Matheus Santos, presidente da União de Maricá, conversou com o CARNAVALESCO durante o sorteio da ordem dos desfiles da Série Ouro sobre os preparativos para o próximo Carnaval da escola e os resultados obtidos em 2025.
Para o presidente, o pensamento é o melhor e mais forte possível após o último desfile. Já de olho em 2026, a agremiação contará com os reforços de Zé Paulo Sierra e Mauro Amorim, apostando na experiência de ambos no universo do samba.
“Saímos de cada Carnaval mais unidos e fortalecidos. A Band, que foi a transmissora do nosso desfile, disse que fomos eleitos a melhor escola da Série Ouro, mas, infelizmente, ficamos em quinto lugar por conta de alguns percalços que enfrentamos. Ajustamos isso para 2026. Por isso a contratação do Mauro, por isso a contratação do Zé Paulo, por isso as reuniões que temos feito, periodicamente, semanalmente. A Maricá está com um trabalho focado, muito atencioso e minucioso em cada detalhe. Para a nossa equipe, o Mauro, que chegou agora, e o Zé Paulo, que também acaba de chegar, conversamos bastante com eles antes da contratação, para explicar tudo o que desejamos e precisamos da experiência desses dois grandes artistas do mundo do samba”, afirmou.
Sobre o desfile de 2025, o dirigente explicou que a escola segue avaliando o que foi apresentado na Avenida, para aprimorar o projeto rumo à conquista do título da Série Ouro.
“A União de Maricá não parou de trabalhar depois do nosso desfile. E, cada vez mais, vamos estar mais unidos, mais focados, trabalhando para buscar esse título, essa estrela tão sonhada para a cidade de Maricá. Temos um balanço muito positivo. Já assistimos ao nosso desfile mais de 50 vezes com todos os segmentos. E é isso que nos importa: sair de cada desfile, ensaio e reunião mais decididos e mais assertivos para poder conquistar esse título tão sonhado. Sabemos que, quando se sai do barracão, todo mundo sai campeão, mas é lá na Avenida que vamos perdendo os pontos”, concluiu Matheus.
A 2ª Festa Junina do Carnaval de São Paulo, organizada pela Liga-SP na Fábrica do Samba, já entrou na programação tão especial e agitada do sexto mês do ano na maior cidade da América do Sul. Mais do que isso: com apenas duas edições, a idealizadora do evento já conseguiu impedir uma série de reclamações que muitos faziam em festividades realizadas no local em outras temporadas. Presente na primeira noite do evento (na noite do último sábado, sendo que este domingo também será de festejo), o CARNAVALESCO conversou com parte do público para saber qual foi a experiência de cada um deles.
Nos primeiros eventos realizados na Fábrica do Samba (parcialmente inaugurada em 2016 e concluída em 2022), havia, ao menos, um grande ponto de atenção: o estacionamento. Primeiro, ele inexistia – o que forçava o público a estacionar nas imediações do espaço, localizado na Barra Funda. Pouco a pouco, parar o carro deixou de ser um problema para quem vai a algum evento no local.
Rinaldo Reis, arquiteto de 59 anos e componente da Dragões da Real, destacou a evolução em tal aspecto: “Eu e minha família viemos na festa junina do ano passado e, em 2025, parece que está mais organizado. Talvez por ser o segundo ano eles solucionaram algumas coisas que eu não tinha gostado no ano passado. O estacionamento, por exemplo, nesse ano achei bem mais fácil e mais tranquilo de colocar o carro. A gente comprou tudo antecipado, também. Achei que está mais organizado”, comentou, destacando a possibilidade de se programar para estacionar o carro – em um local dentro da própria Fábrica do Samba, diga-se.
Rinaldo Reis, arquiteto de 59 anos e componente da Dragões da Real
Desde a entrada para a 2ª Festa Junina do Carnaval de São Paulo era possível notar a organização citada por Rinaldo. Enquanto o público entrava pelo lado direito da principal rampa de acesso, os carros eram estacionados na Alameda Juarez da Cruz – à esquerda do local.
