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‘Se não voltarmos nas campeãs, não entendo mais nada de carnaval, afirma mestre Casagrande

A Unidos da Tijuca entrou na avenida com o enredo “Logun-Edé – Santo Menino Que Velho Respreita”, a Unidos da Tijuca encerrou seu desfile em 77 minutos. A estreia de Edson Pereira trouxe uma escola com boas soluções estéticas, principalmente nas fantasias, que tinham uma leitura satisfatória e com bons acabamentos. O samba, muito elogiado no pré-carnaval, passou muito melhor que nos ensaios técnicos, com grande domínio de Ito Melodia e um canto excelente da comunidade do Borel.
Comandada pelas estreantes Ariadne Lax e Bruna Lopes, a comissão de frente “Tudo Começa no Orum” trouxe a origem da saga de Logun-Edé no mundo espiritual dos orixás. Após cruzar a linha de chegada, as coreógrafas falaram com o CARNAVALESCO sobre o acolhimento que receberam da comunidade e o trabalho apresentado na avenida.
“Nosso primeiro ano na Unidos da Tijuca e fomos muito bem acolhidas pela comunidade e por toda a direção da escola. Estou muito feliz com o resultado do trabalho apresentado. Foi um período de muito ensaio, muita ralação e conseguimos entregar um lindo desfile”, disse Ariadne Lax.

“Nossa sensação é de dever cumprido. De dever cumprido nas quatro cabines, com o público e ter passado essa história linda de Logun-Edé para avenida. Foram muitos ensaios, a reta final foi muito cansativa, mas a equipe foi sensacional”, completou Bruna Lopes.
O casal Matheus André e Lucinha Nobre representou a conexão entre Orum (mundo espiritual) e Ayê (terra) através de fantasias bipartidas: tons claros acima (Orum) e terrosos abaixo (Ayê), com búzios simbolizando a ligação entre as dimensões. A porta-bandeira falou de todo esforço que fez durante o pré-carnaval, as mudanças no estilo de vida e a certeza de que precisavam fazer um bom desfile para melhorar a impressão ruim que ficou da apresentação do ano passado.

“Foi um desfile muito emocionante. Estou muito feliz com a parceria com o Matheus. Nós ensaiamos muito. Viemos de um resultado que não foi bacana ano passado. Estávamos consciente disso e trabalhamos em cima dos nossos erros. Eu e Matheus demos a mão um para o outro e nos seguramos quando começou a ficar difícil. Nossa intenção era chegarmos plenos no desfile e conseguimos. São 41 anos de carnaval. Comecei em 1984 e cada ano eu quero mais. Fico muito feliz e honrada com os elogios. Acho que todo mundo percebeu o esforço que eu fiz. Perdi 12 quilos, fiz toda uma reeducação alimentar, um tratamento ortomolecular. Hoje me sinto plena e com meu corpo forte”, declarou Lucinha.
O diretor de carnaval Fernando Costa falou sobre a mudança de ânimo que teve na Tijuca desde a escolha do enredo e se mostrou feliz pelo trabalho apresentado pelas coreógrafas da comissão de frente.
“Gostei muito do resultado do trabalho da comissão de frente. A cada apresentação que ela fazia o público aplaudia, gritava. Fiquei muito feliz pela Ariadne Lax e Bruna Lopes. Desde que lançou esse enredo a energia da escola mudou. Nós sentíamos as pessoas felizes na escola, cada ensaio que íamos fazendo as coisas iam crescendo e acho que hoje foi o ápice. O enredo ajudou, o samba ajudou, a comunidade queria esse enredo. Foi uma energia muito boa”, afirmou.
Outro ponto alto da escola foi a apresentação da bateria do Mestre Casagrande. É uma bateria conhecida por sua excelência e constância nas apresentações, levantou a Sapucaí e deixou Casagrande muito feliz. O mestre cravou que a comunidade tijucana vai estar no desfile das campeãs.

“Fizemos o dever de casa. A bateria com a métrica que a gente toca, o andamento confortável para o samba e a recepção do público com a bateria foi muito boa. Estamos buscando resgatar o que a Tijuca era. Tinha muita gente da comunidade desfilando, o último carro só tinha pessoas da comunidade e foi muito legal. Tenho certeza que estaremos nas campeãs. Se não tivermos, aí eu não entendo mais nada de carnaval”.
A ausência sentida na bateria foi da rainha Lexa, que precisou se afastar após problemas durante a gravidez. Em fevereiro, a cantora perdeu sua primeira filha, a pequena Sofia, três dias após seu nascimento. Dessa forma, a Unidos da Tijuca optou por desfilar sem rainha em respeito à cantora. Coube a Juliana Alves apresentar a agremiação. Fazendo seu retorno à avenida em posição de honra, a atriz desfilou pela agremiação depois de muitos anos e emocionou o público com a sua volta.
