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Intérprete mais longevo do Brasil, Ernesto Teixeira exalta equipe, samba-enredo e baluartes

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Desde 1985, uma voz tornou-se conhecida no carnaval paulistano. Quando os Gaviões da Fiel ainda eram um bloco, Ernesto Teixeira assumiu o microfone principal da instituição e, desde então, fez história na folia da cidade de São Paulo. Acompanhou a transformação da instituição em escola de samba, acompanhou os quatro títulos de Grupo Especial da Torcida Que Samba, os três rebaixamentos e os três canecos do Grupo de Acesso I – além, é claro, de inúmeros momentos especiais. Em 2025, mais um desses instantes eternos aconteceu por conta do desfile que tinha como enredo “Irin Ajó Emi Ojisé – A Viagem do Espírito Mensageiro”, que sagrou-se terceiro colocado no Grupo Especial. A Voz da Fiel, como Ernesto Teixeira é conhecido, conquistou o Estrela do Carnaval, premiação organizada e entregue pelo CARNAVALESCO, na categoria Melhor Intérprete. A reportagem conversou com o cantor sobre uma série de assuntos.

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História na passarela

Um dos grandes fatos acerca do carnaval paulistano de 2025 envolvia os Gaviões da Fiel. Pela primeira vez na história, a instituição teria um enredo afro. Por conta da temática tão especial, muitos se perguntaram como a apresentação seria e o rendimento da Torcida Que Samba nos quesitos. Além da terceira colocação na apuração (melhor colocação da instituição desde o último título da alvinegra, em 2003), a escola foi a que mais premiações teve no Estrela do Carnaval – além de Melhor Intérprete, também foram conquistados os prêmios de Melhor Conjunto de Fantasias e Melhor Ala das Baianas. A resposta aos questionamentos, como ficou evidente, veio na pista.

Ernesto, por sinal, destacou que a preparação realizada ao longo de todo o ciclo carnavalesco foi fundamental para que o desempenho dele próprio e da canção fosse tão alto: “O enredo afro, o primeiro da história dos Gaviões, não trouxe nenhuma dificuldade para mim enquanto intérprete. Eu sou muito familiarizado com o tema, eu gosto muito de tudo que fala das coisas da África, tudo que tem um batuque mais acentuado. Não tenho dificuldade em relação às palavras em iorubá, também. Muita gente falou que o samba era difícil durante o processo dos ensaios. Mas, para mim, não tem samba difícil. A questão é você se dedicar um pouquinho, decorar o samba e ensaiar. Toda música tem necessidade de ser estudada. Esse tema afro coincidiu com o fato do samba ser um bom samba, isso ajuda bastante. Eu tive um prazer ainda maior ainda em cantar essa obra. Você canta com mais desenvoltura. Acho que foi tudo isso que acabou levando a essa premiação”, pontuou.

Lembrança de baluartes

Completando 40 anos à frente do microfone principal dos Gaviões da Fiel, Ernesto Teixeira tem mais um recorde para chamar de seu. Após a aposentadoria de Neguinho da Beija-Flor da agremiação nilopolitana, ele passou a ser o intérprete mais longevo em uma escola de samba no eixo Rio de Janeiro-São Paulo.

Antes de comentar sobre si próprio, ele fez questão de falar sobre outros dois grandes nomes da folia carioca: “Ser o mais longevo intérprete nesse eixo é um detalhe interessante. A gente tem que, primeiramente, parabenizar o Neguinho por toda a trajetória. São 74 anos de idade e 50 anos de carnaval. Uma história, com certeza, cheia de adversidades e, também, de grandes glórias. A gente tem que lembrar do Jamelão, também: outro grande artista que cantou por muitos anos na Mangueira. Só deixou o microfone com 94 anos de idade”, homenageou.

