Usar sites e apps de relacionamentos online é um jeito conveniente e popular de tentar encontrar aquela pessoa especial, novas amizades ou, simplesmente, encontrar parceiros interessantes para um bate-papo por vídeo divertido. Graças a essas plataformas, será possível ir além do seu círculo social habitual e conhecer pessoas que você nunca encontraria na vida real. No início, namorar pela web poderá causar uma sensação real de euforia, porque tudo é muito simples e confortável, bastante seguro e existem tantas pessoas e coisas acontecendo que tudo parece ser bastante promissor relativamente aos resultados futuros.
No entanto, com o tempo, a primeira sensação de euforia de conhecer pessoas interessantes na Internet poderá muito bem dar lugar à decepção, quando o número de respostas em um aplicativo de namoro diminui e a “qualidade” das outras pessoas não corresponde às expectativas. Muitos usuários reclamam que não recebem respostas das pessoas que realmente querem conhecer, suas mensagens frequentemente ficam sem resposta e as contas falsas parecem ter inundado todos os serviços de namoro modernos…
Isso é realmente verdade?
Não exatamente… Mas se quiser tirar o máximo proveito das plataformas de namoro online, você precisará de seguir algumas dicas básicas. São exatamente essas dicas que queremos compartilhar com você!
Escolha o aplicativo ou site de namoro certo
É verdade que hoje existem muitos tipos de serviços de namoro online. Nessa diversidade, poderá ser bastante difícil encontrar a plataforma que atende completamente aos seus desejos e requisitos.
Por isso, vale a pena experimentar diferentes opções, comparando suas vantagens e desvantagens, recursos gratuitos e pagos. Essa será a única maneira de encontrar exatamente o serviço de relacionamentos que melhor atenderá às suas expectativas. Sim, é verdade que a busca pode ser bastante longa. Mas será melhor gastar mais tempo assim, do que passar várias horas todos os dias em um site ou aplicativo que, desde o início, não é adequado para você.
Preencha o perfil completamente e apenas com informações verdadeiras
Antes mesmo de conversar pela primeira vez, tente fornecer o máximo de informações importantes sobre você às pessoas com quem você irá se comunicar. Isso as ajudará a entender melhor que tipo de pessoa você é e se vale a pena iniciar o conhecimento. Não se esqueça de que perfis vazios em aplicativos de namoro não são atraentes.
Use a vídeo-chamada online com pessoas desconhecidas
O bate-papo por vídeo com novas pessoas desconhecidas é um formato popular de namoro que é baseado no acaso. Você nunca poderá prever que tipo de pessoa aparecerá na sua frente no próximo momento. O efeito de surpresa fica sempre. Estes bate-papo aleatórios permitem não só conhecer novas pessoas e comunicar individualmente, mas também participar de salas de bate-papo temáticas que possuem muitos participantes.
Existem muitos sites bons de bate-papo por vídeo online:
CooMeet — um bate-papo por vídeo com novas pessoas que oferece um filtro de gênero que nunca comete erros, aplicativos móveis convenientes de usar, um excelente sistema de moderação e um tradutor de mensagens integrado para que possa tornar a sua vídeo chamada online com desconhecidos ainda mais confortável.
Chatspin — um bate-papo por vídeo aleatório com filtro de gênero, filtro de idioma e máscaras de IA embutidas que escondem seu rosto e assim proporcionam mais anonimato e confidencialidade.
Fruzo — uma combinação entre um bate-papo por vídeo aleatório e uma rede social. Aqui você poderá simplesmente conversar na roleta de bate-papo ou estudar os perfis de outros participantes e interagir com eles, como acontece em redes sociais mais familiares.
Apesar de algumas semelhanças, esses bate-papos por vídeo são bastante diferentes. Portanto, recomendamos experimentá-los todos e depois fazer sua própria escolha.
Adicione fotos de alta qualidade e recentes ao seu perfil
As fotos são a primeira coisa à qual os usuários de aplicativos de namoro prestam atenção. O número de respostas ao seu perfil depende de quão atraente e interessante você aparece na foto. Por isso, escolha fotos que demonstram bem sua aparência, estilo de vida, personalidade e hobbies. Adicione várias fotos de diferentes ângulos e em diferentes situações: ao ar livre, na cidade, praticando esportes ou hobbies, durante viagens, etc.
Crie uma saudação única
Quando encontrar alguém de quem gosta, não hesite em enviar a primeira mensagem. Mas não se limite a frases padrão como "Oi, como vai?". Tente criar algo original. Por exemplo, você poderá fazer uma pergunta sobre o perfil da outra pessoa, elogiar uma foto ou um hobby, contar algo engraçado ou incomum sobre sua vida. Existem muitas opções. Apenas evite ser clichê.
Seja ativo e responsivo
Não espere que outros usuários do aplicativo de namoro entrem em contato com você. Encontre pessoas que acha atraentes e escreva para elas. Não tenha medo de rejeição nem de ser ignorado. É normal que nem todas as pessoas sejam adequadas umas para as outras ou tenham interesse em se comunicar. Continue procurando pelo seu par perfeito. Se alguém escrever para você, não se esqueça de responder às mensagens a tempo. Não espere muito para responder, senão a outra pessoa poderá pensar que você não tem interesse ou que já encontrou outra pessoa.
Mantenha a conversa fluindo
Ouvir é, sem dúvida, uma habilidade muito valiosa. Mas não menos importante é sua habilidade de manter uma conversa, fazer perguntas interessantes e mostrar interesse sincero no que a outra pessoa está dizendo. Portanto, tente ser um bom parceiro de bate-papo em qualquer situação, mesmo que o tópico não seja muito interessante para você. Esse não é um motivo para simplesmente ignorar o que a outra pessoa está dizendo.
Não perca o momento de propor um encontro pessoalmente
Independentemente do formato de namoro online que você preferir, mais cedo ou mais tarde, você precisará de levar sua comunicação para o mundo offline. Se não fizer isso, o relacionamento poderá terminar em qualquer momento. Quando sentir que já conheceu bem a outra pessoa e estiver pronto para dar o próximo passo em seu relacionamento, diga isso e proponha um encontro em pessoa. Não adie esse momento! Quanto mais tempo você permanecer apenas falando online, menos provável será que o encontro aconteça na vida real. Tome uma atitude!
No último sábado (21 de junho), a Estrela do Terceiro Milênio revelou, por meio das redes sociais da escola, qual será o enredo para o carnaval 2026. Intitulado “Hoje a poesia vem ao nosso encontro: Paulo César Pinheiro, uma viagem pela vida e obra do poeta das canções” e assinado por Murilo Lobo, a apresentação já se avizinhava como uma grande homenagem a um dos maiores compositores da história da Música Popular Brasileira. O CARNAVALESCO esteve presente na explicação do enredo para os compositores específicos em entrar na eliminatória de sambas-enredo da agremiação na última terça-feira (24 de junho) e conversou com alguns nomes importantes para a produção do desfile de 2026 da escola do Grajaú.