Quem também recuperou a festividade do ano passado foi Roselene Celoto, aposentada de 67 anos e integrante da Dragões da Real e do Rosas de Ouro: “Eu estava aqui na Festa Junina do ano passado e gostei bastante de tudo. A comida estava boa, as atrações me animaram. Estava aqui quando premiaram a Dragões como melhor quadrilha da segunda noite! Na comparação entre os dois anos, acho que a festa junina de 2025 tem mais pessoas, pelo que eu estou percebendo”, rememorou.
Roselene Celoto, aposentada de 67 anos e integrante da Dragões da Real e do Rosas de Ouro
Em 2025, dez escolas tiveram apresentações marcadas – mas, ao contrário do que aconteceu em 2024, não haverá premiação alguma. Já sobre as apresentações, o sábado teve show do cantor Jonas Medeiros; um pocket show do Rosas de Ouro (atual campeão do Grupo Especial do carnaval de São Paulo); quadrilhas de Torcida Jovem, Império de Casa Verde, Vai-Vai, Rosas de Ouro e Dragões da Real; e show do cantor Tiee.
Atrações elogiadas
Além de Tiee, quem também se apresentará no evento será a banda Turma do Pagode – mas no domingo, 15 de junho. Os shows foram elogiados por Rodrigo Lemke, comerciante de 44 anos e torcedor da Mancha Verde: “Gostamos da programação da Liga-SP, gostamos de Tiee e da Turma do Pagode. Hoje já estamos aqui, vamos tentar vir amanhã também para curtir o show gratuito de uma banda que a gente gosta”, prometeu.
A decoração do espaço, inteiramente típica, também chamou atenção – e virou cenário para muitas fotos. O detalhe é que diversas esculturas de desfiles realizados em 2025 foram cedidas pelas escolas de samba. O boi-bumbá da Torcida Jovem e o Luiz Gonzaga do Águia de Ouro, por exemplo, estavam presentes. Até mesmo os personagens do desenho “A Turma do Charlie Brown”, também do Águia, estavam vestidos com detalhes juninos.
Todas as idades representadas
Na frente da quadra da Dragões da Real, na alameda Alberto Alves da Silva (seo Nenê), haviam brinquedos infláveis para que as crianças se divertissem. Pouco antes, também havia barracas com jogos para os pequenos. Roselene fez questão de destacar o acerto da Liga-SP em olhar para os sambistas do amanhã: “Eu vim aqui para assistir às quadrilhas, amo demais as apresentações. Senti que tudo está ótimo, espero que continue assim amanhã (hoje) e para o ano que vem. Acho que os brinquedos também foram uma ótima sacada”, comemorou.
Além dos espaços, havia também um touro mecânico e uma cadeia para quem quisesse se divertir. As velhas-guardas das agremiações também organizaram um bingo no Espaço Cultural Octavio da Silva (Talismã). De trinta em trinta minutos, novas rodadas aconteciam no local.
Preço adequado
Nada é mais natural para um brasileiro que reclamar dos preços. Mas, na visão de quem esteve presente na festa junina em questão, os valores cobrados passavam longe de ser exorbitantes.
Karina Lemke, que estava comemorando os 40 anos exatamente no sábado ao lado de Rodrigo (e que, tal qual ele, é torcedora da Mancha e comerciante), chegou a destacar que os preços estão melhores que em outros arraiás da cidade: “Nós não viemos no ano passado, então não podemos comparar. Mas, até agora, estou gostando de tudo. Não tenho nada que posso reclamar. Acho que o preço está acessível, a gente já foi em outras festas juninas de bairros e as coisas como um todo estão caras. Achei que o preço está bom, até mais barato que em outros lugares”, comentou.
Rinaldo foi pela mesma linha: “Eu gostei bastante da programação e também gostei bastante das quadrilhas. Sobre o preço de tudo aqui, sei que é o normal da Liga-SP, toda festa é mais ou menos nessa faixa de preço. Na quadra da Dragões o preço é semelhante também, então não acho que isso seja esse um problema”, destacou.
Sem citações
Outros gargalos de grandes eventos paulistanos (e no planeta como um todo) sequer foram citados pelos entrevistados. Os banheiros, que por vezes eram citados por visitantes da Fábrica do Samba em festividades, não foram lembrados. Vale destacar que, para a festa junina, todos os toilletes do local estavam abertos.