“Esse desfile me encheu de orgulho desde o barracão. Esse desfile foi a consagração da nossa esperança. Todo mundo sabe o amor que eu tenho pela Tijuca e o orgulho da minha comunidade. Quero que os tijucanos tenham a honra de desfilar nas campeãs”, declarou.
Coreógrafos da comissão de frente da Portela explicam relação com carnavalescos da escola e adiantam o que esperar do desfile de 2025

Milton Nascimento será o tema do carnaval da Portela em 2025. A homenagem será feita com o título “Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol”. O CARNAVALESCO entrevistou os coreógrafos da comissão de frente da Portela, Leo Senna e Kelly Siqueira, e falaram um pouco sobre o que esperar do desfile.
“Tudo o que a gente acredita de coletividade, de amizade, de amor à arte, de amor à ecologia, de amor às crianças… Milton representa tudo isso. Ele resume todas essas coisas que são tão importantes para nós, tão importantes para os pilares da Portela. A gente tá muito feliz e muito honrado de poder falar dele, de poder trazer o nome dele na cabeça da escola”, disse Kelly Siqueira.
“Quando a Portela chegou com esse enredo para gente, foi um bálsamo. Eu escuto Milton desde que eu era criança. Eu tenho uma relação afetuosa, familiar, de momentos da minha vida que me trazem o Milton. Com esse enredo, a gente mergulhou mais ainda na obra e na vida dele. A gente foi atravessado pela obra dele. O que a música dele é capaz de fazer é o que a gente está trazendo na comissão de frente e a escola toda está trazendo na força da Portela”, expressou Leo Senna.
Em 2025, a Portela, maior vencedora do Carnaval Carioca, traz à avenida o enredo “Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol – Uma homenagem a Milton Nascimento”, sobre um dos mais ilustres cantores e compositores da música popular brasileira. O desfile é assinado pelos carnavalescos Antônio Gonzaga e André Rodrigues, que comandam pelo segundo ano consecutivo a direção artística da Majestade do Samba.

“A gente está fazendo tudo muito, muito junto. Toda ideia, a gente troca com eles. A todo momento, a gente fica trocando. Aquilo que eles visualizam que é bom para a escola e para a comissão, eles trazem e a gente, com um olhar mais recortado da comissão, absorve o que acha válido”, detalhou Kelly, sobre a parceria com Antônio e André.
Os coreógrafos comentaram também sobre a iluminação especial da Marquês de Sapucaí, que foi estrategicamente mobilizada, no ano passado, pelos desfiles mais elogiados pela crítica especializada.
“O Milton é uma pessoa iluminada. Esse ano, a iluminação ajuda a gente contar essa história”, revelou Kelly.
“A iluminação passou de uns anos para cá a ser um personagem a mais contador da história das comissões de frente e das escolas. Com certeza, esse ano ela é mais um personagem que vai estar entrando para contar essa história para você”, complementou Leo.
Sobre o tripé, a dupla confirmou a presença do elemento cenográfico na comissão de frente da Portela de 2025, embora tenham reforçado que o destaque da apresentação são os bailarinos, sempre.

“Vamos trazer o tripé. Ele vem ajudando a gente a contar a história, mas sempre, sempre os bailarinos são a parte mais importante. Ele vem como um apoio para a gente contar nossa história”, pontuou Kelly.
“Tudo o que tá em volta, o tripé, a iluminação, todos os elementos que compõem esse macro do que a escola vem contando são coadjuvantes que ajudam a contar essa história. Os bailarinos são os personagens principais”, esclareceu Léo, que também deixou um último recado para a comunidade portelense.

“Sempre, eu sempre penso em emoção”, declarou ele, sobre o que esperar da comissão de frente da Portela em 2025. “A Portela é uma escola muito forte. Tem uma ligação muito emocional e afetiva com cada componente. A gente compreende a Portela, nessa essência. Vamos trazer uma comissão forte e emocionante”, prometeu.
Nenê de Vila Matilde impressiona com desfile marcado por técnica
A Nenê de Vila Matilde fez uma apresentação grandiosa no Carnaval 2025, levando para a avenida o enredo “Um quê de poesia e um tanto de magia, nessa arte de encantar o imaginário popular…”, assinado pelo carnavalesco Danilo Dantas.
A porta-bandeira Graci destacou a superação enfrentada ao longo da preparação e celebrou a entrega do casal na avenida.