Toda ideia tem um início, algo que aconteceu para que ela pudesse ser avaliada internamente – e, uma vez aprovada, desenvolvida. De acordo com Murilo, o início do enredo sobre o compositor veio com o que não deixa de ser uma homenagem pessoal: ao ouvir uma canção idealizada por ele: “Essa história é bem curiosa. Eu estava ouvindo ‘As Forças da Natureza’, e eu, prestando atenção na letra, Pensei que essa música é um enredo por si só. Ao ver a composição, vi que era uma música do João Nogueira e do Paulo César Pinheiro. Construi um pouquinho mais sobre o Paulo César Pinheiro e comecei a aprofundar a pesquisa, comecei a ver tudo que ele tinha composto e fiquei muito encantado Me perguntou como eu não sabia que ele tinha escrito tudo isso”, relatou.
Carnavalesco Murilo Lobo
Ao longo da explicação, aliás, Murilo apresentou um vídeo produzido com diversas músicas que foram compostas pelo artista – que foi palmilhada com alguns fatos marcantes da vida de Paulo César Pinheiro. Focando no carnaval, ele compôs, juntamente com Mauro Duarte, “Portela na Avenida” – que, mais que sucesso, tornou-se um hino da azul e branca de Madureira na voz de Clara Nunes. Ele também compôs, ao lado de João Nogueira, os primeiros cinco sambas-enredo da história da Tradição – e, com eles, a agremiação de Campinho saiu do quarto pelotão no carnaval carioca até chegar, pela primeira vez, ao Grupo Especial. Foi com o mesmo João Nogueira com quem ele compôs “Espelho”, dos grandes sucessos da carreira, e outras tantas canções. Existem, também, parcerias com outros e outras grandes sambistas – como Beth Carvalho e dona Ivone Lara. Também foi apresentada uma bibliografia utilizada pelo carnavalesco para construir o enredo.
Confecção
Depois do primeiro contato com a ideia e com ela já desenvolvida e explicada, Murilo começou a destacar, em entrevista, quais eram as informações prévias que ele tinha do que, à época, poderia ser homenageado: “Eu lembrava que ele era casado com a Clara Nunes, mas e além disso? Tem toda uma história além disso. Ele se casou e ficou durante oito anos com a Clara Nunes, mas ele tem setenta e poucos anos. Ele se casou com a Luciana depois e tem tem quarenta anos de um casamento. Tem filhos músicos! Tem muitos parceiros incríveis. Vendo tudo isso, percebi que era um enredo. Isso aqui é uma pérola: traga esse cara, à luz do destaque, que ele precisa ter como o Rio de Janeiro não fez isso antes”, explicou.
O carnavalesco da agremiação do Grajaú aproveitou para exaltar o poeta: “Talvez, vivo, seja o grande nome como compositor brasileiro, com uma obra gigantesca. O mais interessante é que a história é bonita, também. A abertura da escola, com esse encontro dele com a poesia, é muito mágico. O cara, com 13 anos, fornecendo a valsa ‘Viagem’. É muito lindo. Tudo que vai acontecer na vida dele, ele se coloca à disposição do trabalho árduo da criação, é lindo. Ele diz que se senta todo dia numa mesa, põe uma folha em branco e espera a inspiração vir e se coloca a escrever. Por isso que a obra dele é gigante: são 2.400 canções, 1.200 gravações, livros, teatro.
Um pouco além
Além da óbvia homenagem a Paulo César Pinheiro, o carnavalesco destacou que também há espaço para que toda a aula seja homenageada: “A coisa mais gostosa era poder fazer esse link com os compositores: eu me toquei e falei que a gente não olha para os compositores. A gente sempre olha todos os intérpretes. A gente guarda as canções para os intérpretes. Eu realmente preciso fazer um enredo em homenagem aos compositores – na pessoa de uma, mas para compositor os intérpretes. Quero chamar a atenção das pessoas para isso”, detalhado.
Susto inicial
Se o enredo recebeu diversos elogios a partir do momento em que foi lançado, a diretoria da Estrela do Terceiro Milênio teve que ser convencida. Gilberto Rodrigues, o Giba, retornando ao posto de presidente da agremiação, resumiu e deu crédito para o carnavalesco: “Essa confusão é do Murilo! O Murilo gosta dessas confusões. Ele apresentou esse enredo e mais alguns para a gente. De imediato, não me chamou a atenção. Quem era ele? Busquei entender. E, no primeiro livro que eu peguei, nas três primeiras páginas que eu li, eu me encantei. Não é possível que esse cara tem mais de mil e duzentas músicas, compôs não sei com quem. A gente escuta tanta música, eu já chorei com tanta música desse cara e não sabia que era ele apaixonei na hora Não quero nem ver o enredo em si, mas vai ser esse aqui E eu acredito, tenho plena certeza que vai ser um grande carnaval.
Gilberto Rodrigues, o Giba
A direção de carnaval teve fatos semelhantes: “Foi bem parecido com o que aconteceu com o presidente, de fato. Depois da primeira ocorrência, a gente começou a entender o enredo melhor. Hoje, a gente entende hoje que é um enredo espetacular. Tem muita história, tem muita música, mexe com a gente quando você começa a ouvir a musicalidade do Paulo César. Eu acho que a gente está indo para um caminho muito bom, um caminho correto e estamos bem felizes. Com essa explicação toda, com todo esse material, ficou melhor ainda”, comentou Carlos Pires, o Carlão, um dos diretores de carnaval da escola.
Carlão divide o posto com Devair Francisco, que teve uma primeira impressão mais positiva: “Eu também tive uma excelente acessibilidade do enredo. Até mesmo pela ideia do Murilo: fazer um tributo aos compositores. Ninguém é mais que correto para essa homenagem que a figura do Paulo César. A gente pegou essa ideia com muita propriedade. Para o enredo, o desenvolvimento dele que é o mais importante: não é apenas o título, mas sim o desenvolvimento dele e a forma que vai ser apresentado esse enredo na avenida”, afirmou.
Carlos Pires, o Carlão, e Devair Francisco, diretores de carnaval
Aposta, não retorne
Em 2025, a Estrela do Terceiro Milênio desfilou com o enredo “ Muito além do Arco-Íris – Tire o Preconceito do caminho que nós vamos passar com o Amor ”, um manifesto contra a intolerância e valorizando homossexuais, transsexuais e outras minorias embarcadas na sigla LGBTQIA+.
Antes, entretanto, os enredos fizeram exaltações: mulheres, humor e Vovó Cici (esta última por meio do Mito da Criação contado por ela) foram as apresentações temáticas em 2022, 2023 e 2024, respectivamente.
Quando questionado pela reportagem se o desfile de 2026 será um retorno a tal característica, o carnavalesco deu uma nova visão: “Foi uma aposta vir com Paulo César Pinheiro, na verdade. Era preciso mostrar para eles que Paulo César Pinheiro estava na vida deles e eles não sabiam. Foi a primeira coisa diferente do que aconteceu com as outras questões que a gente trouxe. Eu gosto muito da Milênio pelo fato de a gente poder falar de coisas que nos tocam o coração. Nessa jornada, nesse tempo que eu estou aqui, que eu já da coruja, eu já falei da coragem, eu já falei da arte transformando a vida de um povo como é em Parintins, eu falei das mulheres, eu falei do Mito da Criação para falar sobre o preconceito religioso.
