A Unidos de Bangu já tem data marcada para um dos momentos mais aguardados do seu Carnaval: o lançamento oficial do samba-enredo para 2026 acontece no dia 3 de outubro, na tradicional Ceres de Bangu. Com o enredo “As coisas que mamãe me ensinou”, a escola da Zona Oeste presta uma poderosa homenagem à cantora, compositora e deputada estadual Leci Brandão, ícone da cultura popular brasileira e referência na luta por justiça social, igualdade e resistência. O samba que embalará a homenagem tem assinatura de peso: Dudu Nobre, Junior Fionda e o grupo Vou Pro Sereno são os responsáveis pela obra, que será apresentada ao público em uma grande festa aberta à comunidade e aos amantes do carnaval.
“Estamos muito felizes com esse enredo e com o samba que nasceu dele. Tivemos a honra de apresentar a proposta pessoalmente à Leci, que ficou emocionada e muito grata. Esse momento do lançamento é especial, quando a nossa história começa a ganhar voz e ritmo. Vamos fazer uma grande festa para celebrar essa mulher tão importante para o Brasil”, declarou Marcelo do Rap, diretor de carnaval da agremiação.
Com um desfile que promete unir conteúdo social e musicalidade, a Unidos de Bangu reforça sua identidade cultural. A escola será a quarta a desfilar na sexta-feira de carnaval, pela Série Ouro.
Em sua primeira década como mestre de bateria, Fafá se consolidou como um dos pilares da Grande Rio, realizando um trabalho de excelência e conduzindo uma bateria cuja cadência e educação musical são marcas reconhecidas. Mesmo após a perda de um décimo na apuração de 2025, a confiança em seu trabalho permanece ampla, e a base será mantida, tanto em características quanto em relação aos ritmistas.
“Mantivemos praticamente a mesma base, a galera do ano passado continuou. A cada ano, a Grande Rio vem frisando a importância de ter mais ritmistas da casa. Um naipe ou outro acaba rolando de o cara querer desfilar na escola do coração, que vai desfilar colada com a nossa, a gente entende. Mas a maioria continua, e estamos trabalhando firme para recuperar nossos pontos perdidos”, garante o mestre.
Foto: Ewerton Pereira/Divulgação Grande Rio
A escola de Duque de Caxias levará para a avenida o enredo “A Nação do Mangue”, uma homenagem ao movimento Manguebeat, que mais uma vez permite acrescentar elementos de uma cultura regional à bateria. “O Manguebeat é um enredo extremamente musical. Acabei de vir de Recife, conheci mais sobre a história do movimento, não conhecia muito, para ser sincero, mas tenho me aprofundado bastante. Agora é esperar a escolha do samba para, com o samba definido, começarmos a fazer inserções, ver o que podemos colocar da musicalidade de Chico Science dentro da bateria, da parte de cordas, junto com o Evandro Malandro também”, declarou Fafá.
O mestre também comentou sobre a mudança no sistema de som da Sapucaí, que não contará mais com o carro de som percorrendo a pista durante o desfile. Ele disse que ainda não recebeu informações mais detalhadas, mas espera uma melhora na qualidade, uma reclamação antiga de intérpretes e mestres de bateria.
“Eu não tive contato nenhum com esse novo som. Ficamos sabendo pela internet e estamos esperando para ver como vai ficar. Se for uma mudança boa para o carnaval, vamos abraçar. Eu espero que ajude muito o espetáculo, pois o som é um problema que vem de muito tempo. Ano passado, o Gabriel David nos ouviu e tentou ajudar de alguma forma. Acredito que, mais para frente, devem realizar outros testes, chamar mestres de bateria, intérpretes… a gente precisa ver para poder opinar, para que seja o melhor som possível e, assim, desempenharmos muito bem o nosso trabalho”, ressaltou.
É na manutenção de uma base bastante azeitada e na pitada de musicalidade do maracatu pop eletrônico do Manguebeat que a Grande Rio aposta em mais um excelente desempenho da bateria de mestre Fafá.
A Unidos da Tijuca realizou, na última quinta-feira, a semifinal de sua eliminatória de sambas-enredo para o Carnaval 2026. Quatro obras se apresentaram em busca de uma vaga na final, que acontecerá no dia 13 de setembro, um sábado. Os três sambas finalistas serão anunciados até segunda-feira. As apresentações mostraram bastante qualidade, mas um samba se destacou com desempenho superior. O CARNAVALESCO analisa o desempenho de cada obra abaixo.
