Bem organizada, Dom Bosco evolui no segundo ensaio técnico
Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins
As condições climáticas adversas são constantes em São Paulo. Prova disso foram os primeiros minutos do segundo (e último) ensaio técnico da Dom Bosco para o carnaval 2024, realizado neste sábado. A agremiação enfrentou garoa na Concentração – mas, quando boa parte da azul e branca ainda estava se preparando para pisar na passarela, parou de cair água do céu – e, então, os fortes ventos, tão tradicionais do Anhembi, apareceram. Nada que tirasse o ânimo dos componentes da instituição, que protagonizaram ótimos momentos no Sambódromo para defender o enredo “Um causo arretado de um povo pra lá de valente… O cordel de um nordeste independente”, idealizado pelo carnavalesco Danilo Dantas, que será a primeira escola a desfilar no Grupo de Acesso I – no dia 11 de fevereiro.
Evolução
Bastante segura e organizada, a agremiação ganhou o Anhembi com movimentos bastante uniformes, sem paradas nem atropelos. Com duas alas coreografas logo na cabeça da escola (uma à frente do casal de mestre-sala e porta-bandeira e outra à frente do carro abre-alas), a instituição já começou o desfile bastante dinâmica. Se a tônica dos demais agrupamentos era a liberdade, os componentes aproveitaram bastante para curtir o samba. Destaque também para o recuo de bateria: comandada por Mestre Bola, a Gloriosa fez um movimento bastante simples: com a Ala das Baianas, que vinha logo à frente dos ritmistas, ainda na metade do espaço do box, os componentes entraram com celeridade e a ala seguinte logo preencheu todo o espaço – em movimento que durou cerca de apenas sessenta segundos.
Comissão de frente
Em tempos de diversos tripés alegóricos, o segmento veio “apenas” com um carrinho que trazia uma série de itens. Em alguns momentos, eles interagiam com o público e até mesmo com quem estava no corredor, jogando displays com o samba da agremiação e confete. Em outro momento, a comissão de frente, que apresentou dois atos, tirava um imenso pano branco e cobria alguns dos integrantes – dando a entender que alguma surpresa acontecerá.
Samba-enredo
Elogiado desde quando foi apresentado à comunidade e ao mundo do carnaval, a canção teve excelente resposta de boa parte dos componentes e do público presente, que ameaçava cantar, sobretudo, o verso “Com a Dom Bosco, pra ‘mode’ a gente prosear”. Desde a Concentração, por sinal, o carro de som, capitaneado por um mais uma vez inspirado Rodrigo Xará, chamava atenção: do incidental muito executado por Ariane Cuer e Yara Melo, a escola já emendou os primeiros versos da canção – que fizeram ritmistas e componentes cantarem sanguineamente, gerando muita empolgação.
Harmonia
Como é tradicional em escolas de samba da Zona Leste de São Paulo, a Dom Bosco teve ótima resposta no canto da comunidade – que, como dito anteriormente, empolgou até mesmo os presentes na arquibancada. Uma ala, entretanto, teve um canto mais abaixo: o agrupamento antes do segundo carro, que pouco colaborou para embalar o samba-enredo. Vale destacar, também, a ótima resposta da agremiação durante e depois os dois apagões da Gloriosa.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Além de uma pista minimamente úmida por conta da chuva e da garoa do meio da tarde paulistana, Leonardo Henrique e Mariana Vieira tiveram uma grande adversária: as grandes rajadas de vento no Anhembi. Se, no primeiro módulo, eles optaram pela segurança, com giros mais lentos com o ar se movimentando pouco, a partir da segunda cabine a situação mudou completamente. Na apresentação posterior, duas rajadas de vento tentaram atrapalhar a exibição – e, em uma delas, o pavilhão da agremiação deu uma discreta enrolada. Nos demais módulso, mais rajadas de vento – mas sem qualquer tipo de ocorrência negativa. Como característica, a dupla faz muito contato visual um com o outro, utilizando mais tal expediente que outros duos. E, claro: para combinar com o enredo, ambos, em determinados momentos, executam passos de ritmos nordestinos.
Outros destaques
A corte da bateria Gloriosa apresentou duas destaques: Mayra Barbosa (rainha) e Mariana Mello (madrinha) – que veio com uma sanfona de brinquedo para a passarela.
Comissão de frente e harmonia são destaques do último ensaio técnico da Unidos de Vila Maria
Por Lucas Sampaio e fotos de Fábio Martins
A Unidos de Vila Maria realizou seu segundo ensaio técnico no Sambódromo do Anhembi em preparação para o carnaval de 2024. A vigorosa comissão de frente e o canto da comunidade foram os principais destaques do treinamento encerrado aos 55 minutos. A Mais Famosa será a sexta escola a desfilar no dia 11 de fevereiro pelo Grupo de Acesso 1 de São Paulo com o enredo “Forjados na Luta, Guiados na Coragem e Sincretizados na Fé: A Vila Canta Ogum!”, assinado pelo carnavalesco Fábio Ricardo.
Comissão de frente
A comissão de frente se apresentou em dois atos marcados por passagens do samba. Conta com a participação de um protagonista carregando uma corrente enquanto todos os demais utilizavam a mesma fantasia e empunhavam espadas, arma característica do orixá homenageado pelo enredo.
Toda a coreografia gira em torno da interação desses “Oguns”, que chamavam atenção porque a espada que cada um empunhava é de fato de metal, o que causava um efeito à forte dança realizada ainda mais intenso. Na parte final do segundo ato a corrente do protagonista é dividida entre os demais atores, que fazem uma interação de giro coordenado que causou um bom efeito. A Vila Maria inicia seu desfile com a energia de uma escola que está disposta a provar que seu lugar é na elite da folia paulistana.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O vento foi ingrato com o pavilhão da Vila Maria ao longo do ensaio. A dança de Mauro César e Geisle Siqueira foi bem executada nos módulos em que foram observados, com giros que aproveitavam o espaço que a pista oferece e boa sincronia demonstrada pelo casal. Por duas vezes, porém, o vento empurrou a bandeira da Mais Famosa e quase a enrolou no primeiro módulo, com o mestre-sala conseguindo pegar bem a tempo de desfraldar, mas no terceiro módulo a embolada ocorreu na finalização de um giro. É um detalhe que depende de um elemento imponderável, mas que os treinamentos que ocorrerão até o dia do desfile podem ajudar a enfrentar melhor.
Harmonia
A comunidade da Vila Maria deu uma bela demonstração de amor ao pavilhão. O canto foi intenso e presente por todos os segmentos ao longo de todo o ensaio, conseguindo transmitir para o público a alegria de desfilar, embalados especialmente pelo bom refrão principal do samba. A vontade de ganhar o carnaval é evidente, e a Mais Famosa pode ter tranquilidade de que poderá contar com seus componentes nessa missão.
Evolução
A Vila Maria não quis esperar os portões abrirem para arrancar com o samba, e assim que o cronômetro iniciou a comissão de frente já entrou na pista evoluindo. Foco total para aproveitar ao máximo o tempo disponível para ensaiar refletido em uma escola que desfilou de forma fluída e constante por todos os 55 minutos em que esteve na Avenida.
Mesmo assim, um apontamento já feito anteriormente se faz necessário. A bateria iniciou a manobra para entrar no recuo com cerca de metade do espaço disponível, vindo atrás da marcação do carro Abre-alas. Ao realizar o movimento, parte dos ritmistas do lado direito esbarraram no responsável por segurar a faixa no final da alegoria, algo impensável de acontecer no dia do desfile. Outras escolas estão tentando realizar essa arriscada estratégia e enfrentando problemas, cabendo à direção da Vila Maria pensar se vale a pena correr tamanho risco.
Samba-enredo
A grande surpresa do quesito no ensaio ficou com a chegada de um gigantesco reforço de última hora. O intérprete Nêgo, que já defendeu a Vila Maria em 2012, chega para fazer dupla com Royce do Cavaco no carro de som da Mais Famosa.
A primeira atuação dos lendários sambistas juntos contribuiu positivamente para o andamento do samba da Vila Maria, que ganhou corpo na Avenida e animou os componentes a cantarem ainda mais. É possível que com os ensaios de quadra que a escola ainda tem pela frente possa tornar essa parceria ainda melhor.
