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Recheada de caras novas, São Clemente grava samba em homenagem a Zé Katimba para álbum da Série Ouro 2024

Sempre irreverente no seu jeito de ser, a São Clemente vai desfilar pelo segundo ano consecutivo na Série Ouro depois de passar 11 carnavais no Grupo Especial, entre 2011 e 2022. Mordida para voltar à elite da folia carioca, a escola convive com um período de mudanças em seus principais quadros nesta preparação para o próximo desfile. No comando da bateria desde 2011 em companhia de outros profissionais e desde 2018 em voo solo, mestre Caliquinho deixou a Fiel Bateria em abril deste ano, dando lugar para a chegada de mestre Marfim, que já fazia parte da diretoria dos ritmistas. Outra grande surpresa foi a saída do intérprete Leozinho Nunes, que comandava o carro de som da agremiação desde 2016, em alguns desfiles acompanhado de nomes como Grazzi Brazil, Maninho e Bruno Ribas, e em outros trabalhando de forma individual. Para o seu lugar, a São Clemente apostou na formação de uma dupla, Vitor Cunha e Leandro Santos, que já fizeram parte do carro de som de algumas escolas como apoio. Outra novidade foi a chegada do carnavalesco Bruno Oliveira. Pela primeira vez como mestre na gravação de um álbum da Liga RJ, Marfim falou sobre a oportunidade e contou mais sobre sua trajetória na Amarela e Preta da Zona Sul.

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Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO

“Em primeiro lugar eu tenho que agradecer ao presidente Renato pela oportunidade de ter me colocado como mestre de bateria. Eu já fazia parte da antiga gestão do mestre Caliquinho, somos grandes amigos, já viemos de muitos anos juntos, somos nascidos e criados no morro Santa Marta, que é a escola da comunidade, acho que foi algo muito natural essa saída do Caliquinho e a minha subida para o cargo. Antigamente eu era repique de bossa, e você vai meio que criando uma liderança dentro da bateria, e mais por instinto de responsabilidade, como repique você tem que ter uma responsabilidade a mais que o ritmista normal, em 2010 virei diretor e fui diretor até virar mestre”, conta mestre Marfim.

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Originalmente vindo da bateria, o presidente Renatinho, que comandou a Fiel bateria por cerca de 15 anos, entre o final dos anos 80 e começo dos anos 2000, mostrou bastante empolgação com a equipe que a São Clemente está montando para o próximo desfile. Além de Marfim, o mandatário analisou as chegadas de Vitor Cunha e Leandro Santos, além do carnavalesco Bruno Oliveira.

“O Caliquinho pediu para sair mesmo, porque ele está com dois filhos.É meu amigo. Ele gosta muito da escola e está ajudando o Santa Marta que é a escola do coração dele. O mestre Marfim também é do Santa Marta. Os dois foram criados juntos. Foi apenas uma passagem de bastão. Trouxemos esses dois meninos para cantar, eles deram uma vida à escola diferente, não tenho problema com o Leozinho, é um menino que eu tratava como um filho. Foram questões pessoais dentro da escola. E pela gravação fiquei muito satisfeito com os cantores, é um negócio assustador. Estou empolgado com o carnavalesco também, acho que vai vingar em 2024”, espera o dirigente.

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“Vem, como é bom voltar/Guarabira em festa quer te abraçar”, são versos de um pequeno pós-refrão que antecede a cabeça do samba e já teve na gravação a cara e o “jeitinho” dos novos intérpretes da São Clemente. Apresentados na final do concurso de samba-enredo realizado no dia 06 de outubro, Vitor Cunha e Leandro Santos conversaram com a reportagem do CARNAVALESCO em Marechal Hermes durante as gravações da faixa para o álbum da Série Ouro. A dupla revelou que já possui ligação com a escola e espera um grande desfile em 2024.

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“Já passei pela São Clemente em 2009, foi um trabalho muito legal que a gente fez e de lá pra cá, depois que eu saí, a galera da escola sempre me tratou muito bem, pessoal da harmonia, bateria, os componentes em geral, voltar a São Clemente agora foi uma surpresa imensa, quero agradecer muito a galera do samba que eu defendi, porque não fosse eles também, é aquela velha história de quem não aparece, não é lembrado. Agora junto do Leandro, já cantamos juntos na Estácio, na época a escola foi campeã inclusive. Estamos trabalhando muito, nos conhecendo melhor também nesta gravação da faixa e está sendo muito legal”, admite o intérprete Vitor Cunha.

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“Somos da família Clementina já, estive em 2005 com o Clóvis Pê, em 2006 com o Bessa, e estamos retornando a uma das nossas casas do carnaval. Muito feliz pelo convite do Renatinho, também fui pego de surpresa, mas é muito reconfortante estar nesse projeto, o enredo maravilhoso sobre o Zé Katimba, o samba está muito bacana, pode ter certeza que vai vir um grande trabalho não só do nosso carro de som, mas da bateria e de toda a comunidade. Aqui nós vamos iniciar um grande trabalho na Sapucaí”, promete Leandro Santos.

Na Fiel Bateria já começa a se ver a cara de Marfim

Com o desafio de manter o trabalho de uma bateria que vinha sendo bastante elogiada nos últimos anos pelo trabalho que Caliquinho vinha desenvolvendo, mas ao mesmo tempo, com a missão também de apresentar novos caminhos, mestre Marfim destaca que tem buscado colocar as suas características, ainda que respeitando os processos que vinham dando certo na Fiel Bateria.

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“Mesmo eu já fazendo parte da antiga gestão, eu tenho característica próprias de andamento, afinação, bossas, essa gravação vai ter já uma cara mais de Marfim na Fiel Bateria.Fizemos alguns ensaios, costumo explorar muito a melodia do samba, espero o samba ser escolhido para depois desenvolver as bossas em cima da Melodia da obra. Acho que até para valorizar mais ainda o samba. Podem esperar algo ousado, mas ao mesmo tempo respeitando a melodia da obra”, esclarece o diretor de carnaval.

O enredo “Que grande destino reservaram pra você” vai trazer a importância de Zé Katimba para a história do carnaval das escolas de samba e para a música popular brasileira. O compositor, com seus 90 anos de idade, será representado no palco onde ele foi e é consagrado. A obra escolhida pela diretoria da São Clemente para o carnaval 2024 é de autorias dos compositores Ricardo Góes, Naldo, Serginho Machado, Sérgio Gil, Fadico, Orlando Ambrosio, Matias de Oliveira e Fernando Lima, superou os sambas de Marcelo Adnet e Cia e Robert Farrow e Cia. O presidente Renatinho falou sobre o samba da agremiação para o próximo desfile e explicou a estratégia da escola após a gravação da faixa oficial da Liga-RJ.

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“É uma disputa que houve na quadra, e qualquer pessoa que concorre contra o Adnet, esse artista global, que é uma grande sensação agora do carnaval, sabe da dificuldade. É um samba que leva multidões, escolhemos uma grande obra. E fizemos uma gravação excelente para o carnaval 2024. Vamos fazer nossos ensaios para toda a escola cantar, nesse primeiro mês vai ser só de canto, falei até para o Marfim colocar apenas 30 ritmistas porque a gente quer escutar o canto. Acho que vai dar bom se Deus quiser”, deseja o presidente.

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Com o enredo “Que grande destino reservaram pra você”,em 2024, a São Clemente será a sexta escola a desfilar na Marquês de Sapucaí no sábado de carnaval.

Mais fotos da gravação da São Clemente

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No Dia da Consciência Negra, Paraíso do Tuiuti faz ensaio com presença dos principais segmentos e samba-enredo volta a ser destaque

O Paraíso do Tuiuti celebrou o Dia da Consciência Negra, na última segunda-feira, com muito samba. Ainda durante a tarde, a agremiação abriu as portas de sua quadra para realizar mais uma edição da tradicional feijoada. O evento, que contou com a participação das coirmãs Unidos da Tijuca e Porto da Pedra, terminou no período da noite e foi seguido pelo ensaio de rua da escola. O treino ao ar livre, que é o quarto da temporada para o Carnaval de 2024, contou com um número reduzido de pessoas em comparação com as segundas-feiras anteriores. A largada foi dada já por volta das 23h, com a agremiação concluindo o percurso no início da madrugada desta terça-feira. Os principais segmentos estiveram presentes e o hino oficial voltou a ter um ótimo rendimento, graças a performance segura do intérprete Pixulé e ao espetáculo promovido pela bateria “Super Som”.

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Fotos: Diogo Sampaio/CARNAVALESCO

“A gente está lapidando um trabalho. Hoje conseguimos ter um resultado bem melhor que o da semana passada. Isso mostra que estamos evoluindo. Os esforços tão surtindo efeito. A comunidade, por exemplo, cantou muito mais. Então, a tendência agora é só essa. É só aperfeiçoar. Lapidar o que dá errado. Aqui na rua é para isso. Os ensaios servem justamente para errar, corrigir e acertar. Quanto ao contingente, tivemos um problema que foi a chuva. Então, muitos componentes ficaram com receio de sair de casa, pegar um alagamento e de repente enfrentar algum problema no meio do caminho. Mesmo assim, considero que tivemos um bom efetivo aqui de componentes, de pessoas, e que o treino foi bastante positivo”, avaliou o diretor de carnaval do Tuiuti, André Gonçalves, em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO após a conclusão do ensaio.

No ano que vem, o Paraíso do Tuiuti será a quinta escola a cruzar o Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, pelo Grupo Especial. Na ocasião, a azul e amarela do bairro de São Cristóvão apresentará o enredo “Glória ao Almirante Negro!”, uma homenagem ao marinheiro João Cândido, que atuou na liderança da Revolta da Chibata. O desenvolvimento do tema é do carnavalesco Jack Vasconcelos.

Comissão de frente

O quarto ensaio de rua da Paraíso do Tuiuti foi mais uma vez aberto pela comissão de frente assinada pelos coreógrafos Cláudia Mota e Edifranc Alves. A apresentação, especialmente elaborada para os treinos no Campo de São Cristóvão, contou com um contingente maior que os das últimas semanas, tendo sido formada dessa vez por três mulheres e dez homens. Apesar desse aumento no número de integrantes, a coreografia seguiu a mesma, possuindo como marca a teatralização em cima da letra do samba e os passos bem definidos, executados com bastante sincronia. Novamente, a performance teve como ápice o momento em que uma das integrantes era erguida para o alto e, em seguida, se jogava de costas, sendo amparada por outros componentes.