“Foi muito interessante porque, no início do processo, a gente estava se conhecendo. Quando estávamos no ápice, o Edgar teve uma doença muito grave, entre a vida e a morte. Nos privamos de falar para não gerar alarde e, depois disso, eu tive um problema no joelho. Então, nossa dança foi mais cadenciada, respeitando esse momento de recuperação. A cada ensaio e apresentação, fomos nos soltando mais, nos divertindo e hoje conseguimos extravasar. Foi um grande presente!”, afirmou.
O mestre-sala Edgar também comemorou a performance da dupla, ressaltando o sentimento de conquista.
“Hoje é uma sensação maravilhosa. Estou muito feliz! Esse desfile foi de pura determinação. Tivemos incertezas se conseguiríamos chegar até aqui, mas graças à paciência da escola e à confiança da Graci, conseguimos. A lealdade foi o que nos trouxe até esse momento, disse.
Na bateria, a emoção também foi intensa. O mestre Matheus destacou a dedicação da equipe para entregar uma apresentação impecável.
“O sentimento é de gratidão e dever cumprido. Foram meses de ensaios, noites sem dormir e muito trabalho. A bateria veio firme, fez todas as bossas e desenhos musicais com precisão. É gratificante ouvir pessoas da antiga dizerem que há 20 anos a bateria não descia assim. Isso é muito emocionante!”, afirmou emocionado.
O presidente Mantega exaltou a renovação da Nenê de Vila Matilde sem perder sua identidade.
“O desfile foi emocionante, fantástico, maravilhoso. A Nenê se renovou, mas manteve sua essência, sua raiz. Nenê é cultura, é história de um povo, e conseguimos mostrar isso. Foi uma apresentação espetacular!”, celebrou.
No carro de som, o intérprete Agnaldo também saiu satisfeito com o resultado.
“Acredito que tudo correu muito bem. Estávamos concentrados e focados, mas também curtindo a escola passar cantando. Isso nos dá ainda mais confiança. Tenho fé que estaremos entre as campeãs”, comentou.
“A recepção foi incrível. O samba foi cantado do início ao fim e a escola evoluiu conforme o planejado. Estou muito feliz! A Vila Matilde é isso: emoção e garra”, afirmou Bruna diretora de carnaval.
Já o carnavalesco Danilo Dantas celebrou o sucesso do enredo e a grandiosidade do desfile.
“Sensação de dever cumprido. Entregamos tudo o que essa comunidade esperava. Foi um enredo leve, alegre, luxuoso e colorido. Conseguimos mostrar essa mistura de Nordeste, era medieval e Brasil, tudo em um só espetáculo”, finalizou.
Com um desfile marcado por força e técnica, a Nenê de Vila Matilde chamou a atenção do público reforçando sua tradição.
X-9 Paulistana comemora seus 50 anos em desfile no sambódromo do Anhembi
A X-9 Paulistana foi a penúltima agremiação a desfilar no Grupo de Acesso I, com o céu já quase amanhecendo. O enredo foi “Clareou, um novo dia sempre vai raiar”. Os integrantes da escola da Zona Norte chegaram ao final da avenida com a sensação de que cumpriram aquilo que tinha sido planejado pela escola que completou 50 anos em 2025.
Pedro Vinicius, coreografo da comissão de frente
“Eu fiquei bem feliz com o resultado, depois de tanto empenho, de tanto ensaio. Muito feliz com a garra que a galera passou, do início ao fim. Eu acho que a gente conseguiu atingir o nosso objetivo hoje. Eu, particularmente, tenho algumas partes que eu gosto muito em questão de desenho e movimentação. Eu acredito que, para quem está assistindo, principalmente de cima, acaba dando um efeito legal. Tem alguns momentos que a coreografia tem esses desenhos que foi pensada para dar um pouco esse destaque mesmo no decorrer da coreografia. A inspiração no geral veio da música que inspirou o samba, então a gente ficou estudando tanto a música que inspirou o samba, quanto o samba, para tentar casar essas ideias, e que isso está, de alguma forma, representado na comissão também. A gente fica sempre preocupado com o figurino, por mais que a gente ensaie tudo é aquilo, é tudo no ao vivo. Então sempre fica essa tensão. A gente sabe que vai dar tudo certo. Mas sei lá, a gente sempre fica com essa preocupação na cabeça. Dever cumprido de ter entregue aquilo que a gente se dedicou tanto durante esse tempo.”