Apesar da reportagem presenciar algumas filas em barraquinhas de comes e bebes, elas também não foram citadas por entrevistado algum. E, aqui, vale destacar dois fatos: o primeiro deles, a presença maciça de vendedores de tickets (todos eles bem identificados, carregando um cifrão preto em um luminoso verde) nas alamedas e até nas proximidades do palco; depois, a presença de totens de autoatendimento, economizando tempo. Quando o sistema eletrônico teve uma queda, a própria Liga-SP avisou a situação – tal qual o restabelecimento de tais aparelhos.
Comes e bebes
João Roberto Celoto, aposentado de 66 anos que é marido de Roselene e não participa de escola alguma (“apenas leva e busca a esposa”, de acordo com o próprio), fez uma observação sobre o que era consumido na festa junina: “A única coisa que eu acho que poderia ser melhor é a diversidade de opções para comer. Aqui não tem lanche de carne louca, por exemplo – algo que é tipicamente junino. Também acho que as escolas poderiam interagir mais com o público na hora das quadrilhas. Já estive em uma festa na quadra da Dragões que fizeram isso e achei muito bacana. Achei o preço das comidas ok e não tenho reclamações quanto ao banheiro”, afirmou.
Após a fala do entrevistado, a reportagem fez o levantamento das barraquinhas de alimentação. Era possível se alimentar com bolos, maçã do amor e doces típicos; brigadeiros e doces gourmet; espeto de chocolate; milho verde; vinho quente e quentão; hamburguer; batata frita; hot dog; caldos; acarajé; pizza; baião de dois; lanches de pernil e de calabresa; macarrão; pastel e churrasco – isso além dos três espaços com bebidas dispostos em duas alamedas e um estande apenas para drinks.
O sambista Bira Presidente, fundador do bloco Cacique de Ramos e do grupo Fundo de Quintal, morreu na noite deste sábado, aos 88 anos, no Rio de Janeiro. O artista morreu, às 23h55, no Hospital Unimed Barra, vítima de complicações do câncer de próstata. A informação foi divulgada por meio de nota conjunta publicada nas redes sociais do Cacique de Ramos e do Fundo de Quintal.
Ubirajara Félix do Nascimento também sofria com a doença de Alzheimer.
“Sua atuação no Cacique de Ramos moldou o bloco e o samba, o Doce Refúgio se tornou um espaço de referência cultural. No Fundo de Quintal, foi ponto de partida de uma linguagem que redefiniu a roda de samba e inspirou gerações”, diz a nota.
Neste sábado, Dia Mundial do Doador de Sangue, a Unidos do Viradouro marcou presença no Hemorio, no Centro do Rio de Janeiro, para reforçar a importância da doação voluntária e mobilizar sua comunidade em prol de um gesto que salva vidas. Integrantes da escola levaram o samba no pé e o espírito solidário para dentro da unidade de saúde, em uma manhã de música, alegria e generosidade.
A ação foi divulgada nas redes sociais da agremiação, que destacou a relevância da data e a necessidade de manter os estoques do Hemorio abastecidos. “Neste Dia Mundial do Doador de Sangue, nosso time levou muito samba e alegria ao Hemorio, celebrando a data especial e reforçando o compromisso com esse gesto tão necessário. Doar sangue é salvar vidas”, afirmou a escola.
O Hemorio abastece unidades hospitalares de todo o estado do Rio de Janeiro e depende do engajamento da população para manter o atendimento a quem precisa. Durante a visita, os representantes da Viradouro estimularam o público a participar da campanha, chamando a atenção para as regras básicas de doação, como estar em boas condições de saúde, pesar mais de 50 kg e ter entre 16 e 69 anos.
Com a frase “vistam a camisa da Viradouro e da solidariedade”, a escola de Niterói reafirmou seu compromisso com causas sociais e mostrou que o samba também é ferramenta de transformação e cidadania. A iniciativa foi mais uma demonstração de como o carnaval pode ir além da avenida, mobilizando comunidades em prol do bem comum.
Após ficar fora do Grupo Especial do Rio de Janeiro no Carnaval 2026, o carnavalesco Paulo Barros tem se dedicado a novos projetos fora da Marquês de Sapucaí. Em entrevista à coluna Veja Gente, da revista Veja, ele falou sobre seus planos para além do mundo do samba.
“É uma coisa que só o tempo vai dizer. O que Deus tiver reservado para mim, vou aceitar”, declarou o carnavalesco à Veja, ao ser questionado sobre seu futuro no carnaval.
