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Freddy Ferreira analisa a bateria da Tijuca no desfile

A bateria da Unidos da Tijuca fez um ótimo desfile, sob o comando de mestre Casagrande. Uma conjunção sonora valiosa foi exibida. Um ritmo da “Pura Cadência” pautado pelo equilíbrio sonoro e por uma boa equalização. Indo na contramão das padronizadas introduções, o ritmo tijucano manteve sua tradição subindo à moda antiga, com quatro tapas seguidos antes da virada.

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A parte de trás do ritmo da escola do morro do Borel exibiu uma musicalidade de nítida qualidade técnica. Surdos de primeira e segunda ditaram o andamento com precisão e leveza, contando com uma afinação sublime, com timbres bem definidos. Uma ala de repiques coesa integrou a sonoridade dando valor musical. O naipe de caixas de guerra da “Pura Cadência” se apresentou de forma fabulosa, dando base de sustentação rítmica as demais peças. Na cozinha da bateria também vieram ritmistas com timbal, dando um molho peculiar ao ritmo da Tijuca, além da participação privilegiada em paradinhas.

Um trabalho de destaque musical foi notado nas peças leves. Uma ala de cuícas de altíssimo nível técnico se exibiu de forma notável. Um naipe de chocalhos acima da média contribuiu imensamente com a sonoridade da cabeça da bateria. Ritmistas tocando timbal deram um molho peculiar ao ritmo da Tijuca, além da participação privilegiada em paradinhas. Assim como a ala de tamborins apresentou um desenho rítmico simples, mas altamente funcional e encaixado no samba-enredo da agremiação. Vale ressaltar que os tamborins da Tijuca mesclam os toques de 2X1 e 3X1, o que ajuda a impactar positivamente no uníssono toque ressonante das caixas tijucanas.

Uma convenção apresentada na cabeça do samba preencheu a musicalidade com a pressão de tapas em conjunto, iniciando depois de um corte seco no final do primeiro verso da obra. Possui concepção mais simplificada que as demais, mas deu um notório impacto sonoro, ajudando na plena fluência entre as peças depois da retomada.

Uma bossa no início da segunda deu pressão, além de balanço ao ritmo da Unidos da Tijuca. Tapas ritmados de diversos naipes se aproveitaram da síncope do samba para produzir a destacada sonoridade. Um arranjo dançante e envolvente, que ajudou o componente a evoluir, graças à uma bateria que toca para a escola, moldando sua construção musical nas necessidades da agremiação.

A convenção que mais se destacou musicalmente é a do final da segunda do samba-enredo. Envolveu alta complexidade e elevado grau de dificuldade. Ritmistas com timbal posicionados na frente do ritmo entravam corredor da bateria adentro para fazer um solo, que era seguido de um “ataque” de todas as peças, muito bem conduzido. É possível perceber, após a retomada, que uma levada baiana é produzida graças às marcações tijucanas. Uma convenção bem desafiadora e profundamente genuína. O arranjo original propiciou uma sonoridade de qualidade invariável. Uma bossa de nítido impacto sonoro, que se aproveitou das diferenças entre os timbres dos surdos.

As apresentações em módulos foram fluidas, seguras e equilibradas. As melhores exibições em cabine de jurados foram no segundo e último módulo, onde inclusive, a “Pura Cadência” foi ovacionada pelo público. Um grande desfile da bateria da Unidos da Tijuca, comandada por mestre Casagrande.

Freddy Ferreira analisa a bateria da Mocidade no desfile

A bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel fez um bom desfile, sob o comando de mestre Dudu. Com seu típico andamento mais cadenciado, o ritmo foi pautado pelo equilíbrio sonoro entre os naipes e pela nordestinidade conectada às criações musicais da bateria “Não Existe Mais Quente” (NEMQ).

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Na parte de trás do ritmo, a afinação invertida de surdos característica contou com marcadores de primeira e segunda seguros e consistentes. Surdos de terceira deram um swing envolvente ao ritmo da bateria “NEMQ”. Repiques de alta qualidade técnica tocaram de forma integrada às caixas de guerra sólidas, auxiliando no equilíbrio sonoro. As caixas da Mocidade possuem uma sonoridade diferenciada, graças a uma levada com acentuação na mão fraca para efetuar a batida. A cozinha da bateria ainda contou com agogôs de duas campanas (bocas), ajudando na equalização do ritmo ao adicionar um tom metálico.

A cabeça da bateria contou com um naipe de chocalhos de virtude musical, com direito a inconfundível e tradicional “subida cascavel”. Uma ala muito boa de cuícas auxiliou no preenchimento musical das peças leves. Um naipe de tamborins com nível técnico acentuado exibiu um desenho rítmico que se aproveitou da melodia do samba da Mocidade para consolidar seu ritmo.

Uma bossa na cabeça do samba apresentou complexidade, além de elevado grau de dificuldade na execução. Contou com a participação das caixas para produzir a sonoridade, além dos surdos ecoando em solos. Pela sua concepção ousada e rebuscada, a sábia decisão tomada foi não fazer a convenção em frente a cabine julgadora.