Grande desafio
A explicação para os compositores foi realizada de maneira bastante fluida, contando um pouco da vida do homenageado – e, também, mostrando um pouco do cancioneiro de quem é o tema do desfile. Apesar da facilidade de explicação, Murilo destacou que saber quais seriam os pontos envolvidos no desfile foi algo custoso: “Não, não foi fácil superar esse desafio. Deu muito trabalho! A biografia mais os livros que ele escreveu somavam mais de 700 páginas, com muitas coisas interessantes, com muitas vieses descobertas. Ele é um tipo de enredo que vai poder ser feito posteriormente no Rio de Janeiro, pegando outras coisas que eu não peguei também”, afirmou.
O profissional prossegue: “Tinham muitas coisas muito interessantes na vida dele e eu agrupei por essa viagem. Me chamou muita atenção essa capacidade dele de olhar o país, de olhar o povo do país, de olhar a cultura do país e de conseguir se expressar através dela como se do lugar fosse. Isso é muito lindo e muito raro de acontecer. As pessoas normalmente são regionalistas. Você compõe para aquele universo, dentro daquele tipo de ritmo. E ele é um cara que conseguiu abranger todo um país. Ele desenha, com a obra musical dele, os limites de um Brasil. Isso é maravilhoso. Eu quis falar sobre isso. Eu quis passar em partes importantes da vida, mas não só de uma forma cronológica, mas de uma forma que teve sentido, mas foi um trabalho insano fazer isso.
Próximos passos
Ao entrevistar Murilo, a reportagem teve acesso a uma informação importante em relação aos próximos dados envolvidos na escola: “A gente tem um planejamento diferente do que foi o do ano passado. O enredo LGBTQIA+ tinha uma questão de se proteger um pouco, de segurar um pouco a informação. Agora não é o caso. A gente está programando uma festa de pilotos e um grande show tributo em homenagem a ele – especificamente no mês de setembro, depois da grande final de samba-enredo. Essas primeiras devem ser as primeiras imagens do que vai ser o nosso carnaval, o pessoal vai começar a ver a partir daí. Eu já estou desenhando figurino, já estamos fazendo alegorias. Agora o trabalho vai para frente.
Carlão trouxe dados importantes para a comunidade ficar atenta: “A gente está finalizando o nosso cronograma. Em relação a samba-enredo, a final está programada para o dia 06 de setembro – que é um sábado. A gente começa agora, no começo de julho, a atender os compositores – são três rodadas de atendimento. Depois, a gente faz o nosso laboratório. A partir do dia 05 de agosto, da entrega o samba, a gente faz o nosso laboratório interno. Depois, tem quatro eliminatórias. Ou melhor: nós vamos fazer uma apresentação, uma grande roda de samba depois tem três apresentações e a final. A gente entende que esse tempo é um tempo suficiente para a gente conseguir entender bem o caminho que a gente quer chegar, com um bom samba, a gente provavelmente vai ter um evento de tributo ao Paulo César.
Rumo ao topo
Em 2025, a Estrela do Terceiro Milênio ficou na oitava colocação no Grupo Especial – melhor resultado no primeiro pelotão da história da escola. Nada mais natural que a agremiação busque, agora, subir alguns degraus – o que, automaticamente, significaria que a escola chegaria à metade superior da tabela do primeiro pelotão do carnaval paulistano.
Devair crê que é possível ir ainda mais longe: “Eu vou ser honesto: eu já tinha essa expectativa de chegarmos ao primeiro lugar, nesse último carnaval. Essa era a minha expectativa bem particular conversada com o meu parceiro na função. E eu acho que nós conseguimos, até certo ponto, cumprir isso. Foram apenas questões de detalhes os motivos pelos quais o objetivo não foi alcançado. Para o próximo carnaval, essa régua alta será sempre constante. Eu participo do carnaval sempre com esse objetivo, sempre com o objetivo de ser campeão. Eu tenho muita tipo quanto a isso, já consegui várias vitórias e não deixo cair sarrafo de jeito nenhum”, finalizou.
A Unidos de Padre Miguel tem uma nova estrela em seu elenco para o Carnaval 2026. A influenciadora digital e empresária Lorena Maria foi anunciada como nova musa da escola e já promete conquistar o coração da comunidade e do público na Sapucaí. Conhecida por sua presença marcante nas redes sociais e por ser esposa do cantor MC Daniel, Lorena estreia no mundo do samba em grande estilo, aceitando o convite da presidente da escola, Lara Mara, para integrar o desfile oficial da vermelho e branco da Vila Vintém.
“A chegada da Lorena é um presente para a nossa escola. Ela é carismática, talentosa e representa a força da mulher brasileira. Temos certeza de que será uma musa marcante e muito querida por toda a comunidade”, destacou Lara Mara.
Animada com o novo desafio, Lorena também compartilhou sua emoção com o momento:
“Estou muito feliz com essa novidade, lisonjeada demais por fazer parte da UPM e receber o convite da Lara Mara, exemplo e força de mulher. Estou muito ansiosa para os próximos passos! Vou me dedicar ao máximo e dar tudo de mim. Sou apaixonada pelo Carnaval, sempre foi um dos meus sonhos e metas. E a potência de representar tantas culturas do nosso país me deixa muito feliz mesmo. Muito obrigada pelo carinho e respeito”.
A musa fará sua estreia no desfile que trará o enredo “Kunhã-Eté: O Sopro Sagrado da Jurema”, que vai contar a história de Clara Camarão, heroína indígena potiguara que lutou com bravura contra a invasão holandesa durante o Brasil colonial. O enredo é assinado pelo carnavalesco Lucas Milato.
O Boi Vermelho da Zona Oeste segue firme em sua caminhada de volta ao Grupo Especial, apostando em um time forte, engajado e repleto de representatividade.
Enredo: “Tamborzão – O Rio é baile! O poder é black!”
Logo do enredo da Ponte para o Carnaval 2026
O anoitecer
“A partir de agora, o baile vai começar…”
Com todo respeito, nosso mestre de cerimônias vai chegando para não deixar ninguém parado nessa jornada ritmada. Cria das batucadas, diretamente de São João, MC Meriti é o cara! É ele quem apresenta o nosso estilo e narra a história enraizada na cor, pulsante nas veias. “Pode chegar, pode chegar”, já anunciando que a regra é dançar.
Então, “liberta, DJ”!
A noite é o nosso palco. Quando a escuridão toma as ruas, quando a cidade se deita, nós fazemos festa. Plug-in na tomada, eis a nossa vinheta! Por aqui, “o som é acima do normal”! As quebradas são um reflexo do céu: são diversos astros, estrelas, cometas que brilham em forma de globo de espelhos enquanto se movimentam ao som do paredão. Nosso MC manda o papo que o subúrbio é luminoso, emana energia sagrada, carregada de axé. Quando o chão é riscado no beat, todos os nossos ancestrais riscam junto porque nosso tempo é como as curvas do quadril que se espirala ao ir e voltar. O tempo “desce, sobe, empina e rebola”!
