Apenas masculino, de bermudas e sem camisa. Eles dançam passinho de funk até surgirem drones em formato de pipa criando o ambiente de uma favela dos tempo atuais. Esses integrantes simulam soltar pipa e encerram a apresentação. O público reagiu muito bem e a comissão sintetizou bem o enredo e teve interação com o público, e identificação com o DNA de Mangueira, uma grande comunidade, uma das mais históricas do Rio de Janeiro.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Matheus Olivério e Cintya Santos representaram na Sapucaí “Ancestrais Bantos da Negritude Carioca” personificando a imponência dos Ancestrais bantos, antepassados da Negritude carioca. Seus figurinos evocaram padronagens inspirados nos Kuba, grupo étnico originário do Congo. Figurino muito bonito em tons de palha, com pedras preciosas cravadas e tons de roxo na saia da Cintya, de muito bom gosto. Na coreografia, o casal manteve o que já vinha sendo visto nos últimos ensaios, com uma coreografia mais voltada para o bailado clássico retomando como o enredo pede a ancestralidade que também está presente neste bailado, pois a dança destes casais também é originária da herança deixada pelos povos bantos.

* LEIA AQUI: A Influência dos Povos Bantos na Celebração do Ano Novo: ala de Mangueira une religiosidade e cultura popular

Foi visto muito pouco de passos marcados e a intensidade já característica do casal esteve presente, com correção. O único ponto a se destacar, foi no último módulo em que Cintya, quando foi segurar a bandeira para o giro com as duas mãos, mas errou a pegada e o braço esquerdo ficou flutuando, até que ela desistiu. Deve gerar despontuação, mas como nota descartada. E no final, ela deu a sua famosa bandeirada virada para. O jurado, mostrando que o erro não deixou ela abalada. Bom desfile do casal.

* LEIA AQUI: Alas da Mangueira retratam os povos Bantus e sua influência na culinária Carioca

Harmonia

O carro de som comandado por Marquinho Art’Samba e Dowglas Diniz teve um alto rendimento como vinha sendo nos últimos ensaios, aliás muito impulsionado pelo bom trabalho da ala musical da escola e da bateria. As vozes de apoio estavam muito bem entrosadas com os intérpretes permitindo que eles ficassem a vontade no comando do microfone oficial. O que se nota de forma mais latente é a predileção das vozes pela força no grave, muito pelas características de Marquinho e de algumas outras vozes de apoio, caráter que é muito casado com o DNA dos sambas da Mangueira e infligindo a potência que o samba precisava. Os arranjos de cordas foram muito equilibrados também.

* LEIA AQUI: Do Samba ao Funk: A Corporeidade Negra que Dança e Resiste no Carnaval da Mangueira

Já a comunidade mostrou a força que vinha sendo percebida nos ensaios, com canto potente, correto, em algumas vezes com os intérpretes fazendo o paradão, mesmo por pequenos momentos, mas que davam toda a percepção de como a comunidade estava cantando a obra.

Enredo

Sidnei França pontuou sempre antes do carnaval que a Mangueira faria uma abordagem inédita para dar conta do recorte histórico da trajetória dos bantos no Rio de Janeiro, reinventando o passado aos olhos de hoje. E, mesmo, parecendo um enredo que poderia ter alguma dificuldade de entendimento, a abordagem realizada por Sidnei foi bem didática, bem clara, com fantasia de fácil leitura, mesmo com algumas viradas temáticas dentro da narrativa. Dividido em cinco setores, em um primeiro momento “Kalunga e Cosmovisões”, foi a apresentação do início da história destes povos através do retrato do tráfico negreiro e da chegada de milhares de bantos no Rio de Janeiro, por isso, há o protagonismo para as águas nesse setor, buscando uma abordagem menos negativa dessa chegada, através de um universo lúdico presente no fundo do mar.

No segundo setor “Fés Para Existir” Foi abordada a fé como elemento fundamental desses povos no Rio de Janeiro, apresentando a imposição cristã durante o período colonial. Em seguida em ” Vivências de um Grande Zungu” Sidnei trouxe os Zungus como cenário principal para o convívio dos povos bantos e seus descendentes nascidos no Rio de Janeiro. O quarto setor “O Rio de Janeiro Continua Banto” mostrou a relação dos cariocas com os legados bantos que seguem presentes no Rio contemporâneo, como a culinária, a linguagem, as cerimônias de sepultamento, a religiosidade e a musicalidade.

A escola encerrou o seu desfile em “Por um futuro Mais Banto e Ancestral” quando apresentou a possibilidade de um futuro promissor através dos herdeiros desses povos bantos, como os “crias”, as pessoas originárias das favelas, terminando assim com uma mensagem muito positiva, sintetizada na imageticamente na figura do cria com o punho erguido. Desfile de muita leitura, criativo e que entregou a história prometida pelo carnavalesco na justificativa do enredo.

Evolução

A evolução da escola se deu de forma muito tranquila no geral, sem apresentar buracos, se apresentando com fluidez, sem correrias e com algumas alas como os grupos cênicos do início do desfile que faziam uma bonita coreografia com o giro das saias, com destaque para as alas “Morte e Vida”, e “Sopro que guia a passagem”, estes grupos, inclusive, mantinha o clima da escola lá no alto nas paradas em que eram necessárias para apresentação nas cabines.

A Verde e rosa também cumpriu de forma satisfatória os momentos mais críticos do desfile, tendo fluidez, mesmo com as paradas para apresentações do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira e na entrada e saídas da bateria do recuo. A escola terminou bem o seu desfile sem correria, perto do limite de tempo, mas saindo com muita tranquilidade. O único ponto que pode ser colocado foi, que por algumas fantasias mais pesadas, como a das baianas, algumas pessoas não estavam se sentindo bem, algumas baianas, inclusive não terminaram o desfile.

Samba

A obra foi produzida por Lequinho, Júnior Fionda, Gabriel Machado, Júlio Alves, Guilherme Sá e Paulinho Bandolim. E, como, tem sido colocado em relação aos ensaios técnicos e de rua, a obra, que, é preciso ser ressaltado, não está entre as pérolas desta leva de sambas, teve um excelente rendimento, muito pelo ótimo trabalha da direção musical da mangueira, do carro de som, principalmente na figura dos intérpretes, e, obviamente pela bateria que conseguiu espremer da música tudo que era possível, com bossas cheio de musicalidade, como a que fazia referência ao tambor de Congo.