Parceria de Lico Monteiro: A parceria de Lico Monteiro, Samir Trindade, Leandro Thomaz, Marcelo Adnet, Marcelo Lepiane, Telmo Augusto, Gigi da Estiva e Juca abriu a noite, com Wander Pires à frente do samba no palco. Foi uma apresentação que credenciou a obra como fortíssima candidata ao hino da Tijuca em 2026. O samba manteve sua força do início ao fim, sem queda de rendimento. O refrão de cabeça emociona e mexe com os brios do componente, sem comprometer a poesia, seguido de uma belíssima primeira parte, com versos como: “me chamo Carolina de Jesus, dele herdei também a cruz, olhem em mim, eu tenho as marcas, me impuseram sobreviver, por ser livre nas palavras, condenaram meu saber, fui a caneta que não reproduziu, a sina da mulher preta no Brasil”.
O refrão central traz melancolia lírica em belos versos: “os olhos da fome eram os meus, justiça dos homens não é maior que a de Deus, meu quarto foi despejo de agonia, a palavra é arma contra a tirania”. A segunda parte apresenta variações melódicas de grande beleza, como no trecho “meu barraco é de madeira, barracões são do Borel”. Trata-se de um samba extremamente melódico e sentimental, que também se mostrou funcional e potente em sua excelente exibição na semifinal.
Parceria de Gabriel Machado: Charles Silva e Zé Paulo defenderam o samba de Gabriel Machado, Julio Pagé, Robson Bastos, Miguel Dibo, Serginho Motta, Orlando Ambrósio, Jefferson Oliveira e Lucas Macedo, segunda parceria a se apresentar. A obra manteve o alto nível da noite, com um refrão de cabeça sublime: “é verbo que sangra na carne da rua, clarão da justiça onde a noite é crua, a dor e a glória que a Tijuca traduz, em poesia… Carolina de Jesus”. Na repetição, a melodia do último verso já emenda com os iniciais da cabeça do samba, um recurso de grande efeito. A primeira parte tem menos variações melódicas, mas é extremamente inspirada em seus versos, como no trecho: “hoje a reparação tem minha exclamação, inspiração retinta, Bitita frente aos ecos do açoite, quem assina a autoria é Maria cor da Noite”. O refrão central mantém a qualidade: “em versos eu falei com Deus, ensinei aos filhos meus, o alfabeto da alforria, é o povo quem dita o vocabulário, conduz o meu dicionário, a ‘casa de Alvenaria’”. Nas duas últimas passadas, o samba sofreu leve queda de rendimento e a torcida acompanhou com menor ímpeto, mas, no geral, foi uma bela apresentação de uma obra de grande qualidade.
Parceria de Leandro Gaúcho: O samba de Leandro Gaúcho, Anderson Benson, Maia Cordeiro, Clairton Fonseca, Manoel Alemão, Paulo Marrocos, Davison Jaime e Fogaça Picanço teve Wantuir no comando com Wic Tavares no palco. O intérprete teve desempenho visceral, elevando e sustentando a apresentação de uma obra cujo refrão de cabeça é mais aguerrido, com melodia que projeta o samba para cima: “eu sou a voz dos invisíveis da calçada, no fim dessa praça, à sombra da cruz, se existe samba, existe luta, canta Tijuca, Carolina de Jesus (Carolina Maria de Jesus)”. No geral, a melodia apresenta poucos trechos em tom menor, o que reforçou a pegada do samba. A letra, embora menos marcante, tem versos inspirados, como no refrão central: “um quarto de despejo pra quem é Maria, não está na prateleira de nossas memórias, me diga, quando a gente pode ser artista? A tinta preta é que escreve a história”. O samba não alcançou o pico de rendimento dos dois primeiros, mas manteve firmeza até a última passada, ao contrário da parceria anterior, que oscilou.