Outros destaques
Ora yê yê ô, Oxum! Savia David, a Rainha da bateria “Cadência da Vila”, veio fantasiada em homenagem à orixá das águas doces, rios e cachoeiras e foi reverenciada pelo público do Anhembi. Os ritmistas comandados por mestre Moleza tiveram uma grande atuação, com bossas de alto nível aplicadas em momentos-chave. Destaque para o caminho do desfecho da segunda do samba que faz com quem ouve não conseguir ficar parado.
Com destaque para comissão de frente, Nenê de Vila Matilde realiza segundo ensaio técnico
Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins
A Nenê de Vila Matilde, que canta Lia de Itamaracá, teve como principal destaque a sua própria comissão de frente, onde se teve uma grande performance dos integrantes, principalmente da criança, que interpretava a própria homenageada. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, que segurou o forte vento também foi destaque. O ‘Lado Leste’ entrou bem emocionado no desfile e mostra que apesar de tudo, está na busca pela vaga ao grande sonho, que é voltar ao Grupo Especial.
Assinado por Fábio Gouveia, o enredo da Nenê de Vila Matilde para 2024 é intitulado como “Cirandando a ida pra lá e pra cá. Sou Lia, sou Nenê, sou de Itamaracá”
Comissão de frente
A ala, que é comandada por Jeferson Ricardo, é uma beleza à parte. A apresentação tinha como figura principal uma criança menina representando Lia de Itamaracá. Segundo o carnavalesco Fábio Gouveia, o enredo consiste em tratar a cirandeira em algo lúdico, sem tanta coisa acadêmica.
Na apresentação havia vários integrantes. Homens que aparentavam representar pescadores, ficavam encantados pela pequena Lia e faziam um tipo de perseguição, até que uma figura do mar, uma espécie de caranguejo, protegia ela. Após, tudo dava certo e todos cirandavam em um tapete azul que era estendido, representando o mar.
É claro que havia outros detalhes na comissão de frente, mas só vendo para entender. É algo para se reverenciar a parte.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Cley e Thayla lutou bravamente contra as fortes rajadas de vento no Anhembi. Eles também pegaram a pista um pouco molhada, visto que choveu um pouco antes dos ensaios da própria Nenê e da Imperatriz da Paulicéia. Mas nada impactante. Deu para ensaiar com o chão mesmo sobre essas condições. O que preocupava mesmo era o vento, mas de toda forma, onde se analisou, a porta-bandeira não deixou o pavilhão enrolar no mastro.
Ao todo, o casal mostrou bastante sincronia entre os movimentos, nos giros e finalizações. Foi um ensaio satisfatório para a jovem dupla matildense.
Harmonia
Foi uma questão abordada no ensaio anterior. A comunidade da Nenê de Vila Matilde ainda tem certas dificuldades em algumas partes do samba, mas mesmo assim, houve uma melhora em relação ao primeiro ensaio. A verdade é que as escolas estão subindo o nível do primeiro para o segundo, e com a Águia não foi diferente.
As partes mais cantadas do samba são: “Firma na palma da mão/mostra sua tradição/é festa de coroação” e também o refrão principal – “Ô Lia entra na roda…”
Evolução
Neste ensaio houve uma melhora no andamento da escola. No primeiro treino se viu algo ‘morno’, mas em questão de dança não tem o que falar. Houve uma evolução com intensidade e com a comunidade evoluindo de um lado para o outro. Não há coreografia, mas o que se destaca é a parte das palmas sincronizadas nos versos do “Firma na palma da mão/mostra sua tradição/é festa de coroação”.
Samba-enredo
Interpretado por Agnaldo Amaral, o samba-enredo tem se destacado muito mais por seus refrões. É uma letra que realmente explica o enredo, explosivo, mas não se fez forte o canto da comunidade matildense, por exemplo, como foi em 2023.
O carro de som é experiente e conta com apoios de renomados, além do grande intérprete citado acima, que já está na escola há muito tempo.
Outros destaques
A “Bateria de Bamba”, do mestre Matheus Machado, mostrou um andamento forte, com surdos potentes e em alto volume. Deu uma marcação elevada para o samba.
As baianas, que especialmente da Nenê merecem respeito, pois a escola tem 76 anos. As mães do samba chegaram em um tom azul, na cor da escola.
A rainha de bateria, Gabriela Ribeiro, desfilou em uma espécie de palanque azul na frente da bateria. Optou por não ir no chão e sim ganhar um destaque maior.
Harmonia e samba são destaques do último ensaio técnico do Império de Casa Verde
Por Lucas Sampaio e fotos de Fábio Martins
O Império de Casa Verde realizou seu segundo ensaio técnico no último sábado no Sambódromo do Anhembi em preparação para o carnaval de 2024. Os desempenhos da harmonia e da ala musical foram destaques do treinamento encerrado após 62 minutos. O Tigre Guerreiro será a sexta escola a desfilar no dia 10 de fevereiro pelo Grupo Especial de São Paulo com o enredo “Fafá, a Cabocla Mística em Rituais da Floresta”, assinado pelo carnavalesco Leandro Barboza.
Foi o último treinamento geral que o Império pôde realizar na Passarela do Samba antes do desfile oficial, e a sensação transmitida é de que o sábado de carnaval já poderia ser naquele momento. Todos os quesitos conversaram de maneira uníssona, praticamente perfeita, gerando grandes expectativas para ver como música e técnica se unirão à tão aclamada estética imperiana.
Comissão de frente
O Império abriu o ensaio com uma comissão de frente atuando em dois atos marcados por passagens do samba. Uma protagonista carregando duas maracas aparenta representar Fafá de Belém, com o restante do grupo interagindo com ela. O primeiro ato ocorre completamente no chão, enquanto no segundo a dançarina com parte dos companheiros sobem em um tripé, aonde a principal vai para uma estrutura ao centro que é erguida pelos demais com um mecanismo giratório, dando um efeito interessante.
A atuação do quesito é segura, mesmo sem o uso das fantasias e o tripé ainda sem a decoração. A clareza da representatividade da protagonista gera expectativas para o desfile, prometendo a abertura imperiana causar um impacto positivo no desfile.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Rodrigo Antonio e Jessica Gioz estiveram em grande noite. O casal imperiano cravou todos os movimentos nas três cabines em que foram observados, com direito a inserção de passos de dança marcados dentro das obrigatoriedades que engrandeceram ainda mais a atuação. A dupla, que garantiu 40 pontos no carnaval de 2023, chega para o próximo desfile com boas chances de repetir o resultado.
A inusitada posição do quarto módulo de jurados, muito mais elevado que os demais, tem causado confusão para alguns casais, e Jessica Gioz falou a respeito da experiência de dançar diante dele.
“Senti muita dificuldade. Nós notamos a montagem dessa cabine na quarta-feira, não foi algo que foi combinado. Desde o começo de janeiro estamos nos programando para nos apresentarmos em baixo, como são todas. Na última quarta-feira, vimos a montagem e subentendeu que seria mais alto. Para mim, pelo menos, ainda não chegou um comunicado concreto, mas tudo indica que sim e é ruim, sim. Eles estão muito em cima, a visão deles é muito ampla. Antes, tínhamos uma estratégia de ir mais para perto deles, e agora temos que nos afastar mais para eles conseguirem ter a visão da coreografia inteira. Temos quinze dias para trabalhar em cima disso”, declarou.
Harmonia
Quando o samba é bom e a escola tem uma comunidade aguerrida, a tendência natural é o coral proporcionar um grande espetáculo. Ao longo de todo o ensaio os componentes clamaram o samba imperiano com vigor e disposição, mesmo fora das várias bossas que a bateria “Barcelona do Samba” apostou pela Avenida.
É mais um ano em que o Império de Casa Verde tem a tranquilidade de ter no seu povo uma fonte segura de boas notas. O diretor de carnaval, Tiguês, fez uma análise geral do desempenho técnico da escola no ensaio.
“Sentimos que realmente a escola está pronta para o combate. Sentiu que alguns componentes que ainda estavam chegando, pegando o samba, neste ensaio aqui percebemos que o povo pegou melhor, e agora acho que a escola está pronta para o combate. O primeiro ensaio avaliamos como muito, muito bom, foi um ensaio muito bom. A parte de andamento, evolução, canto da escola. Neste ensaio agora não tinha muita coisa para mexer, era mais mesmo de componente novo que chegava e tals para corrigir. Fizemos ensaios na quadra e fluiu bem”, disse.