É bem possível, ainda, que o samba não gabarite no 10 por algumas questões já colocadas no pré-carnaval como a acentuação tônica no refrão principal no “dona das multidões”, no “dona”, que destoa daquilo que a palavra é em sua fonética. Mas, é o único ponto. O restante passou muito bem, com a segunda parte da obra mais destacada pela força do seu caráter mais melodioso e o destaque maior para o “é de arerê”e o tom colocado ate antes mais voltado para a exaltação do povo de Mangueira.

Fantasias

A qualidade de acabamento das fantasias da Mangueira foi outro ponto da plástica que impressionou. Figurinos muito bem desenvolvidos tanto em concepção quanto em realização, criativos, desenvolvidos e com a utilização de matéria de ótima qualidade. Sidinei apostou no rosa para iniciar o desfile, mas depois foi apresentado aos poucos novos tons, principalmente no segundo setor quando há a predileção pelo verde, pelo terroso e pela palha. O desfile inclusive tem uma virada estética a partir dos últimos setores e mantém a qualidade, inclusive na criatividade.

Figurinos de muita leitura também, fácil entendimento. Muito bom gosto em tudo, inclusive nas fantasias das baianas e da bateria. Destaque para alas como “Conexões por um chamego”, com os girassóis, “Palavra Plantada”, “Um banquete de angu”, “uma quitanda urbana”, que era uma ala com diferentes figurinos, concedendo a escola um bonito colorido, e claro, as baianas “Pembelê, Kaiango”. Com certeza o mangueirense ficou muito satisfeito com o que viu e o que vestiu.

Alegorias e adereços

A Mangueira levou para a Avenida um conjunto alegorico formado por cinco alegorias, dois tripés e um “Pede Passagem”. Com carros de muito bom acabamento e soluções estéticas bem resolvidas, a Mangueira teve um conjunto alegórico bem melhor do que nos ultimos anos. Sidnei conseguiu aplicar na Mangueira um trabalho conceitual que não se assemelha ao que já produziu para São Paulo, mostrando que conseguiu se adaptar as características do Rio, com a sua cara, tendo carros bem desenvolvidos, de bom gosto e de fácil leitura.

O Abre-alas “Mistérios das Kalungas Ancestrais”, todo trabalhado no rosa, trouxe a chegada dos povos bantos ao Rio que foi pela água.Essa atmosfera aquática permeou toda a alegoria, com vegetações, criaturas marinhas e seres abstratos que se relacionam com os sentidos ocultos das Kalungas. O Pede Passagem logo a frente manteve a estetica que vinha logo depois no primeiro e conseguiu trabalhar bem com o Led. Mas, alguns pequenos problemas nesse início aconteceu no Abre-Alas, quando no segundo módulo um pedaço da alegoria se desprendeu. A iluminação que tinha muita qualidade na parte debaixo poderia ter se repetindo na parte cima. Ainda assim uma alegoria única, com identidade única.

No segundo carro “A Fé que guia meu Camutuê” apresentou a expressão da fé dos povos bantos no Rio através de uma mosaico mais complexo, através da estrutura de uma igreja, mesclados com anjos, frequentemente usados nas imagéticas católicas, sendo negros, seguram instrumentos de inquices e entidades afro-brasileiras. Essa alegoria mesclava os vários tipos de religiosidade. A terceira alegoria “Zungus” mostravam os espaços de reinvenção da experiência banta na cidade. O carro apresente estas localidades através dos diferentes exemplos de comércios local do entorno dessas casas compondo o cenário que é também um casarão. Era criativa e muito bom gosto.Na quarta alegoria “Tomou a cidade de assalto”, encerrando o legado da presença banta, através de uma cenário urbano que chegou ao século XXI, a frente com um palco, tambores trazem a herança dos toques de percussão. Na parte posterior grandes amplificadores, além de prédios e edificações trazendo a ocupação urbana. Esta alegoria, era, claramente a que destoava na qualidade dos demais casos. Não no acabamento, mas nas soluções estéticas.

Mas, o último carro “Quilombo das Multidões” representou o futuro ancestral na concepção de um quilombo com a juventude, apresentado pela escultura de um cria, trazendo uma mensagem voltada para as futuras gerações. Nisto, a favela é exaltada como grande ponto macro dessa futura ancestral. Imagem muito bonita para terminar o desfile. Conjunto alegórico que deve ter mexido com os mangueirenses.

Outros destaques

A rainha Evelyn, toda de rosa, veio com a fantasia “Joia da Ascenção ” representando as joias, a riqueza, a prosperidade material que os negros bantos e seus descendentes desejavam e buscavam almejar por meio da ascenção social. A bateria, comandada por mestre Rodrigo Explosão e Taranta Neto, veio de “Ascenção negra” representando a Negritude carioca descendente dos bantos, que, nesse momento do enredo buscava a liberdade e perpassava pela ideia de prosperar financeiramente. No esquenta, a escola cantou os sambas de 2023 e 2024, além do exaltação e a versão de “Da-lhe Dá-lhe” para a Mangueira. A cantora Leci Brandão veio em destaque na terceira alegoria sendo aclamada pelas pessoas.

Freddy Ferreira analisa a bateria da Viradouro no Carnaval 2025

Um ótimo desfile da bateria “Furacão Vermelho e Branco” da Unidos do Viradouro, comandada pelo lendário mestre Ciça. Um ritmo potente, graças a pressão sonora dos surdos e com bossas apresentando uma musicalidade expressiva.

Na cozinha da bateria da Viradouro, uma boa e pesada afinação de surdos foi notada. Ela possibilitou execuções potentes em bossas, além de dar profundidade musical aos graves. Marcadores de primeira e segunda tiveram firmeza aliada a precisão. Sublime o balanço das terceiras, principalmente nos arranjos. Repiques coesos tocaram em conjunto a um naipe de caixas de ótima ressonância. O toque bem executado feito em cima e com levada de partido alto serviu como base de sustentação rítmica para os demais naipes da bateria. Atabaques auxiliaram no preenchimento da sonoridade da parte de trás do ritmo, contribuindo com qualidade e virtude sonora em bossas.

Na parte da frente do ritmo da escola do bairro do Barreto, uma ala de chocalhos com bom volume tocou interligada a um naipe de tamborins consistente que foi preciso na execução do desenho rítmico. Um naipe de cuícas primoroso passou de forma ressonante.