Ele ainda aproveitou para dar um pitaco sobre Luiz Antônio Feliciano Neguinho da Beija-Flor Marcondes: “Eu não acredito que o Neguinho vai parar! Embora eu esteja vendo muita coisa dele ir para a Europa, abrindo uma Beija-Flor em Portugal. Estou vendo que ele tem um grande trabalho comercial para o futuro”, disse.

Sobre si próprio

Ao falar da própria caminhada nos Gaviões, Ernesto, novamente relembrou Neguinho da Beija-Flor e Jamelão, mas destacou o quanto se preparou para chegar tão longe: “A gente vem nessa linhagem, e eu vinculado a minha Gaviões desde sempre, desde quando eu cheguei lá na entidade, com 13 anos de idade. Dois ou três anos depois já estava na bateria, já estava na ala musical. E, desde quando assumi o microfone principal, em 1985, procurei me aperfeiçoar, estudar um pouquinho, aprender alguma coisa e me espelhar nesses grandes nomes que a gente falou aqui – e, também, de tantos outros que passaram pelo samba. O samba-enredo é uma arte a parte dentro do gênero samba e dentro da nossa cultura. Deus quis que a gente chegasse até aqui”, agradeceu.

Equipe marcante

Para encerrar a entrevista, sempre falando de positividade (palavra que o intérprete tem como um mantra), Ernesto Teixeira fez questão de citar todo o carro de som da “Torcida Que Samba” – chegando a colocar todos os integrantes em patamar de igualdade a ele: “Estou muito lisonjeado pela premiação, mas eu quero estendê-la a toda a ala musical dos Gaviões. Todo o trabalho que foi feito durante todo o ano teve a direção do Rafa do Cavaco, do maestro Valdir dos Santos, Dodô no Cavaquinho, Beba no Cavaquinho e o Pirata no violão sete cordas. Nas vozes, tem o Luciano Costa, o João 10, tem a Fernanda Borges, tem a Fernanda Souza e a Zanza Simião. Esse é o time da Gaviões que, na verdade, foi premiado em meu nome, mas eu estendo a todo o trabalho da ala”, finalizou.

Liesa define a ordem de desfiles das escolas de samba mirins para o Rio Carnaval 2026

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As escolas de samba mirins já têm data e posição para desfilar no Rio Carnaval 2026. Em sorteio realizado nesta quinta-feira, na sede da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (LIESA), os dirigentes das agremiações conheceram os detalhes do novo formato, que contará com a divisão em mais dias. Agora, além da sexta-feira, 20 de fevereiro, véspera do Sábado das Campeãs, haverá desfiles na abertura dos ensaios técnicos dos dias 31 de janeiro, 1º e 8 de fevereiro.

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Foto: Divulgação/Liesa

“As escolas mirins são a base do nosso Carnaval. É aqui que nascem futuros ritmistas, passistas, intérpretes, casais de mestre-sala e porta-bandeira e tantos outros componentes”, ressaltou a diretora cultural da Liesa, Evelyn Bastos.

Confira a ordem dos desfiles das escolas de samba mirins:

SÁBADO – 31 DE JANEIRO
Início: 18h
1- Miúda da Cabuçu
2- Inocentes da Caprichosos
3- Império do Futuro

DOMINGO – 1º DE FEVEREIRO
Início: 17h30
1- Golfinhos do Rio de Janeiro
2- Ainda Existem Crianças na Vila Kennedy
3- Petizes da Penha

DOMINGO – 8 DE FEVEREIRO
Início: 18h

1- Corações Unidos do CIEP
2- Nova Geração da Estácio de Sá

SEXTA-FEIRA – 20 DE FEVEREIRO
Início: 17h

1- Infantes do Lins
2- Herdeiros da Vila
3- Pimpolhos da Grande Rio
4- Tijuquinha do Borel
5- Estrelinha da Mocidade
6- Mangueira do Amanhã
7- Aprendizes do Salgueiro
8- Sonho do Beija-Flor
9- Filhos da Águia
10- Crias Imperatriz
11- Netinhos do Tuiuti
12- Virando Esperança

Ilha confirma vigor no chão e apresenta minidesfile de energia e entrega

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Fotos: S1 Comunicação

Já na reta final da noite de minidesfiles, a União da Ilha entrou com empolgação na pista. A escola mostrou suas credenciais: uma comunidade empolgada, uma bateria de excelência e um casal entrosado. A Insulana levará para a Avenida, na sexta-feira de carnaval, o enredo “Viva o Hoje! O Amanhã? Fica Pra Depois”.