Na paradinha do refrão do meio, foi percebido um bom balanço, provocado pelas marcações no arranjo, sem contar tapas em contratempos e uma retomada que deu impacto sonoro, graças à pressão dos surdos.

Um breque bem concebido e realizado auxiliou na versatilidade musical da bateria da Mocidade. No trecho “Alumia o teu povo em procissão”, tapas em conjuntos são efetuados de forma ritmada. Uma bossa apresentada na sequência se aproveitou do balanço das terceiras, numa convenção com pegada nordestina, que proporcionou um swing envolvente e dançante.

A constituição musical baseada em refino ficou evidente na paradinha do refrão principal. Diversos naipes executam tapas em conjunto, que logo dão lugar a uma levada nordestina, contando ainda com balanço dos surdos e tapas de tamborins em contratempo. Sua execução foi precisa durante o cortejo, além de estar completamente atrelada ao enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel.

As apresentações em módulos foram corretas, seguras e sem problemas evidenciados na pista. A melhor exibição foi realizada na segunda cabine de jurados. Um ritmo da Mocidade Independente de Padre Miguel baseado em cadência e nordestinidade, o que se revelou um acerto cultural. Os arranjos musicais representaram o ponto alto do bom desfile da bateria “Não Existe Mais Quente” de mestre Dudu.

Casal e Nino do Milênio são destaques em desfile com altos e baixos da Mocidade

Por Diogo Sampaio

Terceira agremiação a cruzar o Sambódromo no primeiro dia de desfiles do Grupo Especial, a Mocidade Independente de Padre Miguel realizou uma apresentação irregular. Enquanto o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diogo Jesus e Bruna Santos, e o intérprete Nino do Milênio sobressaíram positivamente; a evolução problemática e a falta de acabamento nas alegorias prejudicaram o desempenho da verde e branco de Padre Miguel, que encerrou sua passagem com 68 minutos. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

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Comissão de frente

Com o nome de “Senhor que fez da Arte um Mundaréu”, a comissão de frente da Mocidade Independente de Padre Miguel retratou o nascimento de um dos mais importantes discípulos do “Deus do Barro”: Severino Vitalino, filho de Vitalino Pereira do Santos. O início da apresentação acontecia com os quinze integrantes fazendo uma coreografia no chão, todos eles com um figurino dourado repleto de folhas, raízes e flores.

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LEIA MATÉRIAS ESPECIAIS NO DESFILE
* Ala de passistas da Mocidade foi inspirada na obra de Manoel Galdino, com fantasias ricas em detalhes
* Melhora em organização e qualidade é notada pelos integrantes da Mocidade
* Representando as quitandeiras do Alto Moura, ala das baianas da Mocidade vem com fantasias leves e coloridas
* Velha-guarda da Mocidade desfilou no carro exaltando a religiosidade na arte do barro
* Primeira ala da Mocidade faz referência à ‘Rota da Roça’
* Mocidade inicia o desfile com alegorias compostas por materiais reciclados ou inusitados

Em seguida, eles passavam a interagir com um elemento cenográfico, intitulado de “O Ciclo da Vida”, que simbolizava o marmeleiro, considerada a árvore símbolo do agreste. Os componentes jogavam “barro” nele e depois sumiam para depois a parte superior abrir.

No alto do elemento ocorria a parte principal da apresentação, que era o nascimento do filho “Vitalino”. O ato acontecia de forma lúdica, em uma espécie de “Presépio Nordestino”, com direito a um boi e cangaceiros fazendo às vezes de reis magos.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

No terceiro carnaval defendendo o quesito juntos, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da estrela-guia de Padre Miguel, Diogo Jesus e Bruna Santos, foi um dos grandes destaques do desfile. Com uma dança que misturava passos coreografados com o bailado clássico, os dois demonstraram sincronia e agilidade ao efetuarem movimentos rápidos, mas precisos.

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Um dos pontos altos da apresentação do casal ocorria justamente em um trecho coreografado, quando os dois faziam passos de forró durante uma bossa da bateria. O momento arrancou aplausos e gritos das arquibancadas.

Com a fantasia chamada “Marmeleiro – Árvore Sagrada”, a dupla veio com um figurino todo em dourado, seguindo a mesma paleta de cores de toda a abertura da agremiação. Apesar da beleza, a indumentária trouxe certa dificuldade para Bruna no começo do desfile, devido à altura da saia. No entanto, a porta-bandeira soube contornar a situação.

Samba-Enredo

O samba-enredo composto por Diego Nicolau, Richard Valença, Orlando Ambrósio, JJ Santos, Nattan Lopes, Gigi da Estiva, W. Corrêa e Cabeça do Ajax teve um alto rendimento alto na Avenida e foi um dos destaques da apresentação da Mocidade Independente. Estreando no comando do carro de som, o intérprete Nino do Milênio conseguiu conduzir com segurança a obra, que apesar de melodiosa, não arrastou em nenhum momento. A bateria “Não Existe Mais Quente” também foi fundamental para o elevado desempenho, ao explorar a musicalidade nordestina em algumas bossas e desenhos, dando um “molho” a mais ao samba.