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Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane, apostou em uma apresentação que mesclou o bailado tradicional com passos coreografados. A dupla, que veio com um figurino predominante em tons de amarelo, teve uma dança marcada pela intensidade e por momentos de bastante velocidade, traços característicos na trajetória de ambos. Os giros foram uma constante ao longo da performance, assim como a sincronia entre eles. Aliás, o entrosamento foi um ponto alto. No terceiro trabalho consecutivo juntos como defensores do pavilhão principal da agremiação, os dois demonstraram ter uma conexão forte, com movimentos precisos, gestos elegantes e troca de olhares constantes.

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Samba-enredo

Após apresentar uma queda de rendimento na semana anterior, a obra composta por Cláudio Russo, Moacyr Luz, Gustavo Clarão, Júlio Alves, Alessandro Falcão, Pier Ubertini e W Correia voltou a ter um bom desempenho nesse quarto ensaio de rua da Paraíso do Tuiuti. A performance do intérprete Pixulé no microfone principal foi fundamental para isso. Seguro e confortável no comando do carro de som, o cantor oficial soube conduzir o samba melodioso de uma forma vibrante e potente, mantendo essa pegada do início ao fim do treino. Além dele, a bateria “Super Som” foi outro fator importante para que o hino não tivesse uma queda ou ficasse arrastado no decorrer de uma hora e 15 minutos de apresentação no Campo de São Cristóvão. Em mais uma noite inspirada, os ritmistas liderados pelo mestre Marcão agitaram os componentes e os espectadores presentes no local, através da realização de bossas e de nuances que deram um brilho a mais ao já belo desenho melódico da composição.

Harmonia

O bom desempenho do samba-enredo refletiu positivamente na performance do quesito nesse quarto treino a céu aberto da Paraíso do Tuiuti. Mesmo com um contingente menor, muito por conta do feriado do Dia da Consciência Negra e da ameaça de chuva para a noite de segunda-feira, os componentes que marcaram presença no Campo de São Cristóvão não fizeram feio no canto. Os dois refrões tiveram ótimo rendimento durante toda a passagem da escola, sendo entoados com força pelos desfilantes. A subida para o refrão principal, “Salve o Almirante Negro/Que faz de um samba enredo/Imortal!”, e o falso refrão que antecede o do meio, “Ôôô A Casa Grande não sustenta temporais/Ôôô Veio dos Pampas pra salvar Minas Gerais”, também se saíram bem e foram cantados com afinco. Já outras partes da obra deixaram a sensação de que podem ter um funcionamento melhor. É o caso, por exemplo, dos trechos “O mar com as ondas de prata/Escondia no escuro a chibata/Desde o tempo do cruel contratador”, presente na primeira estrofe, e “O luto dos tumbeiros/A dor de antigas naus/Um novo cativeiro/Mais uma pá de cau”, oriundo da segunda estrofe, que foram cantados apenas de forma tímida e com um baixo volume. Em relação às alas em si, o destaque ficou para a segunda e a terceira que mostraram estar com a letra na ponta da língua e cantaram com muita vontade o hino oficial por completo, se sobressaindo as demais justamente pela garra e animação.

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Evolução

Apesar de não terem ocorrido falhas graves ao decorrer do ensaio da noite dessa segunda-feira, a evolução da Paraíso do Tuiuti é um ponto que merece atenção. A escola teve um ritmo lento durante a passagem pelo Campo de São Cristóvão e abriu alguns pequenos clarões, que foram rapidamente corrigidos, nos momentos de deslocamento após as paradas dos segmentos nas cabines simuladas de jurados. Nas alas em si, sem o calor excessivo da semana anterior, foi possível observar os componentes desfilando com maior empolgação. Eles vieram sem lugares marcados ou fileiras rígidas, o que permitiu que brincassem e evoluíssem de maneira mais solta. Vale destacar que, por estratégia da agremiação, não houve o recuo da bateria, que veio encerrando a apresentação da azul e amarela.

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Bateria

A “Super Som” seguiu a tendência das últimas semanas e novamente foi o grande destaque desse quarto ensaio da Paraíso do Tuiuti no Campo de São Cristóvão. Os ritmistas liderados por mestre Marcão, junto do carro de som comandado pelo intérprete Pixulé, foram os responsáveis por ajudar o samba melodioso da escola a ter uma performance empolgante ao longo de uma hora e 15 minutos de treino. Diferente do que vinha sendo apresentado nessa temporada na rua, a bateria dessa vez explorou mais o ritmo como um todo e executou menos vezes as bossas e nuances que estão sendo preparadas. O andamento também foi um pouco mais acelerado em comparação às segundas-feiras anteriores, sendo adotado 143 BPM (batidas por minuto). Em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO, Marcão pontuou que o momento é de experimentar e enalteceu a importância desses testes ao ar livre na hora de aprimorar o que já vem sendo desenvolvido desde julho, visando justamente o desfile oficial do ano que vem.

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“Gostei para caramba do ensaio, achei muito bom. O trabalho, como um todo, está progredindo. Toda segunda-feira, a gente aproveita esse espaço para testar e depois fazer a nossa avaliação, justamente para tentar identificar o que funciona, o que é bom, o que é ruim e o que pode melhorar. Também acompanhamos de perto o andamento, verificando toda hora se não caiu ou se subiu. Nesse treino de hoje, por exemplo, desde o momento que a gente largou até o final, foi a mesma coisa, o mesmo patamar, graças a Deus. O nosso samba é muito melódico, tanto que buscamos explorar isso através das nuances que fazemos dentro do ritmo. É algo bem legal. E estamos realmente experimentando. É claro que tem muita água para rolar e cada vez vamos evoluindo mais. Tem segunda-feira que fica ruim, tem segunda-feira que fica bom, faz parte do processo. Estamos ajeitando ainda, tem uma bossa para poder deixar ela bem equalizada, essa daí do paradão que fica só o surdo está um espetáculo, então realmente é um exercício de ir tirando e colocando. É tipo jogo de xadrez, onde a gente tira a peça daqui, move para ali e, daqui a pouco, dá o xeque-mate. É isso”, relatou o comandante da “Super Som”.

Outros destaques

Além da bateria “Super Som”, outra constante quando se trata de destaque em ensaio de rua da Paraíso do Tuiuti é a rainha Mayara Lima. A beldade é um verdadeiro acontecimento. Pode fazer chuva ou sol que a quantidade de pessoas que se aglomeram nas calçadas para vê-la passar é sempre de se impressionar. Todas as vezes os olhares e as câmeras ficam atentos, só no aguardo de registrar mais um show de samba no pé. E, na noite dessa segunda-feira, não foi diferente. Com short amarelo e uma blusa toda com pedrarias, Mayara esbanjou beleza, simpatia e muito gingado, fazendo questão de atender os apelos do público e interagir com os ritmistas através da dança sincronizada com as batidas.

Cante com a Grande Rio: samba para o Carnaval 2024

O intérprete Evandro Malandro cantou o samba-enredo da Grande Rio para o Carnaval 2024 no festival Guardiões da Favela. A escola de samba levará para Avenida o enredo “Nosso Destino É Ser Onça”.

Cante com a Vila Isabel: samba para o Carnaval 2024

O intérprete Tinga e a equipe do carro de som da Vila Isabel cantaram para o site CARNAVALESCO o samba-enredo para o Carnaval 2024. A escola de samba levará para Avenida a reedição de “Gbalá – Viagem ao Templo da Criação”.

De sambista para sambista! Segunda edição do festival Guardiões da Favela faz história e conquista público

Um carnaval fora de época. A Cidade do Samba recebeu no último sábado a segunda edição do Guardiões da Favela, organizado pela Acadêmicos do Grande Rio para promover a integração entre as baterias das agremiações. Com 14 horas seguidas de duração, passaram pelo palco do evento 11 escolas do Grupo Especial, três da Série Ouro e duas de São Paulo. Segundo mestre Fafá, que comanda a bateria da tricolor de Caxias e idealizador do festival, o encontro buscou valorizar o espetáculo do carnaval em todo o país e foi abraçado pelo povo do carnaval.

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Fotos de Valber Luis/Divulgação

Os ingressos foram vendidos por cerca de R$ 30 e cada agremiação recebeu cerca de 300 a 400. Abraçado pelas coirmãs e aprovado pelo público, a próxima edição do Guardiões tende a ser muito maior. Fafá revelou que a proposta para o próximo ano é dar mais espaço para a Série Ouro e convidar, também, as escolas mirins e da Intendente Magalhães. Segundo ele, a iniciativa é importante para valorizar todo o carnaval brasileiro.

“Acredito que deva ter essa inclusão. Também vamos aumentar o número de escolas do Grupo de Acesso e cada vez mais vamos melhorar a estrutura. Esperamos que se mantenha aqui ou vá para um lugar maior. Tem que ter essa integração não só daqui ou com São Paulo. Acredito que a intenção dos Guardiões é ter uma integração também com o Espírito Santo, Porto Alegre, Manaus, Belém, para mostrar que o nosso carnaval é forte em todos os lugares”, contou o mestre de bateria.

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A primeira edição foi realizada na quadra da Grande Rio, em Duque de Caxias, e não comportou o público presente. A partir daí surgiu a iniciativa de buscar um local maior. Fafá acredita que a iniciativa tem o papel de valorizar os ritmistas e mestres de bateria. Imagens de grandes nomes que passaram pela bateria da escola decoravam a Cidade do Samba.

“Hoje, com a Cidade do Samba do jeito que está, vejo que a galera comprou a ideia. O nosso intuito é valorizar os mestres. Colocamos um banner com todos os mestres que passaram pela Grande Rio – só faltou o mestre Maurício, que não conseguimos achar nenhuma foto. Valorizar ritmistas, mestres e diretores é algo que precisa ser feito. É uma galera apaixonada e que se dedica muito. Queria agradecer a todos que ajudaram. Espero que a gente consiga estruturar cada vez mais o Guardiões da Favela”, diz.

Idealizador do festival junto com Fafá, o diretor social da Grande Rio, Mozart Dalua, conta que o planejamento da segunda edição teve início três meses após a primeira.