Parceria de Arlindinho: Igor Sorriso comandou o samba de Arlindinho, Babi Cruz, Diego Nicolau, Adolfo Konder, Felipe Petrini, Luiz Pavarotti, Michel Portugal e Fred Camacho, última obra da noite. A apresentação contou com forte apoio da torcida, que cantou o refrão de cabeça a plenos pulmões nas duas primeiras passadas, sem o auxílio dos intérpretes, aquecendo a quadra e impulsionando a performance. O refrão teve ótimo funcionamento: “levanta a cabeça, preta!, ergue o punho, rasga o véu, tua luta é exemplo pras mulheres do Borel, no prefácio da história a Tijuca é a luz, assina: Carolina Maria de Jesus”. Embora o rendimento não tenha sido tão impressionante quanto nas primeiras passadas, manteve força e levantou componentes até do camarote. Os últimos versos da segunda parte possuem bonita melodia e preparam bem o retorno ao refrão principal: “daqui pra frente todo o mundo vai saber, que o livro é porta aberta para quem quer vencer, rainha, hoje o Carnaval tem a missão, ninguém solta mais a sua mão, e a gloriosa pretitude vai vencer”. É um samba mais funcional, com menos arroubos poéticos, em linha diferente das duas primeiras obras da noite, mas que obteve excelente desempenho na semifinal.
Em mais uma quinta-feira de eliminatória, a Beija-Flor de Nilópolis levou seis sambas para a próxima fase da disputa, com a eliminação da parceria de Junior Trindade. Com o enredo “Bembé”, do carnavalesco João Vitor Araújo, a Azul e Branca da Baixada será a segunda escola a desfilar na segunda-feira de carnaval em 2026. Veja abaixo a análise do CARNAVALESCO.
Parceria de Julio Assis: Uma apresentação apoteótica da parceria. Estilo “rolo compromessor” do nível A nilopolitano. Muita força da parceria. O palco, com Tinga no comando, parecia estar endiabrado. O samba de Julio Assis, Diego Oliveira, Diogo Rosa, Manolo, Julio Alves e Léo do Piso possui totais condições de impulsionar o desfile da Beija-Flor para a conquista do bicampeonato em 2026. O refrão principal com “Isso aqui vai virar macumba” gera uma catarse.
Parceria de Sidney de Pilares: Um dos belos sambas da disputa, mas não teve explosão, que é típica do nilopolitano. Wander Pires conduziu com sua habilidade. A obra de Sidney de Pilares, Marquinhos Beija-Flor, Chacal do Sax, Cláudio Gladiador, Marcelo Lepiane e Salgado João Conga é muito bem construída em letra e melodia, gostosa de ouvir. Porém, a decisão estará muito baseada no que a direção da Beija-Flor deseja fazer no desfile de 2026. Algo mais explosivo ou algo mais técnico.
Parceria de Júnior PQD: O ponto alto foi o refrão do meio. Conseguiu mexer com a torcida com a força do intérprete Pitty de Menezes. A primeira parte do samba é bem superior a primeira. A parceria de Júnior PQD, Ailson Picanço, Nando Billy Mandy, Marcelo Moraes, Geraldo M. Felício e Robson Carlos a cada ano que passa vem evoluindo mais nas disputas nilopolitanas. Tem chance de ir longe na etapa para 2026.
Parceria de Kirrazinho: O samba tem uma consistência muito bom melódica. Passou muito forte na quadra. O refrão principal ajuda demais e o refrão do meio mexe com o público. A obra de Kirrazinho, Gui Karraz, Moisés Santiago, Miguel Dibo, Dr. André Lima e Denilson Sodré tem totais condições de estar na final da Beiaja-Flor. O palco também é potente com Igor Vianna, Tem-Tem Jr e Igor Pitta.
Parceria de Romulo Massacesi: A letra chama a comunidade para cantar. O refrão do meio é bem superior ao refrão principal. A obra dos compositores Romulo Massacesi, Lucas Gringo, André Jr., Nurynho Almawi, Doguinho e Ali Jabr contou com os intérpretes Marquinho Art Samba e Leozinho Nunes. A participação da torcida foi fundamental para o desenvolvimento da obra na quadra. Os versos “O jogo alafiou o meu legado/Respeita pra ser respeitado” mexem com os componentes. Pode brigar para estar na final.
Parceria de Marcelo Guimarães: Encerrou a noite em Nilópolis. Com toda categoria, o intérprete Pixulé conduziu a apresentação. Não era fácil passar após o samba das parcerias 01 e 39. Porém, a obra dos compositores Marcelo Guimarães, Cesar Neguinho, Wander Timbalada, Rogério Damata, Maicon Lazarim e Vander Sinval conseguiu cumprir bem o papel e garantiu classificação para próxima fase.