Na opinião de Tigues, o grande destaque do ensaio foi o ânimo dos componentes em cantar o samba.
“Temos esse apagão do ‘Emoriô’, mas não é só isso. Vejo a escola cantando muito animada o samba inteiro, então é difícil falar de um ponto alto dentro de um conjunto desse. Acredito que o canto da escola foi o ponto melhor hoje”, completou.
Evolução
A comunidade imperiana compareceu em peso ao último ensaio técnico da escola, o que permitiu um treinamento próximo à realidade do desfile oficial. Ao longo de toda a passagem da escola a fluidez ocorreu tranquilamente, parando apenas em certo ponto para que a bateria pudesse realizar uma apresentação especial para a arquibancada Monumental e no recuo. É um quesito que costuma trazer segurança para o Império há anos, e mais uma vez não será motivo de preocupação.
Samba-enredo
O “Emoriô” é um verdadeiro hit do carnaval paulistano em 2024, e as vozes da ala musical liderada por Tinga só engrandecem ainda mais excelente samba imperiano. Em um ano que os intérpretes estão sendo mais cautelosos em função das mudanças no regulamento o talento vocal faz toda a diferença, e o artista carioca tem de sobra a oferecer ao Império de Casa Verde.
Tinga fez uma análise geral do desempenho da ala musical no segundo ensaio técnico da escola.
“A gente vai procurar sempre melhorar até o dia do desfile oficial. A gente vem com esse samba lindo, maravilhoso em homenagem à nossa querida Fafá de Belém. Carro de som está de parabéns, com todo mundo se doando o máximo para fazer o melhor pelo Império de Casa Verde. Aqui a gente trabalha sem a vaidade, trabalha em prol do Império de Casa Verde para a gente chegar ao nosso objetivo. Está todo mundo de parabéns, toda a escola, toda a comunidade que está cantando bonito, cantando forte, e estamos juntos sempre”, avaliou.
Diante do engajamento forte dos componentes, Tinga deixou uma mensagem especial para a comunidade imperiana.
“É para chegar junto para Império chegar com tudo, com muita força, com essa alegria, trazer essa alegria para a Avenida. Com certeza, a gente vai fazer um grande desfile e chegar ao nosso objetivo, que é ser campeão do carnaval”, concluiu.
Outros destaques
A bateria “Barcelona do Samba” teve a sua frente a rainha Theba Pitylla vestida com uma bela fantasia cravejada de conchas, muito conveniente para brilhar diante do mar azul incansável dos ritmistas imperianos. Para um artista da música como mestre Zoinho, poder homenagear na Avenida uma consagrada cantora tem um sentimento especial.
“É diferente, muito especial e a gente se preparou muito para isso. Trata-se de um enredo muito importante, a Fafá tem uma grande representatividade na nossa música brasileira. Estamos falando de música, e estou lidando com uma música. Não só com um samba-enredo, é uma música de excelentes compositores. Tive todo um cuidado para fazer todos os arranjos e paradinhas que eu fiz. Trata-se de Fafá de Belém, uma das maiores do nosso país e temos que valorizar uma artista desse tamanho. Muita gente não valoriza o que temos no Brasil em relação à música, mas a Fafá tem uma grande carreira e temos que valorizar isso. É uma grande homenageada”, afirmou.
Mancha Verde mostra força da comunidade com destaque para o canto em ensaio técnico
Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins
Ter uma escola engajada é meio caminho andado para alcançar o sucesso. É isso que a Mancha Verde tem. Isso foi mostrado no ensaio técnico deste último sábado, onde o canto dos componentes da ‘mais querida’ ecoou forte, desde a concentração até a dispersão. Na verdade, foi um ensaio satisfatório como um todo. Teve quesitos que se destacaram além da harmonia, como a comissão de frente e casal, mas ao todo, tudo fluiu tranquilamente. A Mancha prometeu melhorias para este segundo ensaio e, de fato, conseguiu. “Do Nosso Solo Para o Mundo” é o enredo da escola para o Carnaval 2024, assinado pelo carnavalesco André Machado.
É o que diz o diretor de carnaval Paolo Bianchi. De acordo com o profissional, todas as correções foram feitas. “A gente encontrou algumas coisas que queria melhorar. Conversou a semana inteira, teve uma parte que não gostamos no primeiro ensaio e hoje a gente corrigiu. O canto funcionou, fizemos os apagões e hoje foi melhor ainda do que semana passada. O andamento foi tudo o que a gente desenhou. Temos uma forma de trabalhar isso e cada ala e cada marcação de alegoria saiu exatamente em cada tempo que desenhamos e deu até para tirar uma onda no final, que era o combinado. Deu tudo certo, graças a Deus”.
Comissão de frente
Uma apresentação com muitas informações teve a ala da Mancha Verde, que é liderada pelos coreógrafos Wender Lustosa e Marcos dos Santos. Na dança, esteve presente os orixás Ocô, esse que é ponto chave do enredo e junto dele Ogum e Oxalá. Todos tinham participações fundamentais. Os outros personagens eram aparentemente mulheres do campo e outros homens da cultura afro.
A apresentação consistia em exaltar Ocô e a agricultura. Claramente com a letra do samba dava para notar que, com sua flauta, Ocô recebia a missão de olorum, como bem diz a trilha-sonora da escola para 2024. Em outra parte da encenação, Ogum, o homem do ferro tomava as frentes e Oxalá também. Após, em determinado momento, as supostas mulheres do campo pegavam uma bacia que estava em um pequeno tripé. Ou seja, uma comissão de frente recheada de informações para apresentar o enredo da ‘mais querida’.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Mais um grande ensaio de Marcelo Silva e Adriana Gomes. Da outra vez a porta-bandeira teve problema com o cinto e mesmo assim havia feito um treino satisfatório. Agora, foi 100%. Vale ressaltar que o casal tem uma estratégia de ‘se poupar’. Os dois bailam na pista, estendem o pavilhão ao público, mas só colocam a intensidade na dança mesmo quando vai se apresentar para a cabine dos jurados. A dupla opta pela integridade para dar o melhor de si nos pontos estratégicos da pista.
“Eu estou feliz porque a gente mudou quinta-feira, ensaiou junto com a quadra em um lugar separado, só eu e a Adriana e em vez de uma, mudamos quatro coisas. Sem perder o critério, é lógico, mas mudamos para a gente poder entrar no contexto da evolução da escola também e sem perder o nosso critério. Pensando na escola para gente fazer parte desse título. O que eu estou mais feliz é saber que a gente está há 11 anos junto e que ela tem a confiança em mim na avenida. Eu só disse para ela antes de entrar olhar para mim, e mesmo pequenas coisas a gente acertava e dava certo. Eu acho que é Deus, são os orixás. A gente não quer ser melhor do que ninguém, a gente quer ser melhor para nossa escola”, disse o mestre-sala.
“A gente é um time. Não adianta só o casal ser bom, tem que o time ser bom. Somos nove quesitos, e se os nove quesitos não estiverem ornando e um só der certo não tem nota, não tem campeonato, não tem sucesso de ninguém. Sem esse time, sem o time da minha equipe, sem o William, sem a Vanusa, a Vanessa, a Domênica, a Daniela, sem o apoio da diretoria da escola, sem o Paulo Serdan confiar, que ele aposta na gente, nada disso seria possível”, completou a porta-bandeira.
Harmonia
Foi o grande destaque da Mancha no ensaio. É impressionante como a comunidade abraça qualquer samba escolhido pela agremiação. É claro que todos os componentes tem carinho pela sua agremiação, mas neste ensaio deu para ver o brilho no olhar do componente da ‘mais querida’. Uma empolgação e uma atitude de quem realmente quer vencer e defender o pavilhão. Uma escola muito bem ensaiada, com vários repertórios, bem focadas nos apagões da bateria “Puro Balanço”. Isso tudo faz com que a harmonia da agremiação seja um ponto positivo. Diretor de carnaval Paolo Bianchi, presidente Serdan, diretor de harmonia Bruno Ferrari e demais membros da diretoria merecem seus devidos créditos – Isso também engloba bateria e ala musical. Como dito, a escola é muito bem ensaiada.