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A comissão de frente coreografada por Junior Scapin trouxe os integrantes com uma malha azul e um saiote com detalhes de estrelas, além das cabeças pintadas de azul e cinza. Uma interessante indumentária para uma coreografia mais de apresentação, sem maiores arroubos, porém bem realizada pelos seus componentes. O novo casal João Oliveira e Duda Martins mostrou bastante desenvoltura em sua apresentação. João tem uma dança com boa técnica e agilidade no sapateado, enquanto Duda exibiu giros muito bonitos e com ótima execução. Um belo cartão de visitas de ambos.

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A comunidade insulana entrou com força na Cidade do Samba para defender sua escola e manteve um canto satisfatório durante toda a passagem da Ilha, apesar de o início ter apresentado mais explosão. Quase todas as alas mostraram que o samba já está na ponta da língua, mesmo que este apresente algumas lacunas e não esteja na prateleira dos principais sambas do ano. A obra teve um desempenho mediano, com o refrão de cabeça rendendo mais.

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A evolução foi um destaque do minidesfile, com componentes desfilando com bastante energia e alegria, imprimindo um ritmo forte à apresentação. A bateria de mestre Marcelo apresentou o alto nível que já lhe é habitual, elevando o desempenho do samba.

Imponente! União de Maricá combina técnica, ritmo e performance em minidesfile

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Em um minidesfile de forte presença cênica e canto vigoroso, a União de Maricá mostrou a força de sua comunidade com uma belíssima comissão protagonizada por mulheres negras, um casal com boa apresentação, um samba-enredo que levantou a Cidade do Samba e destaques performáticos que trouxeram brilho à passagem da agremiação. A escola será a sexta a desfilar no sábado de carnaval com o enredo “Berenguendéns e Balagandãns”, assinado pelo carnavalesco Leandro Vieira.

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Fotos: S1 Comunicação

Patrick Carvalho apresentou uma comissão de frente formada por mulheres negras, com a pivô vestida como baiana, adornada com joias e carregando ervas nas mãos, em uma cena que evocou o gesto ritual do banho de folhas. A coreografia explorou movimentos inspirados nas danças dos orixás, compondo um quadro de grande beleza visual e uma composição cênica de fácil leitura, reafirmando a excelência artística do quesito. Já o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Fabrício Pires e Giovanna Justo, teve bons momentos, especialmente quando Giovanna avançou com firmeza para apresentar o pavilhão, imprimindo personalidade ao bailado.

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A União de Maricá calou seus críticos com um canto vigoroso. O pré-refrão “e a quem renega a mulherada, vai dormir com esse barulho” e o refrão principal foram entoados com potência por toda a escola. Zé Paulo Sierra conduziu o samba com precisão e firmeza, em um samba feito sob medida para seu canto melodioso, apoiado por arranjos vocais de excelente qualidade executados pela equipe do carro de som. No paradão realizado durante o desfile, a comunidade respondeu de forma constante e aguerrida, sustentando o ritmo do samba sem perder o fôlego. A evolução da escola combinou técnica e fluidez, garantindo uma passagem bem organizada pela pista. Ainda assim, merecem atenção os espaços que surgiram entre o primeiro casal e a ala performática em alguns momentos do trajeto.

