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Freddy Ferreira: Baterias com grandes contingentes garantem interação nos minidesfiles do Acesso

União do Parque Acari

Com afinação de surdos relativamente grave, os marcadores da bateria da Acari, dos mestres Erik Castro e Daniel Silvai pulsaram firmemente. O balanço da terceira foi percebido, dando amparo para os médios como repique e caixa, que tinham boa ressonância.

Nas peças leves, uma fila de cuícas corretas, mais uma de chocalhos ressonantes e outra de tamborins com desenho simples, mas eficaz completaram a parte da frente do ritmo (cabeça da bateria).

Foi possível notar uma paradinha se aproveitando do impacto dos surdos na cabeça do samba. Já a bossa do refrão do meio gera um swing envolvente, além de terminar com uma nunca rítmica interessante no início da primeira do samba. O clima animado do ritmo da Acari ainda contou com paradinha antes do refrão principal, colocando os instrumentos para o alto e terminando o arranjo com outra convenção, que se aproveita do grave das marcações para consolidar o ritmo.

União de Maricá

Com sua pegada acelerada característica, a bateria da União de Maricá de mestre Paulinho Steves contou com o pulsar grave e com firmeza de seus surdos. Já os surdos de terceira deram um balanço envolvente ao ritmo da “Maricadência”, além do bom preenchimento dos médios, com caixas e repiques.

Na cabeça da bateria cuícas sólidas, agogôs ressonantes, chocalhos de qualidade e tamborins simples, mas eficientes garantiram o preenchimento dos naipes leves mostrando virtude musical.

Uma nuance rítmica dos surdos envolvendo tapas ritmados com agudos e médios comprovou a potência das marcações maricaenses.

A bossa na cabeça do samba foi um arranjo que mesclou impacto sonoro da timbragem mais grave da bateria e o swing das terceiras. Uma elaboração bem feita, que se aproveitou da melodia do samba. De forma geral, toda a criação musical seguiu a pegada de buscar as variações da música unindo potência de tapas conjuntos e ritmados.

Sereno de Campo Grande

Foi possível notar a bateria “Swing da Coruja” de mestre Vinícius relativamente pesada, com sua afinação um pouco mais grave. O balanço das terceiras envolviam alguns momentos cruzando com maior frenesi. Repiques e médios preencheram de forma correta os médios.

Já nas peças agudas, uma ala de tamborins ressonante se destacou, chocalhos, agogôs e cuícas também auxiliaram no ritmo da cabeça da bateria, garantindo o preenchimento das leves.

A bossa do falso refrão com versos invertidos, que antecede o principal, se aproveitou da nuance melódica para a propagação do toque. Já o arranjo da cabeça da primeira utilizou mais o impacto envolvendo o peso das marcações para consolidar a batida.

Em Cima da Hora

Com uma afinação de surdos pesada, os marcadores da bateria “Sintonia de Cavalcante” de mestre Léo Capoeira ditaram o andamento se aproveitando da timbragem grave do ritmo. Já os surdos de terceira preencheram a cozinha da bateria com balanço envolvente, tudo complementado por médios corretos, como repiques coesos e caixas ressonantes.

Na parte da frente do ritmo, uma ala de tamborins correta executou um desenho simples com eficácia. O naipe ressonantes de chocalhos mostrou virtude musical. Assim como uma boa ala de agogôs foi notada, junto de cuícas seguras.

Uma nuance rítmica envolvendo toques intercalados dos surdos de primeira foi percebida na primeira parte do samba. Assim como uma convenção simples, mas musicalmente eficiente no início da segunda da obra.

Já a bossa que ia da segunda até o refrão principal tinha elaboração complexa, além de densidade rítmica. De difícil execução, sua apresentação foi melhorando cada vez que a bateria da Em Cima da Hora a exibia pela pista.

Ja próximo do fim do desfile, os eternos mestres Claudinho Cardoso (Meião) e Henrique Billucka foram homenageados com um bandeirão com os dizeres “Gratidão Eterna”, que ficou sendo agitado dentro da bateria. Um merecido gesto de carinho por parte de quem foi muito influenciado por esses saudosos bambas do ritmo.

Arranco do Engenho de Dentro

A bateria “Sensação” de mestre Gilmar contou com sua afinação tradicionalmente mais grave e particularmente pesada já característica do ritmo do Engenho de Dentro. O balanço das terceiras foi um dos pontos altos da cozinha do ritmo. Repiques altamente ressonantes foram percebidos, juntos de caixas de guerra de bom nível musical.

Na cabeça da bateria, uma ala de tamborins com desenho simples executou muito bem a convenção. Tudo acompanhado por um naipe de chocalhos de nítido impacto musical. Cuícas seguras e agogôs corretos também auxiliaram no preenchimento das peças leves.

Na primeira do samba, uma nuance rítmica envolvendo surdos foi percebida. Mesmo simples, se mostrou bastante eficiente, dando versatilidade a sonoridade produzida.

Já no início da segunda, um balanço único de diversos naipes foi obtido graças um toque ritmado que se aproveitou da síncope para gerar uma batida mais swingada. Um arranjo musical de bastante êxito.

Unidos da Ponte

Uma bateria “Ritmo Meritiense” de mestre Branco Ribeiro com uma afinação acima da média foi notada. Os marcadores de primeira e segunda tocaram com firmeza e segurança. Surdos de terceira deram um swing diferenciado à cozinha da bateria. Que ainda contou com médios eficazes, como caixas de virtude musical e repiques coesos.

Já na parte da frente da bateria da Ponte, cuícas fizeram bom ritmo, integrados a um naipe de agogôs com batida baseada na melodia do samba. Vale ressaltar a boa ala de chocalho, que tocou em sincronia com um naipe de tamborins de nítida virtude musical. Os tamborins, inclusive, ajudaram visivelmente a adicionar a cultura baiana à sonoridade produzida pela “Ritmo Meritiense”.

A bossa de maior destaque juntava balanço de capoeira com solo de atabaques, num grande arranjo produzido para o refrão do meio. Normalmente era exibida, em seguida, uma nuance rítmica repleta de baianidade na segunda. Outra paradinha que merece exaltação é a do refrão principal do samba, também com ritmo envolvente com clima baiano. Um ritmo culturalmente atrelado ao enredo da escola foi produzido, num conceito que pode ser considerado de poderoso impacto sonoro.

Acadêmicos de Vigário Geral

Uma bateria “Swing Puro” de mestre Luygui particularmente pesada foi notada. O impacto sonoro dos surdos era perceptível, principalmente nas bossas. Surdos de terceira deram balanço ao ritmo e em paradinhas. O preenchimento dos médios também esteve em evidência, com bons repiques e caixas de guerra com volume considerável.

Na cabeça da bateria foi possível notar uma ala de agogôs ressonante, junto de cuícas corretas, apresentando bom volume. O naipe de tamborins com nítida qualidade técnica tocou de forma casada com uma ala de chocalhos acima da média, acrescentando virtude sonora às peças leves da bateria da Vigário.

É possível dizer que a nordestinidade presente nas elaboradas bossas foram o ponto alto do ritmo da “Swing Puro”. Todas mesclaram bom gosto, alinhamento com a melodia do samba e pressão com potência das marcações. Tudo com o amparo de surdos profundamente impactantes.

Unidos de Bangu

A parte traseira da bateria “Caldeirão da Zona Oeste” de mestre Laion contou com médios privilegiados, com repiques coesos e caixas de guerra com boa ressonância. Uma bateria bem afinada foi percebida. O impacto sonoro envolvendo os surdos foi notado, inclusive em bossas. As terceiras deram um balanço envolvente à bateria da Bangu.

Na cabeça da bateria, uma boa ala de cuícas foi exibida junto de um naipe de agogôs de virtude musical. Já o naipe de tamborins de nítida qualidade tocou de modo entrelaçado com uma ala de chocalhos bastante ressonante, complementando as peças leves com valor sonoro.

Uma bossa de destaque musical foi o arranjo bem elaborado do refrão do meio. Inclusive, uma nuance rítmica foi notada envolvendo os médios na segunda do samba, logo após a execução dessa paradinha. Outro arranjo de pleno êxito musical foi o da cabeça do samba, fazendo alusão a uma marcha, culturalmente atrelado ao enredo sobre Jorge da Capadócia. A musicalidade dos arranjos, de forma geral, impressionou.

Estácio de Sá

Uma autêntica bateria “Medalha de Ouro” da Estácio, comandada por mestre Chuvisco. Com sua pegada característica e andamento acelerado. Surdos de primeira e segunda foram precisos e firmes durante o percurso. Já o balanço das terceiras estacianas foi um dos pontos altos do ritmo da escola do morro do São Carlos. O complemento de médios se deu de forma sublime, com repiques coesos e retos, aliados a caixas ressonantes, tocadas em cima e com genuína levada de partido alto.

Na parte de frente do ritmo, um naipe de tamborins executou um desenho rítmico simples com eficiência. Uma ala de cuícas segura fez seu ritmo junto de agogôs que tocavam uma convenção baseada na melodia do samba da Estácio de Sá. Uma ala de chocalhos com bom volume auxiliou no complemento das peças leves.