As bossas eram bem conectadas ao enredo da agremiação de Niterói, além de proporcionarem bom casamento musical com o belo samba-enredo da Viradouro. Simplesmente sublime o arranjo mais extenso, iniciado na segunda do samba, sendo altamente musical. O balanço fazendo alusão ao Maracatu foi de muito bom gosto, num arranjo que ainda contou com uma retomada atrevida chamada pelos atabaques, mostrando uma louvável versatilidade rítmica da “Furacão”. A dançante bossa do refrão do meio ajudou sobretudo a impulsionar a evolução dos desfilantes da escola pela pista, além de colocar o público da Sapucaí para dançar junto.

Um ótimo desfile da bateria “Furacão Vermelho e Branco” da Viradouro, dirigida pelo consagrado mestre Ciça. Um ritmo com potência sonora do peso dos graves e com bossas altamente musicais. A última apresentação em cabine julgadora foi de grande qualidade, inclusive recebendo ovação popular dos presentes.

Com enredo potente e desfile de estética primorosa, Viradouro reafirma sua força na disputa pelo bicampeonato

A Unidos do Viradouro foi a terceira escola a entrar na avenida na primeira noite de desfiles do Grupo Especial. Atual campeã do carnaval, a agremiação de Niterói veio determinada a brigar pelo bicampeonato, feito que não ocorre desde 2008. A entrada da escola foi triunfal, com a comissão de frente assinada por Priscilla Mota e Rodrigo Negri incendiando a Sapucaí e levando o público ao êxtase. O mesmo aconteceu na passagem de Julinho e Rute, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, que reafirmou porque é referência no quesito. O talento de Tarcísio Zanon ficou evidente, especialmente na condução da narrativa do enredo e na concepção das alegorias, reafirmando sua identidade artística e sua capacidade de imprimir, a cada ano, um estilo próprio ao desfile.

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O único ponto de atenção foi a evolução, que apresentou oscilações ao longo da apresentação. A escola alternou momentos mais lentos com outros mais acelerados, comprometendo um pouco a fluidez do desfile.

A Viradouro levou para a avenida o enredo “Malunguinho – O Mensageiro de Três Mundos”, retratando a história de João Batista, figura mítica da resistência negra em Pernambuco, conhecido como Malunguinho. A apresentação foi concluída em 77 minutos.

Comissão de Frente

Sempre cercada de grande expectativa, a comissão de frente da Viradouro, intitulada Sobô Nirê Mafá, foi concebida e coreografada pela dupla multicampeã Priscilla Mota e Rodrigo Negri. Mais uma vez, eles conseguiram emocionar o público e foram ovacionados ao final da apresentação. O espetáculo sintetizou o enredo com maestria, aliando teatralidade, efeitos visuais e uma coreografia intensa.

O tripé foi extremamente funcional, revelando um surpreendente efeito em que bambus pareciam brotar do cenário. Chapéus voavam pelo ar guiados por drones, e o grande clímax veio no encerramento, quando chamas reais surgiram do carro, fechando a apresentação com chave de ouro.

Além dos elementos visuais, a coreografia se destacou pela entrega e força dos bailarinos. O único detalhe foi que, no último setor, a intensidade do fogo diminuiu, mas sem comprometer o impacto do número.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Julinho e Rute, representou Xangô com uma indumentária que impressionou pela riqueza de detalhes e pelo uso harmonioso das cores. A dança da dupla manteve a essência clássica, mas incorporou, de forma orgânica, movimentos inspirados em manifestações da cultura popular e afro-religiosas, especialmente em momentos estratégicos do samba.

Um exemplo marcante ocorre na passagem “a quem do mal se proclama, levo do céu pro inferno”, quando os dois dão as mãos e fazem um movimento rápido em direção ao chão, traduzindo com força e expressividade a intensidade da letra.

A performance equilibrou delicadeza e energia com maestria, criando um contraste envolvente que cativou o público.

Enredo

O carnavalesco Tarcisio Zanon foi o responsável pelo enredo “Malunguinho – O Mensageiro de Três Mundos” e levou para a Avenida a história de João Batista, figura mítica da resistência negra em Pernambuco. Conhecido como Malunguinho, ele foi um líder quilombola que combateu a opressão dos senhores de engenho e se tornou símbolo de luta e liberdade.

O desfile apresentou sua trajetória desde os tempos de cativeiro até sua ascensão como entidade espiritual na Jurema Sagrada. A narrativa passou por três mundos fundamentais em sua história: Mata, Jurema e Encruzilhada. A Mata representou o refúgio e a força ancestral, a Jurema simbolizou a espiritualidade e o encantamento, e a Encruzilhada marcou os caminhos e decisões de sua resistência.

A Viradouro apostou em um desfile visualmente impactante, ressaltando a conexão entre Malunguinho e Xangô, orixá da justiça, além de explorar a força dos povos originários e afrodescendentes na construção da identidade brasileira. Mais uma vez, a escola de Niterói blindou o público com um enredo inédito, que poucos tinham conhecimento e com o protagonismo preto.

Alegorias e Adereços

A Unidos do Viradouro apresentou um conjunto alegórico impactante, retratando com imponência a trajetória de Malunguinho e sua conexão com os três mundos da Jurema: Mata, Jurema e Encruzilhada. O talento de Tarcísio Zanon ficou evidente, reafirmando sua identidade artística e a capacidade de imprimir, a cada ano, um estilo próprio na concepção de suas alegorias. Além disso, todos os carros souberam explorar a iluminação cênica da Sapucaí, potencializando ainda mais o impacto visual do desfile.

O Abre-Alas, intitulado “Acenda Tudo que For de Acender”, representou Malunguinho como uma semente que germina e se transforma em força de resistência. A alegoria trouxe imagens das árvores do Catucá, protetoras de João Batista, e destacou os clãs ancestrais indígenas e africanos que o guiaram, como os Kariri-Xocó, Fulniô e Xukuru-Kariri. Elementos de fogo e luz reforçaram a ideia do levante e da luta por justiça.

O segundo carro, “Evoco, Desperto, Nação Coroada”, celebrou a elevação de Malunguinho à condição de rei espiritual. A alegoria explorou a presença de Xangô, orixá da justiça, e a ancestralidade bantu, retratando a ascensão do líder quilombola no imaginário religioso. O carro seguiu a linha do primeiro, sendo parecido em sua realização, o que já é característica da escola. O destaque ficou por conta do uso da holografia de uma chave. Tudo tinha movimento, as árvores e até mesmo os “queijos” com os destaques.