Nos bailes, somos majestades! Defendemos tronos e coroas porque nosso povo é real desde a África. Nossa produção é sonora: cantamos e dançamos para existir, nosso corpo precisa pulsar, o movimento nos conecta ao extraordinário.
Nossos antepassados dançam ao som de tambores assim como nós, então não abrimos mão da música. E nosso ritmo negro incomoda!
Tá ligado quantas vezes já tentaram abafar nosso grito? Sempre tentaram nos parar, mas a gente amplifica a mensagem em speakers porque não deixamos de lutar. “Afronta, é guerra” desde o couro do tambor às fiações dos mixers!
Nossa festa é essa porque nossos ancestrais assim começaram: requebrando. E é no break que a gente eletriza a nossa negra filosofia. Bateria macumbeira em alta voltagem! Visão de cria em poesia marginal nas melodias da insurreição.
Nosso fundamento africano é combinado às batidas frenéticas de um tambor de garrafa, uma artesania distorcida e acelerada com vozes a 150 BPM.
Nosso sistema é do barulho porque nossos ancestrais são revolucionários.
Kizomba! O baile é a nossa constituição.
A madrugada
“Yeah, brother”! Alta madrugada e MC Meriti continua no comando, agitando o templo dos nossos compassos. Ressoa na pista a banda que faz você entrar em uma outra vibe! O toque dos atabaques rola na atividade para “que permaneça essa tranquilidade na comunidade”!
Com o microfone na mão, ele solta o verbo, fala cantando e canta falando, numa montagem misturada que define a estética. Nossa percussão é uma ponte do que a periferia foi e do que ela é, e todo baile é um inventário musical.
Nosso sistema tem contradições porque “tristeza e alegria aqui caminham lado a lado”, mas a gente só quer ser feliz e andar sossegado pelo complexo, “ô, ô”.
Nossa estrutura tem as vibrações da umbigada do lundu que aqui chegou e que nos leva nessa “dança sensual que faz geral descer”. Ai, ai, nosso procedimento tem a vida dos volteios buliçosos pra mexer com tudo mais, então continuamos maxixando pelos fandanguassus que acontecem nesse território. E quem não cai em trololó, trololó? “Wow”! E o MC vai avisando que a gente se sente “so good, so good”, porque nossa alma ultrapassa fronteiras e está interligada pelo Atlântico Negro.
Nosso cumprimento é uma ginga de mãos que mostra que o poder vem da nossa união. “Soul Black Power, porra!” é o grito que sai da garganta de Meriti. “Ha”! Nosso volt mix vem das batidas futuristas de Afrika Bambaataa, das frequências graves e sedutoras de uma eletro-voz capaz de arrepiar todas as notas do teclado. “Get up”!
De Áfricas e de Blacks, nosso Rio é negro da cor da noite desde as primeiras batucadas até ao máximo de watts de potência que ecoa pelas caixas de som. E na composição dessa identidade conduzida por nosso MC, a revoada é companheira de baile. Tá suave fluir, beijar e “amar como ama um black”! “Oh, yeah”! Nossa organização é coletiva para enaltecer a beleza negra, o orgulho estiloso, o cabelo que coroa e a roupa que ascende.
Nosso baile é um negro movimento pra comunidade que rala pesado a semana inteira para ter um pouco de diversão entre os seus. Nosso lazer é um ato político! Em clubes e agremiações, nossas equipes de som botam pra jambrar porque esse é o nosso mandamento.
O baile de Meriti, na quadra da nossa escola, segue para a mente ficar numa boa. As ondas que curtimos nas rodas reverberam os toca-discos e mixers de Cash Boxes e Furacões!
Nossa cultura circula como os giros de um disco de vinil em um Grand Prix, e o vencedor é o Black. É um “Tornado” de sensações! O “Dom” é atemporal!
O baile é a nossa paixão!
O amanhecer
“Vai voltar depois das horas” e nosso tempo sincopado vai no “pum-pá-pá-pum-pá”. Lá vem o sol e o calor tá de matar. MC Meriti manda aumentar o volume que só está começando: “tá pegando fogo, tá pegando fogo… mas que fogo gostoso”! O fogo é uma energia ancestral!
O baile segue sem hora pra acabar. Nosso set tem a luz, o calor, a cor e os movimentos das chamas fitadas na pele, na carne e nos ossos. Entre os corredores da galera, nosso corpo é embrasado e embrazado!
O espírito que ecoa por baixo de viadutos, pelas ruas do morro e pelas praças da cidade, vai num transe mais lento que elege o nosso charme. Em uma mixagem de romance, dá até pra namorar no baile, mas sabendo que “um lance é um lance”.
Nosso balanço é uma catarse de bateria eletrônica e efeitos sonoros que faz os atabaques serem sintetizados no tamborzão que continua rolando enquanto estiverem descendo até o chão. É esse loop de matrizes afro-brasileiras que garante que o nosso tambor vai, vai, vai e “não para, não para, não”.
Nosso bonde segue o rebolado que queima pelas pistas de baile como o tesão de uma lacraia. No “vrááá!” dos leques, abanamos o braseiro para deixar arder. Servindo excelência negra, nosso método é respeitar o pancadão que invade os circuitos da alegria. Esse beatboxing é putaria!
Nossa moda é proibidona porque mostra a realeza e a realidade da favela. Do Funk Brasil ao Funk Generation, o dia a dia do baile ecoa em alto-falantes mundo afora. Aqui toda gaiola é um estúdio de portas abertas pra liberdade! Nossa ordem é digital, toma conta das redes e transforma os paredões em áudios cibernéticos que espalham nossa negritude.
A regra é essa, nossa arte é nossa arma. Nosso manifesto é sério como toda festa! Tentaram nos moldar para um estado que nos mata, mas dançamos para viver. A cada “trá, trá, trá!”, respondemos com “tum, tum, tum!”. Nossa disciplina é do corpo e do povo, e se pobre tem que trabalhar, também tem que se divertir.
Nosso esquema tem escala na mesa do DJ, nosso ponto é batido numa tremidinha, numa paradinha, no movimento de uma sanfoninha, no aquecimento de uma maravilha. É seis batidas por uma respirada!
O baile é a nossa instituição! E pra quem questionar, MC Meriti é “patente alta”, autoridade e tá dado o recado:
“o Rio é baile e o poder é black!”
GESTÃO: GUSTAVO BARROS E TIÃO PINHEIRO
CARNAVALESCO: NICOLAS GONÇALVES
ENREDISTA: CLEITON ALMEIDA
Engana-se quem pensa que o carnaval acontece somente de dezembro a fevereiro. Fazendo jus à nomenclatura “escola de samba” a Unidos do Porto da Pedra realiza nesta quinta, 26 de junho, mais um encontro de saberes dentro do projeto Sambando com o Tigre. A oficina de samba no pé, que mensalmente leva um convidado para as aulas, terá a participação especial de Maryanne Hipólito, musa dos Acadêmicos do Salgueiro, falando um pouco sobre sua trajetória e mostrando porque é uma das mais requisitadas sambistas do carnaval.