Evolução
Os componentes da Mancha Verde fizeram o que é agradável. Dançaram com empolgação, apesar do samba, que tem a melodia para baixo. Executaram a evolução de um lado para o outro. Não tem coreografia dentro do samba, pois realmente a ideia é deixar os componentes soltos. As fileiras estavam compactas e não teve percalços no término do desfile.
Samba-enredo
Realmente é incrível como o intérprete Freddy Vianna conduz o seu carro de som e a sua comunidade. Na largada, com seu grito “Vem que vem”, a galera vem junto. Ainda antes de começar, o cantor foi para o meio dos desfilantes em um gesto emocionante. Mostra o engajamento de um profissional que está há 12 anos defendendo o pavilhão alviverde.
A parte mais cantada do samba são os últimos versos e o refrão principal, com destaque para os apagões da bateria “Puro Balanço” nos versos “orvalho que toca a viola/dá o tom pro matuto versar/levando aos céus/as bênçãos dessa noite de luar”.
O intérprete Freddy Vianna falou sobre o ensaio. “Devido ao novo regulamento da Liga das Escolas de Samba, eu decidi mudar o jeito da minha ala musical e interpretar o samba. A gente vem de uma forma mais uníssona, todos numa só voz. Só a Clara Vidal, que vem fazendo uma ‘tercinha’ no meio, até mesmo para não sobrepor a minha voz porque tudo a gente corre risco hoje. Eu acho que a gente vindo dessa forma, a gente vai convencer os jurados que a ala musical da Mancha é bem musical, e o samba também é um samba que pega no coração. Eu estou fazendo uma desenvoltura diferente com as cordas também, são as cordas que vão brilhar esse ano, e a ala musical vai vir em redondinha, cantando, como se fosse um CD. Eu achei que foi muito proveitoso, só tenho feras comigo. Eu só tenho pessoas que abraçam a causa, então eu só tenho a agradecer a eles”, avaliou.
O cantor exaltou o canto da comunidade no Anhembi. “Eu acho que melhorou muito, principalmente a organização, o canto. A Mancha tem um canto muito maciço e hoje ela mostrou isso no nosso apagão, em momentos que são fortes do samba como o refrão, então o samba ecoa. Eu acho que a ala musical tem um papel muito importante e desempenha muito bem o samba cantado. Eu acho que ela mostra realmente o que é o samba no CD, ela trouxe o CD para a Avenida. Isso é muito importante, essa divisão como a divisão do CD, porque as pessoas escutam muito de casa, as pessoas escutam muito pelo celular, as pessoas sempre estão escutando a gravação da Mancha, então eu trouxe a gravação da Mancha para o Anhembi”, completou.
Outros destaques
A bateria “Puro Balanço”, dos mestres Cabral e Vinny, deram um andamento satisfatório para o samba, com bossas soltadas o tempo todo. Como dito, os apagões dão o tom nos versos citados acima. Também no refrão principal, na frase “Mancha Verde esperança”.
“Eu acho que a gente deu um grande passo em relação ao primeiro ensaio. Conseguimos corrigir coisas que a gente tinha em mente e hoje foi um grande ensaio”, disse Vinny.
“A gente conseguiu corrigir alguns erros pequenos, estamos sempre conversando com a diretoria e com os ritmistas. O ensaio foi maravilhoso, vamos continuar trabalhando para conseguir fazer um ótimo desfiles”, completou Cabral.
A rainha de bateria, Viviane Araújo, esteve presente no ensaio. A artista se mostrou totalmente engajada e sorridente. O carinho da comunidade e diretoria é recíproco. uda Serdan, princesa da “Puro Balanço”, brilhou ao lado de ‘Vivi’. Baianas vestidas de verde e branco cantando o samba também foram destaques.
Inocentes faz ensaio com destaque para o carro de som e casal, mas com problemas de evolução e canto irregular
Por Rafael Soares, Guibsom Romão, Maria Clara, Matheus Morais e fotos de Nelson Malfacini
A Inocentes de Belford Roxo foi a terceira escola de samba a se apresentar no ensaio técnico da Série Ouro na noite de sábado na pista da Marquês de Sapucaí. Antes de começar, o discurso do presidente Reginaldo Gomes chamou muito a atenção. Nitidamente chateado, o líder reclamou da liga organizadora dos desfiles do Grupo Especial, a Liesa, dizendo que eles são covardes com as escolas que sobem do Grupo de Acesso, as rebaixando de forma injusta. Também criticou a prefeitura de Búzios, que seria o enredo da escola. Ele disse que não tiveram coragem de sustentar a parceria, após a briga política com o prefeito de Belford Roxo, a quem o dirigente chamou de ‘ditadorzinho’. Ainda falou que foi melhor assim, pois deixou de homenagear uma cidade elitista, em suas palavras, para poder dar vez ao povo ambulante, que é pobre, preto e batalhador.
- VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO
- LEIA AQUI: FREDDY FERREIRA ANALISA O ENSAIO
- VÍDEOS: ARRANCADA, BATERIA E ALA A ALA
A chamada ‘Caçulinha da Baixada’ começou seu treino com uma comissão de frente bem simples, que parece ter escondido o jogo. Destaque para a atuação do casal de mestre-sala e porta-bandeira Matheus e Jaçanã, que exibiram um forte e bonito bailado. Outro ponto alto foi o desempenho do carro de som da escola, sob o comando do intérprete Thiago Brito, que mostrou ótima e valente atuação na condução do samba. Obra musical que é muito funcional por traduzir o enredo de forma certeira. A bateria também teve uma boa participação. Porém, os quesitos técnicos de pista deixaram a desejar. A harmonia da Inocentes não foi das melhores, com algumas alas cantando pouco, deixando um conjunto irregular. E a principal preocupação foi com a evolução da escola, que teve problemas de buracos entre a bateria e os componentes logo à frente, que ocorreram duas vezes, além de embolamento de alas. A escola precisa corrigir seus defeitos em pouco tempo.
A Inocentes será a quarta agremiação a desfilar na sexta-feira de carnaval, dia 9 de fevereiro, e levará o enredo “Debret pintou, camelô gritou: ‘compre 2, leve 3!’ Tudo para agradar o freguês”, contando a história dos trabalhadores informais do Brasil, desde a sua origem nos tempos do Império até os dias atuais.
Comissão de frente
O grupo de bailarinos comandado por Juliana Frathane tinha seis homens e seis mulheres. Eles estavam vestidos como se fossem pintores, usando boinas e camisas com manchas de tinta. Os integrantes mostraram uma dança bem normal, com movimentos simples e não muito intensos, sem grande grau de dificuldade. Em certos momentos, eles formavam duplas para bailar, em outros todos eles faziam uma fila para definir poses, simulando uma pintura. Ao final, exibiam uma faixa com os dizeres “Viva a arte”, Viva a cultura”, Viva o carnaval!”. Passou a impressão de ser apenas uma coreografia de passagem ou um número organizado para o ensaio técnico.
“Deu tudo certo. Ensaiamos muito. O que eu mostrei hoje foi 80% da coreografia original. Tive que fazer as adaptações porque eu não posso entregar o que será a grande surpresa do dia 9. Olha, vocês podem esperar muita força, energia, garra”, comentou a coreógrafa.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Destaque para a atuação do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Inocentes. A dupla formada por Matheus Machado e Jaçanã Ribeiro exibiu uma dança tradicional de movimentos fortes e bem entrosados. Eles mostraram muita segurança em seu número, usando bom espaço da pista. As interações foram constantes, com algumas pitadas de irreverência, como pede o enredo. Aliás, ele estava vestido para representar Silvio Santos, com um microfone no paletó. Em alguns momentos, ele fazia um aviãozinho de dinheiro e jogava para o público.
“Ah, eu acho que para a gente foi um ensaio perfeito na nossa visão técnica, a gente veio brincando bastante, executamos o nosso passo que a gente precisava mostrar na frente dos jurados e a gente fez um ensaio leve e divertido, a gente veio brincando com o público e eu acho que foi bem legal. Hoje a gente fez algumas coisas que não faremos no dia do desfile oficial, a gente veio brincando mesmo, a gente veio fazendo o passo básico do mestre-sala e porta-bandeira, a dança clássica, e no dia do desfile é algo meio sagrado. A gente não pode falar o que é, mas a gente tem que ter fé. E aí vocês já pegam o spoiler”, disse a porta-bandeira.