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Chamou atenção a performance de Carlinhos Salgueiro, que surgiu com máscara de pedras e capa prateada, criando momentos de grande impacto cênico ao interagir com o público e ao revelar diferentes camadas do figurino. A ala de Maculelê, que veio logo depois de Carlinhos, também se destacou com uma coreografia dinâmica, repleta de giros e, sobretudo, com muita vitalidade na dança.

Comissão de frente ousa e bateria se firma como trunfo no minidesfile da Vigário Geral

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A Acadêmicos de Vigário Geral apresentou um minidesfile em que a comissão de frente tensionou o encontro entre europeus e povos indígenas. O primeiro casal mostrou vigor e personalidade, o canto e a evolução oscilaram ao longo da passagem, e a bateria reafirmou sua força como um dos trunfos da escola. A agremiação fechará os desfiles da sexta-feira de Carnaval com o enredo “Brasil Incógnico: O que os seus olhos não veem, a minha imaginação reinventa”, assinado pelos carnavalescos Alex Carvalho e Caio Cidrini.

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Fotos: S1 Comunicação

Sob a coreografia de Handerson Big, a comissão de frente surgiu com figurinos que remetem aos primeiros europeus que chegaram ao Brasil. Os movimentos desmontam a perspectiva colonial dessa chegada, explorando gestos que muitas vezes colocam os conquistadores em situação de desajuste, enquanto, em alguns momentos, o grupo evoca a presença dos povos indígenas, tensionando o encontro entre colonizadores e nativos. Houve problemas pontuais de figurino, com peças de roupa se deslocando em dois componentes durante a apresentação.

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O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Johny Matos e Isabella Moura, apresentou um bailado vigoroso e aguerrido. Isabella se destacou pela precisão nos giros rápidos e pela chegada flecheira ao encontro do mestre-sala. No trecho “a pele preta, a coroa e o cocar”, os dois se encaram com punhos fechados e sorrisos cativantes, sintetizando em gesto a força do verso. Em sua primeira temporada como primeiro casal na Série Ouro, Johny e Isabella demonstram personalidade e potencial de crescimento ao longo da temporada.

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O canto da Vigário apresentou oscilações ao longo do samba, com trechos intermediários menos participativos, mas o pré-refrão e o refrão principais foram entoados com vigor pelos componentes. A interpretação de Danilo Cezar ajuda na harmonia da escola: seu canto projeta bem os versos e faz com que cada estrofe seja compreendida na Cidade do Samba, em uma belíssima performance. A evolução da escola foi regular, sem grandes problemas, mas um pouco mais de fluidez entre as alas pode tornar a passagem ainda mais coesa.

Entre os destaques da noite, a bateria “Swing Puro”, comandada por mestre Luygui, reforçou seu lugar como um dos pontos fortes da Unidos de Vigário Geral. Com boa pegada e organização, o conjunto sustentou a escola com segurança e apresentou bossas que dialogam com o universo fantástico proposto pelo enredo.

Arranco aposta na gargalhada e bateria é o destaque em minidesfile circense

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Fotos: S1 Comunicação

O Arranco do Engenho de Dentro apostou na gargalhada em um minidesfile de clima circense, marcado por uma comissão de frente brincante, canto e evolução oscilantes e uma bateria que se destacou como ponto alto da apresentação. A escola será a terceira a desfilar no sábado de carnaval com o enredo “A Gargalhada é o Xamego da Vida”, assinado pela carnavalesca Annik Salmon.

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Os coreógrafos Lipe Rodrigues e Márcio Dellawagah apresentaram uma comissão de frente composta por clowns. Os palhaços exploraram gestualidades típicas da palhaçaria: mãos expressivas, caretas, piruetas e a presença de quatro integrantes em pernas de pau, resultando em uma apresentação leve e divertida. O casal Diego Falcão e Denadir Garcia entregou um bailado gracioso, em sintonia com o clima brincante do enredo. Denadir destacou-se em seus movimentos, com giros precisos e canto firme, interpretando trechos marcantes do samba-enredo. Ainda assim, faltou precisão na sincronia da dança do casal.