Julia Mary, Porta-bandeira da X-9
“Foi muito tranquilo, graças a Deus. A gente fez aí um trabalho de sete meses. De muito ensaio intenso, empenho, dedicação, pra chegar exatamente nesse dia. Que é um dia tão esperado por todos e graças a Deus a gente conseguiu prospectar aí na pista todo o trabalho que a gente veio fazendo ao longo desses sete meses com muita maestria. A gente saiu da nossa zona de conforto totalmente de dança. A gente trouxe uma dança mais fluida, muito mais movimentada. Acho que é normal ficar um pouco ansioso pelo momento mas graças a Deus não teve nada muito exacerbante que preocupou a gente ao longo do curso. A sensação é de dever cumprido. Tudo que a gente realmente ensaiou para trazer para cá, a gente conseguiu trazer. E a gente está muito feliz com o nosso trabalho, porque de fato é um trabalho com muito empenho e muita dedicação. Então, acho que o saldo no final de todo o nosso empenho é positivo.”
Mestre-sala Igor Sena
“A gente conseguiu fazer tudo que a gente vem ensaiando durante esses 9 meses. Conseguimos executar com bastante precisão, com coerência e com peso. Então acho que a gente sai bem feliz, satisfeito com o que a gente apresentou aí pro jurado, se Deus quiser vai dar tudo certo. Acho que a parte que eu mais gosto é realmente a apresentação com o jornal. É uma coreografia mais arrojada, bem dinâmica, bastante para frente. Eu gosto bastante dessa coreografia. A escola deixou a gente bem confortável, questão de fantasia, não tem nenhum problema. Foi bem tranquilo nessa parte. Agora é aquele nervosismo até terça-feira pra saber o que vai dar, não só em relação ao meu quesito, mas à escola toda. Esperamos trazer a nota ao máximo e subir ao grupo especial.”
Amauri Santos, carnavalesco
“Nós trabalhamos bastante para colocar a escola da Avenida, sabemos que não é fácil o Grupo Acesso, mas acho que foi satisfatório. A gente sabe que teve alguns problemas, mas a gente supera isso aí, a medida que deu certo no final. O nosso abre-alas veio grandioso, a nossa comissão diferente também… É uma sensação boa estar fazendo parte de uma escola de 50 anos. Eu acho que nunca fui tão bem tratado numa escola como essa, com todo esse respeito pelo profissional.”
Helber Medeiros, intérprete
“A X9 Paulistana fez o que tinha que fazer, fez o que a gente estava fazendo nos ensaios. A gente não consegue ter a visão do carro de som, mas o que a gente viu foi uma escola muito bonita, foi uma escola que veio guerreira, que está a fim de bater aquele recorde, subindo do grupo 2 para o grupo 1, e agora tentando subir para o especial. A X9 é a bi campeã do carnaval. E merece esse propósito. Então, eu acredito que foi tudo certo. Foi uma energia muito boa. A escola veio perfeita. A gente veio leve, veio super tranquilo, não vi nenhuma dificuldade. Não sei, mas tomara que não teve mesmo, mas durante o desfile nosso coração veio com um clima muito gostoso.”
Royce do Cavaco, intérprete
“A escola ficou animada, cantando, evoluindo bem, harmoniosa. Agora, no final do desfile e lá no começo, eu espero que tenha corrido tudo bem, pelo menos nada que pareceu assim fora do normal. Acho que a escola veio tecnicamente perfeita. Hoje em dia, você tem que desfilar dentro do regulamento. Então eu acredito que a gente conseguiu o objetivo. O samba está na boca do pessoal da escola, está na boca do componente, todo mundo cantando com afinco. O carro de som, a gente ensaiou bastante para cantar o samba com todas as divisões certinhas. E o samba é gostoso de cantar, bonito, pra cima… Foi tudo de acordo com o último ensaio técnico. Andamento, a divisão do samba. A parada que jogou pro povo da escola. Aconteceu normalmente. O retorno, a retomada foi boa. Eu acho que a X9 vai surpreender.”
Daniel Collete, intérprete
“O samba rolou muito bem. Graças a Deus foi um acerto muito grande. A escola cantou muito samba. O carro de som, graças a Deus, também com o mestre Royce aqui com a gente. A coisa só agregou e eu acho que vamos ter um bom resultado. Tomara que a gente volte sábado. Acho que tudo fluiu normalmente do jeito que eles queriam, do jeito que eles elaboraram. É óbvio, natural que sempre tem uma coisa e outra, né? É impossível chegar 100%, mas o que foi determinado foi feito.”
