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Freddy Ferreira analisa a bateria da Beija-Flor no Carnaval 2025

Um desfile muito bom da bateria “Soberana” da Beija-Flor de Nilópolis, sob o comando dos mestres Rodney e Plínio. Uma conjugação sonora valiosa de todos os naipes foi obtida, graças a um ritmo muito bem equalizado e equilibrado. Bossas orgânicas também ajudaram na grande apresentação nilopolitana, graças a um leque recheado de musicalidade intuitiva nos arranjos.

Na cozinha da bateria da Deusa da Passarela, uma afinação de surdos extremamente privilegiada permitiu uma equalização de timbres que proporcionou uma ótima fluidez musical aos mais diversos naipes. Marcadores de primeira e segunda tocaram com segurança, assim como as terceiras imprimiram um balanço envolvente a bateria “Soberana”. Repiques técnicos tocaram de modo coeso junto de um naipe de caixas de guerra com bom volume. O tilintar metálico das tradicionais frigideiras nilopolitanas brilharam. A parte de trás do ritmo também contou com atabaques e agogô de duas campanas (bocas), com participação importante de ambos numa bossa na segunda passada do refrão principal.

Na parte da frente do ritmo da azul e branca de Nilópolis, um naipe de cuícas seguro ajudou no preenchimento da sonoridade da cabeça da bateria da Beija. Assim como um casamento musicalmente valioso entre tamborins e chocalhos foi o ponto alto das peças leves. Chocalhos de grande qualidade musical tocaram entrelaçados a uma ala de tamborins com uma impressionante sonoridade coletiva.

As bossas da bateria da Beija-Flor eram intimamente conectadas à brava canção nilopolitana. Uma criação musical de bom gosto, se pautou nas variações melódicas para consolidar os arranjos, numa lição de intuitividade e um trabalho orgânico de destaque. Os arranjos possuem uma sonoridade que ajudou a impulsionar os desfilantes pela pista, graças à musicalidade dançante das bossas.

Um grande desfile da bateria “Soberana” da Beija-Flor de Nilópolis, dirigida por mestres Rodney e Plínio. Um ritmo bastante equilibrado e com uma sublime equalização de timbres foi exibido. Tudo junto de bossas dançantes e bem integradas ao samba da escola. Uma bateria da Beija-Flor que se apresentou em busca da nota máxima e pensando na melhor evolução possível para sua aguerrida comunidade. Houve ovação popular na bela apresentação no último módulo de jurados, encerrando um desfile poderoso da “Soberana”.

Freddy Ferreira analisa a bateria da Unidos da Tijuca no Carnaval 2025

Um ótimo desfile da bateria “Pura Cadência” da Unidos da Tijuca, comandada por mestre Casagrande. Um ritmo equilibrado, com brilho sonoro das caixas de guerra e bossas bem integradas samba, além de conectadas ao enredo.

A parte de trás do ritmo tijucano exibiu uma afinação primorosa de surdos, junto de marcadores de primeira e segunda precisos. Louvável o belo trabalho dos surdos de terceira do Pavão. Deram balanço fazendo ritmo, assim como nas execuções das bossas. Uma ala de repiques coesa tocou junto de um naipe extremamente acima da média de caixas de guerra. Simplesmente sublime o conjunto sonoro do ressonante toque das caixas da “Pura Cadência”, servindo de base de amparo musical para os demais naipes da bateria.

Na cabeça da bateria da Tijuca, um naipe de tamborins eficiente e funcional fez um bom trabalho, misturando um carreteiro de 2 por 1 e 3 por 1. O toque casou muito bem, impulsionado pela exímia batida das caixas. Chocalhos de grande valor sonoro apresentaram um trabalho de destaque. Cuícas de virtude técnica também contribuíram no preenchimento musical das peças leves com um toque ressonante.