O encontro é gratuito e começa às 20h. Interessados em participar do projeto, podem fazer sua inscrição no dia das oficinas que acontecem toda quinta-feira.
“Muito mais do que aprender ou lapidar a arte do samba no pé, o projeto Sambando com o Tigre tem a proposta de empoderar os nossos alunos. É um momento em que a gente mostra a parte técnica, mas também conta um pouco sobre nossas experiências e mostra que é possível tornar-se um passista de expressão se houver dedicação e disciplina. Trazer convidados de outras escolas é uma forma de homenagear nossos colegas, valorizar o segmento e confraternizar”, diz Renato Metello, que divide com Pâmella Nascimento e Caro Portugal, o comando da ala.
A quadra da Porto da Pedra fica na Travessa João Silva, 84 – Porto da Pedra.
Sempre atento às demandas sociais de sua comunidade, o Instituto Imperatriz Leopoldinense segue investindo nos projetos para a população do Complexo do Alemão e de todas que compõem a região da Zona da Leopoldina. Por meio da educação, esporte e cultura, a instituição disponibilizou novos horários e modalidades para crianças e adultos interessados.
Agora, o Instituto Imperatriz Leopoldinense conta, em vários turnos, sempre às terças e quintas, com aulas de balé, Jiu-Jitsu, Zumba, funcional e alongamento, além de samba no pé. As inscrições estão abertas, e os documentos necessários são: cópia da identidade e CPF dos responsáveis e das crianças, comprovante de residência, declaração escolar atualizada para maiores de 4 anos e foto 3×4.
O presidente João Drumond destacou a ampliação das atividades e afirmou que outras modalidades serão implementadas ainda neste segundo semestre.
“Nos alegra muito atender essa que era uma antiga demanda da nossa comunidade. Promover a inclusão social por meio do Instituto Imperatriz, com atividades que fazem diferença no dia-a-dia dos moradores, onde a maioria nunca teve acesso a serviços básicos da sociedade, motiva ainda mais a continuar a ampliação dos nossos projetos. O balé para as crianças já está consolidado, e agora vemos adultos realizando sonhos que não conseguiam realizar na infância. Os alunos do Jiu-Jitsu já estão competindo, ganhando medalhas. Então, estamos investindo no hoje para que todos colham frutos no futuro”, afirmou João.
No início de junho, sete atletas de Jiu-Jitsu, moradores dos Complexos do Alemão e da Maré, e apoiados integralmente pelo Instituto Imperatriz, competiram no Campeonato Brasileiro Kids da modalidade, em São Paulo, onde faturaram quatro medalhas.
Para mais informações sobre vagas e inscrições, os interessados devem procurar a quadra da Imperatriz Leopoldinense, que fica na Rua Professor Lacé, 235, em Ramos. Ou entrar em contato pelo Instagram @institutoimperatriz.
O Instituto Imperatriz Leopoldinense é uma entidade sem fins lucrativos, que tem como finalidade única promover cidadania, empatia, oportunidade e amor ao próximo.
No próximo sábado, a quadra do Império Serrano, em Madureira, será palco de um momento histórico: 30 casais LGBTQIAPN+ oficializarão suas uniões civis em uma grande cerimônia coletiva, marcada por emoção, respeito e diversidade em comemoração ao Dia do Orgulho. A segunda edição do casamento faz parte do projeto “Festa do Orgulho e Casamento LGBTQIAPN+”, realizado em parceria com a ONG Central Única de Produções Artísticas. A celebração começa às 19h e promete transformar a quadra do Reizinho em um espaço de afeto, visibilidade e conquista de direitos.
A proposta do projeto é fortalecer os laços sociais e culturais da comunidade LGBTQIAPN+, promovendo inclusão e visibilidade em uma data simbólica. A iniciativa contará com uma programação especial, voltada exclusivamente para convidados dos casais. Responsável pelo Departamento Comunitário do Império Serrano, Josimar Viana destacou a importância social da ação:
– Este é um projeto construído com responsabilidade e compromisso social. Pensamos em cada detalhe para garantir um momento digno e respeitoso, que celebre o amor e a cidadania dessas pessoas – disse Josimar.
Com entrada totalmente gratuita para os participantes, a celebração foi viabilizada por meio de parcerias com instituições e apoiadores da causa, como a Supervia. Os casais não terão qualquer custo com a cerimônia ou a recepção.
– Desde o início, nossa prioridade foi garantir que nenhum casal pagasse nada. Fomos atrás de quem acredita neste sonho conosco e conseguimos unir esforços para realizar uma celebração à altura do significado deste dia – acrescenta Josimar.
O evento contará com missa ecumênica, apresentação da Banda da Guarda Municipal, shows ao vivo, espetáculo de transformismo e atrações comandadas pelos segmentos do Império Serrano. Segundo Viana, a programação foi pensada para destacar a potência da cultura, da arte e da resistência da comunidade LGBTQIAPN+.
– Queremos mostrar que o samba também é um espaço de acolhimento e de valorização da diversidade. O Império Serrano tem história com as lutas do nosso povo e se orgulha de seguir firme ao lado de iniciativas como essa – concluiu o diretor.
Entre os padrinhos e madrinhas confirmados estão figuras importantes do carnaval carioca, como Quitéria Chagas (rainha de bateria do Império Serrano), Andrea Andrade (rainha de bateria da Porto da Pedra), Lara Mara (presidente da Unidos de Padre Miguel), Shayene Cesário (musa da Portela), Bianca Monteiro (rainha de bateria da Portela), Raíssa Oliveira (musa da Beija-Flor), além de Flávio França, presidente do Império Serrano, e da ministra de igualdade racial Anielle Franco.
A quadra da Unidos de Padre Miguel será palco de uma grande celebração junina neste fim de semana. Nos dias 28 e 29 de junho, a agremiação recebe a etapa classificatória da Festrilha do Rio — Federação de Quadrilhas Juninas do Estado do Rio de Janeiro — com o evento SambArraiá 2025, que promete unir o melhor da tradição nordestina com o samba no pé da Vila Vintém.
Com entrada gratuita e início às 19h, o evento contará com apresentações de 11 quadrilhas juninas, que disputarão vagas na próxima fase do circuito estadual. No sábado (28), sobem ao tablado as quadrilhas Carrossel Caipira, Paz e Amor, Tucanada, Estrela Dourada e Geração Realce. Já no domingo (29), será a vez de Gonzagão Pavilhão, Favo de Cazumbá, Gonzagão Campo Grande, São Judas Show e Santa Rita.
O evento ainda contará com barracas típicas, decoração temática e muita música para animar o público. A expectativa é de casa cheia, com a comunidade de Padre Miguel e visitantes de toda a cidade celebrando juntos o São João.