O terceiro carro, “Caboclo da Mata do Catucá”, trouxe a força da Mata como território de resistência e refúgio. A alegoria destacou a figura do caboclo, espírito de proteção e sabedoria, e a presença dos povos originários que mantiveram viva a tradição do culto a Malunguinho. A escultura principal do caboclo estava imponente, porém, passou pela avenida com uma pequena falha de acabamento no braço esquerdo, vale destacar o efeito da floresta atrás dela foi muito bem feito.

O quarto carro, “Trago a Força da Jurema”, exaltou a espiritualidade da Jurema Sagrada, destacando os mestres juremeiros, os encantados e os fundamentos desse culto afro-indígena. A alegoria explorou elementos sagrados, como o coité, o cachimbo e o maracá, símbolos do poder juremeiro. O carro perfumou toda a avenida.

A quinta alegoria, “Nas Veredas da Encruza”, representou a encruzilhada como o ponto de encontro entre diferentes caminhos e destinos. O carro trouxe referências à ancestralidade, ao equilíbrio entre forças opostas e à sabedoria dos que transitam entre mundos, enfatizando a importância desse espaço na crença popular.

O sexto carro, “Mensageiro Bravio: Fé e Reparação”, simbolizou a eternização de Malunguinho como encantado e sua relevância na luta por justiça. A alegoria destacou a reparação histórica, reafirmando o líder quilombola como um guia espiritual e defensor de seu povo. Na escultura principal foi observado uma pequena falha na junção do braço.

Além das seis alegorias, a Viradouro trouxe um tripé intitulado “O Rei da Mata que Mata Quem Mata o Brasil”, reforçando a imagem de Malunguinho como um guardião da resistência, punindo aqueles que ameaçam seu povo e sua terra. Outra falha de acabamento ficou visível na junção do tronco de Malgunguinho.

O conjunto visual da escola foi marcado pela riqueza de detalhes, mesclando ancestralidade, espiritualidade e resistência em um espetáculo grandioso e repleto de simbolismos.

Fantasias

O conjunto de fantasias da Viradouro manteve a identidade característica de seu carnavalesco, com um alto nível de capricho perceptível em todas as alas. Assim como nas alegorias, algumas fantasias utilizaram a iluminação cênica da Sapucaí para ganhar ainda mais destaque, especialmente nos setores iniciais. Exemplos disso foram a segunda ala, “Semente, Folha e Raiz”, e a quinta ala, “Folha do Catucá”. No terceiro setor, a ala das baianas, “Bruxarias Ibéricas”, também explorou esse recurso para realçar seu impacto visual.

No geral, o conjunto de fantasias foi bem construído, principalmente pelo bom uso de cores. Um ponto de destaque foi a forte presença de grupos performáticos ao longo do desfile, todos muito bem caracterizados e integrados à narrativa.

Harmonia

Ao longo de todo pré-carnaval, a sintonia entre mestre Ciça e Wander Pires ficou evidente, tornando-se peça-chave para o excelente desempenho musical e harmônico da vermelha e branca.

O samba-enredo foi cantado com excelência pela comunidade, especialmente nos primeiros setores da escola. Ao longo do desfile, houve uma leve queda no rendimento, sem comprometer o quesito, mas perceptível em alguns momentos.

Os versos “O rei da mata que mata quem mata o Brasil” e o refrão “A chave do cativeiro // Virado no Exu Trunqueiro // Viradouro é catimbó // Viradouro é catimbó // Eu tenho corpo fechado // Fechado tenho meu corpo // Porque nunca ando só” foram os momentos de maior explosão, com a escola e a arquibancada em total sintonia.

Samba-Enredo

O samba-enredo da Unidos do Viradouro para o Carnaval 2025 foi composto por Paulo César Feital, Inácio Rios, Márcio André Filho, Igor Federal, Vaguinho, Vitor Lajas e Chanel .

Desde os primeiros versos, o samba mostrou sua força com referências a rituais, entidades espirituais e símbolos de proteção. A melodia se destacou pela cadência sempre envolvente e pelo refrão marcante e diferente. Com versos como “Acenda tudo que for de acender, deixa a fumaça entrar”, o samba convidou a comunidade e o público a mergulharem no desfile. O samba teve um desempenho potente e vibrante na avenida, contribuindo para a força do desfile e consolidando a narrativa da escola.

Evolução

A evolução foi o quesito que mais exigiu atenção da Viradouro. Em alguns momentos, a fluência do desfile foi comprometida, com a escola aparentando estar travada e permanecendo parada por um tempo acima do ideal. O ponto mais evidente ocorreu após a passagem da comissão de frente e do casal pelo último módulo de julgamento, quando a escola demorou a evoluir. Além disso, durante as apresentações da bateria nas cabines de jurados, a escola também ficou estática por um período maior do que o habitual. Por outro lado, a organização das alas merece destaque: todas se apresentaram de forma técnica e alinhada, com os componentes demonstrando total consciência de seus movimentos.

Outros Destaques

O desfile teve ainda outros momentos especiais, o principal deles a passagem da rainha Érika Januza a frente dos ritmistas da furacão vermelho e branca. Carismática e visivelmente emocionada, ela passou pela avenida arrancado aplausos do público.

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Freddy Ferreira analisa a bateria da Imperatriz no Carnaval 2025

Um desfile excelente da bateria “Swing da Leopoldina” (SL) da Imperatriz Leopoldinense, regida por mestre Lolo. Um ritmo potente, equilibrado e com uma conjugação sonora simplesmente fabulosa entre todos os naipes. Isso tudo ainda contou com uma musicalidade preciosa das bossas, bem inseridas no tema africano da Rainha de Ramos.

Na parte de trás do ritmo leopoldinense, uma afinação sublime de surdos deu um peso impactante aos graves, que foi muito bem aproveitado para realçar os diferentes timbres nos arranjos propostos. Marcadores foram firmes e bastante seguros. Surdos de terceira demonstraram excelência plena, com uma condução musical fascinante, seja em ritmo ou em bossas. Um naipe de repiques técnico tocou de forma coesa junto de uma ala de caixas de guerra com ótima ressonância. Foi possível notar também atabaques, que deram uma contribuição luxuosa em meio ao ritmo, junto de agogôs de duas campanas (bocas) em paradinhas.