As bossas da Unidos da Tijuca pautavam o toque através das nuances melódicas e do que o belo samba tijucano solicitava. Sempre preocupado com uma condução rítmica de desfile limpa, mestre Casão jogou mais uma vez com o regulamento debaixo do braço, exibindo o musical leque de bossas mais nas cabines julgadoras. Na cabeça do samba, uma bossa com sinal de batida de cabeça do Orixá se aproveitou de tapas ritmados e finalização com molho intenso das caixas e impacto sonoro dos surdos. O toque de Ijexá na segunda passada do refrão do meio era simplesmente encantador, com direito a repiques fazendo alusão musical ao toque do agogô, demonstrando boa versatilidade rítmica. Isso sem contar a bossa da segunda do samba, um Aguerê executado pelos próprios naipes tijucanos, com a sinalização da bossa sendo o arco e flecha de Oxóssi. Muito boa a concepção criativa das bossas tijucanas, bem conectadas ao enredo de matriz africana da escola do Borel.

Um desfile grandioso da bateria “Pura Cadência” da Tijuca, dirigida por mestre Casagrande. Um ritmo com potência sonora permitida pela afinação de surdos de qualidade e bossas bem casadas ao que pedia o samba-enredo tijucano. A exibição no último módulo foi impecável, sendo capaz de garantir a pontuação máxima.

Carnaval e Oscar se encontram no Camarote King no primeiro dia de desfiles do Grupo Especial

Em meio ao primeiro dia de desfiles do Grupo Especial do Carnaval Carioca, na noite deste domingo, o cinema brasileiro fez história ao conquistar pela primeira vez um Oscar. O filme ‘Ainda estou aqui’, de Walter Salles, venceu a categoria de Melhor Filme Internacional de 2025.

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No Camarote King, é claro que a premiação não poderia ficar de fora. O resultado saiu enquanto a Imperatriz Leopoldinense passava pela Passarela do Samba, e os clientes puderam acompanhar a cerimônia através dos telões e TVs instalados nos três andares do espaço. O produtor Philipe Rabelo explicou como a ideia surgiu.

“Quando começou a questão do Oscar ser junto com o Carnaval, a gente pensou que teria que dar para o nosso cliente a possibilidade de acompanhar a cerimônia. Foi algo mais intuitivo. Carnaval e Oscar tem tudo a ver. Na verdade, Carnaval é carnaval, mas tendo o Oscar no jogo, não dá para ignorar. Tem que ter um espetáculo duplo. Tá na Avenida, olhou para trás: tem a televisão”, contou Philipe.

Além da transmissão em tempo real, a equipe do King também produziu máscaras com a ilustração do rosto da atriz Fernanda Torres e até um ‘Oscar’ humano, que interagiu com o público ao longo da noite.

“A gente brinca dizendo que é o Oscar. Um certo dia, eu estava saindo do camarote quando o vi passando todo prateado para vender bala, e pensei: ‘opa, é ele!’. Fiz o convite, e ele topou. Hoje, ainda conquistamos o Oscar. Foi super legal e o público adorou a expectativa de estar com ele na torcida e tirar fotos. Teve um impacto bacana. Ficamos felizes”, revelou.

Por trás da fantasia estava o artista de rua Bruno Ferreira Oliveira, de 35 anos, torcedor da Unidos da Tijuca e da Acadêmicos do Grande Rio. Sempre pintado de prata, ele trabalha no entorno da Marquês de Sapucaí durante os ensaios técnicos. O sucesso foi tanto que, a partir de agora, a pintura de ‘Oscar’ se tornará sua marca registrada.

“Eu estava de prateado trabalhando no ensaio técnico e, do nada, me chamaram para fazer o Oscar. Amei tanto a experiência que vou passar a usar a roupa de Oscar, nem vou fazer o prateado mais. Agora, será o ouro do Oscar. Foi a primeira vez que estive no Camarote do King, e foi ótimo”, comentou o artista.

Nesta segunda-feira, Unidos da Tijuca, Beija-Flor de Nilópolis, Salgueiro e Vila Isabel desfilaram na Passarela do Samba. No King, o público também pode acompanhar os shows de Mc Maneirinho, Xande de Pilares, Entre Elas, Juliana Diniz e Chacal do Sax.

Vila Isabel Carnaval 2025: galeria de fotos do desfile

Salgueiro Carnaval 2025: galeria de fotos do desfile

Matriarcas do samba, baianas do Salgueiro encarnam rezadeiras

A Acadêmicos do Salgueiro desfilou nas primeiras horas de terça na Marquês de Sapucaí. Nesse carnaval, a escola levou à avenida o enredo “Salgueiro de corpo fechado”, sobre a busca pela proteção espiritual. As baianas representaram as rezadeiras e erveiras, matriarcas que aplicam sua sabedoria e esforço em prol da saúde religiosa da população.