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Harmonia

As boas performances de Nino do Milênio no microfone oficial e dos ritmistas comandados por mestre Dudu foram correspondidas com o canto forte da comunidade, principalmente da metade para o fim do desfile. Alas como “Casamento Matuto”, “Procissão de Novena” e “Tentação do Deserto” foram algumas das que se sobressaíram, com componentes soltos e cantado de maneira empolgada o samba-enredo.

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Evolução

O quesito foi um dos principais problemas do desfile da estrela-guia de Padre Miguel. A dificuldade para tirar o abre-alas da Avenida travou a agremiação e fez com que fosse necessário a escola apertasse o passo, da metade para o fim, para não estourar o tempo limite. Isto trouxe consequências, como alas que se embolaram em meio a correria contra o relógio.

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Alegorias e Adereços

A criatividade no uso de materiais alternativos foi uma das marcas do conjunto alegórico da Mocidade Independente de Padre Miguel. Logo no abre-alas, chamado “Um jardim no Agreste floresceu. E se fez um mundo de barro…”, o equivalente a cinco caminhões de galhos de árvores foram utilizados na decoração, assim como centenas de pedaços e ripas de madeira para fazer as esculturas da alegoria.

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Ainda seguindo a mesma tendência, o primeiro tripé, nomeado de “Vendendo Loiçarias”, utilizou 1500 utilitários domésticos doados pela comunidade de Padre Miguel, que adquiriram caráter artístico de barro para compor a cenografia. Já o segundo carro, intitulado “Segue o Carro de Boi na Lida pra Viver”, usou mais de três mil latas de tinta, de cola, de resina para confeccionar o corpo da escultura do boi, além de canas colhidas nos antigos engenhos na parte superior central.

Todavia, mesmo com os materiais alternativos tendo surtido efeito na Avenida, o quesito deve perder pontos por conta das falhas de acabamento. Entre os problemas, ferro aparente na parte traseira da segunda alegoria e um leque da asa do dragão quebrado, também na parte traseira, dessa vez do terceiro carro, intitulado de “É a Vida um Xadrez pra Honrar o Legado do Alto”.

Fantasias

Também com o uso de uma gama diversa de materiais alternativos, o conjunto de fantasias da Mocidade seguiu a linha criativa das alegorias, porém com melhor esmero nos acabamentos. Entre aquelas que mais chamaram a atenção estiveram o figurino das baianas, intitulado “Quintadeiras de Aves/Ervas e Frutas”, e o da bateria, chamado “Mané-Pãozeiro”.

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Enredo

Com o título de ‘’Terra de meu Céu, Estrelas de meu Chão’’, o enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel abordou o legado dos artistas do Alto do Moura, discípulos de Mestre Vitalino, pertencentes ao maior Centro de Artes figurativas das Américas. A aposta nos materiais alternativos nas alegorias e fantasias fez com que a mensagem do enredo fosse transmitida de maneira direta, não sendo necessário a consulta ao Roteiro de Desfiles para compreender o significado delas.

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Outros Destaques

Inspirados nos seres híbridos das obras de Manoel Galdino, os passistas da Mocidade Independente vieram representando os reis e rainhas do jogo de xadrez. Com um figurino leve, eles não economizaram no samba da pé e chamaram a atenção pelo forte canto do samba, principalmente nos refrões.

Fotos: desfile da Tijuca no Carnaval 2023

Ala de passistas da Mocidade foi inspirada na obra de Manoel Galdino, com fantasias ricas em detalhes

Mocidade01 5A Mocidade Independente de Padre Miguel mostrou em seu desfile um pouco do legado deixado por Mestre Vitalino e seus discípulos do bairro Alto do Moura, na cidade de Caruaru, em Pernambuco. “Terras de meu céu, estrelas de meu chão” foi o título do enredo da Verde e Branco neste carnaval, que trouxe a arte figurativa para a passarela do samba. O primeiro setor da escola foi batizado de “O ciclo da Vida”, enquanto o segundo setor se chamava “O Suor de Cada Dia”.

O terceiro setor da Verde e Branco da Zona Oeste tinha o nome de “Realidade e Fantasia” e falou sobre a re-criação de figuras nordestinas pelos mestres do barro para o jogo de xadrez. A ala de passistas veio com a fantasia intitulada: “Lampião e Maria Bonita – Sereias (O Rei e a Rainha)”, inspirada nos seres híbridos das obras do artista Manoel Galdino. A roupa possuía as cores verde, branco, dourado e preto, trazendo um tecido xadrez nos braços dos componentes. A roupa tinha ainda um grande costeiro de penas pretas.

George Louzada, 32 anos, é professor e coordena a ala dos passistas da Mocidade. Momentos antes do desfile, ele desabafou: “O que nós temos de especial é sermos passistas. A gente está em um ano muito complicado para a classe de passistas, então qualquer força maior faz a ala entrar com garra e aguerrida. Esse desfile pra mim já é uma grande potência”.