O Império Serrano tem como premissa contar os saberes do povo brasileiro. Griô do carnaval, organismo vivo, com grandes enredos musicados. Pioneira no protagonismo feminino dentro das escolas de samba, tem em sua constelação baluartes como D. Ivone Lara, Tia Eulália, Jovelina Pérola Negra, dentre tantas outras. Ainda hoje, seu contingente é formado majoritariamente por mulheres negras, reconhecendo na fibra e na resiliência femininas o potencial para superar as adversidades vividas no último ciclo carnavalesco.
A força e a vivência da mulher preta serão o foco principal do próximo carnaval. Para isso, iremos homenagear a professora, doutora em Literatura Comparada, a maior literata negra que habita o nosso tempo: Conceição Evaristo.
Escritora, poetisa e professora, vinda de uma família pobre, trabalhou como empregada doméstica antes de concluir os estudos e se formar em Letras. Sua obra é marcada pelo conceito de “escrevivência”, que valoriza as experiências pessoais e coletivas das mulheres negras. Publicou romances, contos e poesias que abordam temas como racismo, desigualdade social, ancestralidade e resistência feminina, sendo Ponciá Vicêncio, Olhos d’Água e Macabéa: Flor de Mulungu algumas de suas obras mais conhecidas. Ao longo da carreira, recebeu diversos prêmios e, em 2024, foi eleita para a Academia Mineira de Letras.
O termo “escrevivência”, criado por Conceição Evaristo, une as palavras “escrita” e “vivência” para definir uma forma de escrever que nasce das experiências de vida, especialmente das mulheres negras. Mais do que ficção, a escrevivência é uma escrita marcada pela memória, pela presença do pretuguês, pela ancestralidade e pelas dores e resistências do cotidiano, rompendo com a literatura tradicional ao valorizar vozes historicamente silenciadas. Para Evaristo, escrever é um ato político e de afirmação identitária, em que a vida e a palavra se misturam como forma de denúncia, resistência e transformação social.
SINOPSE
PRELÚDIO
“Leiam meus livros, não minha biografia.”
Conceição Evaristo
“Se essa história não existe, passará a existir.” – Clarice Lispector.
Este enredo é uma escrevivência baseado nas obras de Conceição Evaristo.
Flores de Mulungu são todos os africanos em diáspora. É a África juntando os seus em seus galhos. É a velha da sabedoria ancestral, a flor em estado de graça que enxerga o tudo e o nada. A força da mulher negra que verte em leite a seiva que dá a vida. É a criança que brinca debaixo do tronco de um mulungu, com os pés na terra, sentindo o axé. Flores do Mulungu costumam ser porta-vozes de mulheres iguais a elas. Flor do ontem-hoje-amanhã. A flor do mulungu não morre, leva consigo a potência da vida. Força motriz de um povo que, resilientemente, vai emoldurando o seu grito contra o sistema. Nesta escrevivência-enredo, apresentamos Ponciá-Evaristo-Flor-do-Mulungu, com pitadas de realismo fantástico, em sua trajetória até se tornar uma imortal no Palácio Ancestral das Escrevivências.
I
A água bailava sinuosa entre os pedregulhos no rio. Às margens, lavadeiras cantavam, disputando espaço com peixes que subiam em marcha contrária à correnteza. Havia chovido e o sol insistia em não aparecer. O tempo fechado impedia o quarar das roupas. No quintal de chão de terra batida, ainda umedecido pelas chuvas, a mãe de Ponciá-Evaristo-Flor-do-Mulungu pegou um graveto, colocou a saia entre as pernas e desenhou um sol no chão. Cantou no afã de acordar o astro-rei que insistia em dormir entre os travesseiros de nuvens.
A menina-flor, que brincava com suas irmãs, se encantou com aquela cena. Em seu universo pueril, o graveto seria o lápis e a terra molhada, o papel. Extasiada, fitou o rosto da lavadeira que agora sorria. O sol iluminava a face, revelando qual era a cor dos olhos de sua mãe. Ela tinha os olhos da cor de Oxum, olhos d’água, oju-abebé. Espelho que refletia os olhos da menina-flor.
Consagrada à Imaculada Conceição e à Oxum, Ponciá-Evaristo-Flor-do-Mulungu havia crescido na ausência de livros e rodeada de palavras. O rito que acabara de ver sua mãe fazer, despertou em si o desejo de escrever histórias.
II
Pelos Becos da Memória, Ponciá-Evaristo-Flor-do-Mulungu passeava por espirais de ontem, paisagens do futuro cantadas há séculos. Encontrou sua ancestral Negra Halima que contou suas vivências sincréticas de Améfrica-mineira. Histórias que ecoavam dos porões do navio. Tia Halima guardava o segredo dos cabelos de ouro. Ela usava suas mechas preciosas para libertar seus irmãos.
A menina-flor aprendeu a moldar o barro com Vô Vicêncio. Quis brincar com os mascarados na Folia de Reis. Seguiu o batuque das congadas e dançou com Tio Totó, ornado em coroa e fitas. Rezou no canjerê com seu rosário feito de contas negras e mágicas. Em suas contas, um canto para mamãe Oxum.
Continuou brincando. Tinha o costume de atravessar o rio saltando de pedra em pedra, mas desta vez houve um impasse. Um arco-íris no céu uniu as duas margens. Para chegar aonde o umbigo dela e de seus ancestrais estavam enterrados, precisaria passar embaixo da cobra celeste. O medo a impediu de fazer a travessia. Já dizia Tia Halima: a menina que passasse debaixo de Angorô, garoto virava. Ponciá-Evaristo-Flor-do-Mulungu se questionou se a vida seria mais fácil se fosse um menino.
III
A vida na Favela do Pindura-Saia, onde morava Ponciá-Evaristo-Flor-do-Mulungu, era carregada de uma difícil ilusão. A favela era o encontro dos esperançosos que escolheram resistir. Como poderia coabitar prato vazio e felicidade?
Ecos de estômagos desocupados, cheios de medo, de fome e de desemprego, transformados em cantos de fé e esperança à Sabela, a mulher dos mil olhos. Deusa do barro que moldou a vida e devolveu a fertilidade ao seu povo. Findou a estiagem do rio que circunda a comunidade, doando o líquido maternal que saíra de suas entranhas.
A euforia funesta dos moradores do Pindura-Saia incomodava os que viviam fora dali. Incapazes de compreender como seria possível conviver tanta esperança com tamanha miséria, decidiram então tomar o chão ancestral. Rezaram por Benevuto, a cobra de ferro, senhor dos desastres, que fez chover até inundar a favela. Em desespero, os moradores da comunidade rogaram por Sabela. A Deusa surgiu em meio à inundação e se engerou em navio. Das curvas de Minas Gerais para as alturas do Rio de Janeiro, Sabela carregou nas costas seu povo e sua favela.
IV
Após o dilúvio, escrever adquiriu um sentido de insubordinação. Ponciá-Evaristo-Flor-do-Mulungu tornou-se professora. Entre poemas e romances, registrou as memórias da tragédia do aguaceiro e as guardou em Cadernos Negros.