Mestre Kel, mestre bateria da Pulsação Nota 1000
“Pô, tô até sem voz, foi sensacional, foi melhor do que a gente imaginava. A gente ensaiou pra ser bom, mas foi melhor do que bom. Tanto questão de ritmo, bossa, o clima, ver o pessoal da bateria todo mundo feliz, desfilando feliz, tirando onda, isso aí pra mim foi o que mais valeu a pena. E a gente chegou aqui na faixa amarela, na segunda faixa, aqui na dispersão com sensação de dever cumprido de saber que a gente executou tudo que a gente ensaiou. O trabalho começou em abril e a gente conseguiu fazer tudo da melhor forma, ajudar a escola e graças a Deus deu tudo certo, agora é esperar terça-feira.”
Reginaldo Tadeu, Mestre Adamastor, presidente
“A gente sabe que sempre tem uma pitadinha a mais que a gente poderia dar, porque a gente é muito exigente. Mas o desfile foi lindo, a gente está muito feliz, principalmente de ver o xisnoveano feliz. Esse é o grande presente que a gente teve nesse grande carnaval.”
Rainha Bianca Monteiro se prepara para o Carnaval 2025 enquanto inspira a nova geração portelense

Em seu primeiro à frente da bateria, a Portela é campeã. Bianca Monteiro começou sua trajetória de rainha em 2017 e hoje se mantém entre as mais longevas rainhas em atividade. Bianca cresceu na quadra da Portela, foi passista, se tornou rainha, está estudando Serviço Social e se tornou inspiração para a nova geração de meninas da Portela, não só das passistas.
Em 2025, a Águia de Oswaldo Cruz e Madureira levará para a Avenida o enredo “Cantar será buscar um caminho que vai dar no Sol” em homenagem ao grande artista Milton Nascimento, de desenvolvimento dos carnavalescos Antônio Gonzaga e André Rodrigues. Para Bianca cada enredo é uma chanca para se reinventar e enfrentar novos desafios.
“É meu oitavo ano e cada ano é um aprendizado diferente. Trazer Milton Nascimento é algo enriquecedor para a nossa escola, fazer a primeira homenagem para alguém em vida para Milton, que é um dos maiores artistas, é sempre uma experiência nova. Eu estudo, tento me reinventar, não é fácil porque cada ano é um obstáculo, são coisas diferentes. A demanda vem aumentando cada vez mais, até para você oferecer para as pessoas algo diferente. Eu faço de tudo para trazer algo de novo todo ano.”, contou Bianca.
Nesses oitos de reinado, a vida da Bianca mudou. Ela se profissionalizou cada vez mais como Rainha, busca agregar outros conhecimentos ao exercício da sua arte e pretende continuar atuando ativamente na Portela, mesmo após uma passagem de cargo.
“A minha vida mudou muito. Mudou tudo, na verdade. Isso aqui é minha vida, meu trabalho, meu ofício. Eu trabalho na arte, eu vivo da arte e sou o que sou por conta da arte. Quando você consegue ser reconhecido dentro da sua escola, dentro do seu ofício de trabalho, naquilo que você faz, só cresce cada vez mais. Você não consegue construir uma carreira e uma vida dentro do carnaval sendo uma rainha de um ano. Nós precisamos de Evelyn Bastos e de Raíssa [de Oliveira], que ficou 20 anos na Beija-Flor. Nós precisamos estar nesse lugar por um tempo até se aposentar e passar o cargo para outra pessoa. Isso constrói. Nós estudamos, fazemos faculdade, acabamos entrelaçando outras carreiras. Eu faço Serviço Social ligado ao Carnaval porque eu quero continuar trabalhando com o Carnaval, com as pessoas e com essa comunidade maravilhosa que é a Portela.”, explicou a rainha.
No quesito reinvenção e polêmica, Bianca Monteiro deixará sua marca novamente em 2025. Em 2024, a portelense entrou na Sapucaí representando a orixá Oxum com o corpo todo pintado de preto e adornos em dourado. A fantasia surpreendeu tanto positivamente quanto negativamente, dividindo opiniões na internet. Seu desempenho lhe rendeu o prêmio Estrela do Carnaval de Melhor Rainha de Bateria, do CARNAVALESCO. Sobre a próxima caracterização, Bianca não quis entrar em detalhes, mas acredita que pode ter um efeito parecido.
“Não posso adiantar nada da fantasia. Essa fantasia, eu acho que pode criar bastante polêmica. Não tanto quanto a do ano passado, mas pode criar uma polêmica na internet. Esse ano que passou foi muito bom, mas tiveram várias pessoas que me amaram e várias outras que me odiaram. E esse ano vai ser uma coisa bem parecida.”, declarou.