A bem elaborada bossa do refrão do meio gerou um swing envolvente pro ritmo estaciano. Já o arranjo da segunda do samba era complexo e de difícil execução. Principalmente nos trechos em que as caixas de guerra faziam batidas ritmadas, como se tivessem desenhando o samba. Também impressionava seu tamanho, sendo finalizada em meados da primeira do samba, num trecho com atabaques solando e ajudando na retomada do ritmo.

A paradinha de maior efeito energético foi a que começou com solo de atabaques no refrão principal, só terminando no final da primeira do samba. Um arranjo musical extenso, mas de potência e evidente impacto.

São Clemente

Uma “Fiel Bateria” comandada por mestre Bruno Marfim com ritmo mais para frente foi percebida. Sua marcação com afinação mais grave foi notada, bem como o balanço envolvendo os surdos de terceira. Tudo isso complementado por repiques e caixas com bom volume.

Na cabeça da bateria, o destaque ficou para uma ressonante ala de chocalho, que tocou em sincronia com um bom naipe de tamborins. Cuícas seguras também preencheram a sonoridade das peças leves.

Um arranjo musical simples, mas eficiente, deixou a tradicional subida de quatro dos surdos clementiana mais moderna e ritmicamente repaginada.

Outra bossa, iniciada no final da primeira do samba, trouxe um ritmo envolvente para o trecho do refrão do meio. Outra paradinha de impacto foi a do refrão principal, graças à pressão e balanço envolvente dos surdos.

União da Ilha

Uma “Baterilha” dirigida por mestre Marcelo Santos com afinação particularmente pesada foi notada. Marcadores seguros e firmes de primeira e segunda ditaram o ritmo insulano. O balanço das terceiras esteve irrepreensível. Tudo isso complementado de forma luxuosa por repiques acima da média e caixas de guerra altamente ressonantes, com sua tradicional batida rufada sendo impecavelmente executada.

Uma parte da frente do ritmo simplesmente sublime foi apresentada. Um naipe de chocalhos exuberante tocou de forma entrelaçada com uma ala de tamborins com técnica musical bastante elevada. Outra peça leve bastante ressonante foi o naipe de agogôs, com sua sonoridade ímpar. Uma ala de cuícas correta também auxiliou no preenchimento da cabeça da bateria. Na primeira fila do ritmo, seis ritmistas com atabaques vieram tocando, além da importância musical nas bossas, quando adentravam o corredor do ritmo para a execução.

A bossa do refrão do meio uniu swing diferenciado provocado por agogôs, tamborins e atabaques a uma pressão particular dos surdos. Um arranjo altamente musical, plenamente inserido culturalmente no tema da escola e baseado integralmente na melodia do animado samba da Ilha.

Já na bossa iniciada no fim da segunda, um solo de atabaques tocando com baquetas se mostrou musicalmente cativante. Importante ressaltar que quando atabaques tocam com baquetas fazem alusão musical à batida sagrada do Aguidavi.

Acadêmicos de Niterói

Uma bateria da Acadêmico de Niterói, de mestre Demétrius, cadenciada e com afinação privilegiada de surdos foi percebida. Marcadores de primeira e segunda foram precisos e educados. Sem contar o bom balanço envolvendo os surdos de terceira, acrescentando swing à sonoridade. Tudo complementado por médios nitidamente acima da média. Repiques coesos adicionaram molho ao ritmo da “Cadência de Niterói”, bem como um naipe de caixas ressonante amparou musical todas as demais peças do ritmo niteroiense.

Na parte da frente do ritmo, uma boa ala de tamborins executou um desenho simples pautado pela melodia da obra. Tudo interligado a um naipe de chocalhos de virtude musical. As peças leves ainda contaram com uma ala de cuícas equilibrada e segura.

A bossa iniciada no final da segunda, que continua durante todo o refrão principal, possui uma elaboração de muito bom gosto, acompanhando a nuance da melodia para implementar seu ritmo. Esse bem produzido arranjo musical ainda utilizou a diferença entre os mais diversos timbres da bateria, principalmente os surdos de primeira, segunda e terceira para consolidar seu ritmo.

Império da Tijuca

Uma bateria “Sinfonia Imperial” muito bem afinada foi percebida, sob o comando do cada vez mais consistente mestre Jordan. O andamento foi ditado por marcadores de primeira e segunda precisos, além do swing envolvente das terceiras ter sido um dos trunfos da parte traseira do ritmo da verde e branco do morro da Formiga. O preenchimento dos naipes médios se apresentou com bom nível, contando com repiques coesos aliados a caixas ressonantes.

Na parte da frente do ritmo, uma boa ala de cuícas foi notada. Assim como um naipe de chocalhos acima da média, tocou junto com uma ala correta e volumosa de duas fileiras completas de tamborins. O naipe de chocalhos, inclusive, veio com um laço na cabeça e com uma saia longa, ambas na cor verde, vestimentas que fazem alusão a homenageada pelo enredo da escola.

Uma nuance rítmica envolvendo surdos pôde ser ouvida na segunda do samba, demonstrando versatilidade do ritmo da bateria do Império da Tijuca.

A bossa de maior repercussão foi a do refrão do meio, que mesclou pressão do impacto sonoro dos surdos e balanço de diversos naipes. Termina com um arranjo também bem realizado já na segunda do samba.

Império Serrano

Uma bateria “Sinfônica do Samba” de mestre Vitinho com afinação diferenciada foi notada, com seu timbre grave característico muito bem definido. Um trabalho acima da média das caixas de guerra rufadas merece exaltação, bem como um naipe de repiques de técnica musical nítida não passou despercebido. Tudo amparado por marcadores consistentes que ditaram o andamento com os surdos de primeira e segunda. Sem contar o balanço extremamente envolvente das peculiares terceiras imperianas. Mais próximo das peças leves, vieram junto ao corredor atabaques, que foram importantes em bossas, quando entravam pelo corredor do ritmo.

Na cabeça da bateria, um naipe de tamborins virtuoso executou uma convenção rítmica baseada nas variações melódicas da obra. Uma ala de chocalhos com boa técnica também mostrou sua qualidade. Os tradicionais agogôs imperianos simplesmente brilharam. Tanto pela sonoridade produzida, quanto pelo acrescento musical em bossas. As cuícas também foram seguras, auxiliando no preenchimento das peças leves.

A nuance rítmica apresentada no início do refrão principal se mostrou simplesmente deslumbrante, demonstrando eficiência mesmo com uma criação menos elaborada que as demais.

Todas as concepções criativas das paradinhas são baseadas na africanidade pedida pelo samba e com aquele típico toque imperiano envolvendo certa complexidade musical. Tem toque para inúmeros Orixás, em diversos momentos da obra imperiana. A promessa, inclusive, é que a “Sinfônica” leve um grande Xirê para a Avenida. Teve toque de atabaque usando baqueta, fazendo alusão ao sagrado Aquidavi, usado para percussão do instrumento no Candomblé. Uma “Sinfônica do Samba” esbanjando fundamento, garantindo assim uma explosiva apresentação totalmente vinculada ao seu belo samba-enredo.

Inocentes de Belford Roxo

A cozinha da bateria “Cadência da Baixada” da Inocentes apresentou uma afinação grave, sendo comandada somente por mestre Washington Paz no minidesfile. Marcadores de primeira e segunda ditaram andamento com firmeza. O bom balanço dos surdos de terceira foi percebido. O preenchimento dos médios se deu de forma satisfatória, com repiques coesos e um naipe de caixas com bom ressoar.

Na parte da frente do ritmo, o naipe de tamborins e o de chocalhos exibiram bom volume. Enquanto uma ala de cuícas ressonante complementou a sonoridade das peças leves com eficácia.

A bossa do refrão do meio se aproveita do impacto sonoro e bom balanço dos surdos, terminando o arranjo com contratempo.

O arranjo musical do final da segunda, mesmo simples, também se mostrou funcional, pela integração musical nítida, com toda sua criação pautada pela melodia do samba da escola de Belford Roxo.

Unidos de Padre Miguel

Uma bateria “Guerreiros” da Unidos de Padre Miguel comandada por mestre Dinho consistente, equilibrada e explosiva. Uma afinação de surdos acima da média foi notada. Surdos de primeira e segunda ditaram o andamento com imensa categoria, assim como as terceiras imprimiram balanço envolvente ao ritmo do Boi Vermelho de Padre Miguel. O preenchimento da sonoridade com os médios esteve sublime. Com repiques de virtude musical e caixas de guerra extremamente ressonantes, a qualidade da sonoridade produzida pela parte traseira do ritmo foi impecável.

Na cabeça da bateria da UPM, um naipe de cuícas correto foi percebido, bem como uma ala de agogôs profundamente ressonante. Uma ala de chocalhos de qualidade musical tocou de modo entrelaçado com um naipe de tamborins de nítida virtude técnica, que executou um belo desenho rítmico pautado pela melodia. O casamento musical entre chocalho e tamborim foi consistente e constante ao longo de toda execução do samba.

As bossas altamente musicais da bateria da Unidos se aproveitaram das nuances melódicas para consolidar seu ritmo. Totalmente inseridas no enredo, possuem uma típica pegada nordestina, que atrelou a sonoridade ao samba da escola de forma brilhante. São arranjos altamente dançantes, que garantiram a interação plena de componentes da escola, auxiliando no canto e na dança. Vale mencionar que a bossa de maior destaque é a do refrão principal, dando uma pressão considerável, inclusive nas retomadas.