Novo lugar, antigo desassossego. O menino que vendia bala no sinal recebeu de troco uma bala de sangue. Enquanto novelas embranquecem amores, mães negras enfrentam a dolorosa realidade de enterrar seus filhos antes que possam completar seus sonhos. O berço vira caixão. A infância, alvo. O futuro, estatística. As balas “acidentais”, “em legítima defesa”, certeiras em quem já nasceu condenado. O CPF do negro é escrito pelo Estado com tinta de sangue. A cor da pele virou evidência criminal. De suspeito a condenado, bastava ser preto.
O alarme da loja apita: será que foi o preto que roubou? O vizinho teve de aprender que, se chovesse, seria melhor se molhar, porque guarda-chuva poderia significar sua sentença de morte. O corpo preto objetificado na solidão de Fio Jasmim e seus amores rasos. A moça do vestido amarelo conhecia mais a cor das paredes do quarto de empregada do que as cores do seu barraco. Porém, a cor da empregada, essa todo mundo conhecia.
Quantas mulheres negras ainda serão silenciadas entre quatro paredes? Quantos assassinos dormirão tranquilos porque o patriarcado os chamou de maridos?
Ponciá-Evaristo transformou em versos a incerteza de sair da favela e não saber se iria voltar. O direito de as mães pretas exercerem o papel de mães dos próprios filhos. Vivenciou amigos e irmãos favelados serem subtraídos de seus destinos sem ter o direito de se defender do sistema que os oprime.
Perdeu Dorvi, perdeu Bica, perdeu Idalgo. Esterlinda, sua vizinha, perdeu o filho, a filha e o genro. A realidade era dolorosa e cruelmente comum.
Ponciá-Evaristo-Flor-do-Mulungu registrou tragédias cotidianas. Colocou no papel o que vivenciou em mais de sete décadas de vida no ayê. Guiada por Oxum, Maria, Conceição e Sabela, escreveu as vivências do seu povo. Vivência e criação, vivência e escrita. Escrevivência.
Dedicou a vida para não contar histórias de ninar aos filhos da casa-grande. Fez Samba-favela para incomodar e acordá-los de seu sono dos injustos. Construiu uma casa feita de livros para abrigar aqueles que, como ela, gostariam de transformar os Becos da Memória e escreviver um futuro melhor.
V
Era kizomba em noite de céu estrelado. As escrevivências romperam os muros da favela e ganharam o asfalto. Ponciá-Evaristo-Flor-do-Mulungu desabrochou para o mundo. Sua poesia atravessou oceanos, alcançou seus frutos que caíram longe do pé.
A Flor-do-Mulungu nasceu rainha. Para comemorar junto aos seus, Ponciá-Evaristo vestiu-se de água. Em sua coroa de cabelo crespo repousava um adorno de ouro, o adê: coroa de Oxum. Trazia consigo, na mão, um cetro-luneta.
Ao som de poemas-malungos, seu povo a esperava em saudação. Cantavam contra o sistema, contra a opressão, contra o racismo estrutural que assassina, diariamente, milhares de Negros-Estrelas e que retira o direito básico de viver. Cantar é feitiço que afasta o banzo. Resistir é um ato político.
A pequena casa feita de livros, sob a luz do luar, transformou-se num palácio ancestral. O que era feito de papel e tinta ganhou suntuosas arquiteturas em ouro e marfim. Dos livros saltaram para a realidade realezas, guerreiros e estátuas em tons de ébano. Ao centro, da cadeira de professora ergueu-se o trono imortal dedicado às rainhas africanas. Neste momento, como numa espiral de memórias, o ontem-hoje-amanhã se fundiu. Velha-mulher-criança, amálgama germinado em forma de Ainá-Maria-Nova, desabrochou e tomou o trono que era seu por direito. O fruto voltou ao pé.
Ponciá-Evaristo-Flor-do-Mulungu mirou a luneta para o firmamento e encontrou os Negros-Estrelas que cruzaram o seu destino. Do orun cintilava o axé de todos os seus com quem fizera um pacto de sobrevivência. Ponciá-Evaristo assumiu seu lugar na imortalidade das escrevivências negras.
Evaristo é Maria-Nova. É Anastácia. É Carolina Maria de Jesus. É Dona Ivone Lara. É Ruth de Souza. É Mãe Meninazinha. É Oxum. É Conceição Yalodê. E são todas as flores do mulungu que desabrocharam para combater o racismo, o feminicídio e o vilipêndio dos corpos pretos.
Sua trajetória em nada difere das vidas reais da maioria das mulheres pretas deste país, onde “vencer na vida” é exceção. Finais felizes para pessoas negras são raros. Cada corpo preto que respira, ama e sonha é um grito contra o sistema que nos quer mortos, calados ou domesticados. Não seremos nenhum dos três. A luta ainda não acabou. É imperativo sobreviver.
A gente combinamos de não morrer.
Texto: Renato Esteves
Edição e revisão textual: Jefferson Brunner e Jorge Sant’Anna
Pesquisa e desenvolvimento: Renato Esteves, Emanuelle Rosa e Jorge Sant’Anna da Silva.
Equipe de Criação: Emanuelle Rosa, Gabriel Toledo e Jorge Sant’Anna da Silva
NOTAS EXPLICATIVAS
A gente combinamos de não morrer – O conto “A gente combinamos de não morrer”, da escritora Conceição Evaristo, é uma narrativa curta, mas profundamente impactante, que integra a coletânea “Histórias de leves enganos e parecenças” (2016). Ele ilustra com sensibilidade e potência as experiências de dor, resistência e afeto no contexto da vivência de mulheres negras nas periferias brasileiras. O erro de concordância verbal é proposital. Segundo a autora, escrever adquire um sentido de insubordinação que pode ser evidenciado numa escrita que fere a norma culta.
A moça do vestido amarelo – O conto “A moça de vestido amarelo”, de Conceição Evaristo, aborda a experiência da menina Dóris da Conceição Aparecida, que tem uma visão de uma moça vestida de amarelo em seu sonho, relacionada com a força da natureza e a cultura afro-brasileira. A moça do vestido amarelo, em seus sonhos, representa a deusa Oxum, sendo comparada com as águas do rio. O conto explora o inusitado e a presença da tradição oral na narrativa, com a menina Dóris tendo seu vocabulário influenciado pela presença da moça.
Adê – Espécie de coroa cerimonial no candomblé pelos orixás quando incorporados num filho de santo.
Ainá-Maria-Nova – No conto, Ponciá-Evaristo-Flor-do-Mulungu se brota e desabrocha para a imortalidade como Ainá-Maria-nova. Ainá, nome da única filha de Conceição Evaristo e Maria-Nova, personagem de Becos da Memória a qual em suas entrevistas, a autora diz ser a personagem que mais se assemelha consigo.
Améfrica-Mineira – O termo “Améfrica” ou “Amefricanidade” foi criado pela intelectual Lélia Gonzalez para representar a experiência e a identidade compartilhada por pessoas negras e indígenas na América, especialmente em relação à resistência à dominação colonial e ao racismo estrutural.