Guerreira, Diva, Povão
Os portelenses veem o quanto Bianca Monteiro é uma rainha presente na quadra. Nascida e criada na Portela, ela se inspirou em passistas mais antigas e fica feliz em ser um exemplo a ser seguido pelas meninas da comunidade.
“É a minha vida. Eu sou nascida e criada na comunidade. É muito engraçado porque eu vi muitas delas pequeninhas, bebês, pegava no colo, e hoje já estão mocinhas, sambando, formando opiniões. Ver esse crescimento e ajudar, assim como muitas pessoas ajudaram no meu crescimento para que eu pudesse estar aqui hoje, é sempre muito emocionante. É emocionante poder saber que elas olham para a Bianca, elas se veem e acreditam que podem estar nesse lugar também.”, disse a portelense.
Para a ritmista Rafaela Vitória, de 21 anos, Bianca é humilde e é “povão”. A auxiliar de loja toca chocalho na Tabajara do Samba e reconhece o poder de sua rainha.
“Ela é uma mulher negra empoderada, povão, comunidade. Ela sempre representou as meninas da comunidade. E acho isso muito bonito, porque, mesmo ela tendo um cargo alto, ela não deixa de ser uma pessoa humilde, de onde ela veio.”, afirmou Rafaela.
Bianca começou cedo como passista, aos 13 anos, na Portela e sua trajetória é um exemplo para as jovens portelenses que ocupam esse espaço hoje. Evelyn Cristine, Mabi Lobo e Maria Luiza, todas de 18 anos, têm em sua rainha um exemplo. Evelyn, que desfila há 2 anos na azul e branco, declarou: “Ela é um exemplo de mulher, de rainha. Exemplo mesmo de uma guerreira.”
Mabi Lobo comentou a presença da rainha tanto nos eventos da escola quanto nas ações socioculturais.
“Eu a tenho como uma das minhas principais referências além da tia Nilce [Fran] porque eu a vejo como uma mulher muito forte, uma rainha muito presente na nossa comunidade. Uma rainha que está presente tanto nos eventos em geral, quanto social e culturalmente. Ela faz o maior esforço como uma pessoa cultural, como com os trabalhos sociais na Portelinha. Por isso, vejo como uma pessoa muito forte, empoderada e uma das minhas principais referências no samba.”
Maria Luiza também exalta o trabalho social de Bianca e sua capacidade de ensinar e inspirar jovens como ela.
“Eu acho uma diva porque ela inspira muitas meninas, como eu. Ela faz projetos que encorajam outras meninas, tanto as que são do Carnaval quanto as que não entendem de Carnaval. Acho que ela passa muito do conhecimento dela para as outras pessoas.”
Dom Bosco de Itaquera encanta Anhembi com enredo repleto de magia
A Dom Bosco de Itaquera encantou no carnaval de 2025 com o enredo “O Circo Místico das Ilusões”, assinado pelo carnavalesco Fábio Gouveia.
O coreógrafo da comissão de frente, André, destacou o trabalho intenso da equipe para apresentar uma coreografia marcante.
“Avalio nosso desempenho de forma muito positiva. Estamos nesse processo desde junho e montamos um grupo novo, cheio de energia. É meu primeiro carnaval na Dom Bosco, e viemos preparados com uma coreografia belíssima e figurinos incríveis, desenvolvidos pelo João Elson. Além disso, a maquiagem impecável do Everton deu o toque final. Acredito que tudo tenha saído conforme o planejado, e estou muito feliz com o resultado”, disse.
O carnavalesco Fábio Gouveia celebrou a oportunidade de imprimir uma nova identidade artística na escola.
“Quando fui convidado para fazer esse carnaval, ouvi que a Dom Bosco buscava renovação, uma assinatura artística própria. Algumas pessoas veem isso como um desafio, mas hoje eu uso essa missão como uma grande resposta. Meu objetivo era transformar essa vontade da escola em um desfile impactante, e acredito que conseguimos. Foi um trabalho árduo, mas a entrega da comunidade foi essencial para esse resultado”, afirmou.
À frente da bateria, o mestre Bola exaltou o empenho da equipe e comemorou a performance.
“Sinto um enorme dever cumprido. Foi uma preparação intensa, com ensaios técnicos e muitas reuniões para ajustar cada detalhe. Sou sempre muito crítico com o meu trabalho, sempre quero mais, mas hoje posso dizer que estou satisfeito com a nossa bateria. O ritmo veio forte e bem executado”, analisou.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira também deixou a avenida com a sensação de missão cumprida.
“Ensaiamos muito para esse momento. Não só nós, mas todos os casais que passaram por essa pista nesses dias se dedicaram intensamente. O cansaço existe, mas a satisfação de ter entregado um grande trabalho compensa qualquer esforço”, declarou o mestre-sala Léo.