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O canto da escola azul e branca oscilou entre as alas. As baianas defenderam o samba com propriedade, enquanto a ala coreografada com pompons pouco cantou. O pré-refrão “não tem corda bamba que faça meu riso tombar” impulsionou a participação dos componentes e deu corpo à passagem. Apesar da instabilidade na harmonia, os intérpretes Pâmela Falcão e Rodrigo Tinoco mostraram categoria e energia, sustentando uma performance contagiante para o público das arquibancadas. A evolução também apresentou momentos irregulares: houve formação de buracos entre algumas alas, especialmente após a saída da bateria do recuo, que deixou um bom espaço vazio na altura do ponto de simulação da cabine.

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A bateria “Sensação”, comandada pela mestre Laísa, foi um dos grandes destaques da noite. Com firmeza e criatividade, o quesito apresentou uma bossa inspirada em ritmos circenses, transportando a Cidade do Samba para o clima de um verdadeiro picadeiro e reafirmando a bateria como uma das forças da agremiação.

Hora da retomada: dor e a fé da Nenê de Vila Matilde pela volta ao Especial

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Desde 2017, a Nenê de Vila Matilde não pisa no Anhembi como parte do Grupo Especial de São Paulo. Oito anos se passaram, mas o sentimento de pertencer ao Especial nunca saiu da comunidade azul e branco, de quem vive a escola no dia a dia e de quem chora ao ouvir o hino da sua escola do coração. Por isso, o CARNAVALESCO ouviu quem realmente sente a dor e a saudade de estar aonde nunca mereceu ter saído. Muitas perguntas surgem, muitas delas sem respostas: será que chegou a hora? O que ainda está faltando? Quando sentiram que podia e não deu? E, acima de tudo, o que é preciso para que o acesso finalmente aconteça?

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Foto: Felipe Araújo/Divulgação Liga-SP

No olhar de quem cresceu nos becos da Zona Leste, a baiana Elma Leda da Silva, 66 anos de vida, 25 anos de agremiação, a Nenê não é só uma escola, é uma herança que se carrega no peito. E é com essa emoção que ela traduz a força da comunidade.

“A Nenê é mais do que uma escola. É família, é história, é raiz. Já sentimos que dava, já chegamos perto, já choramos pela chance que escapou. Mas nunca deixamos de lutar. O que falta? Falta união total, falta acreditar de verdade, todos juntos. Acreditar que a Nenê pode voltar para o grupo especial, e a gente vai lutar por isso. A gente vai voltar a sorrir, eu não tenho dúvidas disso”, disse Elma.

Quando o tempo passa e o sonho insiste em permanecer vivo, a esperança ganha nome e sobrenome na comunidade. Fábio Jonas, 48 anos, 20 anos de Nenê, “Malandro da Vila” traduz esse sentimento com a verdade de quem batalha ano após ano.

“Não chegou a hora, passou da hora. A gente está lutando dia após dia, carnaval após carnaval, para que esse acesso tão sonhado chegue. O que falta para acontecer? Na realidade, eu não sei te dizer, porque cada ano que passa a gente acaba superando, a gente não sabe o que o jurado quer. A cada erro, a cada ano, a gente acaba superando erros passados para, quando subir, nunca mais cair. 2025 e 2024 foram dois anos especiais para mim. Em 2024, fizemos um belo carnaval; em 2025, fizemos um desfile maravilhoso, tanto para o público quanto para o jurado, mas infelizmente não conseguimos o sonhado acesso. O que é preciso para conseguir o acesso? Calor humano, amor à escola e, principalmente, muita garra”.

Há quem olhe para números. Mas há quem olhe para a alma da escola e ali enxergue a resposta. Sthephanye Cristinne, 27 anos, 24 de carnaval, musa da Nenê, fala com a confiança de quem sente a Nenê vibrando mais forte a cada ensaio.