Mocidade04 4Há quatro anos desfilando na Estrela Guia de Padre Miguel, Renata Floriano é analista de sistemas e tem 39 anos. Ela foi mais uma passista que aprovou a indumentária deste ano. “Achei muito bonita. Muito rica em detalhes. Acho que a fantasia vai fazer muito sucesso na avenida”. Renata revelou que a ala preparou uma coreografia especial para o desfile, mas que a execução iria depender do calor do momento e do decorrer do desfile da escola.

Gabriella Mendes, 20 anos, é esteticista e desfila na escola desde 2017, ano do último campeonato da Mocidade. “Achei a fantasia leve, boa para poder sambar, evoluir bem. Eu gostei muito da roupa desse ano”. Ela contou ao site CARNAVALESCO que algumas passistas da escola foram até a cidade de Caruaru para conhecer de perto um pouco da cultura pernambucana.

A recepcionista Millene Figueiredo tem 29 anos e desfila na escola desde 2013. Ela explicou que estava muito feliz e emocionada antes de entrar na Sapucaí porque sofreu um acidente de moto há 20 dias. “Esse mês foi especial para mim. Eu meio que renasci. E passa muita coisa pela nossa cabeça… Mas, depois de tudo que eu passei, agora eu me sinto pronta para evoluir bem e sambar muito”.

Mocidade06 1Thomaz Vieira, 27 anos, fez sua estreia como passista da Padre Miguel e confessou estar vivendo um momento muito feliz. “É prazeroso entrar na avenida representando o Nordeste. Eu, por ser maranhense, me sinto representando o lugar de onde eu nasci. Sair de passista pela Mocidade é o sonho de muita gente”.

Thais Mota, 26 anos, é microempresária e desfila na escola desde os 16 anos. Ela também elogiou bastante o figurino da ala. “A fantasia está maravilhosa! Leve, super confortável. Sem problemas. Dá para evoluir bastante, bem tranquilo”.

Melhora em organização e qualidade é notada pelos integrantes da Mocidade

Mocidade02 4No último ano, a Mocidade Independente de Padre Miguel passou por mudanças em alguns cargos para fazer bonito neste Carnaval. No lugar de Wander Pires, entrou Nino do Milênio como cantor. Na comissão de frente, assumiu o coreógrafo Paulo Pinna, que também comandou a Unidos do Porto da Pedra. E, para a concepção, foi escolhido um novo carnavalesco: Marcus Ferreira. Este último foi campeão pela Viradouro em 2020.

Os componentes apontaram mudanças na organização da escola. Valquíria Rocha, de 55 anos, ressaltou que a agremiação está muito melhor em comparação ao ano passado, mas acredita que deveria haver mais atenção à comunidade. Já Laércio Guima, de 43 anos, desfila a 12 anos pela Mocidade e acredita que foram mudanças necessárias.

“Eu achei extremamente necessária porque as escolas do Grupo Especial precisam de renovação. As que ganharam recentemente foram as que se repaginaram. Desde 2013, a gente vem se repaginando. A qualidade da escola melhorou. A comunidade está com mais garra, eles abraçaram essa causa”, opinou o desfilante.
Para Cristina Alonso, de 64 anos, acredita que a novidade deu uma energia a mais para a escola. Ela desfilou como integrante da ala “Capitão do Reisado”, representando a folia-de-reis. Ela comentou sobre como a escola está aguerrida por conta dessas mudanças.

“Eu gostei da mudança porque eles vêm com ideias novas, com novas energias. É sempre bom renovar. E ele [Marcus Ferreira] quer mostrar o trabalho, nada melhor do que na Mocidade, uma escola tradicional. Eu senti uma energia boa. A comunidade abraçou o samba e abraçou o carnavalesco. Com certeza vamos fazer um bom carnaval”, disse Cristina.

Mocidade01 4A responsabilidade de Nino do Milênio e a plástica de Marcus chamaram atenção do desfilante Aroldo Pimentel, de 57 anos. Ele desfila há mais de 30 anos na verde e branca da Vila-Vintém e elogiou o trabalho da escola neste último ano.

“O Nino vai aos ensaios, chega na hora certa. O carnavalesco trouxe uma plástica ótima para esse ano. Dizem que a escola está sem dinheiro, mas está muito bonita. Eu achei que eles estão mais organizados esse ano. No ano passado, estava desorganizado. Pareceu que deu apagão neles. E, neste ano, eu espero fazer bonito lá dentro”, argumentou o componente.

Com samba gostoso e energia alta, Colorado do Brás faz um desfile para retornar ao Especial

A sexta escola a entrar na pista do Sambódromo do Anhembi neste domingo foi a Colorado do Brás cantando “A Ópera de Um Pierrot”. Os destaques ficam para conjunto estético, alegorias e fantasias foram pontos a serem destacados pelo acabamento e contexto no enredo. Outro ponto foi a organização da escola, a escola não teve nenhum erro evidente em sua apresentação.