Sua parceira, a porta-bandeira Mary, compartilhou do mesmo sentimento.
“Foi uma longa jornada de ensaios e preparação, e hoje saio da avenida extremamente grata. Demos o nosso melhor e conseguimos concretizar tudo aquilo que planejamos. É uma alegria enorme”, afirmou.
O presidente Padre Rosalvino demonstrou emoção no final do desfie ao conversar com o site CARNAVALESCO.
“Sinto uma emoção imensa. Dom Bosco sempre nos ensinou que a alegria deve reinar nos corações, e nós conseguimos transmitir isso na avenida. O Carnaval é sinônimo de felicidade, e ver nossa comunidade realizada depois desse desfile é a maior prova de que cumprimos nossa missão”, destacou o presidente Padre Rosalvino.
Com uma apresentação lúdica e carregada de magia, a Dom Bosco de Itaquera mostrou sua força e vontade de evolução no cenário do carnaval paulistano.
Buscando retornar ao Grupo Especial, Tom Maior faz grande desfile com emoção no final
A Tom Maior reeditou o samba-enredo de 2009: “Uma nova Angola se abre para o mundo! Em nome da paz, Martinho da Vila canta a liberdade!”. A vermelho e amarelo fez uma apresentação contagiante no Anhembi. Os segmentos da escola acompanharam com muita emoção a chegada da escola na dispersão.
Yascara Manzini
“É extenuante, porque é uma roupa linda e é uma coreografia muito forte, muito pesada. É de fato uma coreografia com elementos africanos e afro-brasileiros. Acho que foi muito bom. A gente fez em 40 minutos, bastante tempo de pista dançando uma coreografia tão forte e eu espero que o público tenha gostado. O momento em que aparece a bandeira de Angola, o próprio Ganga, eu acho que todos os elementos da comissão foram muito bem pensados. Para pensar essa nova Angola, essa reconstrução, esse lugar de uma criança que morre na guerra e que se encontra em outro lugar para ver a sua nação reconstruída. A comissão de frente que passou em 2009, foi o start para essa comissão de hoje, porque era uma comissão muito doída. Quando tinha aquele momento em que eles abriam um pano e tinha uma criança que a gente pressupunha que ela tinha morrido. Eu sempre fiquei pensando numa criança dentro da guerra com tanta morte, com estupros, sem possibilidade de pensar no futuro”, afirmou Yascara e seguiu.
“E a história nasce daí, exatamente, dessa criança que morre, que chega numa outra dimensão, um ‘ganga’, um ancestral, que começa a apresentar para essa criança uma angola antes da chegada do homem branco, antes dos problemas que vieram junto com o colonizador. Apresenta os elementos e traz a cura para essa criança, que se desloca no tempo e vê Angola hoje, aquela escultura que tem no Monumento da Paz em Angola, e vê que Angola também está sendo celebrada no Brasil, na Tom Maior. A Tom Maior é uma escola que te dá muita possibilidade de fazer um excelente trabalho. Ela cumpre o que ela quer. Eu sou coreógrafa, mas eu também sou acadêmica, sou pesquisadora de estética africana há mais de 30 anos. Então é uma alegria que pela primeira vez na minha vida eu tive a oportunidade de juntar a minha vida acadêmica com o meu conhecimento como coreógrafa. Então eu saio muito feliz e realizada.”
Mestre Carlão, também presidente
“No ano passado nós tivemos um resultado que não esperávamos. A escola entrou cotada para ficar entre as primeiras e tivemos problemas sérios de evolução. Esse ano foi um trabalho árduo em um grupo diferente e fizemos o máximo possível. Podem ver a nossa plástica: um carnaval grande para o grupo. Acredito que nós tenhamos feito o que o público estava aqui esperando, que é um grande espetáculo, um samba bom, e uma escola muito emocionante. Me sinto honrado. Honrado por Deus, honrado pelos Orixás, honrado por tudo. Nós conseguimos fazer um carnaval de acordo e estou feliz. É bom demais (novamente comandar a bateria com o samba sobre Angola) porque o samba é bom, a bateria trabalhou bastante e fizemos um grande conjunto de samba e bateria.”
Érica Ferreira, diretora de carnaval e de harmonia
“Não foi só por nós estarmos reeditando o enredo de 2009, mas foi realmente um processo de reconstrução, de renascimento da escola, de autoestima, de união, de realmente trabalharmos juntos. É que tem clichê, mas aquela coisa de ninguém largar a mão de ninguém. Durante o processo nós viemos tranquilos. Quando foi para sair e tirar o Abre-alas, deu uma empacada aqui na dispersão e não conseguíamos desacoplar o carro.”