“Foi bem gratificante que tudo que a gente ensaiou há bastante tempo, a gente conseguiu executar. Eu estou bastante feliz de que saiu tudo perfeitamente da maneira que a gente combinou. E foi descontraído também, a gente veio brincando bastante com as pessoas e as pessoas merecem esse abraço, o povo do carnaval, a gente que luta tanto, eu me incluo nisso, pelo carnaval, pela nossa arte, principalmente o que tem acontecido em Belford Roxo nos últimos momentos, foi ótimo, foi bom demais. Eu estou bastante feliz. O que aconteceu aqui hoje”, completou o mestre-sala.
Samba-enredo
A obra musical da Inocentes não tem uma letra das mais rebuscadas ou uma melodia diferenciada, mas passa o enredo de forma muito clara. O samba se mostra funcional para o desfile da escola, até pelo fato de ser fácil de cantar, com algumas passagens do nosso cotidiano. O rendimento da canção foi muito bom através do carro de som, com ótima atuação. A bateria também teve um bom desempenho, ajudando a impulsionar o samba. Porém, o mesmo rendimento não foi visto pela voz da comunidade, que não cantou a obra com potência, mesmo sendo favorecida por todos esses fatores.
“O rendimento do samba foi bom para caramba. Acima da média, o pessoal está cantando bem. Já era esperado, que a gente tem feito grandes ensaios. O andamento a gente já testou várias vezes nos ensaios o que a gente iria fazer e a gente achou o caminho certo para o samba. Cada samba pede um andamento e esse a gente testou algumas coisas até chegar nesse”, disse o cantor.
Harmonia
O canto da comunidade de Belford Roxo deixou a desejar no ensaio técnico de sábado. O volume apresentado foi de médio para fraco em boa parte da escola. Algumas alas passavam cantando bem pouco, outras exibiam um nível levemente maior, mostrando a irregularidade. Apenas no refrão principal era possível ouvir a escola com maior clareza. Para uma escola como a Inocentes, de boa trajetória no Grupo de Acesso, não foi o suficiente. A agremiação precisa melhorar sua harmonia.
“Na frente da escola, eu não tenho aquela sensação de como foi ela no todo. Vou ter uma reunião com o pessoal da harmonia e eles vão me passar como foi o andamento, o canto, a compactação. Do que vi aqui na frente, do que notei quando a escola estava passando, eu achei o canto bom, podendo melhorar mais ainda. Nós temos mais quatro ensaios de rua para aprimorar esse canto da escola, com certeza nós vamos chegar no dia do desfile na totalidade de 100% da melhor coisa que tem. No ensaio técnico, na minha opinião, é para você corrigir os seus erros no campo de jogo. O campo de jogo é aqui. É corrigir os erros. E hoje, o canto chegou, na minha opinião, a 80%, podendo melhorar, repetindo no ensaio de rua, que eu tenho quatro por fazer ainda”, comentou Saulo Tinoco, diretor de carnaval.
Evolução
Quesito da Inocentes que se mostrou muito problemático no treino. A escola desfilou com certa desorganização em suas alas. Algumas chegavam a entrar com componentes na outra logo à frente, gerando embolamento. Desfilantes paravam para conversar entre si ou com pessoas que assistiam nas frisas. E o mais grave foi a abertura de grandes espaçamentos entre a bateria e a ala que vinha na frente. Isso aconteceu nos dois primeiros módulos de jurados. Erro básico da escola que se for repetido no desfile oficial sofrerá penalização. Além disso, os desfilantes não mostraram a total animação que o enredo pede. A situação é preocupante e precisa ser corrigida.
Outros destaques
A bateria comandada por mestre Washington Paz teve um bom desempenho no ensaio. Os ritmistas colocaram um ótimo ritmo para embalar o samba-enredo da escola. As bossas tinham um certo nível de dificuldade e estavam bem adequadas.
“A gente esperava o som um pouquinho melhor, fomos um pouquinho prejudicado, mas isso não atrapalha a gente não. Vamos embora, a gente tem que ensaiar do jeito que dá. Gostei muito do andamento da bateria, tem algumas coisas para acertar, mas a avaliação foi muito boa, sempre podendo melhorar”, afirmou o mestre de bateria.
Águia de Ouro é ouvida com força em ensaio técnico
Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins
Dentre tantas escolas que têm no canto a principal força, uma delas vem da Zona Oeste. A Águia de Ouro, mais uma vez, entregou muita força vocal em ensaio técnico realizado neste sábado no Anhembi. Toda a potência da voz foi utilizada para defender o enredo “Águia de Ouro nas Ondas do rádio”, desenvolvido pelos carnavalescos Márcio Gonçalves e Victor Santos. A instituição da Pompeia desfilará no quinto horário do sábado de carnaval – dia 10 de fevereiro.
Harmonia
Como já é tradicional, a agremiação contou com componentes extremamente competentes para defender o samba-enredo. Em 2024, é bem verdade, a canção, bastante leve e muito simples de se cantar, ajuda bastante; mas nada tira a empolgação dos desfilantes como principal destaque do evento.
Evolução
Muito criticada por alguns, há um motivo bastante simples para que a Águia de Ouro tenha movimentos bastante característicos: é uma das maneiras pelas quais uma escola não é despontuada no dia da apuração – e, ciente que todas as agremiações buscam o título, nada mais natural que a azul e branca se apegue a algo que tenha como trunfo. Dito isso, a instituição, mais uma vez, veio extremamente organizada, utilizando tudo que lhe é importante para garantir notas máximas no quesito. A síntese de tal bom andamento da agremiação foi o recuo de bateria: guiando à direita com metade do abre-alas ainda no espaço paralelo ao box, o movimento inteiro durou cerca de 80 segundos – ótima marca.
Samba-enredo
Das canções mais criticadas no ciclo carnavalesco para 2024, a reportagem do CARNAVALESCO já dizia que, ao ser ouvido ao vivo, a canção crescia bastante. E, mais uma vez, isso aconteceu. De letra bastante simples, facilmente decorável e melodia que também convida para o canto, a canção teve condução bastante satisfatória de Douglinhas Aguiar e Serginho do Porto – já históricos integrantes da agremiação. Com menos bossas e focando na sustentação do samba, a Batucada da Pompeia também colaborou bastante para a boa noite do quesito.
Ao analisar o ensaio, Douglinhas fez questão de citar o primeiro: “Eu acho que no passado já tinha me agradado, e esse aqui eu acho que acabou completando o trabalho. Eu acho que a escola veio muito bem, cantando muito, com o astral lá em cima, com alegria estampada no rosto de cada um”, comemorou. O companheiro dele foi além: “Tudo que a gente queria graças a Deus aconteceu. De pegar o público todo cantando, a escola toda cantando. A gente está de parabéns porque a gente queria, e hoje conseguimos tirar, espremer o suco da laranja todinho e pegar ele, foi muito bom. Já estamos preparados para, no dia dez, quebrar o Anhembi”, prometeu.
Na visão dos intérpretes, por sinal, o samba-enredo está em franca ascensão: “Dá para perceber que este ensaio foi melhor, até porque hoje tinha bastante gente na arquibancada. Eu acho que isso motiva muito mais o componente, dá um gás a mais. Foi legal o da quinta-feira retrasada, mas acho que hoje foi bem melhor”, afirmou. Serginho do Porto seguiu na mesma linha: “E por quê? O som todo estava ligado, então todo mundo cantou e ouviu nós cantarmos. Isso aí é muito importante, foi muito bom”, destacou.
Ambos, inclusive, falaram em título para a agremiação: “A mensagem que eu quero mandar para o povo da Pompéia em especial é que cantem com muita garra, que vibrem pela nossa escola. Esse é um ano que dá para a gente levar o título, está nas nossas mãos. O barracão está muito bonito, as fantasias estão muito bonitas, só depende de cada um”, pontuou Douglinhas. O parceiro seguiu indo além: “Hoje foi um ensaio-treino e o jogo à vera será no dia dez. Para toda a comunidade da Pompéia, que a gente tem um carinho muito grande e sabe que vai cantar em pelos pulmões aqui no Anhembi, tenha certeza de uma coisa: nós vamos levar esse título para a Pompeia”, finalizou Serginho do Porto.