Na última segunda-feira, 1º de setembro, o Museu do Samba, localizado na Rua Visconde de Niterói, em Mangueira, recebeu o primeiro encontro do ciclo de debates promovido em parceria com o CARNAVALESCO, em comemoração aos 18 anos do portal. O evento marcou o início de uma série de mesas-redondas que seguirá até dezembro, reunindo sambistas, jornalistas, pesquisadores, dirigentes e apaixonados pela festa para refletir sobre memória, patrimônio e os desafios do futuro do carnaval.
Além da participação de representantes do mundo do samba, o encontro contou com veículos de comunicação que cobrem o carnaval durante todo o ano, convidados pelo CARNAVALESCO para fortalecer o diálogo e ampliar a pluralidade de vozes nesse debate tão necessário.
A presidente do Museu do Samba, Nilcemar Nogueira, destacou que a parceria com o CARNAVALESCO nasce da necessidade de unir forças para proteger tradições e promover uma reflexão coletiva sobre o atual cenário da maior manifestação cultural do país:
“Alberto é um amigo de longa data, e a ideia de unir esforços vem do que temos em comum: chamar o público e os envolvidos na construção do carnaval para a reflexão. Já em 2007, quando conduzimos o processo de patrimonialização do samba, todas as ameaças estavam listadas. Hoje, o carnaval está sob forte risco. Esta casa existe para proteger nossos corpos, saberes e tradições e para manter viva a memória de quem carrega essa cultura”, afirmou.
Nilcemar ressaltou que o samba, enquanto patrimônio imaterial do Brasil, precisa ser tratado com mais cuidado e valorização:
“O samba é um grande aquilombamento, uma forma de expressão e de afirmação do povo preto, historicamente excluído. Quando o samba se torna excludente ou não compartilhado com quem é o esteio dele, corremos um risco enorme. Quem sustenta o tronco é a raiz. Se começarmos a cortar essa raiz, a árvore tomba. A parceria com o CARNAVALESCO presta um serviço essencial ao patrimônio nacional, levando essa discussão para um público mais amplo.”
Outro ponto debatido foi a importância de pluralizar narrativas sobre o carnaval. Nilcemar alertou para os perigos de uma única versão da história, principalmente diante do crescimento dos canais de transmissão próprios das escolas e da Liga:
“Quando uma escola ou a própria Liga cria o seu canal, corremos o risco de termos apenas uma forma de contar a história. Já vimos isso antes, com a narrativa do nosso país sendo moldada por um único olhar. Isso ameaça a democracia. A imprensa, como o CARNAVALESCO, cumpre um papel fundamental para que o samba seja contado de forma plural e sensível”.
A presidente também destacou que os encontros oferecem um espaço de acolhimento e escuta para quem dedica a vida ao samba:
“Aqui estão reunidas pessoas que amam o samba, mas também especialistas que acompanham sua evolução há décadas. É essencial que sejam ouvidos e que os debates sejam feitos com sensibilidade. Hoje, por exemplo, ouvimos críticas sobre como o carnaval vem sendo transmitido ‘como se estivéssemos no vestiário’, o que revela uma falta de cuidado e valorização do sambista. Precisamos rever essa relação para envolver mais gente na preservação e no respeito à festa”.
Para Nilcemar, além de ampliar o debate, a parceria tem um papel importante para o próprio Museu do Samba:
“Queremos que mais pessoas conheçam o museu e entendam nossa missão de contar a história social do samba e preservar suas práticas tradicionais. Essa parceria abre espaço para mesas pensantes que discutem não só a memória, mas também as mudanças necessárias para garantir o futuro do carnaval. O samba é patrimônio imaterial do Brasil, e isso exige pensar desenvolvimento humano e social, não apenas o viés econômico ou o uso dos corpos dos guardiões dessa cultura”.
O ciclo de encontros seguirá até dezembro, sempre no Museu do Samba, com mesas que abordarão temas como patrimônio cultural, sustentabilidade do carnaval, preservação da memória e valorização dos sambistas. A proposta é fortalecer o elo entre quem faz a festa e quem a consome, garantindo que o carnaval seja discutido, compreendido e vivido como um bem coletivo.
Primeiros artistas do carnaval a vencerem o PIPA, um dos mais importantes prêmios da arte contemporânea brasileira, Gabriel Haddad e Leonardo Bora apresentarão a instalação inédita “Rebordar”, na mostra que reúne os vencedores da 16ª edição do PIPA e que será inaugurada neste sábado, dia 6 de setembro, das 15h às 19h, no Paço Imperial. Além de Bora e Haddad, a mostra contará com obras dos demais vencedores do prêmio: Andréa Hygino, Darks Miranda e Flávia Ventura. Às 16h30 será realizada uma roda de conversa com os artistas premiados.