Sem escola definida para 2026, Paulo Barros revelou estar envolvido com duas iniciativas culturais no município de Maricá, na Região Metropolitana do Rio. Uma delas é um monumento em homenagem a Darcy Ribeiro, a convite do ex-prefeito Washington Quaquá. A outra é a criação de um espaço chamado Centro Brasileiro das Artes, voltado para exposições, atividades culturais e intervenções urbanas. “Estou muito feliz, muda um pouco de área e estou passando por uma nova fase”, disse à Veja.
Paulo Barros conquistou quatro títulos no Grupo Especial — três pela Unidos da Tijuca (2010, 2012 e 2014) e um pela Portela (2017). Ele também já assinou carnavais na Viradouro, Vila Isabel, Tuiuti e Mocidade.
Sem confirmar uma possível volta à avenida no próximo ano, ele preferiu adotar um tom enigmático. “Não vou dizer que volto, que não volto… O tempo vai dizer”.
Para viabilizar o projeto do Carnaval 2026, a Portela firmará um acordo de parceria institucional com o Governo do Rio Grande do Sul. O compromisso será formalizado por meio da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), com apoio da Secretaria Extraordinária de Inclusão Digital e Apoio às Políticas de Equidade (Seidape).
O Estado atuará como articulador entre a escola e a sociedade gaúcha, contribuindo com apoio técnico, escuta ativa das lideranças negras, promoção da identidade afro-gaúcha e apresentação da estrutura empresarial local para fins de captação de patrocínio mediante Lei Rouanet.
“A escola de samba se propõe a revisitar e homenagear histórias que atravessam séculos e que têm origem nos quilombos, nas religiões de matriz africana, na música, na dança, na oralidade e na luta por reconhecimento e direitos. Mais do que um desfile, o enredo será uma grande ação de visibilidade e valorização de uma identidade plural, ainda invisibilizada, mas essencial para compreender o Brasil em sua totalidade”, informa o texto publicado no site oficial do governo do Rio Grande do Sul.
Curiosamente, a escolha do tema coincide com a recente divulgação de dados do Censo 2022, que reforçam a relevância da homenagem. Segundo levantamento publicado em junho de 2025, o Rio Grande do Sul é, atualmente, o Estado com a maior proporção de praticantes de religiões de matriz africana no Brasil. O número de adeptos mais que dobrou em dez anos, revelando a força, resistência e atualidade das heranças africanas no território gaúcho.
O enredo do Império de Casa Verde para o Carnaval 2026, assinado pelo carnavalesco Leandro Barboza, com a pesquisa do enredista Tiago Freitas, tem a missão de celebrar o empoderamento de mulheres escravas do século XVIII, que viviam em Salvador e eram conhecidas como escravas de ganho.
Esbanjando luxo e poder, através das joias e balangandãs, essas negras compravam suas alforrias através do trabalho das vendas de quitutes, turbantes, tecidos, peixes e comércio em geral. Com o que ganhavam, além de pagarem os senhores de mando, guardavam o excedente no corpo, cravando-o de joias em ouro e prata. Na história da joalheria brasileira esses elementos são conhecidos como “joias de crioulas”.
O presidenteda Império de Casa Verde, Alexandre Furtado, promete “um desfile muito luxuoso, de forte impacto, emocionante e com muitas surpresas”.
O carnavalesco Leandro Barboza disse que o enredo nos levará para uma imersão por Salvador e revela que “viajaremos por uma Salvador pouco contada. Esse Brasil baiano que vamos retratar, em 2026, será alegre, imponente e celebrativo. Queremos exaltar essas mulheres afro-baianas que abriram tantos caminhos de empoderamento para a pauta das mulheres do nosso país”.
O Império de Casa Verde será a primeira escola a se apresentar no sábado de Carnaval e promete levar ao sambódromo do Anhembi um desfile histórico e original.
Sinopse: ‘IMPÉRIO DOS BALANGANDÃS: JOIAS NEGRAS AFRO-BRASILEIRAS’
Sopro de tudo: o fogo ancestral [introdução]
Giram os mundos, rodas se abrem,
da escuridão nasce os primeiros clarões,
o grande sopro cósmico anuncia a fênix que faz tudo nascer em fogo,
para renascer em ouro.