Comandante da Batucada da Pompeia, Mestre Juca destacou que também tem participação na boa fase da canção. “Quanto ao samba, ele é funcional. A arquibancada fica meio tímida no começo, mas depois se solta por ser um samba alegre. Acho que a participação da bateria é mais no andamento, já que colocamos ele um pouco mais para frente. Com um samba funcional e alegre, no dia do desfile vai funcionar”, pontuou.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Individualmente, João Camargo e Monalisa Bueno são fantásticos e dominam absolutamente todos os movimentos necessários para uma ótima dança. A questão principal está no tempo em que a dupla foi formada. Com cerca de dez dias juntos, é bem verdade que um está mais sincronizado com o outro do que muitos poderiam imaginar. Mas, ainda assim, o duo ainda não atingiu o cem por cento – e nem teria como, convenhamos. Com giros já bastante rápidos desde o começo da pista, ambos também utilizaram o expediente longe dos módulos de julgamento – algo que nem todos os casais estão fazendo em tal ciclo. Vale destacar, também, a utilização de um leque, e não de um cetro, por parte do mestre-sala – agora, elementos de mão são obrigatórios, e muitos que estão em tal posto em coirmãs preferiram o objeto citado.
Focando no treinamento futuro, Monalisa fez questão de frisar que gostou do próprio ensaio: “Vou te dizer que, para mim, superou as nossas expectativas. No meu caso, chegar sem condicionamento, uma bateria nova, sem passar meses para se entrosar… falamos aqui que temos uma conexão de outras vidas, ela foi incrível. O resultado está aí: deu tudo certo nos ensaios. Gostei muito do que fizemos e, na avenida, batalharemos para que estejamos nesse nível”, afirmou. João preferiu elogiar a companheira: “É importante mensurar que todo o processo, até para quem está dançando há anos, cada ano é um carnaval diferente, é uma forma de criar o seu trabalho. Nesse ano, estamos falando muito de ser conhecido em outras vidas. Quando dançamos pela primeira vez juntos, nos conectamos muito. Esse ensaio, realmente, foi a consagração da experiência – e ela faz com que a gente consiga transmitir não só técnica, mas tudo que o bailado permite e deve: alegria, simpatia, leveza, entrosamento e todos os critérios de julgamento. Tenho certeza que, no dia, com as magias de fantasia e do dia em si, vai ser ainda melhor. Só tenho a agradecer à Monalisa por ter aceitado essa loucura, que é saudável. O retorno dela também foi muito importante – e, juntando nossas experiências, com certeza já deu certo”, refletiu.
Falando sobre a rotina de ensaios até o carnaval 2024, Monalisa revelou um número impressionante: “Já estamos no ritmo e cheio de ensaios! Estamos, praticamente, ensaiando seis dias e descansando um dia. O tempo é curto, temos que intensificar os ensaios para que, no da, saia tudo conforme o combinado”, disse. Já o mestre-sala destacou que o ensaio possui muitos outros pontos importantes para se pensar: “Além do ensaio, nos preocupamos muito com treinamento: o nosso corpo é a nossa máquina. Alimentação, dormir bem… se não tiver tudo isso, não adianta ensaiar. A gente não renderia nada! É todo um conjunto que a gente trabalha”, finalizou.
Comissão de frente
Mais uma agremiação a utilizar um tripé no segmento, a Águia de Ouro teve dois grupos de componentes: um deles, basicamente, ficou apenas no chão, realizando coreografias marcando o samba. Já o outro, em cima da alegoria, tinha mais que um ato – e algumas situações bastante divertidas, como integrantes aparecendo e desaparecendo por meio de um pórtico. Curiosamente, tais agrupamentos não interagiam entre si. O máximo que acontecia em tal cenário era a ida de alguns componentes do chã para a lateral do tripé em alguns instantes.
Como o coreógrafo responsável pelo segmento teve mudanças (tal qual aconteceu no casal de mestre-sala e porta-bandeira), Sidnei Carrioulo, presidente e diretor de carnaval da instituição, deixou claro que ambos estavam sob atenção mais rígida: “Sim, esses quesitos foram os principais pontos de atenção do Águia. Lógico que sempre tem coisas para ser corrigidas, mas deu tudo certo. Estou satisfeito”, comemorou.
Apesar de ficar de olho, o diretor também elogiou os componentes: “De zero a dez, minha nota seria nove. Sempre dá para melhorar e o nosso objetivo é sempre o dez. Se nós não formos atrás do dez, não tem porquê estamos disputando o carnaval. E falar que tem escola que está perfeita… nunca vi uma na minha vida. E olha que eu tenho muito tempo de carnaval!”, finalizou Sidnei.
Outros destaques
Vanessa Alves, rainha da Batucada da Pompeia, não compareceu ao ensaio por conta de uma lesão. Vale destacar, também, a Ala das Baianas. Vencedoras do Estrela do Carnaval 2023, elas estavam deslumbrantes com os saiotes azuis.
“Temos, ainda, dois ensaios de domingo, e um na quarta-feira – esse é só bateria. Também estamos fazendo ensaios específicos com alguns naipes durante a semana. Sempre tem algo para ajustar: vemos algo no ensaio, limpamos – para que, no dia que passar o desfile oficial, entregar as notas para a escola”, afirmou mestre Juca, comandante de tal quesito.
Com homenagem a mestre Sombra, bateria e ala musical ditam ritmo da Mocidade Alegre
A atual campeã do carnaval, a Mocidade Alegre fez seu segundo ensaio técnico no último sábado, dia 27, e no ritmo do seu enredo “Brasiléia Desvairada: A busca de Mário de Andrade por um país”, agora só volta ao Anhembi no dia do desfile, no sábado, 10 de fevereiro, a terceira escola a desfilar. Neste ensaio técnico com direito a homenagem para Mestre Sombra, pelos 30 anos completos justamente no dia do ensaio, a bateria Ritmo Puro foi um dos grandes destaques, junto com o desempenho da ala musical comandada por Igor Sorriso.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Diego Motta e Natália Lago mostrou muita elegância e um bailado tranquilo perante os módulos dois e três. Realizando os passos obrigatórios, horário e anti horário, conectando os toques com as mãos, que é uma marca registrada deste casal que recém foi formado e é caseiro da Morada. Protegido pelos guardiões que eram membros da ala das crianças, vestiram uma fantasia já no estilo desfile, o que elevou o grau do ensaio e também no nível de elegância. Sincronizados no bailado, deu para sentir que evoluíram em relação ao primeiro ensaio, que já havia sido positivo.
Em relação a ter apenas dois ensaios técnicos, Diego Motta que está estreando como primeiro mestre-sala, relatou para o site CARNAVALESCO: “Falo por mim, pelas experiências anteriores: o primeiro é para quebrar o gelo, entendermos; o segundo é com alguns consertos do primeiro; e o terceiro é valendo. Aqui, no nosso caso, não teremos esse terceiro saboroso, mas essa situação fez a gente despertar uma técnica para ter várias soluções para qualquer tipo de problema. Hoje, testamos uma cabine que a gente ainda não tinha utilizado no último. Tem essa facilidade para experimentarmos algo diferente, mas, no contexto geral, não atrapalha tanto. A gente perde o sabor do último, aquele para lavar a alma. O segundo ainda é meio tenso. Mas estamos preparados, vambora!”.
E a sua companheira, a porta-bandeira, Natália Lago disse: “A gente traça o plano de acordo com o que temos. Se temos, dois ensaios em um, a gente vem testar tudo que a gente preparou e, no segundo e último, solucionamos todos os problemas – já que ele é o mais próximo da nossa realidade. Mas foi muito bom, nada foi prejudicado – e, para o casal, ter um ensaio a mais, ter um momento a mais, é de grande valia”.
A última cabine de jurados tem deixado os casais de cabelo em pé, o mestre-sala da Mocidade relatou: “Para mim, o que dificultou na questão desse jurado é essa mudança repentina muito próxima do desfile. Foi isso que deu um baque. Na teoria, os específicos servem para posicionamento. Preparamos todo o nosso trabalho para um desenho e tivemos que mudar. Uma das vantagens de termos um ensaio técnico a menos fez com que a gente tivesse várias possibilidades. No nosso caso, não interferiu muito ele ser mais acima ou para frente: foi tranquilo. Só experimentamos hoje, de fato, como será no dia – se não mudar de novo”, e a porta-bandeira complementou: “Fomos pegos um pouco de calça curta, está muito próximo do dia do desfile. A gente fica nessa ansiedade de saber o que de fato vai acontecer, onde vai estar, em que altura vai estar. A gente tem que bolar vários planos para, a hora que estiver definido, saber o que vai acontecer”.