Com um sacode sobretudo energético, até paradão do samba inteiro mestre Dinho resolveu mandar. Fora a já tradicional “bossa 7”, que normalmente se executa em dias de grandes apresentações e clima leve. Uma passagem musicalmente impecável e ritmicamente potente da bateria “Guerreiros”, encerrando o minidesfile jogando o clima lá no alto.

Vale mencionar que o público presente continuou seguindo a bateria “Guerreiros” da Unidos de Padre Miguel após terminado seu desfile, fazendo com que os empolgados ritmistas da escola da zona oeste não parassem de tocar, diante de um povo que mesmo perto das cinco da manhã, só queria sambar e ser feliz!

Constante e organizada, evolução é o trunfo da Mocidade Alegre em ensaio de rua

Por Gustavo Lima e Will Ferreira

Tipicamente paulistana, a noite de sexta-feira foi agitada no Limão, bairro da Zona Norte de São Paulo. Com garoa e vento frio, a Praça Canaã foi a concentração da bateria da Mocidade Alegre, que fez ensaio de rua pelas vias da localidade. Defendendo o enredo “Brasiléia Desvairada: A busca de Mário de Andrade por um país”, concebido por Jorge Silveira e que será apresentado no Anhembi no sábado, 10 de fevereiro, no terceiro horário. A Morada do Samba, como a agremiação é popularmente chamada, volta a ensaiar no domingo.

Diretor de carnaval da Mocidade Alegre, Junior Dentista comentou que o projeto está em bom andamento. “O ensaio da Mocidade Alegre é um diferencial que a gente tem. Não é um evento, é um calendário da escola. Toda sexta-feira tem – até o carnaval. Ali eu vou fazendo por etapas o trabalho. Primeiro eu valorizo o canto, depois o andamento, coreografia e espaçamento. Agora, estou ajustando o andamento e o espaçamento entre as alas para chegar no ensaio técnico tudo certo”, destacou.

Após reestruturação da escola, que não conta mais com diretores de Harmonia, a Morada do Samba passou a trabalhar com lideranças para o quesito. Um deles é Roberto Zangado, há 27 anos na instituição. “A Evolução foi muito boa. Nós tivemos um andamento constante. Não teve parada, buracos e isso já é uma evolução muito grande para nós. Foi constante no caminhar, não teve nem mais e nem menos. Foi sempre na mesma pegada. O canto também está muito bom. Podemos dizer que está no meio do caminho, já. Lógico que precisamos fazer acertos, problemas de letra que a galera não pegou. Muita gente ainda está chegando, mas para agora está bom. É um negócio que, na verdade, nunca vai estar bom. O nível de exigência aqui é um pouco alto. A gente quer sempre melhorar, mas hoje na rua sem o carro de som, deu para ver a escola cantando”, pontuou.

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Aprovando o evento, Solange Cruz Bichara Rezende, presidente da escola, pontuou que a Mocidade da Alegre está em ótimo momento. “Ensaio é para isso: fazer correções. Hoje, a gente está fazendo o trabalho de canto. Por isso, semana sim e outra não a presença do carro de som. É importante ver a comunidade cantar, ver o som com a bateria. É importante a gente saber que, se o som falhar lá no dia, como é que a gente vai. O primeiro ensaio foi sem carro de som e a gente quase fez todos os carros alegóricos, porque lotou muito. A gente quer ver é realmente o canto, a desenvoltura do pessoal, essa coisa de sair um pouco da fileira e ter um pouco mais de descontração. Como não existe vitória sem treino, bora treinar! A escola já está muito condicionada a essa Evolução. O samba, diferente dos outros, a gente não criou nada. O próprio levante de braço (no refrão do meio), foram eles. A escola falou: ‘poxa, vamos deixar livre’. Aconteceu espontaneamente e a gente deixou”, relembrou.

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Vale também destacar o longo percurso do ensaio técnico. Iniciado na esquina das ruas Rocha Lima com a Madalena Madureira, a Morada do Samba desceu a segunda via até a avenida Engenheiro Caetano Álvares, importante logradouro da Zona Norte Paulistana. O trajeto, com cerca de um quilômetro e meio, foi encerrado na quadra da escola, na rua Samaritá – terceira e última via do cortejo. Vale pontuar que integrantes da própria agremiação faziam o isolamento momentâneo dos locais em que os componentes passavam, garantindo segurança e organização a todos os envolvidos.

Comissão de frente

Com camisetas destacando o segmento, os componentes executaram coreografias envolvendo pulos e acrobacias até a saída da avenida Engenheiro Caetano Álvares. Ao chegar na rua Samaritá, elas ocuparam o espaço e fizeram danças mais contidas, sem grandes saltos ou movimentos bruscos, por conta da largura diminuta da via. Um dos integrantes, em determinado momento, precisou deixar o grupo por conta de um machucado; mas, ainda mancando, voltou para o segmento no final do ensaio.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Diego Motta e Natália Lago venceram o desafio de encarar as irregulares ruas da Zona Norte paulistana. Com movimentos contidos a partir da avenida Engenheiro Caetano Álvares (que tinha uma faixa para circulação dos veículos, diminuindo o espaço para o bailado), o casal teve atuação segura, com ótimos giros na rua Madalena Pereira e coreografias já ligadas a versos do samba. Natália, inclusive, estava com o saiote tradicional da fantasia do segmento – tal qual a segunda porta-bandeira da Morada do Samba; ambos estavam com cintas no corpo para treinar troncos e pernas ao peso do figurino. Vale destacar, também, a presença dos guardiões da dupla, que cantaram forte a canção durante todo o evento.

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Harmonia

Conhecida popularmente como “cabeça”, os primeiros setores da Mocidade Alegre surpreenderam com um canto bastante forte e alto. Com até componentes da comissão de frente cantando, as primeiras alas tinham ótima presença no quesito – que, inclusive, se mantinha até a ala das baianas. A partir do tradicionalíssimo grupamento, porém, o canto ficou irregular, com componentes dentro das próprias alas tendo atuação díspare ao cantar. Também vale pontuar que, nos primeiros momentos, os harmonias cobravam os desfilantes, algo que não era visto com tanta frequência no final da apresentação.

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Aqui, é importante pontuar um detalhe bastante importante: a Mocidade Alegre alterna a utilização do carro de som em ensaios – e, no dia 08, foi a vez da agremiação não utilizar o veículo, o que, obviamente, impacta no desempenho do samba. Apesar do apontamento, representantes da escola mostraram-se satisfeitos com o que viram. “A ausência do carro de som pesa bastante, porque ali a gente passa a responsabilidade de eles entenderem que, se o canto falhar, eles que devem continuar. O percurso é longo, o casal de saiote, baianas de saiote… é uma questão de condicionamento físico. Porque a gente sabe que quando coloca a fantasia e, dependendo de como o tempo estiver, baixa a adrenalina e sobre aquele calor. Então o nosso treino é para isso”, pontuou Solange.

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Junior sintetizou a força do canto da Morada com uma informação sobre os bastidores da escola. “Graças a Deus a escola não tem mais fantasia para vender” Como o povo está chegando, eu estou testando o canto no ensaio de rua – por isso a bateria está voltando no meio para compactar a escola e valorizar o canto. Claro que tem algumas pessoas chegando ainda, mas está muito satisfatório”, comemorou.

Evolução

Grande destaque do ensaio de rua, a escola manteve uma impressionante passada inteiramente uniforme do começo ao fim do trajeto. Sem atropelos e nem momentos de queda no ritmo, a Mocidade Alegre mostrou-se extremamente organizada, passando longe de embolar alas e com componentes que mais parecem veteranos de avenida, ajudando uns aos outros em diversos momentos. Um momento inusitado aconteceu já no final do caminho, na rua Samaritá: um carro de bombeiros com sirene ligada passou em alta velocidade, obrigando todos a irem para a direita. Tão logo o veículo passou, a agremiação inteira ocupou seus lugares imediatamente, em um movimento nada ensaiado e que foi a confirmação de um trabalho perfeito realizado pela Morada do Samba no quesito.

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Na visão de Roberto, o trabalho realizado há quase duas décadas ajudou a escola nesse sentido. “Na quadra, a gente vai trabalhar a parte de canto e pegar esse ritmo. Na rua, a gente faz um pré-desfile. Aqui, principalmente na Madalena Madureira, a gente simula um desfile mesmo, com recuo, parada e temos noção do que vai ser na avenida. É uma coisa que a Mocidade faz há mais de 15 anos. Por isso que é muito importante”, ratificou.

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Samba

Sem carro de som, muitos devem imaginar que o rendimento da canção foi muito prejudicado. Não para a atual campeã do carnaval paulistano. Cantado fortemente pelos primeiros setores da escola, a canção teve ótima condução ao longo de todo o trajeto por parte da Ritmo Puro, bateria da Mocidade Alegre, comandada por mestre Sombra desde 1995 de maneira solo. Os ritmistas, por sinal, executaram algumas paradinhas (uma no refrão do meio, outra na segunda estrofe da canção) que foram muito bem recebida pelos demais componentes, que aumentavam o volume do canto em tais momentos.

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Outros destaques

Na corte da bateria, reinou absoluta Aline de Oliveira, há onze anos no posto de rainha. Cria da casa, ela foi ritmista da agremiação, aprendendo a tocar tamborim e surdo de terceira antes de vir à frente de quem faz a Mocidade Alegre pulsar.