Na cabeça da bateria “SL”, um naipe de tamborins impecável executou um desenho rítmico com imensa qualidade. Tudo complementado por uma ala de chocalhos fabulosa, que tocou interligada aos tamborins, dando um acrescento sonoro fabuloso nas peças leves com um carreteiro impactante de ambos os naipes. O preenchimento sonoro da parte da frente do ritmo ainda teve uma ala de cuícas com virtude sonora, com um toque musicalmente poderoso.

Bossas que impressionavam pela musicalidade de alto impacto foram executadas de forma cirúrgica. Uma pressão sonora garantida pela potente afinação de surdos garantiu ovação popular pelos módulos. Os arranjos levavam em conta o belo samba da Imperatriz para consolidar o toque pautado pelas variações melódicas, além de estarem plenamente inseridos no enredo de matriz africana da escola. Ataques atuaram de modo precioso, transformando a Sapucaí num grande terreiro de Candomblé. Destaque para a contagiante bossa do refrão do meio com três gritos seguidos de “Hey!” de todos os ritmistas. A paradinha exibida duas vezes no último módulo fez a plateia delirar, aplaudir e gritar junto.

Um desfile exemplar da bateria “SL” da Imperatriz Leopoldinense, comandada por mestre Lolo. Uma bateria da Imperatriz bem encaixada e musicalmente conectada a obra da agremiação. Destaque para a exímia fluência entre todos os naipes, um leque de bossas potentes, que proporcionaram uma apresentação impactante, capaz de garantir pontuação máxima, quiçá concorrer por eventuais premiações.

Comissão de frente e bateria são destaques no desfile da X-9 Paulistana

A X-9 Paulistana desfilou neste domingo pelo Grupo de Acesso 1 de São Paulo no carnaval de 2025. A comissão de frente, que fez uma coreografia bem coordenada e de mensagem tocante, e o bom andamento da bateria foram destaques do desfile encerrado após 58 minutos. A comunidade da Zona Norte foi a sétima a se apresentar com o enredo “Clareou! Um novo dia sempre vai raiar”, assinado pelo carnavalesco Amauri Santos.

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Comissão de Frente

Coreografada por Pedro Vinícius, a comissão de frente da X-9 foi intitulada “‘Clareou’ me levanta e me inspira a recomeçar” e se apresentou ao longo de uma passagem do samba. A história do quesito conta que um homem, abatido por conta dos problemas sofridos na vida, após ouvir a música “Clareou” encontra motivação e coragem para dar a volta por cima e recomeçar.

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É uma coreografia que sintetiza de forma simples e clara a proposta do enredo e cumpre com a ideia de abrir o desfile dentro da narrativa da escola. O protagonista, desiludido com as adversidades da vida, se vê diante de um componente atuando como uma fênix e circundado de outros representando povos indígenas e africanos, além de anjos. Percebe-se que ao notar a fênix, o homem procura compreender aquele ser, e em meio ao sofrimento, a ave vai até ele e o ajuda a se reerguer. Em dado momento da coreografia, os grupos dos demais componentes formam uma cruz que gira em 90 graus na Avenida, se virando para frente da pista, em um movimento sincronizado complexo. O quesito foi o principal destaque do desfile da escola.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal da X-9, formado por Igor Sena e Julia Mary, se apresentou representando o “‘Deus é maior!’ – Com as borboletas, redescubro a beleza da Vida”. Em termos de dança, o casal cumpriu as obrigatoriedades do quesito com exatidão pelos módulos os quais passaram.

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No primeiro módulo, após a execução de um movimento, o pavilhão da escola enroscou no costeiro da fantasia da porta-bandeira, só se soltando no momento de executar o movimento seguinte.

Enredo

O enredo da X-9 Paulistana é inspirado na música “Clareou”, composição de Serginho Meriti e Rodrigo Leite eternizada nas vozes de grandes cantores como Diogo Nogueira, Paula Lima e Xande de Pilares. A narrativa é protagonizada por um brasileiro comum, que pode ser a representação da situação de vida de muitas pessoas. Abatido pelas adversidades impostas pela vida, esse cidadão ouve a música “Clareou” e, inspirado por sua letra, vai atrás de meios para inspirar a superação de suas dificuldades. A pessoa busca nos ensinamentos dos povos originários e nos povos africanos a sabedoria necessária para conseguir vencer os obstáculos enfrentados. O final do desfile mostra que esse homem conseguiu alcançar a necessária superação, festejando a nova fase da vida em meio à celebração dos 50 anos da escola.

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O começo do desfile da escola teve uma leitura fácil, sendo possível compreender os elementos do samba conforme as fantasias e o Abre-alas passaram. Mas a partir do segundo setor, as fantasias passaram a ter interpretações muito difíceis, com uma leitura comprometida pela nomenclatura que cada fantasia recebeu. Apenas os carros alegóricos seguiram com uma leitura clara, mas o conjunto visual do desfile não favoreceu a ampla compreensão do enredo.

Alegorias

A X-9 apresentou um conjunto alegórico formado por três carros. O Abre alas foi intitulado “Cuidar da raiz é saber dar valor ao tempo”, e representou os ensinamentos propagados pelos povos originários para superar os desafios impostos pela vida. O segundo carro, chamado “Resistência e atitude”, buscou ensinamentos através dos povos africanos. O último carro, chamado “O dia já clareou!”, representando o momento de redenção do protagonista do enredo.

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As alegorias foram de fácil leitura e cumpriram seu papel na narrativa do tema proposto, mas o Abre-alas passou completamente apagado, além de uma falha de iluminação em canhões de luz posicionados à frente da terceira alegoria e problemas de acabamento por todos os três carros. Situações adversas preocupantes para a escola no quesito.

Fantasias

As fantasias da X-9 procuraram, em meio aos setores, se aproveitar da temática de busca por ensinamentos e caminhar da redenção para transmitir diversas mensagens motivacionais. No primeiro setor a leitura do enredo teve facilidade de compreensão, mas conforme as alas foram passando, interpretar o significado das fantasias foi se tornando gradualmente difícil. Sem a referência da nomenclatura das fantasias contida no roteiro, é questionável afirmar se o público foi capaz de entender as mensagens do enredo.

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Harmonia

O canto pelas alas da X-9 Paulistana foi aquém do esperado, chamando atenção de forma preocupante por componentes em diferentes alas serem vistos sequer cantando o samba. A ala 11 foi um destaque positivo, cantando mais do que a média geral da escola. O desempenho do quesito requer atenção no momento da apuração das notas por conta da irregularidade.