Comissão de Frente

A comissão coreografada por Paula Gasparini chamada ‘A Ópera de um Pierrot Apaixonado’, vestidos de vermelho, rosto pintado de branco, no melhor estilo Pierrot. Já iniciou bem dentro do enredo que a escola desenvolveu que é mostrar sentimento do Pierrot, seja, feliz, triste, e assim era a apresentação da comissão momentos de um casal de personagens, que eram os principais, por vezes estavam tristes, depois saiam dançando e no fim sempre alegres. Esses dois personagens principais apresentavam uma circense com ballet, bem entrosados. Um personagem fantasiado levava o elemento e na hora do jurado fazia referência. Na hora dos bailada salão faziam duplas e bailavam. Destaque para a atriz principal que fazia caras e bocas em diversos atos. O ator principal que fazia parceria com ela, sempre lhe guiando, entrosamento da dupla foi muito bom.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Brunno Mathias e Jéssica Veríssimo vieram de ‘A Nobreza real’ e uma fantasia bem feita, vermelho com branco para o mestre e detalhes em ouro em várias partes que brilhavam ambos, destaque para a coroa em ambos. Com um belo bailada apresentaram o pavilhão no primeiro módulo, presença de pista grande, sincronismo nos passos de um lado para o outro da pista, o que fazia o público dos dois lados interagir. No segundo módulo mantiveram o nível, as expressões e sorriso da porta bandeira, foram destaques. Outro ponto era depois que passavam pela cabine, mas ainda no campo de visão, viravam e faziam reverência, para os jurados. Foi uma apresentação de sincronismo e conexão nos dois módulos.

Harmonia

Deu para notar que neste quesito a escola evoluiu bastante, melhorou em questão de canto, entrosamento com o samba, e a animação de componentes. Tem alas que realmente cantam menos no terceiro setor, algumas alas coreografadas principalmente. Mas de modo geral, a agremiação tinha o samba na ponta da língua e passou com muita tranquilidade. A escola soube distribuir bem as alas para não ficar um setor cantando mais e outra menos, portanto teve um bom desempenho no quesito.

Enredo

O Pierrot não é uma novidade no carnaval, sempre contado em diversas formas, mas a Colorado trouxe um aspecto diferente desta vez, buscando trazer emoções em geral, tristeza, alegria, qualquer sentimento que possa ser transmitido. Mas que no fim, seja tudo alegria, como será o final, que vocês verão no espaço de alegorias. Na pista foi muito bem construído toda a história através de suas fantasias com clara representação e melhor ainda nas alegorias que eram diretas no que foi proposto.

Evolução

A evolução da Colorado do Brás foi muito bem ajustada durante todo o percurso da escola, deu para ver a organização, foram 56 minutos de apresentação. Um detalhe é que a escola não tem muitos componentes, portanto teve que ir ao fim em um ritmo mais desacelerado, nada que prejudicasse a evolução compacta e dentro do nível exigido.

Samba-enredo

Um dos grandes destaques é o samba-enredo da Colorado do Brás, muito bem interpretado por Léo do Cavaco, levanta o astral de qualquer pista, e foi assim no Anhembi nesta noite. Destaco a parte “Mas tanta gente. Vem pra atrasar meu lado. Tem um capitão danado com o coração ruim. Um velho rico chamado pantaleão. E um alegre e brincalhão. O esperto arlequim”, que encaixa no primeiro setor da escola que contarei a seguir em fantasias. O samba caiu na boca da comunidade, e era muito contextualizado, além das fantasias já citadas, também nas alegorias, comissão de frente, ou seja, tudo era conectado, uma junção importante.

Fantasias

Nas fantasias, uma passagem rica pela história de Pierrot, alas de Arlequim, Pantaleão, Colombiana, Capitão, muitos citados inclusive no samba-enredo, o que é muito interativo e claro, isso logo no primeiro setor. Depois no segundo setor vimos baianas como ‘Pierrot Lunar’, e uma passada no carnaval, teve Carnaval de Veneza, bloco de carnaval, amor de carnaval, baile de máscaras, e outras representações. Um único problema foi na ala onde um rosto que era espécie de capacete estava um pouco tombada para o lado, a escola em questão esteve na frente da bateria logo após a saída da mesma do recuo. No mais, no quesito foi muito interativo, simples de compreensão e claro nas referências que trouxeram neste desfile.

Alegorias

Foram três alegorias apresentadas pela Colorado do Brás, primeiramente tivemos o abre-alas com ‘O Reino Medieval’. Uma alegoria com duas partes, representando um dragão vermelho, um castelo muito bem-acabado. Na segunda parte, Torres, brasões e máscaras, representava muito o contexto do enredo.

Na segunda alegoria tivemos ‘A comeddia dell’arte’, que é uma forma de teatro popular do século XV, surgiu na Itália, mas depois na França. Com um palco na frente, e escultura de mulheres sentadas com máscara no rosto. Nas laterais espécies de palco teatralizados por personagens, cada um com seu jeito, trazendo um contexto importante para a alegoria e o desfile.