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“A Grande Rio estava condicionada a só fazer ensaio técnico. Daí o Fafá pensou em fazer uma festa. A primeira edição foi um sucesso e a quadra não comportou. Na procura por um lugar maior, chegamos a pensar na Apoteose, mas seria muito grande. Essa edição também foi um sucesso e no próximo ano vamos tentar crescer ainda mais. O espaço é muito bom e tem uma integração além das apresentações”, ressalta Dalua.

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De acordo com ele, os paulistas compareceram em peso e representaram quase metade dos ingressos comercializados. Para representar a terra da garoa, foram convidadas a Vai-Vai e o Império da Casa Verde.

Mestre Zoinho, que comanda a bateria do Império da Casa Verde, é um velho conhecido do carnaval carioca. Ele já foi ritmista da Vila Isabel, Unidos da Tijuca e Grande Rio. Na agremiação caxiense, Zoinho chegou a tocar com o mestre Du Gás, pai de Fafá. Ele acredita que a integração entre as baterias representa a luta por um mesmo ideal.

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“Considero algo muito importante. Frequento o carnaval do Rio há 23 anos e participo de várias baterias. Estar com a minha bateria fazendo parte dessa festa me deixa muito honrado. A festa é muito boa e o que vale é a integração da galera. São todos juntos lutando pelo mesmo ideal”, comenta o mestre da ‘Barcelona do samba’.

O mestre Nilo Sérgio, que comanda a bateria da Portela, também acredita que festivais como o Guardiões da Favela contribuem para a integração entre os ritmistas. Para ele, as apresentações contribuem, de certa forma, no preparo para a Marquês de Sapucaí.

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“Até mesmo para o público saber como as baterias vão se apresentar no dia do desfile. Também ajuda para o pessoal saber o samba e isso é muito importante. A avaliação é positiva. No ano passado tiveram alguns erros, mas acredito que eles acertaram. Precisamos dessa festa”, afirma o mestre da Tabajara do Samba.

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Por parte dos ritmistas, a única reclamação foi o extenso horário de duração. Ao CARNAVALESCO, alguns mestres afirmaram que o festival foi aprovado e é muito importante para o carnaval, mas sugeriram que ele seja dividido em dois dias.

Público aprova

O público presente aprovou a segunda edição do Guardiões da Favela. Na ‘invasão’ paulista à Cidade do Samba teve até mãe e filha apaixonadas pelo carnaval carioca. Ivete Tamagnini, 64 anos, empresária e torcedora da Beija-Flor, e a filha Mariani Tamagnini, 41 anos, arquiteta e mangueirense, vieram de Peruíbe para acompanhar o festival. Para Mariani, o encontro foi ‘incrível’.

“Eu amei. Vale cada centavo e cada suor. Ano passado nós fomos na Grande Rio, e como era a primeira edição, algumas coisas precisavam ser acertadas. Neste ano eles se superaram e realmente mandaram muito bem. Com certeza, volto no ano que vem”, diz.

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Foto: Raphael Lacerda/CARNAVALESCO

Ela conta que o amor pelo carnaval do Rio de Janeiro começou desde cedo, porque os pais tinham uma escola de samba na cidade de Mongaguá. Por influência de um amigo, se apaixonou pela Estação Primeira de Mangueira.

“Meus pais eram carnavalescos de Mongaguá (São Paulo) e sempre teve essa coisa das agremiações do Rio de Janeiro serem o olimpo das escolas de samba. Um colega meu era um mangueirense fanático e apaixonado pela Mangueira, daí eu me apaixonei pelo amor dele”, conta.

Já a mãe, Ivete, comemora seu aniversário nesta semana e ganhou a viagem como presente da filha. Também apaixonada pelo carnaval, ela comandou a Veneno, uma antiga escola de samba de Mongaguá. “Última vez que eu vim para o Rio foi em 1996, quando desfilei pela Beija-Flor. Eu não conhecia a Cidade do Samba. Hoje, quando cheguei aqui, fiquei chorando por meia hora”.

Águia de Ouro mostra leveza e bateria potente em ensaio para o Carnaval 2024

Por Will Ferreira e Fábio Martins

No pensamento da grande maioria das pessoas, carnaval é sinônimo de alegria e felicidade. É com esse espírito muito em alta que o Águia de Ouro fez o Ensaio Geral da agremiação no último domingo, na Zona Oeste de São Paulo. A agremiação, oriunda do bairro da Pompeia, demonstrou muita leveza na apresentação. Dentre os segmentos, destaque para Harmonia, Evolução e Bateria. É importante destacar também que o samba-enredo, contestado por jornalistas e algumas pessoas do meio do carnaval, correspondeu muito bem a tudo que foi proposto.

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Fotos: Fábio Martins/CARNAVALESCO

Comunidade valente

Dentre componentes da escola, havia o temor de que o ensaio do último domingo não tivesse grande contingente de pessoas. A garoa tipicamente paulistana que caiu durante todo o dia e a emenda de feriado poderia afastar muitos componentes da agremiação. O receio, entretanto, não se confirmou. Se a quadra não estava lotada, ela tinha grande número de pessoas – é importante destacar que o espaço para eventos do Águia é uma das maiores da cidade de São Paulo.

AguiaDeOuro et MestreJuca

Dentre os segmentos, um dos que mais levou componentes foi a bateria. Comandante da Batucada da Pompeia, mestre Juca, se recuperando de um acidente automobilístico, aproveitou para falar sobre o trabalho desenvolvido pela equipe comandada por ele e executada por diversos ritmistas – incluindo uma mudança que está em execução e foi iniciada já no ciclo anterior. “A gente está fazendo um trabalho mais específicos com as caixas-de-guerra. No ano passado nós fizemos uma mudança na levada da nossa caixa, esse é o segundo ano e estamos mais em cima nesse ano para não correr nenhum risco. Mas o trabalho não mudou muita coisa, não. Foi só as caixas, mesmo. O samba de 2024 é bem fácil, como era o do ano passado. Já estamos trabalhando no andamento do samba e fazendo o que sempre fizemos: as paradinhas do samba, as bossas e colocar a galera para fazer o melhor na avenida. As afinações são as mesmas de sempre. É muito fácil trabalhar na bateria do Águia porque ela é muito da casa, não tem muita gente de fora. O pessoal já sabe qual é o caminho do trabalho, sem muito problema”, exaltou.

Com um ritmo tão forte advindo dos instrumentos, não é de se estranhar que o samba-enredo também tivesse destaque. Na opinião dos intérpretes, o grande trunfo da canção é a leveza. Douglinhas comentou utilizando a senha universal da felicidade. “Esse samba é impossível de cantar triste. É um samba que é alegre, é um samba feliz. Quem estiver cantando o samba vai estar cantando com sorriso no rosto, pode ter certeza. É isso que, pelo menos desde a primeira vez, é essa impressão que me passou”, comentou.

Mais uma vez em dupla, Serginho do Porto concordou com o companheiro. “Hoje em dia, a gente precisa sair do normal, do óbvio. Essa coisa do samba natural que fica aquela coisa presa. A gente precisa de um samba mais alegre. O carnaval está perdendo a sua essência, ele está chegando na rota do fim porque você só escuta samba engessado. É aquela mesma coisa, é a mesma divisão, parece que você já ouviu aquele samba passar dez vezes na avenida. Então, a gente precisa de alegria, é um samba alegre. O carnaval é uma alegria. Eram três, agora são cinco dias que a gente aproveita pra viver como reis e rainhas. É esse momento que a gente precisa, um momento de alegria. E o Águia sabe desfilar. E ela, quando vem com samba que mexe com o povo, você sabe que dá resultado”, afirmou.

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Visões distintas

Antes do ensaio, a reportagem conversou com Sidnei Carrioulo, diretor de carnaval e presidente da agremiação. Ao perguntar o que o mandatário considerava que poderia ter uma melhora, teve dele uma resposta surpreendente. “Acho que o chão da escola ainda não está no nível que a gente costuma sair, e isso me preocupa. O chão da escola sempre foi o nosso diferencial – e, até consultando alguns outros presidentes, outros colegas da gente da escola, percebemos que está meio complicado a questão do componente. Não está a mesma coisa que era antes da pandemia. Nós estamos meio que atirando um pouco mais nesse sentido, de que a gente melhore mais o chão da escola, que a vibração seja maior e as pessoas tenham um pouco mais de tino de disputa do carnaval. Isso é o que eu acho que a gente precisa melhorar, e estamos trabalhando para isso”, lamentou.

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Ao começar a atividade, entretanto, o que se viu foi uma comunidade bastante atenta e extremamente participativa. Com danças até mesmo para os alusivos e cantando em bom som, diversas alas estavam coreografadas (com destaque para o refrão do meio, ‘É gol, é gol, é gol/A torcida vai delirar, olê olá’) e todas evoluíram em andamento uniforme, sem sobressaltos.

Um dos pontos que a comunidade da Pompeia mais respondeu foi em um momento destacado por mestre Juca em entrevista. “A temática de rádio inspirou a bateria, sim. Temos uma bossa depois do refrão do meio que foi inteiramente inspirada no rádio. Temos algumas variações de levada e mudamos de ritmo justamente pelo fato do rádio ser muito musical”, afirmou.

AguiaDeOuro et Comunidade

Se, em um primeiro momento, Sidnei confessou algo que o incomodava, a escola está em um bom caminho no cômputo geral, de acordo com o próprio. “Primeiro que às vezes eu até passo do limite da sinceridade, quando está ruim eu falo que está ruim mesmo. Mas não é esse caso. As coisas estão se encaixando, o carnaval está ficando, além de plasticamente muito bonito, perfeitamente encaixado. É um enredo que até me surpreendeu, na verdade. Lá no começo fizemos uma pesquisa que foi legal; fizemos o projeto… mas, com o decorrer do tempo, se aprofundando mais, ouvindo mais pessoas que vivem do rádio, pessoas que são apaixonadas pela história do rádio, a gente foi conseguindo abranger um pouco mais essa coisa maravilhosa que é o rádio. Acabei me apaixonando pelo rádio, essa é a verdade. Está sendo um belo carnaval, acho que vai ser uma grande surpresa e um grande desfile esse ano”, finalizou.