Giram os mundos,
o sopro ancestral explode em ouro cósmico, que aporta em São Salvador.
SALVADOR
me chamou.
Século XVIII, 1760, Salvador.
Salvador me chamou. Eu sou Dona Fulô, a escrava que comprou a liberdade.
Nos idos de 1760, eu e muitas mulheres éramos escravas de ganho. Ganhar era comercializar com tabuleiros de quitutes, peixes, tecidos e turbantes a mando dos senhores brancos. Quando atingíamos o lucro de mando, o valor que passava, ficava em nossos bolsos, ou melhor, em nossos corpos negros.
A gente subvertia a ordem e adornava de ouro nossos corpos negros.
Nos ventos de clandestinidade, procurávamos ourives de axé que, escondidos, faziam joias para nós, mulheres negras que sonhavam em guardar o ganho em joias de adornos. Assim, as joias eram como roupa e o nosso corpo, era como um cofre ancestral que exalava poder e um sonho de liberdade.
Os ourives moldavam nossos corpos com ouro em anéis de talha dourada, figas, pulseiras de placas, argolas que se pareciam com pitangas, braceletes de ouro e outros artefatos mais.
Assim andávamos por Salvador. Negras. Negras douradas.
Nossas joias também eram como amuleto espiritual. Nós pedíamos dos ourives negros, colares de ouro em formato de fio de contas, balangandãs que atraiam sorte, saúde e força. Juntos, são penduricalhos de axé que traziam símbolos como alimentos, correntes, sol, lua, espadas, machados e outros elementos da nossa ancestralidade.
Nossas joias também eram adornadas como acarajés de ouro, bolinhos de fogo que pulsavam como nossa joia-amuleto de corpo, alma e espírito.
Um delírio de emoções explodia na Salvador que eu e muitas outras negras, em busca da liberdade, chamávamos de Salvador do Império das nossas joias negras, as joias das crioulas que queriam viver a paz de seu axé em voo livre.
Quando a saudade de África transbordava e nossos olhos não suportavam o mar de lágrimas, além dos tambores de axé, íamos àigreja rezar para aclamar mais força de espírito. Também tratamos de fazer joias com símbolos católicos, adornamos joias com a pomba do divino, a cruz, o sino e o terço de Santa Maria. Maria nos atendia, por isso, eu e outras mais fundamos e ajudamos a manter a Irmandade da Boa Morte, movimento que pregava a morte digna de negros e negras que sofriam no suor da escuridão e do esquecimento.
Salvador me chamou. E chamou outras negras mais! Salvador da maior balangandeira, Tia Ciata, que batucava seus quadris com a sonoridade desses amuletos de joias de nossa gente.
Salvador me chamou. E chamou outras negras mais! Salvador das negras Amas de leite, que empreendiam, mesmo forçadas, doses de amor e afeto. Em troca, eram alimentadas de doses de ouro.
Salvador. Minha Salvador, de Fulô e todas as negras de ganho que faziam da sua força de trabalho a realização de viver um sonho: de ser livre!
Salvador, de Dona Fulô, de Florinda Anna do Nascimento!
Das joias, fizemos livretude!
Fizemos amuleto espiritual!
Fizemos cofre em um corpo ancestral!
Das joias, fizemos reza,
fizemos força,
fizemos vida,
fizemos a força e o grito-ganho de LIBERDADE.
SALVADOR ME SALVOU.
E depois de tudo isso, nos levará, em 2026, para um Império dos Balangandãs, porque fomos, somos e seremos mulheres-joias afro-brasileiras.
Após trabalhar o ano de 2024 sem um carnavalesco, a Mancha Verde contratou Rodrigo Meiners. O profissional, no mesmo ano, foi responsável pelo projeto que levou a Pérola Negra à vitória no Grupo de Acesso 2. Anteriormente, ele integrava o trio de carnavalescos que conduziu os Gaviões da Fiel de volta ao Desfile das Campeãs. Artista jovem da nova geração, estreou no Grupo Especial em 2020, pela Barroca Zona Sul, e vem construindo sua carreira no carnaval, mostrando seu máximo potencial para dar retorno às escolas em que atua. No evento que definiu a ordem dos desfiles para o Carnaval 2026, Rodrigo Meiners conversou com o CARNAVALESCO e falou sobre a nova fase de sua carreira e as perspectivas para o próximo carnaval na Mancha Verde.