Por fim, tivemos o ‘Baile de Carnaval’ representando e fechando o desfile da escola, a escola usa a ideia para unir a paixão pelo carnaval, pela Colorado e personalidades, assim, encerrando com uma grande confraternização do samba. Velha guarda e crianças marcaram presença. As crianças jogavam confetes e era uma interação enorme entre elas, afinal, é tudo que gostam, liberdade para brincar.

Outro destaques

A bateria Ritmo Responsa comandada pelo Mestre Allan Meire paradinha com nove minutos, bossas foram realizadas logo na entrada da pista, foi bom para sentir a harmonia da escola que inclusive fluiu bem. De modo geral, a bateria fez uma apresentação dentro do gostoso samba, assim sustentando um dos pontos altos que era essa melodia da Colorado.

A primeira rainha trans, Camila Prins, sempre é um show à parte, sua representatividade e carisma, elevam a Ritmo Responsa, muita gente do público reverencia ela. Importante demais tudo que tem conquistado, o carnaval agradece.

Morro da Casa Verde encarna os ‘Guardiões de Dynasteia’ em desfile com destaque para beleza das alegorias

O Morro da Casa Verde foi a quinta escola a se apresentar na noite deste domingo, 17 de fevereiro, em desfile válido pelo Grupo de Acesso I do Carnaval de São Paulo 2023. Com destaque para o belo e bem desenvolvido conjunto alegórico, a comunidade da Casa Verde brincou o Carnaval celebrando as governanças hereditárias através do enredo “Dynasteia. História, Poder e Nobreza”.

Comissão de Frente

A comissão de frente da Morro veio com todos os seus componentes vestidos de soldados medievais com lanças, representando de forma lúdica aqueles que seriam os guardiões da palavra dinastia. Uma coreografia com movimentos de sincronia arriscados, mas que funcionaram bem ao longo da apresentação. A escola foi apresentada pelo grupo cênico principalmente no desfecho do samba, que faz referência a dinastia presente dentro da própria escola, que sempre foi presidida por membros da mesma família. A única observação que pode ser feita seria a ausência de algum elemento que ajudasse o público a entender verbalmente a proposta da comissão, na forma de texto ou simbologia.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O primeiro casal do Morro da Casa Verde, formado por Leonardo Silva e Júlia, veio vestido como imperadores romanos. A dupla teve bom desempenho nos dois primeiros módulos, com movimentos bem sincronizados, cortejo correto da parte de Leonardo e giros com elegância da parte de Júlia. O casal apresentou bem o pavilhão aos jurados e ganhou aplausos do público com sua atuação.

Harmonia

A sensação que ficou é a de que a comunidade da Verde e Rosa não entrou no clima do desfile. O canto da escola foi muito frio, com cantar discreto até mesmo em alas com passos marcados. Um componente da ala que fez referência a dinastia chinesa foi exemplo claro disso, ao simplesmente ignorar movimentos que todos os demais desfilantes do segmento faziam, além de sequer mover a boca. Os poucos momentos de redenção do coral da Casa Verde foram na parte final do samba, que é forte e com grande valor para a própria Morro.

Enredo

“Dynasteia. História, Poder e Nobreza”. Um enredo sobre grandes governanças que marcaram a história vinculados a um elo sanguíneo, de sucessão hereditária, dentro de uma só família. Mesmo que houvesse uma especificação dentro da proposta, é praticamente impossível desassociar dinastias de reinados e impérios, o que torna os dois tipos de enredo muito parecidos.

Dito isso, o tema escolhido pela Morro da Casa Verde acabou por proporcionar uma interessante oportunidade para homenagear as chamadas “dinastias do samba de São Paulo”, na figura de três escolas de samba que sempre foram presididas por membros da mesma família, sendo uma delas a própria Morro da Casa Verde, que foi fundada pelo pai de Dona Guga e também foi liderada por muitos anos pela própria. Além da Verde e Rosa, Mocidade Alegre e Rosas de Ouro foram homenageadas no último carro da escola.

Um enredo no geral de fácil leitura, apesar da ausência no começo do desfile de elementos que esclarecessem a proposta com exatidão. Impérios da antiguidade, reinados de séculos mais recentes e até a homenagem proposta foram compreensíveis através das fantasias e alegorias, tendo um desempenho agradável do ponto de vista cultural. Só ficou um pouco confuso entender o porquê a Morada do Samba foi representada por uma ala convencional e a Roseira pela ala de passistas, porque no caso da segunda a percepção da homenagem necessitou de um olhar mais apurado do que o esperado para o público em geral.

Evolução

Nesse quesito, a Morro não tem com o que se preocupar. Todo o desfile transcorreu com muita tranquilidade, com a direção controlando bem o andamento do início até o fim. Recuo de bateria bem executado, alas bem compactadas e desfile encerrado sem maiores preocupações. Componentes tiveram liberdade para brincar o Carnaval e não houve interrupções de movimento desnecessárias.