Samba-enredo

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A obra que conduziu o desfile da X-9 é assinada por Diogo Nogueira, Arlindinho Cruz, Inácio Rios, Igor Leal e André Diniz, e na Avenida o samba foi defendido pelos intérpretes Daniel Collete, Helber Medeiros e Royce do Cavaco.

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A obra cumpriu sua parte no desfile narrando a proposta do enredo com fácil referência dentro da leitura das alegorias. A ala musical conduziu o samba bem, embalada pela vasta experiência de seus comandantes.

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Evolução

A evolução pela Avenida foi constante em parte do cortejo, com a escola executando um bom recuo de bateria. Foram observadas, porém, algumas oscilações de andamento e problemas de compactação entre as alas, mas nada que comprometesse o fechar dos portões, ocorrido após 58 minutos de desfile. Entre as alas, porém, alguns componentes não evoluíram conforme o esperado, apenas caminhando pela pista e demonstrando falta de empolgação.

Outros destaques

A bateria “Pulsação Nota 1000” foi outro destaque positivo do desfile da escola. Os ritmistas cumpriram bem o papel de ditar o ritmo do samba com bossas criativas e bem-executadas. Chamou atenção também a presença do presidente e mestre Adamastor junto de mestre Keel à frente do quesito. A madrinha Valéria de Paula cumpriu a missão de levantar o público com entusiasmo e samba no pé.

Estética deslumbrante e perfeição nos demais quesitos são trunfos para Imperatriz brigar pelo título

Foi um desbunde. A Imperatriz pisou na Sapucaí com a qualidade alta dos quesitos de chão quente nos acostumamos a ver nos últimos anos. Mas, neste domingo, havia aquilo que faltava para nao gerar nenhuma dúvida, se a escola faria um grande desfile, a plástica impecável de Leandro Vieira. Se no ano passado, o carnavalesco recebeu algumas críticas pelo trabalho, dessa vez ele acertou a mão e mostrou algumas novas facetas como a utilização da iluminação cênica e predileção para a utilização de mais movimento nos carros. A estreia de Patrick Carvalho confirmou o acerto na escolha do profissional pela escola e o entendimento que o coreógrafo tem para fazer produções para a temática afro. O samba na voz de Pitty de Menezes teve alto rendimento, e o casal de mestre-sala e porta-bandeira Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro foram perfeitos, confirmando o melhor momento da carreira dos dois. Já o canto da comunidade foi intenso e potente, e a evolução muito correra e sem sustos. Um desfile que mais uma vez coloca a Imperatriz na briga pelo título. Com o enredo “Ómi Tútú ao Olúfon – Água Fresca para o Senhor de Ifón”, a Imperatriz encerrou o seu desfile com 78 minutos.

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Foto: Allan Duffes/CARNAVALESCO

Comissão de Frente

Patrick Carvalho fez a sua estreia na Rainha de Ramos repetindo uma dobradinha que já deu certo no passado, e que inclusive aconteceu nesse ano na Série Ouro, a partir da Maricá, ao trabalhar com Leandro Vieira. A comissão se utilizou de dois elencos e inicialmente mostrou o velho rei, senhor de Ifón, Oxalá, protagonista da comissão a partir de 15 componentes, que caminhavam apoiado no cajado ritualístico do orixá, apresentando sua dança característica, ainda fora do elemento cenográfico. Este elemento da comissão era enorme fazendo referência a uma localidade da África, com uma, também enorme, cabeça de elefante na frente, que se mexia. Casas de Ancestrais adornavam a estrutura e também alguns ossos. A segunda parte da coreografia se deu na parte de cima onde havia uma espécie de espelho d’água em que se passava a narrativa, sintetizando o enredo. O segundo elenco, com Oxalá já mais enfraquecido dança até receber a cura no clímax da apresentação que terminava com o orixá levitando debaixo de fumaça e sendo aclamado pelo publico. A comissão também fez bom uso da iluminação cênica para dar destaque aos seus atos. No geral, sintetizou bem o enredo e mostrou boa sincronia. O elemento cenográfico também foi destaque pela beleza e pelos efeitos.

* LEIA AQUI: Imperatriz Leopoldinense resgata enredo afro e retrata a resistência de Oxalá no Carnaval 2025

Mestre-sala e Porta-bandeira

Indo para o terceiro ano juntos, desde que retomaram a parceria, Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro se apresentaram com a fantasia “Axé Funfum”, predominantemente na cor branca associada a Oxalá. Localizados no setor batizado de “O cortejo funfum”, eles se inseriram conceitualmente em uma abertura que fazia tributo a Oxalá, “o senhor da cor branca”. Cobertos por signos associados à deidade funfum celebrada pelos nagôs como o “pai da criação”, o figurino que vestiu o casal se valeu de adornos estéticos de contornos africanizados. Muito bonita a fantasia.

Na coreografia, a dupla mais uma vez confirmou seu melhor momento, com um bailado mesclando a característica que lhes chama mais atenção que é o bailado clássico com danças para os orixás. O início vem com a dança mais tradicional, com perfeição, com a dupla sempre se buscando, ele riscando o chao com perfeição e intensidade, ela maravilhosa nos giros e rodopios, sublime e sempre com um lindo sorriso no rosto e com a bandeira aberta o tempo todo. Mas, o que trouxe para a apresentação maior emoção e fez a dupla ser aclamada, aconteceu em dois pontos do samba, na verdade. Primeiro, mais com Phelipe no “Justiça maior é de meu pai Xangô “, em que o mestre-sala faz movimentos para o Orixá, com o mestre-sala muito leve na coreografia e com perfeição. Já no refrão de baixo no “Oní sáà wúre”, com a dupla fazendo a dança com o corpo inclinado, saudando o protagonista do enredo. Excelentes apresentações nos módulos.