O novo carnavalesco da agremiação comentou sobre o sentimento de ser contratado pela escola. Segundo Meiners, trata-se de uma realização profissional e pessoal, já que a Mancha Verde oferece todo o suporte necessário aos artistas, com estrutura e condições para o desenvolvimento de projetos.
“Estou muito feliz por integrar o time da Mancha Verde. É uma realização pessoal muito grande. Eu sempre falei com pessoas próximas a mim que existem algumas escolas em São Paulo que estruturam o carnavalesco para realizar o trabalho e, na minha opinião, a Mancha Verde é uma delas. Sempre coloquei a escola nesse patamar de ótima organização, o que me ajuda a realizar o carnaval 100% da maneira como penso os projetos”, disse.
Trabalhando para 2026
Ainda não foi revelado o enredo que a Mancha Verde levará à avenida no Carnaval 2026, mas Rodrigo contou que já apresentou todo o projeto, e que a divulgação acontecerá mais adiante por razões estratégicas da escola.
“Estamos trabalhando forte. Já desenhamos os carros, as fantasias, nosso carnaval já começou. A gente não está divulgando nada por uma questão estratégica. Vamos esperar para ver como se desenham as escolhas das outras escolas do Grupo de Acesso. A nossa divulgação será em agosto, mas estou muito feliz”, declarou.
Adequação da escola à nova estrutura
Desocupar a Fábrica do Samba é uma missão difícil, especialmente para a Mancha Verde, que há muitos anos desenvolvia seus carnavais no local — conhecido por sua estrutura impecável, proximidade do Anhembi e ótimas condições de trabalho. Com o descenso, a escola se viu obrigada a deixar o espaço e se transferir para a Fábrica do Samba 2.
Rodrigo contou que serão utilizados dois galpões, além da quadra da escola, que também possui excelente estrutura:
“A escola não vai perder sua característica porque caiu para o Grupo de Acesso. As nossas bases de alegoria serão as mesmas, e alugamos outro espaço, já que o barracão do Acesso não comporta muitos carros. Vamos trabalhar em dois ou três espaços. A quadra tem estrutura legal para fazer carnaval e também será utilizada. A Mancha Verde está montando essa estrutura para entregar um carnaval grandioso, como eu e a escola gostamos — além do merecimento da comunidade”, ressaltou.
Ainda sobre a estrutura para o desenvolvimento do desfile, Meiners explicou como o presidente Paulo Serdan buscou soluções, inclusive firmando parcerias com escolas que não utilizarão seus espaços:
“Esse espaço interno na Fábrica do Samba 2 é o que temos por direito. Tinha outro, de uma agremiação que não vai utilizar, e o presidente firmou uma parceria. Com isso, teremos dois galpões e, como disse, se necessário, usaremos a quadra para trabalhar com peças e fantasias. Vamos chegar na concentração prontos. Tudo isso para não perder a grandiosidade que a Mancha Verde, o presidente e eu gostamos”, afirmou.
Saber lidar com a pressão
Entre 2018 e 2024, a Mancha Verde sempre esteve no Desfile das Campeãs, com dois títulos e dois vice-campeonatos. A escola nunca foi descartada como candidata ao título no pré-carnaval. Por isso, a queda em 2024, ficando na última colocação, surpreendeu a todos.
Agora, pelo histórico e tradição recente, a Mancha chega ao Grupo de Acesso como uma das favoritas. Questionado sobre a pressão de recolocar a escola no Grupo Especial, Rodrigo Meiners afirmou saber lidar com a responsabilidade:
“Na minha apresentação para a comunidade, eu disse isso: pressão no carnaval é privilégio. Quando você está pressionado para conseguir algum resultado, é sinal de que está em uma agremiação que te desafia a alcançar o melhor. É óbvio que existe pressão, assim como existia na Pérola Negra, no Acesso 2. Mas eu lido muito bem com isso e acho que faz parte do jogo e da nossa profissão”, concluiu.