Samba-Enredo

Juninho Branco defendeu o samba da Morro da Casa Verde como um soldado digno da dinastia de Dona Guga. Grande desempenho da ala musical da Verde e Rosa, com um samba de fácil interpretação, que começa pedindo a Deus inspiração para falar daqueles que utilizaram do divino para autodeclaração como enviados dos Céus. Os versos do samba se encaixaram bem ao longo de todo o desfile, com destaque especial para o refrão do meio, que todo ele foi claramente observável na fantasia da ala das baianas, principalmente pelos versos “Gira, baiana, brilha feito ouro. Reflete no olhar o seu tesouro”.

Fantasias

As fantasias da Morro retrataram ao longo de todo o desfile os diferentes impérios encaixados dentro da proposta. Infelizmente, ao longo do desfile, várias sofreram com quedas de adereços, o que comprometeu o conjunto e a evolução de componentes. Mas as roupas da Verde e Rosa cumpriram seu papel de transmitir a proposta do enredo com clareza e didática, a exceção da já citada ala em referência à Rosas de Ouro, representada através dos passistas com elementos muito sutis de serem percebidos.

Alegorias

Uma divisão bem clara do desfile através das três alegorias. O Abre-alas representou os impérios, com destaque especial ao Império Romano. O segundo carro representou os reinados, com a Família Real Britânica tendo destaque. O último carro foi a grande homenagem às dinastias do Carnaval, com a presença das lideranças destas escolas, caso de Dona Guga da própria Morro da Casa Verde, Angelina Basílio da Rosas de Ouro e Solange Cruz da Mocidade Alegre. Alegorias simples, mas muito fáceis de serem entendidas. Destaque positivo para o belo conceito do carro Abre-alas, com piso baixo, e que permite ao carnavalesco soltar sua criatividade ainda mais. Falhas de acabamento foram percebidas ao longo de toda Avenida, o que pode comprometer a avaliação do quesito pelos jurados.

Outros destaques

A Rainha da “Bateria do Morro”, Paula Santos, foi mais uma realeza a brilhar no desfile da Casa Verde. Sob a batuta do Mestre Marcel, os ritmistas encaixaram boas bossas ao longo do desfile e contribuíram positivamente para o bom desempenho da ala musical da escola.

Vai-Vai levanta arquibancada, faz grande desfile e se candidata ao título do Grupo de Acesso

O Vai-Vai foi a quarta escola a desfilar nesta noite do Grupo de Acesso I. Com a reedição do enredo “Eu também sou imortal”, o Bixiga levantou a arquibancada com o seu famoso samba-enredo já conhecido no carnaval paulistano. A Saracura realizou um grande desfile. Destaque para a comissão de frente bronzeada, que pode ser considerada uma das melhores fantasias do carnaval de São Paulo. Há de se ressaltar o canto da comunidade e a ala musical embalada pelo intérprete Luiz Felipe. A reestreia do casal Renatinho e Fabiola também foram válidas. A escola encerrou o desfile com 58 minutos.

Comissão de frente

Vestidos com o corpo bronzeado, a comissão de frente da escola deu um espetáculo à parte neste desfile. Uma apresentação impecável. Dentro da coreografia, a ala evoluía de um lado para o outro da pista ocupando todo o espaço possível. O que de fato chamou a atenção foi a fantasia e a maquiagem incrível.

O coreógrafo Robson Bernardino teve como ideia trazer de volta baluartes da escola. Esses bronzeados citados são reproduções de antigos componentes que deram a vida pela Saracura.

Mestre-sala e porta-bandeira

Representando o “Clarão na imensidão”, o casal Renatinho e Fabíola, fizeram tudo corretamente. Analisando em frente ao recuo de bateria, a dupla se mostrou confiante em sua reestreia. Na apresentação para a cabine, optaram por realizar movimentos mais lentos e mostrar o pavilhão com delicadeza. Deu para notar também que a bela fantasia era leve e permitiu o casal evoluir da forma correta.

Harmonia

O canto da escola fluiu com naturalidade. O samba já conhecido e trabalhado ajudou nisso. Agora, dentro do desfile, tendo a força das arquibancadas para se apoiar, o chão do Vai-Vai se fez presente. Sempre foi um módulo em que o Bixiga se deu muito bem, e isso pode ajudar novamente,

As partes mais cantadas foram os refrões e os últimos versos do samba. Os apagões e bossas que a bateria fez também deram o tom da harmonia, visto que todos cantaram de forma correta e sem erros.

Enredo

“Eu também sou imortal” é uma reedição de 2005. O conceito se trata de falar sobre a vida. Como ela surgiu, como pode acabar, como é viver e outras coisas mais. Também há muita reflexão dentro disso.

Na segunda alegoria, por exemplo, há grandes esculturas que podem representar o bem e o mal, pois na parte de baixo havia uma vermelha com chifres aparentando ser um diabo e, logo acima da cabeça, a escultura de um ser angelical.

Evolução

A evolução do Vai-Vai não sofreu como em outros anos. A escola passou segura por isso e a reação do departamento de harmonia dizia tudo. O desempenho técnico foi satisfatório também. Dentro das alas tudo ocorreu normalmente na pista. A única situação a se observar é a questão da última alegoria que se afastou um pouco da ala que estava a frente.