“Se chegou a hora? Eu tenho certeza que sim. Eu acho que, no ano passado (2024), tivemos pouca diferença na pontuação; está muito claro que faltaram poucos décimos para conseguirmos o acesso. A escola está muito bem preparada para esse momento, e eu tenho certeza de que vai dar tudo certo. Eu confio muito no projeto que me foi apresentado e que foi apresentado para a comunidade, que está acreditando nisso. O que está faltando nesse momento? É simples: nada! Porque a Nenê tem uma comunidade muito aguerrida. Porém, é uma escola tradicional, e, atualmente, infelizmente, ou felizmente, o carnaval é midiático; as pessoas acreditam muito naquilo que é visto. Mas eu acredito muito na tradição e na força da minha escola. Eu tenho a sensação de que a escola se sente no Especial, é como se o acesso fosse só um nome. Para a Nenê, isso é apenas um título. É uma escola que se sente muito forte e totalmente capacitada para chegar ao Grupo Especial. Para a gente, estar no acesso não diminui a vontade de estar no Especial. Eu acredito na garra da comunidade, que faz isso acontecer em cada ensaio. A gente mostra que merece, e isso vai acontecer de uma forma muito bonita”.

Quando a caminhada é longa, a dor da espera se mistura à certeza do futuro. Rodrigo Oliveira, 45 anos, 28 anos de Nenê, diretor geral de Harmonia da Nenê, nas palavras o peso dos anos e a determinação de quem acredita que o retorno está mais próximo do que nunca.

“Passou da hora de subirmos para o Especial. A gente não aguenta mais esses nove anos no Grupo de Acesso. Tivemos um período sabático, em que a Nenê teve que reaprender, reorganizar, reciclar e, enfim, fazer todo esse processo para poder tomar um caminho de retomada. Nos últimos anos, a escola vem fazendo um bom trabalho, e eu tenho certeza de que esse caminho está sendo muito bem construído. Tomara que agora, em 2026, seja a hora da gente voltar e ficar para valer no lugar de onde a gente nunca deveria ter saído. O ano do Faraó Bahia, em 2023, foi o ano em que senti que íamos conseguir o acesso. Foi um ano que tinha tudo para dar certo, mas infelizmente não aconteceu. Na sua pergunta ‘o que falta?’, acredito que agora eu posso te responder, porque o que falta, a gente está buscando e tentando eliminar. Agora é lutar bravamente e conquistar o que sempre sonhamos”.

Entre lágrimas, sorrisos e a certeza de que cada ensaio é uma luta pelo acesso, a Nenê de Vila Matilde segue caminhando com a força de quem nunca desistiu. A escola que aprendeu a se refazer, viu gerações crescerem sob o solo azul e branco, transformou dor em resistência e saudade em trabalho. A escola continua focada no propósito de voltar ao lugar de onde jamais deveria ter saído. O futuro não é uma promessa distante; ele está sendo construído agora, na fé de uma comunidade inteira.

Se a hora chegou? Talvez a resposta esteja justamente na união, na tradição e no amor que transbordam nos depoimentos de quem vive a Nenê todos os dias. Para a Vila Matilde, o acesso não é apenas uma colocação no papel: é um reencontro com sua própria grandeza. E quando a comunidade acredita, trabalha e sonha junto, o impossível deixa de existir. A Nenê segue forte e preparada.

Quando o grande dia chegar, será mais do que um retorno: será a afirmação de uma história que nunca deixou de brilhar.

‘Macumbembê’ na veia: Vila Isabel pisa firme no Boulevard e embala sonho da comunidade

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Após uma semana longe do Boulevard 28 de Setembro, a Unidos de Vila Isabel voltou a pisar na rua nesta quarta-feira, 10 de dezembro, para a realização de mais um ensaio de rua em vista do Carnaval 2026. Com Tinga carregado nos braços ao final do ensaio, em uma noite muito potente do intérprete, a escola do Bairro de Noel demonstrou uma evolução tranquila e fluida ao longo do treino desta noite, além de os componentes estarem com o samba de cor e salteado, mantendo a boa performance dos últimos ensaios. A Vila Isabel homenageia Heitor dos Prazeres no Carnaval 2026, com o enredo “Macumbembê Samborembá – Sonhei que um sambista sonhou a África”, onde cantará a vida e a obra do sambista e multiartista que foi fundamental para o surgimento das escolas de samba.