Freddy Ferreira: ‘Álbum de sambas de enredo da Liga-RJ 2024 segue modelo de sucesso – Gravações potentes e para sambistas’

Uma gravação para sambistas. O conceito musical fica bem claro a cada faixa apresentada. Ouvindo com fone então, potencializa as virtudes musicais de cada ritmo da série Ouro do grupo de Acesso da Liga-RJ. Não que seja algo inédito, mas o modelo de gravação escolhido se mostra cada vez mais consistente e maduro.

capa liga

Cada bateria teve sua identificação e característica integralmente preservada. É um desafio muito grande apresentar uma equalização de timbres boa o suficiente para gerar a melhor percepção de naipes possível. No caso desse álbum, o objetivo foi atingido integralmente.

Os ritmos ficaram altos dentro do contexto musical, com possibilidade de conferir atenciosamente naipes médios tocando em conjunto, como repiques e caixas. Pode ser considerado um mérito alcançar um resultado ainda mais satisfatório nas peças agudas, onde conferir o desenho do tamborim com o toque do chocalho é totalmente possível. Tudo isso é maximizado com um trabalho que aproveita o impacto grave dos surdos para gerar aquela potência que sambista gosta e ritmista ama em qualquer gravação oficial.

Um detalhe não passou despercebido e precisa ser ressaltado. O belíssimo trabalho envolvendo as cordas na faixa de cada agremiação demonstra o esmero e o fino trato na hora de fazer a mixagem. É prazeroso poder ouvir um álbum que se preocupa tanto com ritmo e com as cordas, pois são essas as bases de sustentação musical para que a voz de cada intérprete seja eternizada no formato de áudio oficial.

As vozes dos cantores valorizaram imensamente cada faixa. São inúmeros os áudios onde houve acrescento musical após a versão concorrente. Com um trabalho bem feito por todos os envolvidos e que tem apresentado consistência, pode ser dito que um álbum dançante e potente foi produzido. Uma pena somente a qualidade de alguns sambas não estar à altura de suas produções musicais. Mas nada impediu que a musicalidade viva de cada agremiação estivesse representada de modo a valorizar virtudes. Um álbum que pensou no conceito de produção que atinge em cheio seu público-alvo. Aquele sambista mais raiz que ouve samba, sobretudo, para ser feliz.

Satisfeita com a troca do enredo, Vigário grava samba-enredo para álbum da Liga-RJ com alegria e uma pitada de Nordeste

Entrando outubro, mês em que as escolas no geral já iniciam as gravações dos sambas para o álbum oficial da Série Ouro, a Acadêmicos de Vigário Geral, já com samba pronto, tomava uma importante decisão e realizava a troca do enredo. Oportunidade em vista de poder colocar um carnaval na rua com mais recursos e poder fazer frente às equilibradas disputas que existem na segunda divisão do carnaval carioca. Indo para o seu quarto ano consecutivo no principal grupo de acesso da folia do Rio de Janeiro e consequentemente na Marquês de Sapucaí desde a volta em 2020, a Vigário tem se mantido sem grandes destaques em termos de resultado. Foram dois décimos lugares e um décimo primeiro. Normal para uma agremiação de grande comunidade mas que ainda está desenvolvendo melhor a sua estrutura. Mas, para 2024, a aposta vem na manutenção do que deu certo como mestre Luygui e os carnavalescos Marcus do Val, Alexandre Costa e Lino Sales e em novos contratados como o diretor Flávio Azevedo e o jovem talento vindo do carnaval capixaba Danilo Cezar, que já brilhou no último desfile pela Acadêmicos de Niterói. Sobre sua chegada na Tricolor da Zona Norte, Danilo ressaltou o carinho com que foi recebido e o espanto com o tamanho do chão da escola.

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Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO

“Foi maravilhoso. A família Vigário é gigante, não tinha noção do tamanho do acolhimento, é uma escola com um chão muito grande, não tinha noção desse tamanho da Vigário. Quando cheguei na Praça do Catolé, desde o primeiro contato, com a presidente Betinha que é uma mãezona, desde toda a diretoria, o mestre Luygui, é uma escola muito quente. Me acolheu muito bem graças a Deus, e tento retribuir todo o dia o amor, o carinho para cada um. Em relação a desenvolver o trabalho ainda morando no Espírito Santo, inicialmente a tecnologia ajuda muito neste processo, mas às sextas-feiras vão ser os ensaios de rua da Vigário no Parque Madureira, e eu vou estar presente em tudo que eu puder e não puder também”, promete o artista.

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Com o enredo “Maracanaú: Bem-vindos ao Maior São João do Planeta”, a Vigário trouxe um samba alegre e festeiro, com muito da cultura nordestina, principalmente na sonoridade. O samba escolhido e desenvolvido através do processo de encomenda tem como autores Tem-Tem Jr, Júnior Fionda, Marcelinho Santos, Jefferson Oliveira, Silvana Aleixo, Rafael Ribeiro, Edu Casa Leme, Sérgio, Valtinho Botafogo, Romeu D’ Malandro e Marcus Lopes. Danilo falou sobre a expectativa por um alto rendimento da obra.

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“O samba é bem diferente daquele que eu cantei ano passado( na Acadêmicos de Niterói), é um samba alegre, um samba com peso, mas leveza ao mesmo tempo, fácil assimilação, com certeza os desfilantes vão cantar junto. Cada parte do samba é bem feita, é uma obra que não fica cansativa, é uma composição que tem partes muito fortes e com certeza a Sapucaí vai cantar, a Vigário vai cantar, e a gente vai para as cabeças “, acredita o intérprete.

Encomenda de samba gerou duas obras

Neste processo de trabalho para o carnaval 2024, a Vigário, como trocou o enredo já um pouco em cima do calendário, já tinha uma obra pronta para o tema anterior. Mas, segundo a presidente da escola, Betinha, a segunda composição feita pelo mesmo time de compositores acabou gerando um resultado até melhor.

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“Nós mudamos o enredo, já tínhamos um samba pronto, tivemos que fazer outro. E nós precisávamos de trocar, porque precisávamos tocar o nosso barracão, a subvenção não saiu e a gente precisava de dinheiro. Então, os seguimentos toparam e a gente caiu para dentro. Foi tudo na correria. Acho que esse samba ficou até melhor que o feito para o outro enredo”, garante a mandatária.

O diretor de carnaval Flávio Azevedo explicou que o processo de encomenda facilitou muito a vida da escola até pela confiança e conhecimento que a agremiação tem em relação aos compositores.

“Facilita porque a gente trabalha com grandes parceiros, Fionda, Tem Tem, são parceiros da escola há muito tempo, conhecem o DNA da agremiação, as entranhas de Vigário Geral, então eles conseguem dar o verdadeiro swing, o verdadeiro molho junto com mestre Luygui, Danilo, vamos levar um grande samba para a Sapucaí “, assegura o diretor.

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Mestre Luygui foi outro que confirmou a eficiência do processo de confecção da obra, garantindo que apesar do tempo curto a bateria pode participar bastante do processo, o que facilitou um melhor entendimento com a obra.

O processo do samba não demorou muito, apesar de a gente ter dois sambas por causa da mudança do enredo, mas o processo foi bem rápido. Os compositores trabalharam bem rápido, por isso ficou fácil de trabalhar. A todo momento a gente sempre estava em contato com eles, com o Danilo. Eu e ele a gente se fala praticamente todo dia, porque no meu entendimento a bateria e o carro de som tem que ter uma conexão, tem que ter uma vibe boa para o trabalho poder fluir perfeitamente. Graças a Deus a gente tem uma conexão muito boa, a gente construiu uma família na Vigário”, revela o comandante dos ritmistas de Vigário Geral.

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Para a presidente Betinha, o desafio é conseguir encontrar vagas para a comunidade desfilar já que Vigário Geral possuiu um grande contingente de interessados em cruzar a Sapucaí com a escola, uma agremiação de chão muito relevante.

“Agora já estamos no terceiro ano na Sapucaí, a escola está mais acostumada, e fica gente me xingando ainda( risos) porque eu não posso botar mais gente que o nosso contingente planejado porque senão vai estourar o tempo. Eu penso nisso também e a comunidade é grande. Graças a Deus as alas já estão todas fechadas”, explica a dirigente.

Swing Puro vai trazer um pouco do Nordeste

Com um enredo que tem São João no nome não pode faltar uma pitada nordestina. Comandando a Swing Puro desde 2020, mestre Luygui como citado acima já desenvolveu uma relação familiar com a escola. Jovem talento do carnaval carioca, o mestre já está cada vez mais à vontade com o desafio de guiar os ritmistas pela Sapucaí. Em 2023, a bateria tomou apenas um 9,9, descartado conseguindo garantir os 30 pontos. Luygui promete um trabalho bastante especial para 2024, que já vai ser sentido na gravação realizada no M&C Studios em Marechal Hermes.

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“A gente já iniciou os ensaios de rua da escola. Acho que a galera vai curtir bastante o que a gente preparou para o carnaval de 2024, o samba é muito legal, fiz algumas coisas que virou marca da Swing Puro, a gente está com umas nossas bem legais e vocês podem esperar uma bateria com pegada, com bom andamento, é um andamento que o samba proporcionou para a gente e isso é muito importante, a gente tem que respeitar o samba, o que ele pede de andamento, a sua métrica. Estamos muito focados para entregar um grande trabalho, um grande espetáculo”.