“A proposta da fantasia traz um sincretismo religioso, com um pouquinho de cada religião. É a baiana tradicional, do jeito que eu queria. Eu gosto de baiana assim, com roda e pano de costa. Tem que ter responsabilidade, ter carinho, carisma, apego. Se não tiver isso, para mim não pode ser baiana”, pontuou a presidente da ala Tia Glorinha.

Tia Glorinha

As baianas abraçaram a criatividade do carnavalesco Jorge Silveira, que, através da abstração religiosa, proporcionou uma viagem pelos diversos Brasis.

“O enredo é muito bonito, muito bem escrito, muito bem desenvolvido. Ele é propício para o momento que a gente está vivendo. A gente está precisando ficar com o corpo fechado mesmo, se cuidar espiritualmente. Nós vamos receber umas ervas, que nós vamos passar na avenida limpando tudo e fechando o corpo nessa avenida”, comentou a técnica de enfermagem Elizabeth Garcia, de 55 anos.

Elizabeth

“Hoje é a minha estreia no Salgueiro. É um sonho desde os meus 3 anos de idade. A minha mãe me deu uma fantasia de baiana quando eu era criança. Ela é salgueirense e eu cresci com esse amor pelo Salgueiro. Meu grande sonho era estar aqui hoje. Eu estou muito feliz. Está muito bonito”, complementou.

“É muito lindo, muito lindo mesmo. Não é um enredo, é um mantra. Há muitos anos atrás, não tinha médico, mas havia rezadeiras e benzedeiras. As crianças eram levadas para combater doenças e trazer a cura”, pontuou a costureira Maria de Fátima da Silva, de 64 anos, que também estreou em 2025 na Academia do Samba.

Maria de Fatima 2

“A gente está perpetuando a nossa ancestralidade. Os nossos ancestrais vieram para o Brasil e trouxeram essa cultura de benzimento, de rezas. Trouxeram para cá e a gente está dando continuidade. As baianas abrem a escola, elas exaltam a escola, como se tivesse uma preparação da escola para entrar”, encerrou a educadora social Janaína Marcelino, de 59 anos. Janaína completou, nessa segunda, oito carnavais pelo Salgueiro.

 

Beija-Flor Carnaval 2025: galeria de fotos do desfile

Tijuca Carnaval 2025: galeria de fotos do desfile

Vila Isabel encerra desfile botando o Caldeirão para ferver com alegoria que espanta o medo e celebra a alegria

Na segunda noite de desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro, a Vila Isabel levou para a Avenida um espetáculo de fantasia e assombração com seu último carro alegórico intitulado ‘’O caldeirão vai ferver’’ misturando personagens do imaginário popular brasileiro com elementos do Dia das Bruxas, a escola transformou a Marquês de Sapucaí em um grande baile de alegria e mistério.

‘’A gente faz uma grande festa para encerrar com um clima lá em cima como a Vila merece, é um carro super astral, você encontra personagens de todos os tipos, mas é uma energia bem legal’’, relata Cátia, de 58 anos, mediadora da Fundação Adosório, desfila na Vila Isabel 3 anos.

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O carro trouxe figuras como o Saci, a Cuca e o Boitatá em um encontro inusitado com bruxas, espantalhos e fantasmas. A paleta de cores vibrantes, os efeitos de iluminação onde o medo e a diversão se encontraram em perfeita harmonia.

‘’Quando a gente era criança, a gente tinha medo da bruxa, do saci, do curupira e hoje está se transformando em alegria, que é o Carnaval. O índio, o pirata, o Billy Jack, o Chucky, as bruxas, de bate-bola, nós viemos em uma composição bem grande, bem diversificada’’, relata Cátia, de 47 anos, componente da escola desde 2019.

Segundo o assistente do coreógrafo Fábio Costa, responsável pelo carro, a ideia era brincar com o lúdico e ressignificar o terror.