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Fotos: Matheus Morais/CARNAVALESCO

COMISSÃO DE FRENTE

Comandada por Alex Neoral e Márcio Jahú, a comissão de frente da Vila se apresentou com uma coreografia com bastante movimentos que remetiam a religiões de matriz africana em geral, marcando bem a relação com a religiosidade de Heitor dos Prazeres e com suas origens. A apresentação também contou com passos bem firmes, movimentos rápidos, e o elenco se dividindo em dois a partir do refrão do meio, em uma proposta interessante quando a outra metade fica observando como “responsáveis” do grupo que se apresenta, para depois trocarem, e por fim se unirem, chamando bem a atenção de forma positiva.

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MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

Raphael e Dandara realizaram, de frente à simulação da cabine, uma coreografia bem tradicional e bastante suave, bem sincronizada e unitiva entre eles, com movimentos clássicos nos giros e no cortejo realizado por Raphael a Dandara, além de contar com alguns gestos e movimentos descritivos em alguns momentos, em especial os que remetem à cultura e à religiosidade afro-brasileira, como no próprio refrão do samba, em que ambos demonstram passos e gestos de Oxum e Xangô, que encerraram demonstrando muita força também nesta parte final do bailado do casal.

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SAMBA E HARMONIA

Levantado nos braços pelos componentes e torcedores da escola ao final do ensaio, Tinga defendeu mais uma vez muito bem o samba da Vila, mostrando o total domínio da obra, conseguindo levar a comunidade a cantar muito bem junto a ele, e ao carro de som, que também está bem afinado ao cantor, todos sob a direção de Douglas Rodrigues. O samba a cada semana prova seu valor com o canto forte do Povo de Noel, que não deixou a obra cair em nenhum momento durante esta noite.

Tinga falou com o CARNAVALESCO ao final do ensaio, destacando a alegria do torcedor da Vila com o samba e a expectativa para o próximo carnaval.

“Tudo maravilhoso, estamos felizes demais, e preparados para esse carnaval lindo que vai ser o da Vila Isabel. O mais importante é que a comunidade está feliz, cantando com alegria e muito forte. Vamos em busca desse sonho tão sonhado título”, disse.

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EVOLUÇÃO

O Boulevard foi palco de uma evolução muito fluida da agremiação. Durante todo o treino a escola passou sem atropelos ou correria, mas também sem longas paradas, com os componentes vibrando a cada momento, se movimentando bem soltos nas alas, e demonstrando muita segurança com o samba da escola. Moisés Carvalho, diretor de Carnaval, fez um balanço da evolução da Vila ao longo dos últimos ensaios, que enxerga de uma forma muito positiva, e reforça que a Vila busca sempre se fortalecer para o dia dos desfiles do Grupo Especial, com os ensaios de rua.

“Saldo positivíssimo, a gente vem fazendo o nosso trabalho incansável de canto, de evolução. Quando não tem 28, vamos para a quadra. A Harmonia está trabalhando incansavelmente para fortalecer o canto e a evolução da escola, que é uma marca da Vila Isabel. E voltar para 28 é sempre um arrepio, acho que a comunidade está de parabéns, também todo mundo que vem prestigiar o nosso ensaio e todos os segmentos. Fechamos o ano dia 17, com chave de ouro, e visando, em janeiro, entrar novamente com o pé firme na 28, atrás do campeonato”, declarou.