Composta por 12 quilômetros de fios de malha, cordas, cordões, cabos de luz e tubos de plástico, utilizados para “costurar” um globo de ferro ao manto carnavalesco, a instalação “Rebordar”, de Bora e Haddad, também utiliza materiais como rendas, pastilhas, galões, franjas, espelhos, paetês, botões, fuxicos e placas de acetato, comumente utilizados no dia a dia dos ateliês que produzem o “maior espetáculo da Terra”. Juntamente com a instalação, os artistas também apresentarão um conjunto de desenhos de projetos de fantasias e carros alegóricos dos desfiles de 2018 e 2022.
“Rebordar” sintetiza vivências, memórias e materialidades carnavalescas: “A nossa estreia na Marquês de Sapucaí ocorreu em 2018, na Série Ouro, quando desenvolvemos, para a Acadêmicos do Cubango, o enredo ‘O Rei que Bordou o Mundo’, uma celebração poética de Arthur Bispo do Rosario. O desfile era encerrado com uma interpretação carnavalizada do Manto da Apresentação, veste ritual e obra de arte que literalmente norteou todo o processo criativo, uma vez que o símbolo escolhido para o enredo foi a bússola-mandala que está bordada no Manto de Bispo. Por uma série de motivos, aquele desfile, materializado com poucos recursos, indicou os caminhos estéticos e narrativos dos enredos que viríamos a desenvolver nos anos seguintes, principalmente ‘Fala Majeté, Sete Chaves de Exu!’, para a Acadêmicos do Grande Rio, em 2022. A vitória do desfile que exaltou as potências de Exu, num carnaval atípico, realizado após o trauma da pandemia, foi um acontecimento festivo, artístico, político e religioso muito poderoso. Exu se alimentava e religava o globo terrestre, na Comissão de Frente, naquela que se tornou uma das imagens mais marcantes da história recente do carnaval. Para nós, artistas que abraçam as vivências e que se entendem como andarilhos, tudo já estava escrito no manto giratório de 2018, no final de um desfile que era aberto por uma Comissão de Frente que também vestia capas e coroas de Exu. O PIPA nos fez pensar nessas circularidades – por isso decidimos elaborar uma instalação que conecta esses dois momentos criativos”, explica Haddad.
“O manto de 2018 é uma peça que já despertava indagações sobre a natureza das construções carnavalescas no barracão da Cubango, local onde começou a ser confeccionado, às margens da Avenida Brasil. Gosto de pensar na palavra “amarração”. As pessoas perguntavam se aquilo era uma escultura ou uma fantasia gigante e passavam horas nos ajudando a colar retalhos. Também escreviam os seus próprios nomes e anotavam pedidos diversos, ou seja, o manto passou a ser uma obra coletiva, um arquipélago de memórias, um grande ex-voto. No desfile, esse manto girava sem corpo, um manto-fantasma, a ausência e a presença do artista que celebrávamos. Ora, aquilo podia e pode ser muitas coisas. Agora, em 2025, conectamos os vestígios de 2018 a um globo de ferro que sintetiza a abertura do desfile que concebemos artisticamente para a Grande Rio, em 2022. A releitura do globo de Exu pode gerar múltiplas interpretações poéticas, o que nos reanima e dá novos significados às memórias que bordamos. É interessante pensar que o manto é uma espécie de palimpsesto, com palavras que se sobrepõem em diferentes tempos. Ele já recebeu materiais que sobraram do processo de feitura dos protótipos das fantasias que idealizamos para o desfile de 2026 da Unidos de Vila Isabel, ou seja, ele já é mensageiro do desfile futuro, habitado pelo amanhã. E esse jogo com as temporalidades, infinito e espiral, isso também é Exu!”, destaca Bora.