Angorô – Angorô (também conhecido como Angolô ou Ongolô) é uma divindade da mitologia banto, associada à cobra arco-íris e à fertilidade. É considerado o inquice do arco-íris, que traz a chuva e, por conseguinte, a prosperidade. Angorô é frequentemente identificado com o orixá Oxumaré, que é cultuado no Candomblé, e também é visto como uma entidade andrógina.
Ayê – O físico. Lugar onde habitam os vivos. O material, o palpável.
Becos da Memória – Becos da memória é um dos mais importantes romances memorialistas da literatura contemporânea brasileira. A partir de seus muitos personagens, Conceição Evaristo traduz a complexidade humana e os sentimentos profundos dos que enfrentam cotidianamente o desamparo, o preconceito, a fome e a miséria sem perder o lirismo e a delicadeza. Representa uma obra baseada no conceito de escrevivência.
Benevuto – Personagem da novela Sabela representante tomaram as terras dos Palavís, povos originários.
Cadernos Negros – Cadernos Negros é uma série literária independente que veicula textos afro-brasileiros. Concebida por jovens estudantes que acreditavam no poder de conscientização, sensibilização e acolhimento da literatura, a série veicula até hoje, na poesia e na prosa, a possibilidade de expressar e promover a produção cultural e intelectual contemporânea, concebida e escrita por literatos pretos brasileiros.
Canjerê – Batuque de candomblés e umbandas. Termo utilizado em Minas Gerais.
Casa feita de livros – A Casa Escrevivência é um espaço cultural idealizado pela escritora Conceição Evaristo, no Largo da Prainha, região portuária do Rio de Janeiro. Localizada na chamada “Pequena África”, área de grande importância histórica para a população negra brasileira, a Casa abriga o acervo pessoal da autora, incluindo livros, cartazes, prêmios e documentos diversos.
Das curvas de Minas Gerais para as alturas do Rio de Janeiro – Passagem do texto fazendo uma alegoria para ilustrar a ida da protagonista para o Rio de Janeiro, assim como Conceição Evaristo fez e que hoje mora no Morro da Conceição.
Dorvi, Bica, Idalgo e Esterlinda – Personagens do conto “A gente combinamos de não morrer”, da obra Olhos d’água, de Conceição Evaristo. Bica, esposa de Dorvi; Dorvi, um traficante de drogas; e a mãe de Bica, dona Esterlinda, que tem dois filhos, Idalgo (assassinado) e Bica.
Enterrar umbigo – A prática de enterrar o umbigo do recém-nascido é uma tradição ancestral. No Brasil, esta prática é comum. Pode ser vista como um ato de proteção, um símbolo de ligação entre mãe e filho, e uma forma de conectar a criança com a terra e com o seu futuro.
Espiral de memórias – Segundo Leda Maria Martins, a escrita espiralar desconstrói a dicotomia entre oralidade e escrita enfatizada pelo Ocidente, que prioriza a linguagem discursiva como modo exclusivo de postulação de conhecimento. Performances do tempo espiralar, poéticas do corpo-tela apresenta uma temporalidade que se curva para frente e para trás, ao redor e para cima, em movimentos espirais que retêm o passado como presente (ou presentifica o passado) para moldar o futuro. Assim, a autora descoloniza o pensamento Ocidental e requalifica a África como continente pensante.
Favela do Pindura-Saia – Cenário que ampara o conto Becos da Memória. Homônima da extinta comunidade em Belo Horizonte onde Conceição Evaristo passou a sua infância e parte da juventude.
Fio Jasmim – Personagem central na obra “Canção para ninar menino grande”, da autora Conceição Evaristo. Ele é um homem negro, conhecido por sua beleza e facilidade em atrair mulheres, com quem tem diversos filhos e que não mantém vínculos afetivos ou responsabilidades.
Mulungu – O mulungu (Erythrina velutina) é uma planta medicinal nativa da América do Sul e Central, conhecida por suas propriedades calmantes e sedativas. É utilizada na medicina tradicional para tratar insônia, estresse, ansiedade e como relaxante muscular. Dizia que os escravizados faziam o chá de mulungu para adormecer os senhores da Casa Grande até entrarem em um sono tão profundo e não acordarem mais.
Negros-Estrelas – Negro-Estrela é um poema criado por Conceição Evaristo em homenagem a seu companheiro de vida e pai de Ainá, Osvaldo Oju-abebé – União de duas palavras em yorubá. Oju, olhos e abebé, paramento empunhado pelo orixá Oxum, um espelho o qual, segundo conta a ancestralidade, Oxum se mira no espelho para ver quem está atrás. É um elo entre o presente, o passado e o futuro.
Olhos d’água – Antologia de contos de Conceição Evaristo que também dá nome ao romance mais notório dentro da obra.
Ontem-hoje-amanhã – Neologismo empregado nas literaturas de Conceição Evaristo para sinalizar o conceito de literatura espiralar.
Orun – O etéreo, o inalcançável. Onde habitam os orixás e as estrelas.
Poemas-malungos – Poemas malungos, cânticos irmãos (2011), Tese de doutorado em Literatura Comparada de Conceição Evaristo.
Pretuguês – É um conceito criado pela intelectual Lélia Gonzalez para evidenciar a influência das línguas africanas, especialmente das matrizes bantas, na formação do português falado no Brasil. Mais do que uma variação linguística, o pretuguês expressa uma identidade da cultural afro-brasileira, reivindicando um local de apropriação de identidade da população negra, e sua contribuição cultural e intelectual. Nesse sentido, expressões como “Q’eu isse” revelam não “erros”, mas heranças linguísticas africanas reconfiguradas no cotidiano e nas artes. O pretuguês, portanto, é um ato político, que valoriza os saberes negros historicamente marginalizados pela norma culta ocidental. É um processo contra colonial, contra o epistemicidio.
Realismo fantástico – O realismo fantástico, ou realismo mágico, é um estilo artístico que combina elementos do mundo real com acontecimentos fantásticos e sobrenaturais, geralmente tratados como parte normal do dia a dia.
Sabela – Protagonista que dá nome à novela que encerra a antologia de contos femininos em Histórias de leves enganos e parecenças, de Conceição Evaristo, em que a autora aproxima a personagem ao itan de Oxum.
Samba-Favela – Samba-Favela é um dos primeiros textos escritos por Conceição Evaristo. Publicado inicialmente no jornal O Diário, Belo Horizonte, esse texto é considerado pela autora como a semente de sua obra mais conhecida, o romance Becos da Memória (2006).
Tia Halima – Halima é protagonista do conto que faz referência à mitologia de Oxum no conto “Fios de ouro”, de Conceição Evaristo, parte integrante da obra Histórias de leves enganos e parecenças. Dentro da cultura ancestral afrocentrada, o vocativo “tio/tia” é utilizado para identificar os mais velhos, não necessariamente indicando um parentesco.
Tio Totó – Personagem do conto Becos da Memória em que se assemelha em escrevivências ao tio de Conceição Evaristo.
Vô Vicencio – Personagem avô de Ponciá Vicêncio, a protagonista que dá nome ao conto.
Yalodê – Em ioruba: Ìyálodè, é um termo que significa “aquele que lidera as mulheres na cidade” ou “dona do grande poder feminino”.