Samba-enredo
Um dos destaques no ensaio técnico foi a ala musical comandada por Igor Sorriso, primeiramente pelas vozes femininas, a Talita Padovan, e a novidade que é a Jéssica Américo, que entrada foi feita a dela, já levantando a comunidade antes do samba-enredo ser cantado. Assim como a abertura do intérprete oficial que levanta a comunidade, vai para o povo literalmente. O desempenho na hora para valer, que é dentro do samba, foi impecável, conduziram bem o samba, ajudando a comunidade, é um samba fácil, leve e bem desenvolvido. Mas ainda por parte da comunidade, senti falta de um algo mais que a Mocidade Alegre tem, todas as alas sabiam o samba, cantavam, mas pelos fatores citados antes e também e por ser uma escola que canta muito, atual campeã, sei que pode mais. O intérprete Igor Sorriso conversou após o ensaio técnico, ainda na muvuca após o ensaio.
“Seguimos em evolução, amadurecendo, hoje o meu povo estava mais solto e à vontade. A Mocidade Alegre está muito madura para o carnaval. Eu acho que sempre há ajustes a serem feitos, mas estamos no caminho para fazer um grande carnaval bem competitivo e brigando lá em cima mais uma vez. A gente está 99% pronto. Vamos incentivar ainda mais esse povo e vai ser melhor ainda no dia do desfile, pode ter certeza”.
Harmonia
A harmonia da Morada é sempre um quesito à parte, e a ser destacado, elogiado. De fato, todas as alas cantavam o samba, e em geral, todos os componentes sabiam o samba, o que é um ponto muito importante. Mas como citamos no quesito acima, o samba-enredo, apesar de ver todos cantando, senti que podia ser um tom pouco maior em algumas alas. Em compensação, teve ala como a Família da Morada que cantou muito alto e um astral incrível dentro da pista, mostrando a energia da atual campeã. Uma ala energética é a de passistas, ou melhor, na Morada é chamada de Grupo Miscigenação, que samba muito de fato, e também canta o samba, o que é um fator importante pelo estilo da ala. A bateria é outra ala que canta bastante, e olha que é outro quesito.
Em relação aos dois ensaios, e o fato de não ter um terceiro oficialmente, o diretor de carnaval Junior Dentista fez uma revelação: “Eu vou fazer o terceiro! Vou fazer no dia 08, com o teste de som. É por isso que eu não peguei um terceiro ensaio. Como o teste de som é meu, na quinta-feira, eu faço um ensaio geral. Então, na prática, eu tenho um terceiro ensaio técnico, na verdade”.
Evolução
A agremiação evoluiu com muita tranquilidade, passando pelo Anhembi com leveza. Em determinado momento, quando a comissão de frente estava perto da última cabine de jurado, que está localizada no último setor do Anhembi, e o casal estava próximo do terceiro módulo, a escola segurou um pouco o passo, mas aconteceu devido ao recuo da bateria. O diretor de carnaval da escola, Junior Dentista, conversou com o site CARNAVALESCO e falou sobre não ter tido nenhum problema durante o ensaio.
“Pelo menos no rádio, ninguém me falou. Eu tenho um ponto em cada ala e todo mundo me comunica no rádio quanto a espaçamento e Evolução. Para mim, não chegou nada”.
Outra questão que pode ter assustado quem acompanhou a Morada, foi que a escola fechou o portão 1h06, o que consideraria estouro do cronômetro e perda de ponto. Mas Junior Dentista explicou que na realidade, foi devido a homenagem feita para o Mestre Sombra na concentração.
“A gente não coloca com dez minutos! No zero eu já estou na pista. É que nós quisemos fazer uma homenagem especial para o Sombra, trinta anos dele na bateria… quisemos fazer de portão aberto. Tanto que eu tinha dez minutos para esperar, para não ter problema, eu mesmo pedi para abrir o portão – e, aí, ligaram o relógio. Mas foi proposital, para fazermos uma homenagem para ele de portão aberto, para a presidente falar de portão aberto. Foi isso”.
Deu para sentir que também a escola já tinha passado com 1h05, porém o pessoal de harmonia da Morada costuma se reunir na pista e fechar o desfile com as mãos dadas ou abraçados, em uma forma de apoio. Portanto considerando as explicações, a Mocidade Alegre passou dentro do regulamento no quesito.
Comissão de frente
A comissão de frente teve uma personagem principal de preto e branco, em um ato subiam ao tripé e faziam algo que parecia mexer em um maquinário, seria algo em relação às viagens de Mário de Andrade pelo Brasil? É um mistério, pois o elemento alegórico estava totalmente tampado, entretanto essa parte era móvel e os integrantes da comissão fizeram o ato, só não dava para ver o que estava por baixo. Uma dança em ritmo bem intenso, no estilo do seu coreógrafo Jhean Allex. Já no chão, os grupos eram separados por meninas e meninos, mas que interagiam entre si no bailado. Um dos momentos de interação com o samba é quando cantam ‘sentimento verdadeiro’ e fazem sinal de abraço. Uma dança bem conduzida no ballet. Um dos atos principalmente é quando a menina de preto e branco soma com o grupo, fica centralizada e é a destaque do ato com o grupo dançando em volta dela. Outro ponto é que é uma comissão muito expressiva, com sorrisos, caretas, e também tem um momento que formam casais para dançarem, com provocações, interações, é bem intenso e interativo, claro que ainda estão escondendo o jogo.
Outros destaques
A bateria comandada por mestre Sombra, que foi homenageado pelos seus trinta anos de Mocidade Alegre, em uma concentração que foi bem marcante para a agremiação. E na pista, a Ritmo Puro, que contém o seu filho Sombrinha, sendo o braço direito, herdeiro de todo o dom musical de Sombra, soltou bossas, brincou de caracol em frente ao Monumental, o que agrada muito o público. Faz referências ao público durante toda passagem e sustenta muito bem o samba, em uma das bossas levanta o povo é justamente no trecho do samba: “Na voz da minha Mocidade”, a pausa e jogar para o povo, funcionou muito bem. Sobre a parte da homenagem e do dia que viveu com a sua Morada, ressaltou em papo com o site CARNAVALESCO.
“Primeiramente, tenho que agradecer a Deus por tudo que já aconteceu na minha vida. Lógico que foi importante! Teve uma surpresa, bateria com camisa nova, boné, homenagem… a surpresa é gratificante. Cantaram o samba que eu fiz para a escola no esquenta… é um dia muito especial, que não vai voltar mais. Temos que guardar essa grande recordação, essa grande lembrança. É especial demais. Não tenho palavras para resumir a emoção que se sente na hora, para transcrever isso tudo. É fantástico! Gratidão do início ao fim”.
Em relação ao fato de ter dois ensaios técnicos com a escola, Mestre Sombra ressaltou: “A quantidade não faz a qualidade, é muito relativo. Às vezes, você pode fazer um primeiro ensaio técnico excelente, errar no segundo, fazer um terceiro mais ou menos… é muito relativo. O que não pode mudar é o empenho e o foco, independentemente da quantidade. Tem que procurar a excelência e estar numa crescente. Não existe perfeição, você está a cada dia corrigindo alguma coisa e vendo alguma novidade”.
A rainha Aline Oliveira é um show à parte, interage com o público, samba e dança muito bem. Também tem os passos marcados com a bateria em bossas, e sempre levantam o público. Ou seja, uma marca da Morada do Samba. Assim como as destaques de chão, que em geral, apostam em looks muito bem produzidos e tem um samba no pé a ser destacado. Vale mencionar outra destaque que vem no começo da escola, a Thelminha, que é cria da comunidade, venceu um reality show, e já foi passista, também membro da comissão de frente, agora é destaque logo a frente do logo da Mocidade, onde ficam dois destaques no tripé. A ala Meninos da Morada também mostrou muita dança e também cantaram bastante, é uma ala com uma dança bem intensa, ritmo alto, e somente jovens
As baianas além de uma energia surreal, vale destacar que visual lindo, roubaram a cena, uma parte com o saiote verde e a outra vermelha, mesma coisa no chapéu utilizado, uma parte vermelha e outra verde. O efeito da barra da saia era o que complementava o charme a mais, lindo de ver, quando a baiana rodava, reluzia, ponto alto.