Para aguçar a curiosidade

Quesitos plásticos não podem ser avaliados em um ensaio geral, já que eles só serão revelados ao público no dia do desfile. E, na visão de Sidnei, são justamente eles que, até aqui, são o ponto alto da alviazul da Zona Oeste. “Plasticamente eu fiquei admirado, nosso grande trunfo é a plástica desse carnaval. Quando a gente começou, vimos que o rádio tem uma coisa muito muito interessante: ele te obriga a montar uma imagem, porque ele está falando e você está viajando na imagem da sua cabeça. Uma coisa muito interessante é comparar com a televisão: o rádio, se você deixar de ouvir um pouquinho, você perde o fio da meada; a televisão não, seu subconsciente está vendo a imagem. Eu fiquei preocupado com isso no começo, mas depois as coisas foram ficando tão claras (a história do rádio, onde o rádio foi importante e etc), que plasticamente ficou muito gostoso. Foi muito legal, eu faria até mais um desfile sobre o tema, porque são tantas coisas, que hoje a nossa preocupação também é não abrir muito leque – para não conseguir fazer a história completa. Plasticamente eu acho que, você vai bater o olho e você vai identificar tudo no nosso carnaval. É legal, eu gosto disso, particularmente. Ver uma alegoria e saber o que ela representa, identificar a fantasia com mais facilidade, porque eu não preciso estar explicando muito o que é aquilo. É nesse sentido que eu estou apaixonado por esse carnaval”, revelou.

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Tal sensação não é apenas do grande nome do Águia. Lyssandra Grooters, porta-bandeira da agremiação, também gostou do que viu relacionado à fantasia que será utilizado por ela. “Já vimos o desenho da fantasia há uns dois meses, e está incrível. Estamos fazendo algumas adaptações, já que, às vezes, no desenho é lindo, mas, na prática, não funciona. Está tudo fluindo, a roupa já está sendo confeccionada e estamos muito felizes com o resultado. Já tivemos a parte da costura, que já está pronta. Agora, estamos entrando com a decoração – que, daqui há uns quatro dias, a gente já experimenta toda bordada, com cabeça e tudo. A nossa fantasia está bem adiantada, e o bom do Águia de Ouro é isso: eles dão muita prioridade para o quesito, e o casal de mestre-sala e porta-bandeira tem a roupa pronta com muita antecedência – o que nos dá muita tranquilidade”, detalhou, também falando por João Camargo, mestre-sala da instituição.

Sem problemas com o novo regulamento

Tema muitíssimo quente no universo carnavalesco da cidade de São Paulo, o novo regulamento não assusta os componentes do Águia de Ouro. A começar pela dupla de intérpretes, que destacou o trabalho feito nas folias Brasil afora para explicar o motivo pelo qual tal assunto não é algo desestimulante. “A novidade é um décimo de carro de som, né? Eu acho que vai estar tranquilo, porque a gente já vinha fazendo esse trabalho há outros anos. No Carnaval de São Paulo, não vai pegar ninguém de surpresa. Os carros de som de São Paulo, do Brasil em geral, todo mundo se preocupa muito com a parte harmônica, com a parte melódica. Então, acredito que não vai ter surpresa nenhuma assim”, comentou Douglinhas.

AguiaDeOuro et Interpretes

Serginho do Porto aproveitou para exaltar a parceria com o companheiro para falar a respeito. “A gente já vem trabalhando há bastante tempo juntos. Eu e o Douglinhas, se a gente somar tudo aí, lá se vão 24 anos de parceria. Lá se vão 24 anos, desde 2000. A gente sabe o modo de cantar, a gente sabe o jeito que tem que ser feito. E a gente ainda tem ainda a direção do nosso querido Pelé, que temos a tranquilidade em fazer um desfile maravilhoso. A gente sabe onde é que está a respiração, onde um vai dar capo, onde o outro não faz. Tem um time que já trabalha junto há muito tempo, então isso facilita”, pontuou.

AguiaDeOuro et PavilhaoPrincipal

Apesar de classificar as mudanças como não tão tranquilas, Lyssandra destacou o novo regulamento ao falar do ritmo de ensaios da dupla que ela protagoniza juntamente com João Camargo. “A nossa frequência de ensaios não mudou, seguimos na mesma pegada do ano passado. Nós, porém, estamos mais criteriosos por conta da mudança no julgamento. Estamos adaptando e pegando firme em cima de determinados pontos. No ano passado, perdemos décimos pelo fato do pavilhão não ter aberto, e estamos focando nisso. Quanto ao regulamento… ele está mais desafiador, sim. Bastante. Agora, está entrando a questão de dança, mesmo. O casal terá que vir dançando e mostrando algum diferencial em cima do regulamento. Antes, estávamos muito mais engessados: não podíamos avançar. Agora, temos a liberdade de montar um conjunto de dança melhor, com mais critérios, podendo mostrar nossa potência na dança”, finalizou.

Veja mais fotos do ensaio

AguiaDeOuro et AlaMusical AguiaDeOuro et Bateria AguiaDeOuro et CarnavalescoVictor AguiaDeOuro et Comissao AguiaDeOuro et MusaBrunaAguia

Canto vibrante da comunidade é espetáculo proporcionado pelo ensaio da cinquentenária Barroca Zona Sul

Em preparação para o desfile onde celebrará seus 50 anos de história, a Barroca Zona Sul realizou no último domingo um ensaio geral com a presença em peso de sua apaixonada comunidade. A quadra da Faculdade do Samba, localizada no bairro do Jabaquara, foi tomada pelos componentes que esperaram pacientemente a conclusão das gravações da vinheta televisiva para iniciar seu treinamento. Uma apresentação alegre e com samba na ponta da língua marcou o encerramento do fim de semana da comunidade Verde e Rosa, que será a segunda a desfilar na sexta-feira de carnaval, dia 9 de fevereiro, pelo Grupo Especial paulistano com o enredo “Nós nascemos e crescemos no meio de gente bamba. Por isso que nós somos a Faculdade do Samba. 50 anos de Barroca Zona Sul”.

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Fotos: Lucas Sampaio/CARNAVALESCO

Dedicação aos ensaios e dieta ‘raíz’: a preparação de Pixulé

A Barroca Zona Sul já está encravada no coração de Pixulé. O intérprete não perde a oportunidade de exaltar a agremiação a qual irá defender pelo sexto carnaval consecutivo sempre que pode, e fala com gosto a respeito da preparação da ala musical da Verde e Rosa para o próximo carnaval.

“Olha, está de vento em popa. A Barroca ensaia todos os domingos. Antes de começar o nosso ensaio tradicional, tem o ensaio de canto com a comunidade, e pasmem: a comunidade está com samba na ponta da língua. Vocês vão conferir isso no nosso ensaio técnico. Vocês vão ver toda a comunidade cantando samba. E detalhe: não é só a comunidade, o mundo do samba em São Paulo estão todos cantando o samba da Barroca Zona Sul”, declarou o artista.

Pixulé afirma que está marcando presença em todos os momentos da preparação da Barroca para garantir que o conjunto esteja afinado no dia da apresentação oficial.

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“A gente está tendo um ensaio intenso. O nosso diretor musical, o Cacá, ele faz um ensaio separado com os músicos para ver, limpar notas, essas coisas assim, e um ensaio separado com todos os cantores também para limpar finalzinho de notas, coisas assim. Depois faz um ensaio com todo o grupo para gente colocar em prática tudo aquilo que a gente vem ensaiando separadamente. E o Pixulé entra nisso aí porque eu tenho que estar nos dois ensaios. Eu vou no ensaio dos músicos e vou no ensaio dos cantores, e quando é o grupo inteiro eu também tenho que estar presente para passar aquilo que eu quero que eles façam durante o ensaio, principalmente durante o desfile da escola de samba”, explicou.

Questionado sobre seu trunfo para garantir as notas que a Barroca Zona Sul almeja no ano do jubileu de ouro, Pixulé reforçou a tese a respeito da necessidade do descanso, além de dar a dica de uma dieta reforçada e peculiar a qual considera sagrada antes de cantar na Avenida.

“O trunfo é o de sempre, né? A arma do cantor é o sono. Ele tem que dormir para descansar suas cordas vocais, para descansar a sua voz. Eu tenho a minha religião de todo ano quando a gente vai para a Avenida: eu bato uma feijoada com mocotó. Aquela descansada, aquela dormida, e à noite eu estou inteirinho para a Avenida. Alguns vão fazer exercício de voz, vão fazer nebulização. O Pixulé tem a religião de comer um mocotó e uma feijoada. Eu chego inteiro, inteirinho na Avenida e com sangue nos olhos. Ainda tem a caipirinha, que não pode faltar a caipirinha”, concluiu.

Dedicação e originalidade na dança de Marquinhos e Lenita

Ao longo do ensaio, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Barroca Zona Sul, Marquinhos e Lenita, demonstrou disposição e originalidade em seus movimentos, participando ativamente de todo o longo treinamento realizado pela escola. A dupla revelou como está o processo de preparação, que do que já está intenso aumentará ainda mais na próxima semana.

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“A gente tem ensaio uma vez por semana só nós dois, fechados aqui, quando vem só o casal e o coordenador para o ensaio, e a gente tem o ensaio de quadra. Fora isso, cada um de nós tem uma rotina de dança que já ajuda na preparação. A Lenita com as aulas de ballet dela, eu com meu programa, que agora começou os ensaios, também está alucinante. A resistência, essas coisas, a nossa rotina acaba ajudando bastante. E quando a gente vem para cá, nesse um dia que a gente vem para cá, a gente costuma dizer que é para otimizar o tempo. É um dia, mas é um dia que a gente consegue fazer ballet no mesmo”, detalhou Marquinhos.

“Mas ele está sendo humilde, porque é um dia agora. A partir da semana que vem começam os ensaios de quarta. Então, quarta, domingo e as terças que nós temos o nosso ensaio específico de jurado, preparação para a Avenida”, comentou Lenita.

“Aqui de agora para frente vai apertando, né? Dezembro aumenta um pouquinho, janeiro aumenta um montão”, acrescentou o mestre-sala.

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As tão faladas mudanças geradas pelo novo regulamento que passará a valer para os casais em 2024 foram defendidas por Marquinhos e Lenita com a propriedade de quem contribuiu para a construção do texto que estará nas mãos dos jurados.

