Thiaguinho Mendonça e Amanda Poblete falam da responsabilidade de conduzir os pavilhões da Ilha e da Viradouro
Thiaguinho Mendonça e Amanda Poblete formam o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da União da Ilha do Governador para o carnaval de 2023, na Série Ouro. Os dois farão dupla jornada na Sapucaí em 2023, pois além da Ilha, eles formarão o segundo casal da Unidos da Viradouro, no Grupo Especial. Amanda conta que representar dois pavilhões é uma missão enorme e que a dupla está se dedicando da melhor forma possível para entregar trabalhos de qualidade em ambas as escolas, ela diz ainda que é uma honra conduzir os pavilhões de escolas tão grandes e importantes para o carnaval carioca.

“É um tamanho imensurável, representar não um, mas dois grandes pavilhões, a missão de proteger e ostentar esses pavilhões é sem sombra de dúvidas uma grande honra e acredito que o que a gente pode fazer é trabalhar muito, se dedicar muito e fazer o melhor que a gente pode ser pra poder representar esses dois pavilhões. São dois pavilhões pesados”, conta Amanda.
A responsabilidade de defender o pavilhão de uma escola requer um trabalho árduo e de uma rotina intensa de e ensaios, no caso da dupla, o trabalho é multiplicado por dois, Thiaguinho brinca que quando chegou no Grupo Especial pela primeira vez achou que a rotina era pesada e que aquele seria o seu ápice, porém, nesse pré-carnaval os ensaios tem sido uma constante para o casal. Thiaguinho ainda agradece a confiança das agremiações por terem aceitado que eles dividissem a missão de conduzir dois pavilhões em 2023.
“Eu achei que no ano que eu estreei no especial eu achei que aquilo era uma rotina pesada. Mas rotina pesada tem sido agora porque a responsabilidade e a missão são duplamente difíceis. Complementando o que a Amanda falou, eu acho que são dois pavilhões muito pesado e que precisam ter uma dedicação maior. Nós aceitamos essa missão de estar nas duas posições ao mesmo tempo e atrelado a isso a gente aceitou também dedicar o máximo do nosso tempo. Tem sido praticamente de segunda a sexta, toda semana, mais ensaio de rua todo domingo lá em Niterói, estamos firmes, dispostos, alegres e satisfeitos. Porque acho que não é fácil você aceitar que o seu primeiro casal além de dedicar o seu tempo pra sua agremiação dedique também a uma outra agremiação. Agradeço muito ao presidente Ney, ao presidente Marcelo por ter aceitado que nosso trabalho seja dividido e a gente promete desde o início, e eu acho que vem cumprindo, honrar a responsabilidade que eles deram”, conta Thiaguinho.
Sobre a fantasia, Amanda não dá detalhes, mas diz que ficou muito feliz com o projeto apresentado pelo carnavalesco da Ilha, Cahê Rodrigues, ela diz que ele pensou em cada detalhe e característica do casal, mesmo ele dando abertura para que Amanda e Thiaguinho dessem opinião para possíveis ajustes, ela conta que não precisou, pois tudo estava perfeito.
“O Cahê é um amor, ele já de cara, ele fez um figurino muito específico pra gente, você vê que ele pensou em cada detalhe, em cada característica nossa, o fato deu ser baixinha também, ele pensou em tudo, de eu ser pequena, então cada detalhe ele pensou, basicamente foi um figurino perfeito que a gente não precisou pedir pra mexer em nada, porque apesar dele tá superaberto também a qualquer modificação, a gente graças a Deus não precisou, já tá em confecção, não vou dar spoiler, mas é uma fantasia assim maravilhosa, linda, linda, linda, linda. A gente ficou apaixonado pelo desenho, não tem nenhum, nem o que dizer, foi um grande presente que ele nos deu. Nós agradecemos”, elogia Amanda.
O bailado do casal de mestre-sala e porta-bandeira se transformou ao longo dos anos, hoje vemos uma grande mescla entre o tradicional e o moderno, alguns casais apostam em coreografias mais robustas, outros focam na dança clássica, esse segundo modo é onde Amanda acredita que o casal se encaixa, para ela, a dança tradicional está presente no bailado deles, porém, com pinceladas de coreografia de acordo com o enredo e o samba, neste ano, como a Viradouro e a Ilha tem enredos bem diferentes, possibilitou que eles criassem um trabalho para cada escola.
“A gente gosta de literalmente fazer isso mesmo, nós somos um casal que gosta de ter o tradicional muito muito presente na dança e a nossa mescla eu acredito que venha com coreografias pinceladas dentro daquilo que tem no enredo, são dois enredos completamente opostos e isso é muito interessante porque a gente consegue fazer dois trabalhos completamente diferentes e bem característicos pra cada escola, então aquilo que vem de diferente é essa pitada que a gente busca de acordo com o enredo, o que que a gente pode trazer de diferente que é relacionada ao enredo, que é relacionado ao samba pra nossa coreografia, pro nosso trabalho num todo, mas eu acredito que no geral a gente gosta de ser um casal tradicional. Clássico eu diria assim”, diz Amanda.
A falta de união dentro do carnaval é algo criticado por muitas personalidades de dentro da folia, no caso de Thiaguinho, ele pontua a desunião presente dentro do próprio quesito de mestre-sala e porta-bandeira, ele diz que já passou por situações em que ao elogiar um casal, passou por problemas com outro, ele acredita que isso por ocorrer por insegurança ou medo, mas que de qualquer forma atrapalha no geral, se ele pudesse mudar algo, seria levar mais união para dentro do quesito, para que o mesmo pudesse crescer e ser valorizado como merece.
“A desunião, com certeza. Eu acho que dentro do carnaval por mais que a gente converse com outros quesitos e com outros setores, sempre falam muito em desunião da classe, mas vou puxar pro nosso lado, no nosso quesito eu mudaria desunião, eu já passei por um momento em que eu fui aplaudi e elogiar um outro casal e um terceiro ficou com ciúme, eu não sei o que que foi, aí achou que eu estava galgando o espaço daquele casal. Então assim, eu acho que dentro do nosso quesito existe muitas barreiras pra gente viver uma tremenda harmonia. Talvez a insegurança de uns, talvez o medo de outros e acho que a gente tem que fazer o nosso trabalho espelhando no que a gente almeja, trabalhar pra gente e saber que tem lugar pra todo mundo. Infelizmente não é
um quesito unido e eu acho que principalmente pelo fato de sermos só duas pessoas acho que precisava de um pouco mais de afeto entre uns e outros, a gente conseguiria chegar mais longe com toda certeza”, justifica Thiaguinho.
Amanda segue a mesma linha de seu companheiro e diz que se todos fossem mais unidos poderia haver uma maior movimentação para que o quesito e os profissionais fossem valorizados.
“É aquela máxima, né? Junto é sempre mais forte, então seria bem interessante que houvesse uma movimentação talvez maior pra que houvesse realmente uma grande união do quesito, do segmento como um todo”, finaliza Amanda.
Xô, fase ruim! Sambistas celebram volta do carnaval na data tradicional e Rio ‘respira’ alegria com o calor do verão
Entre os vários estereótipos utilizados para definir o Rio de Janeiro, talvez, o amor coletivo pelo carnaval seja o mais realista. Muito mais que uma festa, ele já faz parte da essência do estado. Embora sua popularidade tenha ultrapassado barreiras continentais, os últimos anos foram de sofrimento para os mais próximos, que precisaram de força para enfrentar crises políticas e de saúde pública. Antes de tudo, é de extrema importância compreender o carnaval como a maior manifestação cultural brasileira.