Samba-enredo

É famoso um samba de 2005, mas que foi perfeitamente produzido para 2023. A adaptação ficou satisfatória e a Saracura provou que pode modernizar canções antigas de forma que se pareça atual. A princípio a melodia iria mudar em relação a 2005.

A entonação do “É carnaval” estava na última sílaba, mas agora a ala musical optou por alternar. Às vezes canta do jeito antigo e na maioria das vezes com a nova adaptação.

Vale destacar novamente o intérprete Luiz Felipe, que além de comandar sua ala musical com autoridade, levantou a arquibancada. Felipe desfilou pela terceira vez na agremiação e está cada vez mais ambientado com os microfones.

Fantasias

As vestimentas mostraram simplicidade, mas tinha um fácil entendimento. Entre todas as fantasias, há de se ressaltar novamente a comissão de frente. Roupagem e maquiagem perfeitas. Criatividade muito acima.

O resto da escola teve uma performance linear nas fantasias. Nada de luxo, porém nada ‘remendado’. Houve investimento.

Alegorias

A primeira alegoria foi representando o big-bang, que é a teoria que deu início a tudo. Um carro que chamou a atenção por ser monocromático em preto. Na parte do centro a coroa do Vai-Vai com o nome da escola se destacou na alegoria.

O segundo carro alegórico foi como o “Juízo Final e a sentença da vida”, onde tinha uma escultura de anjo e diabo.

A terceira alegoria simbolizou o renascimento do Vai-Vai. O maior exemplo disso foi a Fênix, que significa o renascer das cinzas. Nessa alegoria, os papéis picados podem significar a felicidade, pois o Vai-Vai, na visão deles, continua intacto e vai além dos desfiles.

Outros destaques

A bateria ‘Pegada de Macaco’ de mestre Tadeu e Beto, mudaram totalmente a estratégia de vários anos. Desta vez eles se modernizaram e se juntaram às outras baterias para realizar várias bossas. Os breques foram realizados em vários momentos do desfile. É algo inédito, visto que a bateria do Vai-Vai é conhecida apenas por marcar o samba.

Representando as quitandeiras do Alto Moura, ala das baianas da Mocidade vem com fantasias leves e coloridas

Mocidade04 2Terceira escola a desfilar na Marquês de Sapucaí nesta noite de domingo, a Mocidade Independente de Padre Miguel apostou na brasilidade para homenagear a obra dos discípulos de Mestre Vitalino. A escola apresentou o enredo “Terras de meu céu, estrelas de meu chão”, falando da arte figurativa enraizada no bairro de Alto do Moura, em Caruaru, Pernambuco.

Com o nome de “Quitandeira de Aves, Ervas e Frutas”, a ala das baianas simbolizava o trabalho manual realizado pelas mulheres no Alto do Moura. A roupa trazia um pouco dos produtos que elas comercializam na Feira de Caruaru, como as frutas, as aves e as ervas. A ala, que foi a terceira na montagem da escola, desfilou com diferentes fantasias em três cores: amarelo, vermelho e verde; com bastante brilho e tecidos quadriculados que remetem ao Nordeste.

Sheila Aguiar é filha de Tia Nilda, baluarte da escola e presidente da ala das baianas. Ela revelou que o carnavalesco Marcus Ferreira pediu para que fizessem uma mistura das cores na formação da ala na concentração. “Eu estou ansiosa demais. É sempre uma grande emoção”, confessou Sheila. Ela conclui: “Graças a Deus, Papai do Céu abençoou, não choveu, está fresco, não está aquele calorão. Então a gente só tem a agradecer. Gratidão. E isso tudo eu devo à minha mãe Tia Nilda.

Mocidade03 3Em seu vigésimo quinto desfile pela Mocidade, a baiana Vilma da Silva, de 58 anos, se mostrou bastante empolgada com o figurino da ala. “Há muito tempo que a gente não vem com uma fantasia assim… Linda, totalmente dentro do enredo, bem leve, boa pra gente dançar. A gente vai ter uma bela desenvoltura e vamos arrebentar. A nossa expectativa está lá em cima!”.

Sueli Barbosa, 68 anos, desfila pela Mocidade da baiana há 10 anos e também aprovou a leveza da fantasia. “Está bonita, leve. Não está pesada. Só o chapéu que incomoda um pouco para prender na cabeça, mas a gente vai dando um jeito”. Ela ainda elogiou o enredo da escola. “Muito bonito homenagear a cultura do Nordeste. Eu que sou filha de nordestina, estou me sentindo representada e muito feliz hoje”.

Eliane Alves, de 64 anos, é outra baiana da Mocidade que está na escola há mais de uma década e também teceu elogios aos trajes da ala. “Está ótima, não está pesada. Está leve, exuberante. Linda como sempre”. Ela conclui revelando um pouco de seu sentimento momentos antes do desfile: “A expectativa está enorme, de fazer nosso melhor trabalho e dar um show na avenida”.