“Eu fui uma das pessoas que ajudou a redigir. Aliás, todos os casais participaram, só que a proposta que serviu como base eu sou uma das pessoas que ajudou a redigir. O novo regulamento nada mais é do que um esclarecimento da fala para os jurados. Não só para os jurados, mas para a gente também porque muitas vezes as pessoas têm um olhar mais crítico quando o jurado é acadêmico. A proposta desse texto novo foi mais para aproximar uma linguagem que o jurado tenha mais esclarecido o que ele precisa ver da nossa dança tradicional. O segundo é resgatar a dança tradicional do mestre-sala e porta-bandeira, porque esse novo critério pede muita coisa da dança tradicional. Ele pede a forma da porta-bandeira segurar o pavilhão, que era em aberto. O trabalho de perna do mestre-sala, o desenho de pista, o casal tem que se desenvolver bem na pista, a questão de abrir o pavilhão. Isso só contribui para que a gente veja danças realmente com um bom material, tanto para o jurado quanto para o público. A questão do pavilhão que aumentou para 1,20m. Não se aumentou, o pavilhão já era 1,20m no passado, nós que fomos diminuindo. Como qualquer mudança, é o primeiro ano, então a gente só vai entender como isso foi olhado depois da apuração, mas eu acho que é um caminho bom porque a gente teve o treinamento dos jurados e até as perguntas dos jurados já estão muito mais pertinentes do que eram em outros anos. Agora não, agora está mais claro”, declarou Marquinhos.

Gestão de crise é o trunfo da direção de carnaval

Para o carnaval de 2024, a Barroca Zona Sul aposta em uma comissão responsável por cuidar da direção de carnaval. Um dos seus membros, Alex Ferreira, falou a respeito do andamento da preparação da Verde e Rosa para o desfile.

“Considerando que eu também sou diretor de alegoria, no que diz respeito a alegoria, fantasias, eu acho que, dentro do que a gente programou no início, a Barroca deu um ‘start’ muito antes. A gente começou já no final de julho a mandar as fantasias para fazer, e a gente começou os carros alegóricos. Hoje, a gente tem parte do carnaval praticamente pronto, acho que uns 70, 80% de tudo pronto. Quanto aos ensaios, uma coisa que a gente tem visto de positivo, pelo menos no nosso carnaval esse ano, é que o samba teve uma boa aceitação, e isso tem trazido até um público diferente pra escola. A gente tem feito também algumas escalas de ala e ensaios específicos com alas também”, declarou Alex.

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Em relação a ajustes que a escola possa vir a fazer até a chegada dos ensaios técnicos, Alex exaltou o retorno do tradicional ensaio de rua como parte importante para analisar os aspectos a serem melhorados. “No que diz respeito às alas, o feedback que a gente tem dos chefes de ala é que a gente está completo. É claro que uma coisinha ou outra, um ou outro departamento ainda precisa ali de público, mas a gente acredita que até o ensaio técnico, a gente tem a média de uns 5, 6 ensaios, e no dia 9 de dezembro a gente vai fazer uma coisa que já faz um tempão que o Barroca não faz, que é um ensaio de rua, e que também vai ser um termômetro para a gente. O carnaval tem se profissionalizado, essa é uma fala que todo mundo faz nos últimos anos, e a gente sabe que, nessa lógica da disputa, se o Barroca se perder a gente, por décimos, pode se prejudicar. Toda a preparação a gente tem feito”, afirmou.

O maior trunfo que a Barroca Zona Sul aposta para garantir uma vantagem no desfile do carnaval 2024 é se antecipar aos problemas. Com as grandes mudanças previstas em diferentes segmentos, principalmente a respeito de concentração, a Faculdade do Samba está preparando uma estratégia para garantir que tudo dê certo. O diretor explicou detalhes do plano em andamento.

“A gente tem feito uma análise principalmente dessas mudanças de regulamento, e principalmente no que diz respeito à organização, a montagem da escola. Esse é o primeiro ano em que as 14, teoricamente, ou pelo menos na lógica do que diz respeito à oferta da Liga, estão no mesmo patamar. Todas estão na Fábrica do Samba, todas terão as mesmas dificuldades de montagem. Todas partem de uma lógica que é nova para todo mundo. No que diz respeito à nossa posição no desfile, a gente é a segunda escola. E aí, dentro desse pensamento, acho que as escolas que vão desfilar primeiro, elas terão que usar como laboratório, pelo menos como observação, o desfile do Acesso 2, que acontece uma semana antes. Eu acho que ali vai ser o grande laboratório para a gente começar a visualizar. ‘Óh, isso deu certo, isso não deu certo. Acho que a gente tem que mudar aqui, tem que mudar ali’, e uma das estratégias que a gente tem pensado é estudar. Olhar para esse espaço e pensar em N possibilidades de dar errado, principalmente, porque se de novo a gente tiver que entrar para desfilar, deixando o pessoal lá embaixo na Praça Campo de Bagatelle, e as pessoas virem andando para montar a escola, se por um vacilo a gente atrasar em meia hora a nossa montagem, a gente vai ter que atravessar no meio das coirmãs. Acho que esse é um dos trunfos. A ideia é de tentar planejar o máximo de erros possíveis que possam acontecer para que a gente consiga chegar bem e fazer um bom desfile com todo mundo calmo, tranquilo, cantando o samba do jeito visto aí, para que a gente tenha sucesso no final”, concluiu.

Retorno às raízes é a aposta da bateria

Mestre Fernando Negão chega para 2024 com a missão de ditar o ritmo das celebrações dos 50 anos da Barroca Zona Sul. O comandante da bateria “Tudo Nosso” falou a respeito de algumas características diferentes que seus ritmistas levarão para a Avenida no próximo carnaval.

“A gente não vai mudar muita coisa. Os outros sambas eram mais afro, e agora é um samba bem raiz mesmo na escola. A nossa bateria vai ser bem forte, bem raiz, bem química, igual era antigamente. Eu peguei algumas características da bateria que eram antigamente e plantei na bateria”, declarou.

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Questionado a respeito de paradinhas e novidades que estão sendo preparadas, Fernando garante que boa parte do repertório já é conhecido da comunidade da Barroca.

“Tenho várias coisas que a gente está preparando. Inclusive, a gente está testando algumas coisas vistas aí hoje. Breque, paradinha, apagão. Olhar onde se encaixa, onde a escola canta mais, onde a escola canta menos. Mas hoje rolou aqui no ensaio praticamente 90% do que vai acontecer na Avenida”, afirmou.

O mestre aposta no conjunto dos instrumentos para garantir o resultado esperado pela Barroca Zona Sul em 2024. “O nosso destaque vai ser o conjunto. A gente não tem nada específico assim. Estamos priorizando mais o conjunto, a força do nosso conjunto para firmar na Avenida”.

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Questionado a respeito da relação com o carro de som diante das mudanças previstas no regulamento, mestre Fernando Negão exaltou os componentes e apontou a importância dos ensaios nesse processo.

“Antes, o carro de som não era julgado, e a partir desse próximo carnaval vai começar a ser julgado. Agora tem mais responsabilidade ainda entre o conjunto da bateria com o carro de som. Tem que estar bem sincadinho, porque senão aí já viu né. O nosso relacionamento aqui é bem bacana. É bem bacana com o Pixulé, o Cacá, que é o diretor musical. A gente ensaia fora da quadra, a gente tem algumas reuniões. Eles ensaiam, a gente ensaia aqui de quarta-feira junto com a ala musical para deixar tudo bem sincadinho, bem legal”, finalizou.

Um ensaio completo, digno de uma escola cinquentenária

Apesar do fato de completar 50 anos ser um marco relevante para qualquer escola de samba, contar a própria história na Avenida tem sido um desafio malsucedido de grande parte das agremiações que fazem essa aposta. Os resultados obtidos pelo Jubileu de Ouro da Mocidade Alegre, o Centenário da Portela e algumas outras apostas passadas fazem qualquer aniversariante pensar duas vezes antes de assoprar as velinhas sob os holofotes de um Sambódromo.

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Geralmente, as coisas começam a desandar quando o samba, razão maior de existir de uma escola, não corresponde às expectativas da comunidade. Mas o que o ensaio da Barroca mostrou no domingo foram componentes felizes por demais em celebrar a bela história da Verde e Rosa. A bela obra definida foi clamada com vigor por praticamente todos os presentes no cortejo circular que ocorreu ao redor da bateria “Tudo Nosso” do início ao fim do longo ensaio.

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Em dado momento, já partindo para reta final, um ciclo de três passagens do samba ocorreu cantado apenas pela comunidade enquanto os ritmistas se hidratavam. Surpreendente: o canto não caiu e o fluxo das alas ocorreu com a mesma desenvoltura dos primeiros minutos do treinamento. A sensação que um desempenho tão positivo de um ensaio de quadra proporciona é que a Faculdade do Samba parece ter superado o primeiro grande desafio que o tema definido precisava vencer: fazer seu povo não ter vergonha de bater no peito e cantar o orgulho de ser Barroca Zona Sul.

Bateria da Imperatriz se destaca e colabora com alto rendimento do canto em ensaio de rua fresco no clima, mas quente no samba

Em um fim de semana bastante atípico no Rio de Janeiro, com diversos eventos e uma situação de calor extremo no sábado e previsões de tempestade, a Imperatriz lavou a alma e se viu abençoada com um segundo ensaio de rua realizado no final da tarde do último domingo em Ramos que pela qualidade confirma a intenção da escola em brigar para continuar no topo em 2024. Se havia o temor com a possibilidade de um volume intenso de chuva para o domingo, que poderia até ameaçar o treino, a Imperatriz iniciou seu treino ainda no seco e com a temperatura bastante agradável que ajudou na evolução. A chuva mais intensa no final foi mais um ingrediente para temperar um ensaio alegre, com o samba mais uma vez dando o recado e a “Swing da Leopoldina”, de mestre Lolo, apresentando todo o seu arsenal de bossas e convenções e convocando a comunidade e componentes a aproveitar o clima de samba e seresta cigana.

Em uma das convenções, os ritmistas tocavam em uma pulsação mais parecida com seresta, destacando bastante os surdos, depois a bateria secava justo no trecho “ao som do violão e violino”, com o cavaquinho fazendo a intenção do violino, a bateria secava para valorizar o canto e voltava em alguma chamada que algumas vezes era de repique já com muita força e potência. Sobre o trabalho realizado para este treino, mestre Lolo revelou que a Swing da Leopoldina ainda tem alguma surpresa para levar para a Sapucaí, mas que procurou trazer para o ensaio já o grosso do trabalhado baseado no que pede o enredo para o samba deste ano.