O carnaval também é um ato de resistência. Desde a criação dos blocos de rua, há quase 100 anos, surgiu como uma ocasião que abraçaria os marginalizados. A oportunidade de negros, nordestinos e mulheres protagonizarem uma festividade e influenciarem diretamente em seu sucesso. Além disso, o carnaval significava um momento de lazer, em meio às dificuldades do cotidiano. Uma espécie de fuga da realidade, livre de preconceitos e tristezas. No presente, essa é a herança deixada que faz com que os brasileiros anseiem pelo mês de fevereiro e atrai turistas de toda parte. A busca por validação e respeito pode não ter sido fácil, mas o carnaval chegou ao patamar de uma das maiores festas populares do mundo.
Após os desfiles de 2022, realizados em abril, com os desfilantes e os foliões celebrando a vida e a esperança de tempos melhores, o pré-carnaval de 2023 ocorre de um jeito especial. O sentimento de união está ganhando destaque, com as quadras cheias e centenas de pessoas que gritam os sambas-enredo como se mal tivessem suportado a distância. A prova disso pode ser tida já nos ensaios técnicos, que começaram dia 14 de janeiro e lotaram os primeiros setores da Sapucaí. Em 2023, tudo parece estar voltando ao normal: desfiles em fevereiro, no verão, com turistas e sem restrições. O site CARNAVALESCO decidiu buscar testemunhas dessa história de superação nas arquibancadas, os espaços mais populares do Sambódromo.

Regina Lima, de 62 anos, contou que passou parte da vida na Avenida e agora prefere assistir. “Depois de tantas tristezas, como o povo brasileiro se diverte? O que temos para isso? O carnaval. Acho muito bom que o pessoal se extravase. A gente samba e também chora pelas pessoas que se foram. É uma coisa maravilhosa. A felicidade plena não existe, acredito mais em momentos felizes. O carnaval nos proporciona isso”, afirmou.

Gabriela Soares, de 27 anos, se emocionou ao mostrar vídeos de seu filho na concentração com a bateria do Império Serrano. “Para mim, é uma tradição familiar. Desfilo desde 2007 e estou criando o meu filho assim também. É mágico. Esse carnaval vai ficar marcado na minha vida porque o meu filho, que é a minha vida, está desfilando pela primeira vez”, disse.

Josimar Cardoso, de 64 anos, vestia as cores da Mangueira da cabeça aos pés. “Era isso que estava faltando para a gente e demorou muito até chegar. Esses últimos anos foram difíceis. O Rio de Janeiro sem carnaval e sem praia é complicado, né? Com certeza farei desse o carnaval da minha vida”, comentou.

Marcos Cabral, de 57 anos, veio de Minas Gerais para visitar uma prima. “O Rio inspira isso tudo, sabe? Estou feliz demais de ter encontrado amigos que quiseram estar aqui também. Precisamos celebrar a vida depois desse lembrete que ela passa rápido. Estou no Rio agora, mas espero voltar para os desfiles oficiais. Aqui é mesmo uma cidade maravilhosa”, afirmou.