Sobre os ensaios, o diretor de carnaval Flávio Azevedo lembra que a escola já está na rua e revela que o trabalho de barracão está fluindo bem apesar das mudanças acarretadas pela troca de enredo.

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“A gente já começou os nossos trabalhos de ensaio, na rua inclusive, a bateria já estava ensaiando frequentemente, assim como ala de passistas, comissão de frente, casais. Agora o trabalho é no Parque de Madureira. Em termos de barracão e ateliê a escola está andando, até porque o ateliê a gente já trabalha desde agosto, houve a mudança de enredo e a gente só fez as alterações necessárias que tinham para fazer, e aí tivemos que trocar desenho, trocar protótipos, mas foi coisa bem rápida, os carnavalescos lideram muito bem com essa troca. E no barracão já começamos a todo vapor , já temos dois carros bem adiantados, acredito que até o final de dezembro estaremos como nosso carnaval bem encaminhado”, projeta o diretor.

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Em 2024, em seu quarto carnaval seguido no principal grupo de acesso do carnaval carioca, a Vigário Geral será a terceira escola de sexta-feira, primeira noite de desfiles da Série Ouro.

Gravação de Parque Acari conta com experiência de Leozinho Nunes para multiplicar o trabalho de jovem equipe da escola

O ano de 2024 com certeza será muito especial para a União do Parque Acari que vai estrear na Sapucaí. Fundada em 2018, a escola só perde para a Acadêmicos de Niterói o posto de caçula da Série Ouro. Tendo a responsabilidade de abrir o carnaval do principal grupo de acesso da folia carioca, a agremiação aproveitou uma oportunidade de mercado e trouxe Leozinho Nunes, com diversos anos de Grupo Especial, para reforçar os quadros da Parque Acari. Nos últimos dois carnavais, Tainara Martins foi a voz oficial da escola ao lado de outros cantores. Após a saída da São Clemente, Leozinho revelou em entrevista ao site CARNAVALESCO que a atenção e o carinho dado pelo presidente da agremiação da Zona Norte, Carlos Eduardo (Dudu).

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Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO

“Quando eu saí da São Clemente, o presidente Dudu me ligou, mas não para me convidar para cantar na Parque Acari, e sim para perguntar se eu estava bem. E aquilo me tocou porque a gente não se fala todo dia, a gente se conhece pelo trabalho de pagode que ele me chama para fazer. Depois Deus me guiou para Acari e o projeto é muito bom. Eu agradeço muito por essa oportunidade, a Deus primeiramente, ao presidente e a toda a comunidade do Parque Acari, e eu chego para multiplicar no trabalho que a escola já vem fazendo há anos e quer alcançar vôos muito maiores. Eu chego para multiplicar isso junto com a Tainara, essa cantora maravilhosa. Vamos iniciar o trabalho na Série Ouro pensando em voos maiores, mas com toda a humildade do mundo”, projeta o intérprete.

Para a cantora Tainara Martins, a chegada de Leozinho Nunes representou uma oportunidade de aprendizado com o cantor, mais experiente no carnaval, com alguns anos de Grupo Especial inclusive.

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“Para mim é motivo de muita honra dividir com ele o microfone, pode compartilhar da sabedoria dele como intérprete, ele está há muito anos, estou aprendendo muito com ele. O Léo não só canta como tem muito carisma, a comunidade já abraçou ele, este trabalho tem tudo para dar muito certo como já vem acontecendo”, espera a profissional.

Para este grande momento de chegada a Série Ouro, o Parque Acari vai apresentar o enredo “Ilê Aiyê, 50 anos de luta e de resistência”, desenvolvido pelo carnavalesco André Tabuquine e que vai falar sobre o primeiro bloco afro do Brasil, reconhecido como patrimônio da cultura da Bahia, o movimento cultural foi fundado por Antônio Carlos, o Vovô do Ilê, em primeiro de novembro de 1974, no bairro do Curuzu, em Salvador, e tem como objetivo lutar contra o racismo, além de dar representatividade às raízes africanas, divulgando a arte em geral, como a música e dança. Durante a apresentação oficial do samba em Acari, o presidente Dudu falou sobre a responsabilidade que a agremiação tem de abrir o carnaval carioca na Marquês de Sapucaí.

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“Como todas as nossas co- irmãs, sempre nos dá aquele frio na barriga, ainda mais sabendo que nós somos a caçulinha do Carnaval carioca. A comunidade do complexo do Acari Amarelinho atravessa muitos percalços durante o ano, que precisa muito do poder público, mas que tem uma coisa muito boa que é a alegria das pessoas. O povo que vive aqui é muito descontraído, que gosta da cultura brasileira e, com certeza, vai abraçar a escola nessa estreia na Marquês de Sapucaí. O tamanho da responsabilidade é grande, mas para a gente que vem trabalhando o ano todo, com certeza, vamos tirar de letra e fazer um grande espetáculo. Tenho fé que vamos atravessar esse desafio com a maior tranquilidade possível”, declarou o dirigente.

Samba alegre é a receita para esquentar logo a Sapucaí

Após uma competição interna, a obra, de autoria de Jorginho Moreira, Alexandre Reis, Márcio de Deus, Professor Laranjo, Gigi da Estiva, Binho Araújo, Jr. Professor, Madalena, Odmar do Banjo, Raphael Krek e Telmo Augusto, derrotou outras oito e saiu-se vencedora. Com um enredo que tem como protagonista um bloco de carnaval da Bahia e toda a sua representatividade, a música e a alegria precisam estar presentes no samba que vai para a Sapucaí. Na gravação no M&C Studios em Marechal Hermes já se pode perceber esse frisson com introdução tendo influência da música baiana. O intérprete Leozinho Nunes falou mais sobre a expectativa em relação ao rendimento da composição que vai embalar o carnaval da União do Parque Acari.

“A faixa da Acari vai ser muito alegre, espontânea, vai ser um samba para o povo cantar, o carnaval precisa de sambas leves como esse, e junto com a minha alegria, com essa bagunça que eu faço, a Tainara , e eu disse para ela não vamos usar só a sua voz, vamos usar a expressão corporal também, vamos nos mexer muito, vamos dançar, vamos brincar com a comunidade. E ela já está se soltando muito. O trabalho vai ser muito bacana junto também ao carro de som, ao presidente Dudu e a comunidade”, projeta o cantor.

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Já a cantora Tainara Martins, a comunidade já vem chegando com muita vontade no canto e vai chegar ainda mais a partir dos ensaios e eventos.

“A faixa vai animar muito a comunidade, a escola está participando, a comunidade está comparecendo aos ensaios, está cantando, está chegando junto e queremos trazer eles ainda mais”.

Bateria fez preparação especial para a gravação

Um dos momentos de maior responsabilidade em uma preparação para um carnaval é a gravação oficial da faixa para o álbum da Liga. Se tratando de uma novidade para muitos quadros da escola e participantes do trabalho, cada agremiação busca se preparar da melhor forma. Desde o desfile passado comandando os ritmistas da União do Parque Acari , os mestres Erik Castro e Daniel Silva fizeram ensaio e apesar dos arranjos que serão percebidos na faixa, ainda vai ficar alguma coisa só para a Avenida.

“Fizemos ensaio para definir os arranjos para 2024 e aí dentro dessa reunião a gente retirou algumas coisas, não tudo, para colocar na gravação. A gravação já é o início de um processo pra gente, creio que bate uma ansiedade mas a expectativa está boa, estamos com a mente tranquila, a gente sabe a dificuldade que vai ser, sabe do compromisso, e temos uma equipe forte para chegar e fazer um trabalho bacana. A gente costuma ensaiar às quintas-feiras, às vezes também tem aos domingos quando a escola faz ensaio na rua, lá mesmo em Acari e na comunidade do Amarelinho”, explica Daniel Silva.

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Esta preparação tem envolvido a escola toda. Os diretores de carnaval Cida Lima e Xande Ribeiro revelaram durante as gravações para a faixa da Série Ouro, que o trabalho está a todo vapor com o envolvimento de todos os segmentos.

“Tivemos bastante reuniões, ensaio continua tendo e de forma árdua, estamos sempre participando, a direção de carnaval está trabalhando duro , dia e noite para a gente tentar fazer o melhor para a escola. A vontade é botar a escola na Avenida com muita garra, que é o que a gente tem”, explica Xande.

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“Fizemos um ensaio antes do dia da gravação com os cantores, Leozinho e Tainara . Estamos muito felizes por participar de todo este processo. É a gravação do álbum, depois vamos ter o ensaio técnico, nosso trabalho mais particular com a comunidade, e aí o grande desfile que para a gente é um sonho que está começando a ser realizado. Saí da Intendente Magalhães e ir para a Sapucaí. A comunidade está muito feliz. Vamos ensaiar todas as quintas-feiras com a comunidade e aos domingos vamos ter feijoadas”, conta Cida Lima.

Estreando na Série Ouro, a União do Parque Acari vai abrir a maratona de apresentações na Marquês de Sapucaí na sexta-feira de folia, dia 09 de fevereiro.