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Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO

“Tudo o que vocês puderam acompanhar aí é o que vai para a Avenida, mas tem uma surpresinha que eu vou botar só na Avenida mesmo, mas o ensaio é isso aí mesmo, sem tirar nem pôr essas paradinha que colocamos hoje. Tem a bossa da seresta, é o que pede o enredo, trabalhamos dentro do tema, ano passado colocamos a zabumba, em 2022 teve o pagode, e esse ano tínhamos que inventar alguma coisa. A gente já está estudando e vai fazer. Não adianta a gente só fazer por fazer. tem que ter relação com o enredo”, explica o comandante dos ritmistas da Leopoldina.

André Bonatte, diretor de carnaval ao lado de Mauro Amorim, analisou mais um treino da Imperatriz Leopoldinense e elogiou o teste em comparação com o primeiro, considerando a Rainha de Ramos em uma condição de trabalho mais evoluída do que a própria escola estava neste período na preparação para o carnaval passado.

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“Eu acho que o processo é crescente, acho que a gente fez um bom ensaio inicial , acho que com a partida inclusive melhor que em 2023, foi uma boa largada na semana passada, e hoje acho que isso se consolidou. Mesmo com a chuva que a gente sempre fica apreensivo porque poderia ser um temporal e essas questões que sempre preocupam, mas acho que a comunidade se fez presente, gostei mais do canto que na semana passada, mas eu sempre acho que tudo pode melhorar, são condições de trabalho que a gente vai a cada semana acrescentando um ou outro elemento, mas eu vejo a escola pronta para ir para a Avenida hoje, tranquilamente”.

Em 2024, a Imperatriz vai levar para a Sapucaí o enredo “Com a sorte virada pra lua segundo o testamento da cigana Esmeralda”, do carnavalesco Leandro Vieira. Buscando o bicampeonato, a Verde e Branca de Ramos irá encerrar a primeira noite dos desfiles do Grupo Especial. No próximo domingo, 26 de novembro, a escola vai realizar mais um treino na rua.

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Comissão de frente

O coreógrafo Marcelo Misailidis levou para este novo treino na rua seis casais de bailarinos com as mulheres tipicamente portando uma saia e um lenço na cabeça que remete às roupas das ciganas. O grupo apresentava passos típicos das danças ciganas e apresentou uma coreografia de deslocamento já bastante interessante. Na representação da apresentação para a cabine, os dançarinos optaram de forma mais intensa por uma coreografia mais dançante, sem entregar muito das surpresas preparadas, mas com sincronia, beleza e intensidade, alternando entre passos mais de casais e outros mais coletivos. O efeito das saias e um momento em que as bailarinas eram erguidas no alto pelo par foram os pontos altos e de maior destaque da exibição.

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Mestre-sala e Porta-bandeira

Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro formam um casal que com certeza experimentam o tempo todo uma intensa troca a partir das características de cada um. No ensaio de hoje havia a intensidade de Phelipe com a delicadeza nos movimentos de Rafaela, mas que acompanhavam a velocidade do mestre-sala sem perder sua originalidade. Logo no início de uma apresentação no lugares onde estavam representados as cabines, Rafaela entrava na coreografia com muita potência em suas giradas, mas ao mesmo tempo com muita eficiência nos movimentos. Phelipe com sua intensidade e técnica nos passos, cortejava a porta-bandeira sempre com muita elegância, representando como a dupla faz bem um para o outro e formam um grande time que só fortalece o quesito. Importante destacar que o casal não pareceu em nenhum momento ter a intenção de se poupar na rua, entregando tudo e sendo bastante aplaudidos nos movimentos.

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Harmonia

O canto mais uma vez foi um dos destaques do treino. Se o samba juntado, de forma inédita na escola, poderia gerar alguma apreensão, até mesmo tem termos de aprendizado, pois aconteceram alterações para que as duas obras se unissem de forma eficiente, neste segundo treino mais uma vez a comunidade cantou de forma satisfatória, com alegria, com espontaneidade e pode-se perceber também uma boa resposta do público que acompanhava o treino. Um destaque era o mestre-sala Phelipe Lemos que além de cantar bastante a música também a todo momento inflamava os componentes com gritos de incentivo, principalmente nos deslocamento entre os pontos que representavam as cabines. O carro de som também foi um destaque com o equilíbrio e a eficiência no trabalho de cavaquinho dando a intenção do violino nas bossas que chamavam o verso do samba “ao som do violão e violino”. Pitty mais uma vez mostrou bastante domínio da situação e trouxe vozes de apoio bem afinadas, ensaiadas e sabendo tirar o melhor da obra. O diretor geral de harmonia da Imperatriz Leopoldinense, Thiago Santos, avaliou que o canto da escola teve um bom rendimento mais uma vez e que isso corrobora a decisão da escola de fazer a junção da obra de duas parcerias na final.

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“A gente sempre acreditou que ia dar certo, são muitos profissionais de excelência, a gente ficou muito tempo no estúdio, fizemos muitas reuniões, e a gente sabia que isso ia dar certo, que o samba ia ser muito popular porque os dois pedaços que se juntaram e hoje são um samba só, a gente sabia que eram as partes mais incríveis dos samba e elas se encaixavam. Eram obras do mesmo tom, então muita coisa estava caminhando para chegar nisso, e a confirmação está aí. O samba está sendo muito bem cantado, já foi muito bem cantado ontem no evento Guardiões da Favela, e aqui, até por gente que não é da escola, e a gente está muito feliz, tem muita coisa para vir ainda, acho que a gente vai melhorar mais ainda, e a gente começou esse ano da mesma forma que terminamos o ano passado, a gente já conseguiu botar muita gente na rua já no início do processo, e a tendência é isso melhorar”.

Evolução

Em um ritmo bem fluido, sem correria, e com as alas bem definidas, a Imperatriz evoluiu com muita alegria pela Rua Euclides Faria até a altura da esquina com a Rua Doutor Miguel Vieira Ferreira. Pode-se perceber, principalmente nas primeiras alas, alguma propensão para as coreografias, mas tudo acontecia de forma bastante espontânea, porém organizada e com algum sincronismo traduzindo uma verdadeira festa cigana pelo bairro. As saias de algumas alas produziam um bonito efeito e traziam colorido. Aliás, o colorido não se viu só na saia mas em outros adereços pelos componentes como balões, leques e alguns panos. O sincronismo também se via em uma bossa nas palmas muitas vezes puxada desde a comissão de frente no ritmo de seresta bem cigana mesmo. A comunidade vinha junto neste momento. No geral, não se viu buracos e nem alas se chocando ou embolando, a escola manteve seu padrão alto no quesito trazido desde o último carnaval. Alguns trechos da letra eram pontuadas por pequenas coreografias como no verso “Olhei o céu” em que os componentes olhavam para cima com os braços abertos ou no trecho “Vai clarear” em que os foliões levantavam e mexiam os braços.

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Samba-enredo

Como citado em harmonia, o samba mais uma vez passou muito bem no canto e não só sendo importante para o quesito harmonia e para o próprio quesito samba-enredo, mas claramente puxando também a evolução dos componentes que se mostraram bastante entrosados com a obra e felizes no ensaio. Um ponto importante a se destacar mais uma vez foi o trabalho desenvolvido pela bateria de mestre Lolo em cima da obra, respeitando a melodia e colocando um molho na música que deixou ela muito confortável e agradável de cantar, gostosa de se brincar, mas mantendo a força nos trechos necessários. Destaque, claro para o refrão “Vai Clarear…”, mas também pelo trecho final da segunda estrofe nos quatro últimos versos “Prenúncio da sina da minha escola/O sol beija a lua no espelho do mar/já está marcado no meu calendário/Verde-esmeralda é vitória que virá”. Sobre o rendimento do samba, o que ele já vem proporcionando para a escola e o trabalho da bateria em cima da obra, André Bonatte afirma estar surpreso com a fácil assimilação da música pela comunidade.

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“Eu achei que esse ano ia ser o maior desafio da minha história na Imperatriz porque pela primeira vez a escola fez uma junção de sambas e uma boa surpresa é que o samba foi muito facilmente assimilado pela comunidade. Eu acho que esse é inclusive um dos pontos fortes deste samba, porque consegue ser uma obra de fácil assimilação e ao mesmo tempo sendo uma composição bonita e poética. Acho que a comunidade consegue cantar ele com bastante facilidade, e sem dúvida nenhuma, um dos motivos principais pela junção do samba também foi essa condição harmônica que essa união poderia proporcionar junto a bateria. Quando se pensou nessa junção, o Lolo que participou do processo também já tinha os desenhos rítmicos pensados. É uma coisa que vem sendo pensada ao longo do tempo e hoje a gente só está consolidando um trabalho que já vinha sendo feito”, explica Bonatte.

Outros destaques

Antes da arrancada, em seu discurso, o diretor executivo da Imperatriz João Drumond prestou homenagem a Soninha, colaboradora e responsável pela boutique da quadra, e pelo ritmista da Swing da Leopoldina, Jefão, que faleceram esta semana. A rainha Maria Mariá, mais uma vez, veio acompanhada de crianças, esbanjando simpatia e samba no pé trajada bem a vontade com um top verde e um short jeans. Na bateria de mestre Lolo pode-se notar a presença de Caliquinho, ex-mestre da São Clemente, entre os diretores.

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Outra que mostrou muito samba no pé foi a musa Tati Rosa, recém promovida ao cargo este ano depois de representar a escola no concurso da corte do carnaval carioca. A beldade que já foi coordenadora da ala de passistas foi uma das mais festejadas pelo público, por onde passava neste desfile da escola. No esquenta deste ensaio foi a vez da comunidade relembrar o samba de 2022 em homenagem ao carnavalesco Arlindo Rodrigues, obra que marcou a volta da agremiação ao Grupo Especial, após passar e ser campeã pelo Grupo de Acesso em 2020, importante etapa desse momento de reestruturação da Rainha de Ramos que tem até agora no seu clímax o título do carnaval passado.

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O ensaio teve pouco mais de 1h de duração, com bom contingente, bom público e com a participação da maioria dos segmentos, além da diretoria representada principalmente pela presidente Cátia Drumond e o diretor executivo João Drumond.