Harmonia

O carro de som comandado mais uma vez pelo intérprete Pitty de Menezes foi um ponto alto do desfile. Pitty vive um momento sublime e tem muita qualidade. Junto com ele se destacaram tanto o time de cordas quanto as vozes de apoio. O cantor cantou com correção, fez seus já costumeiros cacos chamando o componente ao canto e arriscou até um caco imitando a gargalhada de Exú no refrão do meio que fala sobre esta parte da narrativa, de forma equilibrada e sem atraplhar o canto sustentado pela equipe. E a comunidade abraçou o samba com um canto potente, correto, e pelo tempo todo de desfile, sem deixar cair. Fez o que sempre foi visto nos ensaios e eventos da escola em geral. É uma comunidade que gosta de ensaiar e que canta hoje com o sorriso no rosto, já não parece ser mais uma obrigação, é natural.Um momento para se destacar foi o samba começando com a corda do caranguejo, com todo mundo abraçado no ” “vai começar “, algo que ficou tradicional nos ensaios na Sapucaí e em Ramos, e que foi levado para o desfile oficial, ainda que não conte ponto, ajudou a começar quente.

Enredo

A comunidade de Ramos há muito tempo pedia por um enredo que abordasse um orixá, a última vez foi em 1979 com “Oxumaré, a lenda do arco-íris”. Por isso, esse enredo despertou muita expectativa, não só do sambista amante de carnaval, mas especificamente do gresiliense. Basicamente, a proposta de Leandro Vieira era contar a jornada de Oxalá ao reino de Oyó, para visitar Xangô, ressaltando valores como humildade e respeito, e festejando uma grande cerimônia religiosa no Candomblé que é “As águas de Oxalá”.

Para isto, a Imperatriz trouxe no primeiro setor ” O Cortejo Funfum” um ambiente de contorno estético africanizado. Na abertura, a cor branca e os artigos decorativos em prata e marfim evidenciaram a celebração da figura de Oxalá, o senhor de Ifón. Logo em seguida em “Na consulta ao Ifá, presságio “a escola se debruçou nos “antecedentes” da viagem contada no enredo da Rainha de Ramos. No terceiro setor ” O fardo de dever”, a Imperatriz focou na figura de Exú, que ao não receber o agrado de Oxalá, passa a ser “travessura da travessia”. No quarto setor “Depois da tristeza, Justiça maior”, o carnavalesco abordou o tempo em que Oxalá esteve encarcerado e a maneira como Xangô realizou a “justiça maior” que põe fim ao drama narrado pelo itã. No último setor “preceito Nagô a purificar”, a Imperatriz encerrou seu desfile com as águas de tempos imemoriais que encerram o setor anterior e seguem sendo derramadas sobre o orixá. O enredo passou de forma muito didática pela Sapucaí, com a narrativa bem clara desde o início com Oxalá se preparando para começar sua jornada, passando pela parte dos conflitos com Exú até o momento da redenção. As fantasias, por mais que tivesse uma temática mais afro, que para quem não é tão iniciado nesta cultura poderia gerar dúvidas, em seu desenvolvimento estético e até na palheta de cores ajudaram na visualização da narrativa. História bem contada.

Evolução

A escola passou de forma muito correta, com aquilo que te se destacado nesta transformação da Imperatriz nos últimos anos, muito mais quente, muito mais alegre, sentindo e aproveitando suas passagens na Sapucaí. Ainda que no ensaio técnico tenha sido ainda melhor, é fácil de explicar que o público era totalmente diferente de hoje. A escola passou bem, correta, sem deixar grandes espaçamentos, em um ritmo cadenciado, alegre e realizando com excelência todos os momentos mais críticos de um desfile, seja nas apresentações da comissão de frente e do casal, além de entrada e saídas da bateria do recuo. Em relação a alas coreografadas, a escola não apostou de forma tão latente o que manteve os componentes com espontaneidade.

Samba-enredo

O samba tem autoria de Me Leva, Thiago Meiners, Miguel da Imperatriz, Jorge Arthur, Daniel Paixão e Wilson Mineiro. A parceria assina a obra pelo terceiro ano consecutivo, com o asterisco de que em 2024 foi uma junção, e, talvez dos três este seja o que melhor sintetiza o enredo, ainda que o de 2024 tenha conseguido uma maior interação com o público. Mas, como obra para este carnaval, mais uma vez permitiu que a bateria de mestre Lolo abusasse da musicalidade do enredo com bossas, utilizando atabaques e agogôs, tocando para o orixá. Como em 2023, ano do Lampião, a escola apostou em um bis na cabeça do samba com o ” Vai começar ” que desagua no “Orinxalá ” com uma transição melódica que dá um charme a obra e a partir daí ganha ritmo e leva obra. É um samba para frente, que possui dois bons refrãos como ” Oní sáà wúre” no de baixo e “Ofereça pra exu” que mesclam potência com melodia, além do excelente falso bis na parte de baixo em “Justiça Maior é de meu Pai Xangô “. Como colocado acima, ainda que a obra de 2024 tenha interagido um pouco mais com a Sapucaí, a de 2025 fez um bom trabalho e conseguiu vencer a barreira de se apresentar ainda na segunda escola do domingo.

Fantasias

O conjunto de fantasias elaborado por Leandro Vieira foi muito pertinente para a transmissão do enredo. O primeiro desfile totalmente afro de Leandro Vieira trouxe um cuidado de seguir mais a risca ao vestuário e a indumentária utilizada nas religiões de matriz africana. O carnavalesco procurou não inventar muito e apostar no bom acabamento, na utilização de materiais de muito bom gosto, além da fidelidade, como retratado acima, aquilo que estava sendo retratado. Por isso, talvez as fantasias tenham impressionado menos que as alegorias, onde o carnavalesco se permitiu ser mais criativo e fugir um pouco mais de caminhos óbveis. O artista, aliás, se utilizou da palheta de cores para dar o clima de cada momento do desfile. No início abusando do branco de Oxalá, para sujar o orixá a partir do segundo setor, se utilizando mais do vermelho e dos tons alaranjados para colocar Exú na jogada. Depois, há uma maior utilização dos tons escuros quando o orixa vai para a prisão e o mal chega para o povo. No final do desfile, as fantasias retomam o branco original após o banho em Oxalá, quando o enredo encerra com a cerimônia das águas de Oxalá. O único ponto negativo foi o problema apresentado na saia de algumas baianas que passaram arriadas pela Sapucaí.

Alegorias e adereços

A Imperatriz levou para a Sapucaí cinco carros e mais dois elementos alegóricos e aí, talvez, tenha sido o grande destaque do trabalho de Leandro. O carnavalesco colocou na sua caixinha de ferramentas mais alguns recursos que a gente não via com tanta rotina, como a iluminação cênica, que o profissional se rendeu neste desfile e a utilização de maior movimento, mas, tudo isso, sem perder o bom gosto, o bom acabamento, o traço fino e a qualidade visual, inclusive na reprodução das esculturas que faz o artista ser um dos mais bem conceituados. Conjunto alegórico deslumbrante.