‘’Observando a mistura do carro é bem positiva, nós temos um grande caldeirão de bruxa, ela vem dentro de uma grande abóbora e ao mesmo tempo ela encerra em alto astral o desfile com a bandeira da paz, que é a bandeira da Vila. A gente conseguiu mesclar essas duas coisas. A gente precisa ter coragem para enfrentar os nossos medos e através da alegria que o Paulo Barros criou para esse carro, a gente consegue superar esse medo que nem é tão medo assim’’, declara o assistente Airton.

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Os integrantes da escola foram peças fundamentais para dar vida ao conceito.’’ É muito surpreso para a gente, esse é meu primeiro ano, é a primeira vez que eu vou desfilar  na alegoria e a gente vai alegrar com surpresas na avenida. A gente vem trazendo muita alegria, querendo levantar a Sapucaí’’, declara Michael, supervisor, de 32 anos.

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O carro alegórico final da Vila Isabel encerrou o desfile com um misto de encanto e surpresa, deixando no ar a sensação de que o Carnaval é, acima de tudo, um espaço para a imaginação voar livre. A mistura de elementos culturais, a criatividade da equipe e a animação dos integrantes fizeram dessa alegoria um dos momentos mais divertidos da noite.

O trem fantasma da Vila Isabel arrepia e encanta na Sapucaí

A Vila Isabel chegou à Marquês de Sapucaí com um abre-alas que prometeu arrepiar o público e transformar a avenida em um grande parque de diversões. Sob o comando do carnavalesco Paulo Barros, o carro “Embarque nesse trem da ilusão” trouxe a adrenalina e o mistério de um trem fantasma, misturando medo e diversão em uma viagem carnavalesca pelo imaginário popular.

O carro, que impressionou pela grandiosidade e pelos detalhes assustadores, contou com elementos que remeteram ao universo dos filmes de terror e dos parques de diversões. Caveiras, esqueletos e fantasmas tomaram conta da estrutura, criando uma atmosfera que brinca com o medo, mas sem perder a essência alegre e festiva do carnaval.

A adrenalina do trem fantasma na avenida

Tainara Santos, de 18 anos, uma das destaques da escola, descreveu a sensação de desfilar no carro como única. “Ele passa um medo, mas ao mesmo tempo é incrível ver todo mundo se divertindo. O carnaval é isso: você começa assustando, mas no final todo mundo está sorrindo e brincando”, disse. Para ela, as caveiras e os esqueletos presentes no carro são os elementos que mais chamam a atenção. “Elas são divinas, mas dão medo. É como se fossem os restos de um fantasma, algo que ficou para trás”, completou.

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Célia Viana, cabeleireira de 55 anos, também destacou a emoção de desfilar no carro. “É uma adrenalina muito grande. Eu não tenho medo de assombração aqui, porque é Carnaval, é outro nível. Em casa, nem pensar!”, brincou. Para ela, o carro conseguiu traduzir a sensação de um trem fantasma de forma impactante. “É emocionante, dá um friozinho na barriga”, afirmou.

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O significado das caveiras e a transformação do medo em alegria

Rosely de Paula, de 55 anos, destacou que o carro é especial não apenas para os desfilantes, mas para toda a escola. “Ele vai deixar a avenida com muita energia. É o resultado de meses de ensaios e dedicação”, disse. Para ela, as caveiras e os elementos assustadores representam a essência do enredo. “É como se fosse um parque de diversões, mas com a magia do Carnaval. O Paulo Barros sempre surpreende, e esse ano não foi diferente”, completou.

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Roberta Nogueira e Marcelo Sandrini, coreógrafos do abre-alas, explicaram que o desafio foi transformar pessoas comuns em artistas capazes de transmitir a emoção do enredo. “A gente pega donas de casa, mecânicos, pessoas que não são do mundo artístico, e as transforma em estrelas. É isso que faz o Carnaval ser tão especial”, disse Roberta. Marcelo complementou: “O carro não é para assustar, é para divertir. É uma grande festa, como deve ser o Carnaval”.

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O abre-alas da Vila Isabel mostrou que o carnaval é, acima de tudo, uma festa que une medo, alegria e fantasia. Com um carro que mistura o susto do trem fantasma com a diversão de um parque de diversões, a escola de Noel conseguiu traduzir em cores, movimentos e emoções ao estilo Paulo Barros.