Gabriel Haddad e Leonardo Bora, atualmente na Unidos de Vila Isabel, desenvolvem, para o carnaval de 2026, um enredo sobre o sambista e multiartista Heitor dos Prazeres, intitulado “Macumbembê, Samborembá: Sonhei que um Sambista Sonhou a África.” A dupla se divide entre os afazeres diários do barracão, onde as fantasias do desfile vindouro começam a ser reproduzidas e as formas dos carros alegóricos já ganham contornos de ferro e madeira, e outros espaços criativos – palcos, museus, livrarias. Responsáveis pelos figurinos do espetáculo “Aquele Abraço”, do Roxy Dinner Show, estão elaborando as peças para um ato novo, que irá celebrar a riqueza musical de Minas Gerais. A dupla também prepara duas instalações para a exposição “Manguezal”, que irá ocorrer no CCBB Rio de Janeiro, com curadoria de Marcelo Campos e abertura prevista para outubro. Na passarela da literatura, Bora acabou de publicar, pela Editora UFRJ, o livro “Fragmento de Fantasias, Rasuras Ficcionais”, um ensaio em que reflete, entre outras coisas, sobre os desfiles de 2018 e 2022, presentes na instalação “Rebordar”. Em parceria com Vinícius Natal, a dupla finaliza um livro de arte sobre o desfile de 2022 e a transformação de Exu em enredo sambista.
Serviço: Gabriel Haddad e Leonardo Bora – Exposição Prêmio PIPA 2025
Abertura: 6 de setembro de 2025, das 15h às 19h
Exposição: até 16 de novembro de 2025
Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial
Praça XV de Novembro, 48 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Terça a domingo e feriados, das 12h às 18h.
Entrada gratuita
O Salgueiro promove neste sábado mais uma eliminatória da disputa de samba-enredo para o Carnaval de 2026. Sete obras seguem na disputa pelo hino oficial do Torrão Amado. A quadra abre suas portas às 20h30, com o tradicional espetáculo dos segmentos da Academia do Samba: carro de som, Bateria Furiosa, casal de mestre-sala e porta-bandeira, passistas, ala de maculelê, baianas e velha guarda. Logo em seguida, os sambas que seguem na disputa se apresentarão na seguinte ordem, sorteada previamente:
1º samba 06 – Xande de Pilares e Parceria
2º samba 13 – Paulo Cesar Feital e Parceria
3º samba 01 – Bernardo Nobre e Parceria
4º samba 09 – Moisés Santiago e Parceria
5º samba 15 – Marcelo Adnet e Parceria
6º samba 08 – Marcelo Motta e Parceria
7º samba 11 – Rafa Hecth e Parceria
Para quem não puder estar na quadra, a eliminatória contará com transmissão ao vivo pelo canal Salgueiro TV no YouTube, a partir das 23h. E a grande final da disputa está marcada para o dia 27 de setembro, quando, através de um grande show, será conhecido o hino oficial do Salgueiro para o próximo Carnaval.
Em 2026, o Salgueiro levará para a avenida o enredo “A delirante jornada carnavalesca da professora que não tinha medo de bruxa, de bacalhau e nem do pirata da perna-de-pau”, uma homenagem à eterna carnavalesca Rosa Magalhães, a maior campeã da Sapucaí.
Assinado por Jorge Silveira, em parceria com o curador Leonardo Antan, o enredo propõe um cortejo lúdico inspirado no universo criativo de Rosa, com passagens por bibliotecas encantadas, reinos imaginários e personagens dos contos de fadas, da mitologia e do folclore brasileiro.
O Salgueiro encerrará os desfiles do Grupo Especial na terça-feira de Carnaval, dia 17 de fevereiro de 2026, fechando com chave de ouro a última noite de folia na Marquês de Sapucaí.
SERVIÇO
Disputa de Samba-Enredo 2026
Data: Sábado, 6 de setembro
Abertura da quadra: 20h30
Transmissão: 23h no YouTube (Salgueiro TV)
Endereço: Rua Silva Teles, 104 – Andaraí, Rio de Janeiro
Atrações: Show completo do Salgueiro e apresentações dos sete sambas classificados
Vendas Online: Guiche Web
Ingressos – 1º lote
*Pista: R$ 30,00
*Jirau: R$ 50,00 (ingresso + pulseira)
*Mesas (para 4 pessoas com ingresso incluído): R$ 130,00
*Camarote Lateral (15 pessoas): R$ 500,00
*Camarote frontal (15 pessoas): R$ 740,00
Rumo ao Carnaval de 2026, a Acadêmicos de Niterói apresentou, na última quarta-feira, a primeira participação de Vanessa Rangeli como rainha de bateria. A nova majestade da “Cadência de Niterói” teve o seu primeiro encontro com os ritmistas comandados pelo Mestre Branco Ribeiro e já começou a escrever sua trajetória à frente dos tamborins. Vanessa, que será coroada oficialmente no próximo dia 21 de setembro, aproveitou o ensaio para colocar em prática os treinos que vem realizando desde o anúncio de sua escolha. A rainha tem feito aulas de samba com o professor Otávio Luis para aperfeiçoar sua performance.