Tem gringo no samba. A Unidos do Jacarezinho que em 2026 retorna a desfilar na Marquês de Sapucaí, está preparando uma ala só de dançarinos estrangeiros para invadir a Avenida. A escola abre o primeiro dia de desfiles da Série Ouro na sexta-feira de carnaval, 13 de fevereiro.
A responsável pela ala é a artista Alessandra Cabral, que é professora dedicada às danças populares brasileiras, com foco especial no samba no pé. Alessandra desenvolveu há 18 anos uma pedagogia própria de ensino que combina técnica, expressão e ancestralidade, revolucionando a forma como o samba é ensinado e vivenciado. Sua metodologia conquistou alunos no Brasil e no exterior, sendo referência no ensino do samba no pé como ferramenta de identidade e liberdade. Ao longo da carreira, Alessandra ministrou oficinas de samba no pé em centros culturais e festivais internacionais. Também atuou como consultora artística em projetos de valorização da cultura afro-brasileira no exterior. Em 2025, foi coreógrafa da ala internacional na campeã Acadêmicos de Niterói, trazendo para a avenida uma leitura do samba com a quadrilha, fazendo parte da passagem da escola para o Grupo Especial.
“É uma honra imensa fazer parte dessa escola tão cheia de história, garra e paixão pelo samba. Estou radiante por integrar esse time incrível e contribuir com toda minha energia, criatividade e amor pelo Carnaval. A Unidos do Jacarezinho pulsa no ritmo da comunidade, da cultura e da resistência — e é exatamente esse espírito que quero levar para a avenida junto com a ala internacional. Vai ter samba no pé, vai ter brilho, vai ter entrega total”, adianta a coordenadora.
Para se inscrever é necessário ter acima de 18 anos, disponibilidade para participações em oficinas on-line e fazer o cadastro através do e-mail [email protected]
O Acadêmicos do Salgueiro planeja um tributo especial à carnavalesca Rosa Magalhães antes de dar início à disputa de samba-enredo para o Carnaval 2026. A celebração será realizada na quadra da escola, na semana anterior ao início da disputa de samba, que tem início marcado para o dia 2 de agosto. O evento foi anunciado durante a leitura da sinopse do enredo da vermelho e branca, que homenageará a eterna Professora no próximo carnaval.
“A escolha da Rosa como enredo foi uma escolha acertada”, afirmou o diretor de carnaval, Wilsinho Alves, em entrevista ao CARNAVALESCO, após a leitura da sinopse. Segundo ele, a ideia já circulava internamente desde o ano passado, e foi consolidada por meio de conversas entre o presidente André Vaz e o carnavalesco Jorge Silveira. “Acho que as coisas se alinham esse ano para que dê tudo certo”, completou.
Para Wilsinho, o Salgueiro entra no novo ciclo com uma missão clara: buscar a décima estrela e, ao mesmo tempo, encerrar o desfile oficial do Grupo Especial pela primeira vez na era do Sambódromo. “Fechar o Carnaval também era uma obsessão do salgueirense”, disse. A escola, que teve um desfile elogiado em 2025, terminou a apuração com notas que, segundo o diretor, não refletiram o trabalho realizado. “Não foi uma escola bem julgada. Temos uma pressão a mais para fazer um grande carnaval”, avaliou.
Cauteloso, o diretor prefere conter a euforia da comunidade, que sonha com o título. “Não tem que ter oba-oba não. Acho que tem que ter confiança sempre, mas falta muita coisa. O carnaval é feito de etapas. Primeiro temos que ver a questão do samba”, explicou. Ele destaca que o projeto alegórico proposto ao carnavalesco Jorge Silveira é ainda mais grandioso do que o do último ano. “Não que isso seja determinante para as notas 10, mas é uma questão de imponência”, ponderou.
A expectativa agora se volta para a disputa de samba salgueirense, uma das mais concorridas. Nos dois últimos anos, segundo o diretor, mais de 20 composições foram inscritas em cada ciclo. “O fundamental é termos um samba que caia no gosto do salgueirense”, afirmou Wilsinho. Ele também destacou a influência da atuação da torcida nas redes sociais, plataforma que tem sido observada com atenção pela direção para se conectar com a sua comunidade.
O tributo à Rosa Magalhães será realizado no sábado, dia 26 de julho, na quadra da escola. A disputa de samba começa oficialmente no dia 2 de agosto, e a grande final está marcada para o dia 27 de setembro.