Serrinha grava faixa do álbum da Liga 2024 buscando encontrar no passado as bênçãos para caminhar em direção ao futuro

Para muito imperiano ainda dói bastante. Depois de ver um gigantesco, bonito e nostálgico desfile, ainda mais emocionante por homenagear o baluarte Arlindo Cruz, o rebaixamento da escola, para muitos de forma injusta, acabou sendo um balde de água fria. Mas se engana quem espera encontrar o Império Serrano abatido. A agremiação que esteve no Grupo Especial em quatro oportunidades nos últimos 15 anos, pouco para uma escola tão tradicional e que leva em entre suas glórias, nove títulos na elite do carnaval carioca. Por isso, a Serrinha teve que subir mais uma vez e desta vez ficar, amparada por dois excelentes carnavais nos últimos dois desfiles. De presidente novo, Flávio França, colhendo ainda os frutos da última gestão que deu uma nova repaginada para a instituição, o Império tem grande confiança em uma aposta da direção anterior que segue com muita moral entre diretoria e comunidade: mestre Vitinho. Em seu “batismo” no Grupo Especial, o comandante da “Sinfônica do Samba” gabaritou o 30, tendo apenas um 9,9, que foi descartado, garantido nota completa para a escola no quesito. Já um veterano no Império, mestre Vitinho falou sobre o sentimento que tem observado da escola neste momento em que precisa se superar mais uma vez.

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Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO

“A Serrinha é gigante, tivemos o descenso no carnaval passado, no início ficamos bem tristes porque trabalhamos para caramba e infelizmente o resultado não veio. A gente acredita muito no nosso chão, na nossa comunidade, no meu caso, eu acredito muito no potencial dos meus ritmistas, trabalhamos bastante já há uns sete meses. Temos um belíssimo samba, traz mais confiança e dá mais gana de a gente vencer, de querer fazer acontecer no próximo carnaval, com toda a humildade. Estamos trabalhando com muita vontade e muita fome. No último carnaval não conseguimos o resultado, tivemos um descenso, porém temos confiança de que fizemos um carnaval bom, um bom desfile. E para o próximo temos um samba muito bom, nova energia, com uma galera nova na escola. E a obra está sendo muito bem elaborada para a galera que vai consumir, que possam ficar bem satisfeitos com o que vão estar escutando”, promete o diretor da Sinfônica do Samba.

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Para chegar a esse momento de respeito que adquiriu na escola, mestre Vitinho lembra que em 2020 muita gente o via com grande desconfiança, até pela idade e pelas exigências que uma escola tão raiz como o Império apresenta.

“O Império Serrano é uma família, uma escola de samba que abraça. No início muita gente ficou com receio, com o novo, tinham dúvidas se iria dar certo. Graças a Deus conseguimos fazer um bom trabalho, hoje a galera confia. E, eu sempre tive carta branca para trabalhar, o ex -presidente Sandro Avelar desde o início sempre me dava carta branca, o que é bem bacana. A gente consegue sentir o clima da comunidade, a gente pulsa por eles, então, é a junção de energias que vem dando certo, e para o próximo carnaval vai dar mais certo ainda”, assegura o mestre.

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Quem pretende seguir os passos de Vitinho na Serrinha, é o intérprete Tem-Tem Júnior. Após três desfiles defendendo as cores do Acadêmicos de Vigário Geral, e fazendo parte do carro de som do Império Serrano no último desfile como apoio do Ito Melodia, o cantor foi anunciado em março deste ano. Como intérprete oficial, Tem-Tem defendeu escolas tradicionais, como Caprichosos de Pilares, Em Cima da Hora, Unidos de Bangu, dentre outras. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, durante as gravações da faixa da Verde e Branca de Madureira em Marechal Hermes, o cantor revelou que já possuiu uma história com a agremiação que veio de família.

“Cantar no Império é diferente de tudo que eu já passei na vida. Eu cresci escutando a história do Império por ter minha família envolvida, são grandes apaixonados, grandes imperianos, meu avô é um dos poetas que mais marcou no Império, dono de ‘Lenda das sereias’, dono de ‘Cai, cai, quem mandou escorregar’, ele fazia com muito amor e junto com os parceiros dele. Eu sigo o legado e esse legado está sendo mais do que marcante, emocionante. Cantar no Império representa muito, pela minha idade, me considero jovem. Me honra muito estar representando o microfone 01 desta escola”, afirma Tem-Tem Jr.

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E pensando no futuro, o jovem intérprete que também vem fazendo fama no ramo das composições de samba-enredo, espera ficar por muitos anos na Serrinha e seguir os passos de quem venceu a desconfiança e hoje é referência para a comunidade do lado verde de Madureira.

“A Serrinha me abraçou, a diretoria tem me tratado muito bem e vem honrando com nossos compromissos. Eu pretendo ficar aqui por muitos anos. Minha vontade é fazer a história que o Vitinho vem fazendo. Ele entrou muito criticado por ser novo, e o Império tem aquela tradição raiz, mas ele mostrou que o novo pode sim se adequar ao perfil da escola e é isso que eu quero. Mudei um pouco o meu jeito de cantar, menos cacos, menos gritaria, o Império é mais raiz. Isso vem fazendo bem para o meu crescimento, não posso negar. Vivo um dos melhores momentos no meu lado profissional”, complementa o artista.

Gravação terá marcas nostálgicas da Serrinha e elementos referentes ao enredo

Trazendo para o carnaval 2024 o enredo “Ilú-ọba Ọ̀yọ́: a gira dos ancestrais”, desenvolvido pelo carnavalesco Alex de Souza, cuja a proposta é realizar uma grande louvação aos orixás em forma de xirê, o Império Serrano escolheu já no início de novembro a obra dos compositores Aluisio Machado, Carlos Senna, Andinho Samara, Jefferson Oliveira Nunes, Carlitos Ambrósio e Marcos R. Valença. Como o enredo pede, mestre Vitinho explicou que já na gravação da obra, no M&C Studios, procurou trazer toda a africanidade e espiritualidade do enredo, transformando a composição em um grande xirê.

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“Estamos levando um arranjo bacana, o samba é um xirê, nada mais justo do que fazer jus ao enredo, e na cabeça do samba a gente está fazendo um xirê, um toque para alguns orixás que são citados. Então, a todo momento que cita Ogum, Xangô, estamos fazendo alguns toques. Pode esperar grandes arranjos, vai ser um grande desfile na Marquês de Sapucaí”, revela o comandante da Sinfônica do Samba.

Um ponto que deve mexer com todo o imperiano raiz é a presença de duas vozes muito conhecidas da Serrinha. No alusivo da escola na faixa oficial da Liga RJ, Jorginho do Império e Quinzinho, ex-intérpretes do Reizinho de Madureira, gravaram suas vozes marcantes, meio que abençoando o intérprete oficial Tem Tem Jr neste novo momento da agremiação. Sobre o samba, Tem Tem, que assinou algumas obras da Série Ouro este ano em parceria, elogiou a obra que o Império vai levar para a Sapucaí projetando o crescimento durante este processo até fevereiro do próximo ano.

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“Nesse grupo deve ter uns cinco sambas meus no meu lado de ser compositor. Eu não vou diminuir minhas obras que foram feitas junto com o meu parceiro que é o Júnior Fionda. Essa obra é dele também. O Império sem dúvida tem pelo menos o Top 3 do Grupo de Acesso, sem diminuir qualquer bandeira, a safra é genial. O Império sempre vem com grandes sambas e essa obra é marcante, para ficar na história, até pelo desfile que será feito. Tenho certeza que será um grande desfile e a comunidade abraçou”, espera o cantor.

Processo de disputa facilitou o trabalho de gravação e de ensaios

Uma das últimas escolas a gravar a faixa da série Ouro, por ter sido uma das últimas a escolher o samba, o Reizinho de Madureira não dormiu no ponto e começou a preparar a comunidade antes mesmo da final realizada no início de novembro.

“A gente sabe que hoje o processo de samba-enredo está muito complicado, e quando a gente recebeu as obras fizemos uma eliminatória curta, mas trabalhamos internamente com os segmentos para as pessoas aprenderem os sambas, qual fosse o campeão a galera já estaria com o samba na ponta de língua. Internamente trabalhamos bastante os sambas da disputa para facilitar esse processo de gravação e depois de aprendizado da comunidade”, explica o diretor de carnaval do Império Serrano, Jeferson Carlos.

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Já Tem Tem foi pelo mesmo lado, ressaltando que a escola esteve unida, em uma disputa sadia que facilitou o trabalho e que vai ajudar a obra crescer cada vez mais.

“No próprio anúncio o samba foi aclamado. Estou muito feliz. É um dos sambas que lá no início me tocou, tinham grandes sambas na disputa, foi uma disputa saudável, foi correta. Vamos seguir fazendo um trabalho forte para que o samba cada vez mais se torne mais forte. Espero emocionar a cada coração imperiano e vamos fazer história”, finaliza o intérprete aproveitando um dos seus bordões.

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Para Jeferson Carlos o momento agora passada a gravação e com o samba indo para a rua é a escola dar prosseguimento ao trabalho de treinos com a comunidade que a Serrinha já vem fazendo, aproveitando cada momento para que a obra esteja cada vez mais na ponta da língua dos componentes.

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“O processo de escolha fluiu como a gente planejou, do jeito que a gente tinha organizado. Já estamos a todo vapor com nossos ensaios e a tendência é seguir toda semana a nossa preparação, sendo diversificado, na quadra, na rua, Parque Madureira, a gente vai andar conforme a necessidade, porque também contamos com a meteorologia. Se isso ajudar, a gente vai fazer na rua e no Parque. Caso algo aconteça, a gente volta para a quadra para não perdermos nosso tempo de ensaio”, conclui o diretor.