“Tenho feito aulas de samba para dar o meu melhor na avenida, mas nada se compara em sentir o pulsar da bateria ao vivo, né? Foi uma noite super agradável, pude começar a conhecer os ritmistas assim que quero que seja esse reinado, de muita troca e cumplicidade. Agora a ansiedade só aumenta para a coroação. Estou vivendo um sonho”, disse emocionada.
A coroação de Vanessa Rangeli está marcada para o dia 21 de setembro, durante a festa de lançamento oficial do Carnaval 2026 da Acadêmicos de Niterói. O evento também contará com a apresentação do samba-enredo “Do alto do mulungu surge a esperança: Lula, o operário do Brasil”, homenagem ao presidente Lula, tema que levará a escola à Marquês de Sapucaí no próximo ano.
A comunidade da Unidos do Viradouro vai conhecer a nova musa da escola no próximo sábado, dia 6, no evento que vai movimentar a quadra da escola a partir das 19h e com entrada gratuita.
Natural de São Paulo, Madu Fraga, que vai estrear no Sambódromo carioca em 2026 defendendo a agremiação de Niterói, é rainha de bateria do Vai-Vai. Por isso, segmentos da agremiação paulistana estarão na festa com representantes de seus principais segmentos, ao som da bateria dos mestres Beto e Tadeu, embalados pela voz do intérprete Luiz Felipe.
Também haverá show dos segmentos da Viradouro, com mestre Ciça e seus ritmistas, com Wander Pires, dono da voz oficial da vermelho e branco, passistas e casais de mestre-sala e porta-bandeira. Outra atração da noite será mais uma etapa eliminatória do concurso de samba-enredo, com apresentação das seis obras que ainda continuam na disputa.
A quadra da Viradouro fica na Av. do Contorno, 16, no Barreto. A entrada é gratuita, a mesa está sendo vendida a R$ 160,00 e o camarote, R$ 1.500,00. Informações 21-28280658.
Dando continuidade ao concurso que vai definir o hino oficial do Boi Vermelho para o Carnaval 2026, a Unidos de Padre Miguel abre as portas de sua quadra nesta sexta-feira para a disputa semifinal entre as parcerias classificadas. A noite de festa começa às 22h com muito pagode do grupo Pegablack. Em seguida, o público poderá prestigiar o show dos segmentos da escola, embalados pela voz marcante do intérprete oficial Bruno Ribas e pelo ritmo inconfundível da Bateria Guerreiros da Unidos, comandada pelo mestre Laion.
Logo depois, será dada a largada para a disputa. Três obras sobem ao palco para definir quem seguirá para a grande final, marcada para o dia 13 de setembro. Confira os sambas semifinalistas (em ordem não definida de apresentação):
Samba 7 – Dhema, Carmem Martins, Elaine Porto, Eliz Oliveira, Augusto Cezar e Carlinhos da Farmácia
Samba 13 – Thiago Vaz, Jefinho Rodrigues, W. Correa, Richard Valença, Miguel Dibo e Cabeça do Ajax
Samba 138 – Chacal do Sax, Mateus Pranto, Lico Monteiro, R. Peu, Faustino Feiju, Gigi da Estiva e Igor Federal
A entrada é gratuita até meia-noite. Após esse horário, o valor simbólico de R$ 5,00 será cobrado. A quadra da Unidos de Padre Miguel está localizada na Rua Mesquita, 8 – Padre Miguel, próximo ao Hospital Municipal Albert Schweitzer, com fácil acesso e ampla oferta de táxis e aplicativos de transporte.
Em 2026, a Unidos de Padre Miguel levará para a Marquês de Sapucaí o enredo “Kunhã eté – O sopro sagrado da Jurema”, assinado pelo carnavalesco Lucas Milato. A proposta é uma imersão na trajetória da guerreira indígena Clara Camarão, símbolo de coragem, liderança e resistência feminina no Brasil colonial. O objetivo da escola é conquistar o título da Série Ouro e garantir o retorno ao Grupo Especial.