Unidos de Padre Miguel faz ensaio irretocável e mostra que não precisa de milagre para o título da Série Ouro
Por Luiz Gustavo Thomaz, Guibsom Romão, Maria Clara, Matheus Morais e fotos de Nelson Malfacini
A Unidos de Padre Miguel pisou na Marques de Sapucaí, na noite do último sábado, encerrando a temporada de ensaios técnicos da série Ouro como se estivesse no desfile oficial. Uma energia absurda, um canto visceral do início ao fim e todos os quesitos passando de forma impecável. O que se viu foi um ensaio de uma escola que se mostra preparada para seu objetivo tão almejado, subir para o grupo Especial. Entre tudo que esteve no mais alto nível, destaque para o chão da escola que beirou a perfeição, e um samba que se mostrou muito forte. A Unidos colocará à prova todas essas credenciais no sábado de carnaval, dia 10 de fevereiro, sendo a quinta escola a desfilar, com o enredo “O Redentor do Sertão”.
- VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO
- LEIA AQUI: FREDDY FERREIRA ANALISA A BATERIA NO ENSAIO
- VÍDEOS: ARRANCADA, BATERIA, ALA A ALA NO ENSAIO
Harmonia
A escola só apresentou pontos positivos, mas a harmonia foi o destaque máximo da escola. Um canto fantástico, quase uníssono, durante todo o tempo em que a agremiação da Vila Vintém esteve na avenida. O samba em sua totalidade na ponta da língua dos componentes, sendo entoado com extrema vibração em todas as alas. Os refrãos são sempre um ponto de explosão, principalmente, o de cabeça que era cantado com clamor pelos componentes, mas não houve dissonância nos outros trechos do samba. A escola teve quase uma passada sem a voz dos intérpretes por conta de um problema no carro de som e os desfilantes seguraram no gogó com força. Destaque também para os diretores de harmonia cantando com muita euforia. Foi um desempenho de impressionar.
Evolução
Outro ponto impecável do ensaio. A escola esteve extremamente organizada, mesclando entusiasmo com disciplina, sem abrir buracos ou espaçamentos dentro das alas. Evoluiu em ótimo ritmo, sem atropelos e sem lentidão, e contagiando quem assistiu ao ensaio. Uma sintonia fina entre direção de harmonia e componentes que a escola busca repetir em seu desfile oficial.
“Fantástico! Se o samba não funcionasse não vinha tanta gente atrás da escola aí como vocês viram agora. A gente fala ‘é a última escola’, mas se for a última escola e não agradar ninguém não vem. E aí veio a Sapucaí inteira fazendo essa corrente com a gente. Maravilhoso cara, estou satisfeito demais. A gente está trabalhando muito. Muito, muito, muito… E também todos ligados em corrente fervorosa para que seja vindo esse milagre para a gente. Bateria e carro de som são uma coisa só aqui. Aliás, bateria e carro de som são uma coisa só em termos musicais, são uma coisa só em qualquer lugar, mas tem lugares que não tem uma grande afinidade então, às vezes não dá certo. Mas, graças a Deus, a padim Cicero Romão, a Xangô, a Oxum, a todo orixá, aqui funciona muito bem, até porque o meu relacionamento com o Dinho (mestre de bateria da UPM) é de muita proximidade. A gente tem muita proximidade um pelo outro, nos tratamos como familiares, somos primos, a gente se trata como primos, tem muitos anos que a gente tem vontade de trabalhar um com o outro, então o momento chegou e a gente simplesmente colocou isso em prática e está aí, o resultado é esse. Muito bacana”, disse o intérprete.
Samba-enredo
Um dos destaques da safra da série Ouro, o samba da parceria composta por Claudio Russo, Richard Valença, Thiago Vaz, W.Correa, Orlando Ambrósio, Miguel Dibo, Lico Monteiro e Cabeça do Ajax mostrou todas as suas qualidades nesta noite. Uma melodia envolvente e com ótimas variações, jogando o canto do componente pra cima e uma letra que funciona como uma prece pertinente ao enredo sem ser cansativa, o que ficou claro no ensaio. O samba iniciou com uma pressão fortíssima e terminou no mesmo nível. Bruno Ribas em seu segundo ano na agremiação encaixou como uma luva na escola e com este samba especificamente.
“Nós só fizemos o que a gente tem feito dentro da comunidade. Agora, a gente vai procurar ver os vídeos. Detectar algumas coisas e tentar acertar no dia do desfile. Por isso que a gente botou um drone aí para a gente ver por cima. E a gente vê o errado, a gente vai tentar acertar no último ensaio do dia 2 para chegar aqui forte. A escola está 95% pronta. Vamos desfilar com 1900 componentes”, contou Cícero Costa, diretor de carnaval.
Mestre-sala e Porta-bandeira
A Unidos de Padre Miguel tem quesitos consolidados há bastante tempo. O casal formado por Vinicius e Jessica é um deles, e mostraram o entrosamento de quem forma o casal principal da escola há dez anos. Muito queridos pela comunidade, eles foram bastante aplaudidos durante a apresentação, que foi de ótimo nível. O casal somou coreografias ligadas à letra do samba e feitas com um bom entrosamento, com giros e uma dança de bastante agilidade por parte de ambos.
“Foi ótimo. Mas a gente sempre tem um negócio para melhorar. Sempre tem. Nós somos muito perfeccionistas. E exigentes com a gente mesmo. Sempre vai falar que sempre tem um pouquinho para melhorar. A gente sempre procura esses detalhezinhos para a gente poder trabalhar em cima, porque um detalhe sempre é importante. Toda apresentação no contexto é importante. Um braço, um olhar, uma perna, um giro, tudo, a postura é sempre importante. A gente sempre procura essas pequenas coisinhas para a gente melhorar sempre. Só o que eu tenho a falar é que a coreografia de hoje foi a oficial. Não posso dar spoiler de fantasia, não. Isso vocês verão aqui e vai ser apresentado no dia. Mas a fantasia deixa surpresa para vocês, aguardem”, disse a porta-bandeira.
“O ensaio técnico foi ótimo. Nós, graças a Deus, conseguimos realizar tudo aquilo que propusemos a fazer. Mas é aquilo, é sempre buscando a evolução. Nunca está ótimo. A gente vai continuar treinando, intensificando, ver como é que foi hoje para poder melhorar no dia 10. Além do que a minha porta-bandeira falou, creio que a energia, dosar em algum momento, explorar mais a energia em outros, que é primordial”, completou o mestre-sala.
Comissão de frente
Outro quesito seguro da escola. David Lima também completa dez anos como coreógrafo da comissão e apresentou neste ensaio uma coreografia bem teatralizada, terminando com padre Ciço abençoando duas fiéis com bandeiras erguidas da agremiação, como concedendo o milagre que a escola pede em seu samba, e que mostrou todas as possibilidades de alcançá-lo após este excelente ensaio.
“Olha, foi muito positivo, nós conseguimos fazer em todas as cabines os 80% que eu trouxe hoje. Os 20% a gente está concluindo no barracão, que é o tripé, o elemento cenográfico, que é a surpresa que faz parte. Nós somos com 16, tem uma mágica, porque tem uma surpresa aí. Não vou dar muito spoiler,ela é uma comissão muito religiosa, ela é uma comissão forte, que eu tenho certeza que desse início, eu não posso falar muito, vai ser lindo na avenida. As pessoas vão ficar emocionadas. E nós vamos entrar e atingir o que o carnavalesco me pediu. Tenho certeza, porque ele está muito feliz nos ensaios, então está dando certo”, garantiu o coreógrafo.
Outros destaques
A bateria do experiente mestre Dinho teve mais um desempenho redondo na Sapucaí. Também chamou atenção a beleza e simpatia da rainha Thalita Zampirolli, em seu segundo ano reinando à frente da bateria.
“Para mim foi perfeito, porque a gente já está ensaiando um bom tempo. Infelizmente, o som aqui não ajuda muito, e a gente como tem uma bateria grande, às vezes acontece algum atropelosinho aqui e ali, mas não é por conta da bateria, é por conta do som e fica muito ruim. Temos uma fantasia muito legal. Não posso falar muito”, fez mistério o mestre Dinho.