Debaixo de chuva, comunidade da Portela mostra o seu valor e bateria faz espetáculo

Sob uma chuva persistente, centenas de componentes portelenses lotaram a Rua Carolina Machado, na noite desse domingo, para realizar o segundo ensaio de rua da Majestade do Samba visando o Carnaval de 2024. O treino teve início por volta das 19h40 e durou uma hora exata. O percurso realizado pela escola começou próximo à entrada da estação de trem de Oswaldo Cruz e terminou na esquina da Rua Clara Nunes. Os desfilantes enfrentaram diversos desafios provocados pelo mau tempo, como o acúmulo de água no chão, e outros originários da própria pista, entre os quais a falta de iluminação em alguns trechos da via. Essas adversidades poderiam ser sinônimos de uma apresentação problemática da agremiação, porém o que se viu foi um chão aguerrido, marcado pela superação dos componentes. Nem mesmo o não comparecimento de nomes importantes como o intérprete Gilsinho, o mestre-sala Marlon Lamar e dos integrantes da comissão de frente tiraram o brilho da passagem da azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira, que viu o seu hino oficial para o ano que vem ter um bom rendimento embalado pela excelente performance da bateria “Tabajara do Samba”.

“Gratidão a todos os portelenses que puderam vir nesse domingo, que estiveram conosco na rua, porque teve a questão da chuva, teve a questão do tempo, mas a comunidade se fez presente mesmo assim. Em nenhum momento foi fraco o ímpeto e a força de canto portelense. Então, é disso que a gente está falando. Trata-se de um processo, onde etapa após etapa vamos cada vez mais cantar com força, evoluir com força. Fizemos o ensaio em uma rua que nos oferece uma técnica melhor, realizamos as cabines, balizamos um tempo que a gente entende que é bastante interessante para desfile e isso só acontece porque nós temos uma escola que, em uma situação climática como essa, comparece e representa com orgulho esse pavilhão. Todos nós estamos fazendo um processo de construção cada vez melhor. É sobre a Portela como um todo, sempre”, afirmou o diretor de Carnaval, Junior Schall, em entrevista concedida depois do ensaio de rua para a reportagem do site CARNAVALESCO.

No ano que vem, a Portela será a segunda escola a desfilar no Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, pelo Grupo Especial. A agremiação irá em busca do seu vigésimo terceiro título de campeã da folia carioca com o enredo “Um Defeito de Cor”, desenvolvido pelos carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga. Baseado no romance “Um Defeito de Cor”, da escritora Ana Maria Gonçalves, a proposta é trazer uma outra perspectiva da história, refazendo os caminhos imaginados da história da mãe preta, Luisa Mahim.

Samba-enredo

Após uma disputa equilibrada e marcada pelo bom nível dos concorrentes, a Portela escolheu, no início de outubro, a obra assinada por Wanderley Monteiro, Rafael Gigante, Vinicius Ferreira, Jefferson Oliveira, Hélio Porto, Bira e André do Posto 7 como hino oficial da agremiação para o Carnaval de 2024. A partir dessa definição, a composição, que despontou como uma das mais elogiadas da safra do Grupo Especial, passou a ser trabalhada em eventos na quadra, como os ensaios de canto, até ganhar as ruas de Oswaldo Cruz e Madureira neste mês. E mesmo com a ausência do intérprete oficial Gilsinho, o samba-enredo conseguiu ter um excelente rendimento neste segundo treino a céu aberto.

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Fotos: Diogo Sampaio/CARNAVALESCO

O cantor Niu Souza, que comandou excepcionalmente o microfone principal, se saiu bem no desafio e mostrou segurança na condução. Ele soube explorar, junto aos demais integrantes do time de apoio, a riqueza melódica do samba, sem que este ficasse arrastado ou cansativo. Todavia, é importante ressaltar que a bateria “Tabajara do Samba” desempenhou papel crucial para que isso fosse possível. Com um andamento cadenciado e a qualidade já característica, os ritmistas comandados pelo mestre Nilo Sérgio deram um verdadeiro show na Rua Carolina Machado e foram responsáveis por não deixar nenhum dos presentes ficarem parados durante a passagem da Majestade do Samba, sejam eles somente moradores curiosos assistindo no portão de casa ou os próprios segmentos da escola enquanto desfilavam. O feito desencadeou um reflexo positivo no canto da comunidade e na evolução, contribuindo que o bom ânimo se mantivesse principalmente nos momentos em que a chuva castigou com mais força.

Harmonia

A comunidade da Águia Altaneira não se abateu com as adversidades geradas pela chuva e fez bonito no quesito harmonia na noite desse domingo. Com a letra na ponta da língua, os componentes entoaram o samba-enredo com bastante afinco. O trecho de maior rendimento foi justamente o refrão principal, cujo os versos “Saravá Keindhe! Teu nome vive!/Teu povo é livre! Teu filho venceu, mulher!/Em cada um de nós, derrame seu axé!” foram berrados por uma boa parcela das pessoas que estavam no local. Além dele, o refrão do meio, “Salve a Lua de Bennin/Viva o povo de Benguela/Essa luz que brilha em mim/E habita a Portela/Tal a história de Mahin/Liberdade se rebela/Nasci quilombo e cresci favela”, também teve uma boa performance e se destacou pela força do canto. Em contrapartida, outras partes da obra foram pouco entoadas ou em menor volume como “Me embala, oh! Mãe, no colo da saudade/Pra fazer da identidade nosso livro aberto” e “Sagrado feminino ensinamento/Feito águia corta o tempo/Te encontro ao ver o mar/Inspiração a flor da pele preta/Tua voz, tinta e caneta/No azul que reina Yemanjá”, ambas presentes na primeira estrofe. Falando das alas propriamente, um canto mais aguerrido foi observado em desfilantes de todas elas, só variando a quantidade deles dentro daqueles determinados contingentes. A primeira e a terceira ala do treino a céu aberto, assim como as duas últimas, acabaram sendo as que mais chamaram atenção positivamente nesse sentido.

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“O samba é muito potente como um todo. Em toda a obra musical, você tem um trabalho, que é contínuo, para conseguir obter um maior rendimento. Esse trabalho não vai só pela questão do canto, mas pela evolução, espontaneidade, o balanço de uma escola. Nós estamos buscando isso na rua, mas também nos ensaios de quarta-feira de canto. A Portela está ensaiando muito, com um calendário muito bom de treinos, para termos o melhor aproveitamento em cada parte. Interessante é que nós estamos naquele processo, como um todo, em que componentes tomam o samba para si. Ele passa a ser do desfilante, que o explora nesse espaço da melhor maneira possível. E com certeza, nesse momento, até pela característica dos refrões, eles são os pontos de ápice. O nosso trabalho agora é trazer para o máximo de posicionamento bom, efervescência, pulsação, força de canto, todas as partes do samba. É uma obra muito boa, formidável, que narra bem o enredo e que toca o coração e a alma do componente portelense”, ponderou Junior Schall durante conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO.

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Evolução

A Majestade do Samba definitivamente não quer cometer os erros do passado e esse segundo ensaio de rua na temporada para o Carnaval de 2024 serve como um exemplo dessa máxima. Debaixo de uma chuva que perdurou todo o período de apresentação, os componentes da azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira demonstraram bastante garra para superar todos os percalços, que incluíram desde bolsões d’água no caminho até mesmo a pouca iluminação do trajeto. Mesmo nos momentos de maior aguaceiro, os desfilantes mantiveram a empolgação, cantando o samba, vibrando, abrindo os braços e pulando. Apesar das ausências da comissão de frente e do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, houve a simulação das paradas técnicas nas cabines de jurados. Por conta disso, o ritmo de desfile da escola oscilou trechos de lentidão com outros de maior agilidade. No entanto, isso não acarretou falhas mais graves no quesito como a abertura de buracos ou o embolamento entre alas. Além disso, a bateria também realizou o recuo e conseguiu fazer as manobras de maneira tranquila, sem passar por grandes transtornos.

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Bateria

O grande destaque desse segundo ensaio de rua da Portela na temporada para o Carnaval de 2024. Nem mesmo a chuva persistente foi empecilho para uma performance inspirada dos ritmistas liderados pelo mestre Nilo Sérgio. Ao todo, duas bossas, além de duas nuances, foram executadas no decorrer da passagem pela Carolina Machado, o que animou os desfilantes e os espectadores que se aglomeraram nas calçadas apertadas. A presença de atabaques e a ênfase dada à ala dos agogôs foram alguns dos pontos que se sobressaíram, assim como o andamento adotado pela “Tabajara do Samba”. Ao longo de uma hora de treino ao ar livre, o metrônomo registrou entre 144 e 145 BPM (batidas por minuto), o que permitiu preservar as características originais do hino oficial da agremiação para o ano que vem, assim como da própria bateria da Majestade do Samba.

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“O balanço desse ensaio é positivo, até porque serviu para ver como nos sairíamos em uma situação adversa. Se no dia do desfile estiver chovendo, a gente vai ter que ir de qualquer forma. Além disso, foi bom poder ter uma noção daquilo que desenvolvemos desde o primeiro ensaio, checar se vamos ou não tirar e colocar alguma coisa… Por tudo isso, o treino desse domingo era muito importante para a gente prosseguir o trabalho. Limpamos o que tinha que limpar na semana passada, limpamos na quarta, e hoje praticamos na rua. E essa semana agora já vou botar outra bossa, outro veneno, e assim vai. Portanto, o ensaio de rua foi muito importante sim, independente de chuva ou não. Pode até ter atrapalhado a afinação, mas em matéria de pegada, continuou tendo a mesma. E só aconteceu porque a gente não estava preparado. Pensávamos que ia chover e ia parar rápido, ou então não ia ter ensaio, por isso não botei o plástico nos instrumentos. Mesmo com esse ponto, o resultado foi muito bom, muito positivo”, avaliou o mestre Nilo Sérgio em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO, logo após a conclusão do treino.

Outros destaques

Prestes a fazer seu sétimo desfile no cobiçado posto à frente dos ritmistas da azul e branca da Oswaldo Cruz e Madureira, Bianca Monteiro já se tornou uma figura quase que dissociável da “Tabajara do Samba”. Em uma noite de ensaio de rua na qual a bateria roubou a cena, a beldade não ficou de fora dos holofotes e também se sobressaiu. Mesmo com a pista molhada e os trechos com acúmulo de água, a majestade portelense não economizou no gingado e deu uma verdadeira aula de samba no pé. Com um figurino simples, composto por um short jeans e um biquíni cravejado com pedras azuis, ela esbanjou beleza e simpatia durante sua passagem, fazendo questão de interagir com o público que assistia a apresentação da Portela nas estreitas calçadas da Rua Carolina Machado. Em um dado momento, próximo ao fim do treino, Bianca protagonizou uma cena fofa com a própria irmã, a pequena Laíz Inês, de apenas três anos. A garota mostrou que o amor pela folia vem de família e fez questão de ir para frente dos comandados do mestre Nilo Sérgio sambar junto da irmã mais velha.