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OUTROS DESTAQUES

O presidente da Liesa, Gabriel David, acompanhou o ensaio de rua da Vila, cumprimentando o Povo do Samba antes do início do mesmo, entre o esquenta e a arrancada da escola. A bateria de Mestre Macaco Branco também seguiu com seu nível de excelência e entregou mais um grande ensaio na 28 de Setembro, realizando as bossas pensadas para os ritmistas. A rainha Sabrina Sato não esteve presente no ensaio desta quarta. O ensaio do dia 17, quarta próxima, será o último do ano para a escola, que retomará os mesmos em janeiro.

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Casal e comissão de frente brilham no minidesfile da União do Parque Acari

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A União do Parque Acari cantou o seu enredo “Brasiliana”, um tributo ao primeiro grupo de teatro negro do Brasil. Com um dos sambas mais bonitos e poéticos do grupo, a escola passou com correção, tendo como destaques o samba e a ótima apresentação de seu casal de mestre-sala e porta-bandeira, pecando no canto falho de seus componentes.

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Fotos: S1 Comunicação

A comissão de frente ensaiada por Fábio Batista exibiu componentes com uma bonita vestimenta, com um rei central portando seu cetro. A coreografia foi muito bem executada, vigorosa e limpa. O casal Renan Oliveira e Amanda Poblete teve um excelente desempenho. Amanda, de volta à Sapucaí como primeira porta-bandeira após ausência em 2025, mostrou um bailado encantador, exuberante e leve. Renan a acompanhou com muita elegância.

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Com um samba de muita beleza, mas pouco explosivo, o canto foi irregular por parte dos componentes. Nem o refrão de cabeça sustentou o canto na totalidade das alas. Em alguns momentos o canto foi mais satisfatório; em outras alas, havia componentes calados. A Acari veio com um pequeno contingente e passou com rapidez pela pista, mas sem correria, conseguindo manter organização entre suas alas. O samba mostrou sua beleza, com um desempenho correto de Leozinho Nunes e Tainara Martins. A bateria dos mestres Daniel Silva e Erik Castro imprimiu um bom ritmo e bossas bem precisas, dando um bom “molho” ao samba.

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Quando o chão canta Conceição: Império Serrano entrega beleza e identidade no minidesfile

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O Império Serrano pisou na pista homenageando Conceição Evaristo. A escola desfilará no sábado de carnaval com o enredo “Ponciá Evaristo, Flor do Mulungu”. A agremiação da Serrinha mostrou toda a sua competência de chão, de fundamentos e de canto em um belo minidesfile, à altura da homenageada Conceição Evaristo.

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Foto: S1 Comunicação

A comissão comandada por Marlon Cruz trouxe uma interpretação de Conceição como destaque principal, com outras 13 mulheres com vestimentas fazendo alusão a livros e escritas. Uma coreografia simples, porém bem executada. A parte final da apresentação, com Conceição recebendo um grande livro com a bandeira do Império na capa, foi bem pensada e deu um ápice maior para a apresentação.

O casal Matheus Machado e Maura Luiza realizou uma apresentação com coreografia mais solta, com alguns problemas de sincronismo na realização dos movimentos, mas com bastante energia. Uma apresentação regular.

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A comunidade imperiana não costuma falhar quando o assunto é canto, e mais uma vez cumpriu o quesito com correção. Apesar de não ter sido um canto avassalador, a maior parte das alas levou bem o samba no gogó. A reta final da segunda parte combinada com o refrão principal levantou o canto da escola. A evolução foi um pouco irregular, com os componentes acelerando no início e depois alternando com momentos em que a escola ficava parada. As últimas alas evoluíram com uma constância maior. Na parte final da pista, o Império abriu um buraco entre passistas e a bateria.

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O bonito samba obteve um bom rendimento, realçando suas qualidades poéticas. Vitor Cunha e seus apoios defenderam o samba com competência, acompanhados de uma precisa bateria comandada pelo mestre Sopinha. O bom refrão principal mostrou força.

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