O Abre-alas “O senhor de Ifón” se apresentou como um tributo a Oxalá – e esta é a razão para que a cor atribuída fosse o branco. Composto por dois módulos, a alegoria tinha no primeiro, Oxalá em seu trono, ladeado por sua corte e nas laterais do segundo módulo a presença de elefantes tingidos por grafismos tribais brancos, marfins e adornos de estética africanizada no chumbo e na prata. Na segunda alegoria “Ofereça pra Exú ” veio a face zombeteira de Exu, apresentada em múltiplas esculturas que sugerem a sua gargalhada. Em linhas gerais, o conjunto cenográfico se desdobra como um grande alguidar de barro e a alegoria ganha uma outra qualidade quando é colocada em contraste com a iluminação cênica. Os galos presentes também se mexiam.

O terceiro carro “O reino do quarto Alafin de Oyó” trouxe em sua cartela cromática a combinação de tons vermelhos e matizes alaranjadas fazendo valer as cores rituais daquele que é considerado a divindade do fogo que arde. Também a representação do machado que corta para os dois lados e lhe serve de paramenta, ocupava o mais alto lugar do elemento. Já a quarta alegoria “A justiça verdadeira” , reproduziu em seu conjunto escultórico os súditos de Xangô que carregavam os jarros que serviram para o armazenamento das águas, depois derramadas sobre o senhor de Ifón, excelente trabalho de escultura e na tonalidade do verde e dourado da Imperatriz.

A última alegoria da Rainha de Ramos “Axé de Ibá” retomou o branco do início do desfile, a partir da interpretação do Ibá de Oxalá limpo e purificado após a cerimônia que recria a lavagem do corpo do rei, agora vertido em contorno sagrado. Desse modo, a coroa, símbolo da escola, apresenta-se como um ADÊ (coroa) de Oxalá depositado sobre uma espécie de altar cenográfico. Ainda que um pouco abaixo na concepção em relação ao demais carros, a alegoria também cresceu bastante quando contrastada com a iluminação do sambodromo. Mas, é preciso falar do elemento cenográfico “dor, tristeza e solidão” é uma das melhores coisas que passaram por aqui nos últimos anos. Representando a prisão que Oxalá ficou, o carro tinha seres do mal que saíam em tons de roxo escuro, uma espécie de serpentes com movimentos, muito bem acabadas de traços únicos, impressionaram o público.

Outros destaques

A bateria Swing da Leopoldina de mestre Lolo veio de “Orinxalá e o Sal” representando a figura de Oxalá carregando um fardo amarrado nas costas. Com isso, o visual geral dá conta da passagem narrada pelo itã em que Exu esperou que o soberano adormecesse para amarrar um fardo de sal em suas costas e acrescentar ainda mais desgaste em sua caminhada. E a rainha Maria Mariá era ”  sal”, desfilando todo o seu samba no pé em seu terceiro ano a frente dos ritmistas da Rainha de Ramos. Mestre Lolo veio também de Oxalá, mas com uma face diferente do orixá em relação aos ritmistas. No esquenta, Pitty de Menezes cantou algumas obras do tradicional Cacique de Ramos como “Vou festejar (Chorão, não vou ligar)” e já emendou no ponto “Barraca Velha” para puxar a Cigana Esmeralda de 2024. Em seu discurso, o agora vice-presidente da escola, João Drumond falou sobre uma Imperatriz pronta para ganhar campeonato.

X-9 Paulistana 2025: galeria de fotos do desfile

Freddy Ferreira analisa a bateria da Unidos de Padre Miguel no desfile

Bom desfile da bateria “Guerreiros” da Unidos de Padre Miguel, sob o comando do estreante no grupo especial, mestre Dinho. Mesmo consolidado no mundo das baterias e sendo o responsável pela musicalidade já identitária da bateria da UPM, somente agora o carismático mestre recebeu essa oportunidade. Um ritmo com pressão sonora de surdos e com bossas bem conectadas ao belo samba-enredo de vertente africana da agremiação da Vila Vintém.

Na cozinha da bateria do Boi Vermelho, uma afinação poderosa de surdos foi notada, sendo responsável pela pressão sonora na execução e nas retomadas de bossas. Marcadores de primeira e segunda se exibiram com firmeza e segurança. Surdos de terceira deram um balanço bastante envolvente a bateria “Guerreiros” em ritmo e em bossas. Repiques coesos se apresentaram junto de um naipe de guerras sólido e ressonante. Atabaques vieram na parte de trás do ritmo, sendo utilizado com brilho sonoro em paradinhas junto de agogô com uma campana (boca).

Na parte da frente do ritmo da UPM, uma boa ala de cuícas se uniu a um naipe de agogôs que tocou com eficiência. Uma ala de chocalhos de imensa qualidade e virtude sonora se exibiu interligada a um naipe de tamborins com talento técnico. Desenhos rítmicos de chocalhos e tamborins foram um dos pontos altos das peças leves. O trecho “Toca o Adarrum” merece a menção musical pela nítida integração, que também conta com um movimento bem swingado dos surdos de terceira, demostrando uma conjugação sonora de alto valor musical.

Um leque de bossas com boa musicalidade e dinamismo foi exibido. Arranjos entrosados com as variações melódicas da obra da escola, se aproveitavam da pressão de surdos para dar impacto sonoro às bossas. Um conjunto de paradinhas muito bem integrado ao tema de matriz africana da agremiação, plenamente conectado ao enredo. Na última cabine julgadora, demonstrando estar com a bateria na mão, mestre Dinho lançou até sua carta na manga energética, que foi largar a segunda passada do estribilho para o público e encerrar com a bossa 7.

Uma boa apresentação da bateria “Guerreiros” da UPM, dirigida por mestre Dinho. Um ritmo com impacto sonoro, equilíbrio e boa musicalidade em bossas, que recebeu certa ovação popular na última cabine de julgamento, comprovando o bom trabalho realizado pela bateria da Unidos abrindo os desfiles do grupo especial. O único fato a ser lamentado ficou por conta do som da Avenida que acabou sendo inconstante em alguns trechos do cortejo, além do carro de som estar com a voz do cantor principal bastante elevada no último julgador.