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Outro destaque foi a participação da porta-bandeira Squel Jorgea no ensaio de rua desse domingo. Por conta da agenda de compromissos em São Paulo, o mestre-sala Marlon Lamar não pode estar presente e coube ao segundo casal portelense, formado por Emanuel Lima e Thainara Matias, a missão de conduzir o pavilhão na abertura do treino. Dessa forma, Squel optou por desfilar à frente da primeira ala e aproveitou para se jogar no samba. Animada, ela fez questão de interagir com os espectadores e os próprios componentes, mostrando já se sentir completamente em casa na nova agremiação.

Viradouro não toma conhecimento da chuva e realiza mais um ensaio de alto nível rumo ao Carnaval 2024

A Unidos do Viradouro realizou na noite do último domingo o seu terceiro ensaio de rua rumo ao carnaval 2024. Como tradição, o treino ocorreu na Avenida Amaral Peixoto, tendo início às 19h20 e com término às 20h13. Como todos sabem, boa parte da comunidade da Viradouro é oriunda de São Gonçalo e Niterói, ambos os municípios enfrentaram condições climáticas adversas, como ventania e fortes chuvas, deixando inúmeros bairros sem luz por horas, mas enganasse quem pensa que isso desanimou a escola, muito pelo contrário, apesar do contingente menor que o costumeiro, aqueles que marcaram presença não tomaram conhecimento da chuva e deram um verdadeiro. A raça de cada componente deve ser valorizada, do início ao fim todas as alas cantaram com muito vigor e deixaram uma belíssima impressão.

Antes do ensaio o diretor executivo da escola, Marcelinho Calil, falou sobre os problemas que atingiu parte dos municípios de São Gonçalo e Niterói e como isso poderia afetar o desenvolvimento do ensaio, segundo ele, a noite seria atípica, mas que tinha certeza que aqueles que conseguiram comparecer dariam conta do recado, ele ainda aproveitou para enaltecer o público presente. De fato Marcelinho estava certo, a comunidade deu mais um show e a sensação foi de que não havia ocorrido nenhum problema externo.

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“Grande parte Rio de Janeiro tá sofrendo um pouquinho com as chuvas, com questões de ordem natural que foge completamente da normalidade, a comunidade sempre lota, abraça, é que que hoje a questão de transporte público ficou também um pouquinho diferente do habitual, pessoal sem luz, sem sinal de telefone, então com certeza hoje é um contingente a menor. Mas não por falta de vontade, é porque a mobilidade ficou um pouco prejudicada nessas últimas horas. Mas não tem problema nenhum, quem está aqui vai dar o seu melhor. A escola está feliz, está contente de poder realizar o ensaio apesar disso tudo. A gente podia cancelar o ensaio, seria uma coisa muito mais lógica, mas obviamente quem tá aqui teve condição, a gente também tem condição, agora por exemplo, já não tá chovendo, enfim, o que a gente tem aqui com material humano e com as ferramentas que a gente tem, pode esperar um grande ensaio como sempre”, disse Marcelinho.

Em 2024 a Viradouro levará para a avenida o enredo “Arroboboi, Dangbé”, sobre a energia do culto ao vodum serpente. Criado e desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon. Assim como no último carnaval, a escola terá a missão de encerrar os desfiles pelo Grupo Especial na segunda noite de espetáculo. O próximo ensaio da vermelha e branca será no próximo domingo, novamente na Avenida Amaral Peixoto.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Julinho e Rute são duas entidades e se comportam como tal, poder ver de perto o bailado dos dois é um verdadeiro bálsamo, a sintonia, a cumplicidade e a leveza ficam nítidos diante de nossos olhos. Neste ensaio não foi diferente, apesar da pista molhada, ambos passaram com a naturalidade e o vigor de sempre, durante as três paradas para os jurados eles já apresentaram a coreografia oficial do próximo desfile.

Sobre o ensaio, eles brincaram dizendo que esperam que no dia oficial a chuva não caia, afinal, desfilar com a pista seca é tudo que todos desejam. Rute pontuou que o ensaio foi importante para comunidade aprimorar ainda mais o canto e entrosar toda a escola. Já Julinho aproveitou pra dizer que a pista molhada é mais uma oportunidade da dupla trabalhar, ensaiar e se adaptar às situações adversas que podem surgir.

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Fotos: Luan Costa/CARNAVALESCO

“Sinceramente eu espero que o ensaio de hoje não tenha importância pro dia oficial. Que o ensaio de hoje seja pra cumprir mais um ensaio de canto, mais um ensaio da nossa coreografia porque a gente já treina a coreografia oficial. Eu espero que o tempo seja um zero à esquerda para o nosso ensaio. Mas é isso mesmo, a cada semana a gente sente que o canto tá mais apri não é um um samba com letras fáceis, que esteja no cotidiano das pessoas. Então, pra elas aprenderem, pra comunidade aprender, cantar bem, cantar com garra. Serve para interagir o carro de som com a bateria, e com toda a escola”, disse Rute.

“A gente procura desenvolver o nosso trabalho, é óbvio que as modificações vão acontecendo, a gente vai tentando melhorar, vai adaptando o que a gente quer enxergar lá na frente, como a gente quer o melhor pra nossa dança. E hoje é mais uma oportunidade que a gente tem de trabalhar e de ensaiar. Mesmo com chuva, com pista molhada, a gente vai tentando se adaptar a essas situações externas”, finalizou Julinho.

Samba-enredo

Um dos principais destaques da noite foi o samba de autoria de Claudio Mattos, Claudio Russo, Julio Alves, Thiago Meiners, Manolo, Anderson Lemos, Vinicius Xavier, Celino Dias, Bertolo e Marco Moreno. O entrosamento de Wander Pires com a bateria de mestre Ciça contribuiu para que a obra crescesse a cada passada. Nem mesmo as palavras consideradas difíceis no samba foram capazes de diminuir a empolgação da comunidade, a adesão foi unânime inclusive pelo público que acompanhava o ensaio. O hino da escola se manteve bem durante todo momento, mas na parte “ê alafiou, ê alafiá!”, até a final da estrofe e nos dois refrãos o nível conseguia atingir a perfeição sonora. Foi uma avalanche.

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Bateria

Como já é habitual, a Furacão Vermelha e Branca deu mais um show, mesmo com o número de ritmistas reduzidos, os comandados de mestre Ciça deram conta do recado e contribuíram para mais uma avalanche da comunidade, a musicalidade e o entrosamento com o intérprete Wander Pires foram notáveis. Ciça contou que a programação seguiu a mesma, mas que a chuva e os problemas que o município enfrentou acabaram prejudicando um pouco.

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“A programação continua a mesma, mas a chuva prejudica um pouco porque Niterói sofreu muito com essa chuva. Aí a gente teve problema com componente, teve muita gente sem luz, sem água, sem telefone, mas vamos que vamos a Viradouro é essa raça. Hoje testamos colocar plásticos nos instrumentos e fizemos tudo que estava programado”, disse o mestre.

Harmonia

Uma escola alegre, vibrante e aguerrida, foi assim que os componentes da Viradouro passaram pela Amaral Peixoto. Ver e ouvir a forma como eles estavam foi uma experiência incrível, era impossível não seguir no embalo. O canto foi crescente e destacar uma ala seria injusto com as demais. Porém, na parte do samba que diz “Pra vitória da Viradouro” era uma verdadeira avalanche, principalmente quando a bateria parava, de longe era possível ouvir os componentes gritando o samba. Elogiada desde a escolha, a obra da vermelha e branca se mostra um verdadeiro acerto e tem tudo para crescer ainda mais até o desfile oficial.

Evolução

Organização e espontaneidade, assim pode ser definido a evolução da Viradouro durante este ensaio. Para quem nunca esteve na Amaral Peixoto, a via é extremamente larga, o que poderia atrapalhar a compactação da escola, principalmente neste ensaio por conta dos problemas já apresentados acima, foi motivo de aplausos. As alas evoluíram com extrema leveza e literalmente brincaram com o samba, mas sem perder a organização que já é marca da escola, todos sabem seu lugar e o que devem fazer, mesmo assim se divertem. Alguns elementos foram utilizados para demarcar o espaço das alegorias no desfile oficial e tudo ocorreu com extrema naturalidade, assim como a presença de algumas alas coreografadas que permearam o ensaio e nenhum problema foi observado, nem mesmo na entrada e saída da bateria do recuo.

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“Não temos como parar pra pensar que hoje realmente foi fora da sua normalidade, tudo que aconteceu na cidade, nós mantivemos a agenda, claro sempre resguardando quem não poderia vir, quem não pôde vir nós entendemos e quem veio veio com uma vontade muito grande de fazer o que a gente tem sempre feito aqui na avenida, que é ensaiar na intenção de fazer o melhor pra escola, e hoje mesmo com o contingente menor todos que estiverem aqui cantaram muito, o andamento do carro de som, bateria novamente mesmo com a chuva atendeu a nossa expectativa e é isso, daqui até o carnaval é tentar ensaiar todos os domingos”, disse Dudu Falcão, diretor de carnaval da Viradouro.

Outros Destaques

Os destaques da noite vão todos para Erika Januza, a incrível rainha de bateria da vermelha e branca de Niterói brilhou mais uma vez, com uma fantasia feita apenas com pérolas, ela foi extremamente festejada pela comunidade e mesmo com o chão molhado mostrou o habitual samba no pé, é incrível observar o quanto Erika está entrosada com a agremiação e de fato parece que nasceu para ocupar esse cargo.

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Vale destacar também novamente a força da comunidade da Viradouro, mesmo com todas as adversidades, o ensaio estava cheio e a raça apresentada foi digna de aplausos, mais uma vez foi uma amostra de que eles querem o campeonato e farão de tudo para levar o caneco para Niterói. Como brincou Marcelo Calil, presidente de honra da escola, aqueles que estiveram presentes no ensaio ganharam uma estrelinha.