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Em 2024, o Império será a oitava agremiação a cruzar o Sambódromo da Marquês de Sapucaí no sábado de Carnaval, dia 10 de fevereiro, encerrando a maratona de apresentações da Série Ouro, em busca do retorno imediato ao Grupo Especial.

Debate escancara importância do carnaval em geração de emprego e renda para o município do Rio

O Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) e a Prefeitura do Rio de Janeiro organizaram o debate “Cultura Popular, Economias Criativas e Desenvolvimento Local”, na noite de quinta-feira, com presença de representantes de festas populares latino-americanas, no Palácio da Cidade. Os membros da mesa falaram sobre o impacto de festas como o carnaval para o desenvolvimento econômico-social do país e a formação de identidade nacional. O vice-prefeito do Rio de Janeiro, Nilton Caldeira, deu início ao evento celebrando a abertura de diálogo entre a Cidade Maravilhosa, o CAF e toda América Latina e apresentando um panorama do carnaval na cidade. O prefeito Eduardo Paes não pôde estar presente na reunião.

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Fotos: Matheus Vinícius/CARNAVALESCO

“A cidade do Rio recebe 5 milhões de pessoas para viver o carnaval. O impacto econômico para a nossa cidade é de R$ 4 bilhões. Turismo, Economia, Orgulho e Diversidade são os principais pilares dessa festa. São mais 46 mil trabalhadores, entre servidores, ambulantes e equipes de Sambódromo, envolvidos, além de 15 órgãos da prefeitura atuando diretamente com a Comlurb e a Guarda Municipal. Para além da época da festa, durante todo ano, dentro e fora do país, existem atividades com trabalhadores envolvidos em fantasias e alegorias dentro dos barracões, apresentações do nosso carnaval no exterior, como em Londres e Nice, que proporcionam viagens e custeio para o pessoal das escolas de samba; e toda uma estrutura educacional desde a música e adereços até oficinas para as criança de toda comunidade”, discursou Nilton Caldeira.

O evento contou com o painel “Gestores, Governos e Bancos de Desenvolvimento” em que líderes de diferentes festas populares latino-americanas demonstraram o impacto do investimento em cultura. Estiveram presentes Rafaela Bastos, presidente da Fundação João Goulart, a gerente do Carnaval de Baranquilla, Sandra Gómez, o presidente do júri do Carnaval de Montevidéu, Ramiro Pallares, a vice-ministra da Cultura da Argentina Lucrecia Cardoso, o ministro de Economia e Finanças de Barbados Ryan Straughn e Luciane Gorgulho, chefe de Departamento de Desenvolvimento Urbano, Patrimônio e Turismo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

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Cria da Estação Primeira de Mangueira, a gestora pública e geógrafa Rafaela Bastos preside a Fundação João Goulart, instituto municipal responsável por criar estratégias para melhorar as políticas públicas para a população carioca. Rafaela ressaltou durante sua fala a importância de marcar o Carnaval enquanto política pública e um produto produzido por pessoas de regiões mais vulneráveis.

“Para nós pensarmos no Carnaval do Rio de Janeiro, nós temos que territorializar a informação. Entender o Carnaval, imaginá-lo com vetor da economia criativa e tê-lo como exemplo para a economia criativa é assertivo, porque eu entendo que o Carnaval também se produz e se expressa, inclusive economicamente, de maneira sistêmica. Especificamente no Carnaval, tem que pensar em tempo, ou seja, a origem das coisas, como a gente faz essa produção de conhecimento e saberes, onde fazemos, ou seja, onde se faz samba, onde se faz carnaval, quais territórios e em quais condições. O carnaval deve ser entendido como política pública, porque, na cidade do Rio de Janeiro, o desenvolvimento dele acontece em territórios vulneráveis. É também desenvolvimento humano. Isso é extremamente relevante porque, além de produzir uma cadeia produtiva com potência econômica, tem a confirmação de uma cadeia produtiva de valor, no melhor significado da
palavra, e tem também o melhor significado para a palavra ‘economia’ – a integração dos recursos que são finitos e escassos e tem a capacidade de desenvolver pessoas, serviços e territórios produzindo bem-estar social.”, destacou a presidente da Fundação João Goulart.

Durante o debate, Luciane Gorgulho, do BNDES, demarcou a relevância da economia criativa para ao Brasil e a contribuição positiva do Rio de Janeiro nos números:

“Os últimos números que temos do Brasil é que a Economia Criativa representa 2,9% do PIB e emprega quase 1 milhão de profissionais com carteira assinada. No Rio de Janeiro, como não poderia deixar de ser, a economia criativa representa 4,8% do PIB, acima inclusive de São Paulo, o que mostra a contribuição do Carnaval, das festas populares e de outras atividades culturais representam para a cidade do Rio de Janeiro”, informou Luciane.

O secretário de Desenvolvimento Urbano e Econômico do município do Rio de Janeiro Chicão Bulhões esteve presente no evento e conversou com o site CARNAVALESCO sobre o investimento da cidade no Carnaval a partir dos dados coletados no relatório “Carnaval de Dados”.

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“A primeira coisa que nós fizemos foi jogar luz sobre esse tema, com a Rafaela [Bastos] disse. O Carnaval do Rio, instintivamente, era importante, mas quando colocamos em dados mostrando que movimenta R$ 4,5 bilhões, 45 mil trabalhadores e movimenta uma arrecadação importante para a Prefeitura, obviamente a situação muda de figura. A gente passa a mostrar os dados que sustentam a importância do Carnaval para a economia do Rio. E agora temos uma nova economia do conteúdo e acredito que cada vez mais a economia criativa será central nessa nova forma de interação no dia a dia da economia”, disse o secretário.

O subsecretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação, na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico, Marcel Balassiano acrescentou que o Carnaval vai além dos números e do retorno financeiro e comentou sobre as expectativas para 2024.

“O Carnaval é cultura, festa, evento, mas é sempre importante lembrar que também movimenta economia e é desenvolvimento econômico. Obviamente este não é o principal pilar. Se não houvesse nenhum retorno econômico, por si só, pela sua ancestralidade, o Carnaval teria que existir. Mas, além disso, movimenta bilhões de reais para a economia, gera milhares de empregos. É muito importante isso ser ressaltado, principalmente, para as pessoas que por algum motivo não gostam, destratam ou falam mal do Carnaval. Tem que mostrar que fevereiro é quando a cidade mais arrecada imposto em Turismo. A expectativa para 2024 é a melhor possível. Nós passamos por esse período complicado da pandemia, mas agora é só crescente. 2023 já foi um ano que voltou a ter o Réveillon normal e o Carnaval na sua data original. O Carnaval 2024 já começa depois do Réveillon com o começo dos ensaios técnicos, fora que os ensaios de rua já começaram”, declarou o subsecretário.

Carnavais em outros países

Além do carnaval carioca, o debate abordou festas populares e carnavais de Montevidéu (Uruguai), Barbados, Argentina e Baranquilla (Colômbia). O ministro de Economia e Finanças de Barbados Ryan Straughn ressaltou a importância de apresentar o festival da colheita, por exemplo, para as novas gerações e promover esse aprendizado.

“É muito importante expor nossas crianças e nossos jovens à cultura. Nós patrocinamos iniciativas para jovens para que possamos levar a nossa cultura para as próximas gerações. A partir do festival da colheita, vemos o desenvolvimento dos jovens, não só na área da música, mas na área da tecnologia também.”, informou o ministro.

Já a gerente do Carnaval de Baranquilla Sandra Gómez falou mais sobre a identificação da cidade e do país e como isso é traduzido no orgulho de ser “carnavalero”.

“Estamos muito orgulhosos de comemorar 20 anos de Patrimônio Imaterial da Unesco. Precisamos de alianças com outras festas e outros carnavais, como o do Rio. Queremos mais que quatro dias de Carnaval, queremos incentivar o pré-carnaval e mais datas ao longo do ano. Temos muito orgulhoso de sermos ‘carnavaleros’. É muito importante que nossas danças representem nossa identidade e ultrapassem os limites da Colômbia”,  comentou Sandra Gómez.

Ao falar sobre o carnaval que dura 40 dias, o presidente do júri do Carnaval de Montevidéu Ramiro Pallares descreveu melhor a festa e relembrou a pandemia.

“O carnaval de Montevidéu tem um componente de artes cênicas e atualmente nós temos 30 palcos pela cidade, com o concurso oficial. Durantes os anos foram crescendo os agrupamentos. Quando tivemos a pandemia, tivemos que parar o carnaval e não tínhamos subsídios para ajudar os nossos artistas.”, disse o presidente do júri.

A vice-ministra da Cultura da Argentina Lucrécia Cardoso ressaltou a importância de uma política interseccional entre Ministério da Cultura e Ministério do Turismo para alavancar as festas populares.

“Mais de mil cidades da Argentina tem festas populares e isso dá um panorama da economia criativa. Existe uma política pública de apoio aos festivais. Existe um trabalho interseccional entre o Ministério da Cultura e o Ministério do Turismo. Isso gera inclusão humana”, expôs Lucrécia Cardoso.