Gilsinho, intérprete
“Achei sensacional. A arquibancada veio junto com a gente, cantou junto. Achei que a escola se comportou muito bem, cantando bem, evoluindo bem. Mas é esperar o resultado pra ver como é que foi. O samba é todo muito bom. Samba muito bem construído, samba alegre, pra cima. Eu gosto do samba inteiro. Pra gente funcionou tudo muito bem. A sensação é de que a gente vai subir, se Deus quiser.”
Mestre-sala
“A gente caiu (ano passado), que eu acredito que seja de forma injustamente. Esse desfile é pra mostrar do que a gente é capaz, que a gente é grande, que a gente pode voltar. E a nossa dança foi como nossa escola: grandona. Tudo muito bem executado, muito bem ensaiado. Graças à diretora Érica, que botou a escola ensaiado desde muito tempo atrás, ninguém entendia o porquê, mas todo mundo viu aí o resultado. É isso. A sensação é de dever cumprido. Eu acho que a Tom Maior fez a lição de casa bem feitinha. A gente ensaiou muito, muito, muito. Enquanto tinha escola em setembro começando a ensaiar, a gente já estava fazendo ensaio de rua.”
Porta-bandeira
“A gente trabalhou bastante desde abril e tudo que a gente ensaiou e propôs a gente executou. Foi maravilhoso, maravilhoso. Eu gosto muito do nosso desenho coreográfico. Tirando a nossa emoção, que a gente se emociona bastante, deu tudo certo. Olha, a sensação de, independente da nota, que eu acredito que vai vir, é de dever cumprido mesmo. Tudo que a gente propôs, a gente fez. Então, assim, foi um trabalho bem executado.”
Coreógrafos do Tuiuti comentam sobre a comissão de frente esperada: ‘potente, significativa e necessária’
A Paraíso do Tuiuti abordará a história de Xica Manicongo, considerada a primeira travesti escravizada do Brasil. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, a renomada dupla de coreógrafos, Claudia Mota e Edifranc Alves, falou sobre a equipe da comissão de frente e a importância de sua representatividade na abertura do desfile do Tuiuti.
Claudia enfatizou a relevância da colaboração entre os coreógrafos e o carnavalesco Jack Vasconcelos.
“Nossa parceria com o Jack é 100%. Somos um trio muito unido e conectado. O Jack é uma pessoa extremamente sensível, e valorizamos essa sensibilidade, especialmente em um enredo tão significativo, potente e necessário como este. Ele possui essa característica de forma muito intensa, e nossa convivência é sempre harmoniosa. O Jack é generoso e compreende as necessidades do coreógrafo, da equipe e do elenco. Ele entende o que precisamos para evoluir na produção da Comissão. Fazer uma coreografia envolve diversos aspectos, e este enredo destaca, principalmente, a relação com as pessoas. Notamos que todo o barracão está empenhado, desde a presidência até a portaria, em fazer deste desfile um momento histórico, e isso tem sido possível, graças a Deus”, declarou Claudia Mota.

O coreógrafo Edifranc também abordou a importância da iluminação cênica, que a cada ano se torna uma inovação no sambódromo e um aspecto crucial para as Escolas de Samba.
“A iluminação do sambódromo é um recurso maravilhoso que possibilita às escolas crescerem artisticamente e cenicamente diante dos jurados. Estamos utilizando ao máximo esse recurso para compor nosso trabalho, e o resultado será extraordinário. Vocês ficarão surpresos!” afirmou Edifranc Alves.
Atualmente, os tripés se tornaram elementos fundamentais nas comissões de frente, muitas vezes possuindo a largura de um carro alegórico. Edifranc comentou sobre a relevância desse componente na comissão.
“Hoje em dia, os tripés são um elemento essencial, um componente indispensável nas comissões de frente. É difícil imaginar uma comissão sem eles. Portanto, sua importância é imensa!” ressaltou Edifranc.
Todo ano, os foliões ficam ansiosos para descobrir o que esperar da comissão de frente, especialmente da Tuiuti, que nos últimos carnavais tem mostrado uma aula de emoção na Sapucaí.
“Esse enredo é magnífico, já nasceu grandioso, importante e potente. Temos um elenco excepcional, que inclui bailarinas trans e bailarinos cis, todos incríveis. Estamos explorando ao máximo os elementos que eles podem nos oferecer e esperamos entregar um trabalho de grande excelência e emoção. Vocês vão se surpreender”, concluiu Claudia Mota.