O evento se encerrou com a exibição da bateria da Mangueira e casal de mestre-sala e porta-bandeira. Além disso, os convidados puderam observar a exposição “O Carnaval que ninguém vê: o encanto da arte fotográfica na Sapucaí”, do fotógrafo Riccardo Giovanni.

Completa, Tijuca realiza primeiro ensaio de rua e mostra força da comunidade

Da comissão de frente ao último setor. Com a escola completa, a Unidos da Tijuca mostrou a força de seu chão e iniciou com o pé direito, na noite da última quinta-feira, a temporada de ensaios de rua para o próximo carnaval. Nem mesmo o forte calor em plena 21h atrapalhou os componentes e segmentos, que prometem bastante entrega na busca por um bom desempenho e do retorno ao desfile das campeãs. Na última década, a escola conquistou três campeonatos (2010, 2012 e 2014) e é, junto com a Beija-Flor, a maior vitoriosa do período.

Segundo o diretor de carnaval da agremiação, Marquinho Marino, começar os ensaios de rua em dezembro foi uma estratégia para aprimorar o canto da comunidade e tirar dúvidas dos componentes. Antes de ir para a rua, a Tijuca realizou na quadra da escola de samba, ao longo de novembro, três ensaios com a comunidade,

“Acredito que eu e o Fernando (Costa) tivemos o mesmo pensamento. Não adianta ir para a rua sem o samba dominado pelos componentes. Tivemos vários ensaios de quadra para tirar dúvidas, corrigir uma palavra errada ou uma entonação do componente um pouco diferente. Não adianta ir para a rua fazer ensaio sem ter organizado a escola – principalmente em termos de canto. Pelo o que aconteceu hoje, acredito que fizemos o certo. Agora é seguir o trabalho”, diz o diretor de carnaval.

Segundo a direção, cerca de mil componentes marcaram presença no ensaio desta quinta-feira. Para Marino, a avaliação pós-ensaio é positiva e a expectativa é que, aos poucos, até a chegada do ensaio técnico na Passarela do Samba, a escola evolua cada vez mais. Sobre o minidesfile na Cidade do Samba, que ocorreu no último sábado, ele lembra que a agremiação ainda não tinha ido para a rua.

“Eu achei muito bom. A quantidade de componentes até me surpreendeu. Muita gente se inscreveu nas alas. Primeiro ensaio, a equipe está se conhecendo ainda mais. Trabalho de quadra é uma coisa e ensaio de rua é outra. A gente foi para o minidesfile sem ter ensaiado na rua – e caso contrário, com certeza, teria sido bem melhor, mas faz parte. Tecnicamente não dá para exigir muito de um primeiro, essa não é a intenção. A intenção maior é tirar o ‘ferrugem’, voltar a cantar o samba, fazer deslocamentos. É natural cada vez mais crescer”, comenta Marino.

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O treino ocorreu na Via D1, uma das ruas próximas à quadra da escola. Em pouco menos de 700 metros, o ensaio começou por volta de 21h50 e teve uma hora de duração.

Apesar das mudanças para o próximo carnaval, quando questionado se a Tijuca viverá uma nova fase em 2024, ele ressalta que a agremiação conta com grandes nomes que participaram e marcaram o grande período vitorioso da escola, como Fernando Costa e o mestre Casagrande.

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“A Unidos da Tijuca é uma escola grande. Na última década foi a escola que mais foi campeã ou ficou entre as três primeiras. A equipe não foi modificada. ‘Ninguém desaprende a andar de bicicleta’. Casagrande e Fernando Costa, que são pilares da escola em termos técnicos, foram campeões mais do que eu. A questão é mais de dar ‘liga’ e entrosamento. Hoje eu vi uma equipe de harmonia sabendo o que fazia e fiquei muito satisfeito. Foi muito proveitoso, e a equipe do Fernando Costa está de parabéns. A cada ensaio vamos crescer – temos alguns ensaios de rua antes do técnico e vamos chegar ‘redondinhos’ na Sapucaí”, diz.

Há mais de 40 anos na Unidos da Tijuca, mestre Casagrande enxerga com positivismo as contratações feitas pela escola, em especial a de Marquinho Marino para comandar a direção de carnaval. Para ele, a logística foi um problema para a escola no último carnaval. Ele contou que a fantasia da bateria para o próximo ano já está pronta.

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“Nós jogamos juntos, e eu sei o esforço que o nosso presidente (Fernando Horta) está fazendo para colocar a Unidos da Tijuca no lugar que ela merece. Sendo sincero: Tenho mais de 40 anos de Unidos da Tijuca e vivência de carnaval e nunca peguei um barracão tão organizado como o nosso – o abre-alas já envelopado. A chegada do Marino foi algo sensacional. Não desmerecendo as outras contratações, mas a dele era o que faltava para a escola, porque é um cara muito organizado. No último carnaval eu fiquei entregando fantasia até o domingo de carnaval. Isso não é culpa da gente, é gerência, são pessoas que a escola confia. Neste ano, o presidente está tomando todas as medidas para que não aconteça o que ocorreu no ano passado: tínhamos um grande samba e enredo, mas por questões de logística a escola não ‘aconteceu’. Estou muito confiante”, comentou Casagrande.

Rainha tijucana, Lexa também participou do ensaio e deu um show de simpatia. O mestre também falou sobre a relação entre carro de som e a bateria “Pura Cadência”. Ele destaca o potencial do intérprete Ito Melodia para levantar o samba e contagiar toda a comunidade.

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“Que astral. Ele leva a comunidade. Ele consegue mexer até comigo, que sou um cara meio tímido e retraído. No final abracei ele e agradeci pelo grande ensaio. É um cara fora de série e se depender de mim vai ficar um bom tempo na Unidos da Tijuca “, contou.

O carnaval de 2024 também marcará o primeiro ano de parceria do casal de mestre-sala e porta-bandeira Matheus André e Lucinha Nobre na Unidos da Tijuca. Apesar de ser o primeiro ensaio na rua, Lucinha revela que a preparação começou em março deste ano, durante três vezes na semana. Para a dupla, o primeiro treino com a presença da comunidade fora da quadra foi positivo. A expectativa é que a experiência de Lucinha somada ao potencial de Matheus resulte em uma grande parceria.

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“Foi ótimo (o ensaio) e estamos nos preparando. Apesar de ser o primeiro ano, já fizemos um desfile juntos em Cabo Verde. Não paramos desde que terminou o carnaval e agora estamos treinando resistência, adaptando e criando coreografia. Estou muito confiante, porque a parceria está dando certo. Estou gostando muito de dançar com o Matheus, porque ele é um mestre-sala solto, livre e dança do jeito que eu gosto. A gente fica bem à vontade. Estamos ‘ralando’ bastante (risos). A coreografia de hoje é a oficial sem as adaptações que sofrerá por conta da fantasia”, diz a porta-bandeira.

“É o meu segundo ano como primeiro mestre-sala e estou dançando ao lado de Lucinha Nobre, uma grande dama do samba e que tem muita experiência para passar. Está funcionando, ela tem puxado muito a minha orelha (risos), mas a parceria tem dado muito certo. É tudo para o bem e em prol de um trabalho que está sendo feito desde março”, completa o mestre-sala.

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Elogiado pelo mestre de bateria e querido pelos tijucanos, o intérprete Ito Melodia afirma que o carro de som da escola vai levar um grande show para a Passarela do Samba e surpreenderá. Para enfatizar o entrosamento da equipe, ele fez questão que todos falassem sobre a expectativa para o desfile.

“Todos do mundo do samba podem esperar um desfile maravilhoso de garra e emoção. Vamos mudar muita coisa que estão falando da Tijuca, principalmente em respeito ao canto”, afirma Ito.

A equipe do carro de som da Tijuca também falou sobre o trabalho com Ito Melodia. Veja abaixo.

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Thiago Chafin: “Para mim é uma honra muito grande poder estar cantando com o Ito. Temos tudo para fazer um grande trabalho. Eu, como o mais antigo do carro de som – benemérito (risos) -, estou na Tijuca desde o carnaval de 2012. Posso dizer que esse é um dos melhores carros de som que eu já trabalhei. É fantástico trabalhar com esses caras. Com o nosso barracão que está belíssimo, acredito que a Unidos da Tijuca tem tudo para fazer um ótimo desfile e voltar para o Desfile das Campeãs – de onde nunca deveríamos ter saído”.

Matheus Gaucho “Certeza de um grande trabalho. O Thiagão, com ‘200’ anos de casa (risos), nos acolheu como se tivéssemos o mesmo tempo. E o Ito é um dos meus ídolos e que cresci ouvindo. Temos uma amizade e um companheirismo muito bom. Tenho certeza que a Unidos da Tijuca vai fazer um grande desfile”.

Tem-Tem Jr.: “Todo o carro de som está feliz. A rapaziada está unida e é o que importa. A união desse time é maravilhosa, um ajuda o outro. Temos tudo para dar certo e para a Tijuca ‘arrebentar’ – arrebentamos no minidesfile e vamos tirar onda na Sapucaí”.

Maninho:“Um pelo outro. Todos se ajudando e empurrando. Agora é ir para cima, porque já deu bom”.

Tuninho Jr.: “Estamos todos unidos e nos preparando, é uma rapaziada maravilhosa. Somos o time do Ito e vamos com tudo para a Marquês de Sapucaí”.