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Comissão de frente impressiona e comunidade abraça samba-enredo no ensaio técnico da Unidos da Tijuca

Por Raphael Lacerda, Allan Duffes, Maria Clara, Guibsom Romão e Rhyan de Meira

A Unidos da Tijuca foi a segunda escola a desfilar na noite deste domingo de ensaios técnicos na Marquês de Sapucaí. Em um dia marcado pela chuva que lavou a alma dos tijucanos, a comissão de frente, a alegria e a leveza do componente foram os grandes destaques da noite. O intérprete Ito Melodia também teve participação especial para o bom rendimento do samba na Avenida. Neste ano, a agremiação levará para a Passarela do Samba o enredo “O conto de fados”, do carnavalesco Alexandre Louzada, e será a quinta escola a desfilar no domingo de Carnaval, 11 de fevereiro. Agora, a praticamente duas semanas do carnaval, a Azul Pavão e Amarelo Ouro entra na reta final de ensaios de rua e busca acertar detalhes para um bom desfile.

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“Para ser sincero (não é soberba e nem autoconfiança), eu tinha certeza de que se acontecesse hoje tudo o que a gente vem fazendo nos ensaios, seria um sucesso. Evidente que eu fazer uma análise agora é superficial. Eu não estou do alto e não estou vendo a escola como um todo. Quando a escola está com as fantasias e alegorias, por incrível que pareça, é mais fácil de avaliar o desfile. Hoje, valeu a garra dos componentes que passaram aqui com um tempo chuvoso, pelo amor que eles despejaram pela pista. Acho que foi muito bom pela harmonia. O carro de som também foi excelente, junto com a bateria. Os nosso quesitos técnicos funcionaram bem. Mas, ensaio técnico, na verdade, nunca pode ser comparado a um desfile. Ele é um teste, mas jamais é um desfile, porque falta muita coisa, como alegorias e fantasias. Mas, de resultado, só ver o pessoal feliz aqui na dispersão já valeu a pena. Hoje foi muito positivo, não só o ensaio, mas como a alegria do componente, dos diretores, da bateria e do carro de som. No rádio, não houve nenhuma reclamação e nenhum comentário de erro, então acredito que tudo foi muito bom”, explicou Marquinho Marino, diretor de carnaval.

Comissão de Frente

A genialidade do coreógrafo Sérgio Lobato surpreendeu. Com 15 bailarinos e adereços de mão, a comissão de frente tijucana se transformava em um Galo de Barcelos durante a apresentação. O recurso da nova iluminação da Marquês de Sapucaí foi utilizado pelo segmento e abrilhantou ainda mais a performance. Após uma entrega neste nível em um ensaio técnico, o desfile oficial deve surpreender ainda mais. A garra e entrega dos bailarinos também foram destaques na noite deste domingo.

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“Eu acho que foi ótimo o trabalho, o desenvolvimento, o andamento. É claro que hoje é um pouquinho mais devagar porque não temos os carros, mas acho que foi muito bom para o fôlego, para o samba, a união com a escola e o trabalho técnico também. Não é nada disso que a gente vai trazer no oficial. Porque quando eu te falei sobre a ousadia, não era que a gente vai trazer o Spielberg, mas é a ousadia que eu me refiro, assim, é a escola buscando um visual, uma estética e a comissão também no seu figurino. É uma performance artística, técnica, eu diria para você que seria dança e teatro”, comentou o coreógrafo Sérgio Lobato.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Assim como nos últimos ensaios técnicos, a chuva foi uma dor de cabeça para os casais. Apesar da adversidade, a dupla tijucana formada por Lucinha Nobre e Matheus André não se abateu. A apresentação foi marcada pela segurança da porta-bandeira e os torneados do mestre sala. A coreografia também fez alusão a alguns trechos do samba-enredo, como no trecho “E o guardião emergia das marés”.

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“O ensaio de hoje foi bem bacana, mesmo diante da chuva que teve hoje. Acho que nós conseguimos fazer as nossas marcações, das quais estamos treinando desde março. E preparamos um pouco para o desfile oficial, deu para sentir bastante a avenida, o clima, a temperatura da escola, que cantou bastante mesmo na chuva. E é isso, foi uma maravilha, eu amei. Acho que o dia que não tiver nada pra melhorar, a gente para e vai fazer outra coisa. Foi para lidar com a dificuldade, e foi bom. A gente se preparou, na pior das hipóteses, na pior dificuldade (com muita chuva), e tentamos dar o nosso melhor”, disse o mestre-sala.

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“Bom, eu já vim com meu sapato oficial do desfile, e ficou inteirinho. Estou muito feliz. Quando a pista molha, o chão molha, a bandeira fica umas quinze vezes mais pesada. A gente está fazendo trabalho duro, pessoal, emocional, físico. Passei momentos difíceis, com um retorno para a Unidos da Tijuca. Foi aqui que eu vivi o auge da minha carreira. Eu me cobrei muito para entregar um trabalho à altura 15 anos depois. Para isso, eu tive que pegar firme no batente para dançar com esse neném (o mestre-sala da Tijuca). Ele está voando e eu tenho que voar com ele. Sempre tem que melhorar. Estou há 40 anos fazendo isso e a gente vai melhorar agora com a fantasia. Com a roupa é diferente, com ajustes de aperfeiçoamento e de sincronismo. Mas hoje, a gente entregou o melhor que a gente pode. Ainda tem duas semanas, e essas duas semanas a gente fica junto todo dia, ensaia junto todo dia, dorme junto em camas separadas”, completou a porta-bandeira.

Samba-enredo

Há quem diga que quanto maior é a crítica a um samba, mais abraçado ele é. E foi o que os tijucanos fizeram. A obra, inicialmente bastante criticada, teve um desempenho positivo na Passarela do Samba. O intérprete Ito Melodia e seu estilo “puxador”contribuem para o sucesso do samba entre os componentes. Durante todo o ensaio, o cantor interagiu com as alas próximas ao carro de som e com o público que acompanhava pelas frisas da Avenida. Essa troca de energias entre carro de som e componentes tem se mostrado um grande trunfo para o sucesso dos sambas deste ano.

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“O presidente Fernando Horta me deixou ficar totalmente ‘Ito Melodia’, e isso me deixou muita à vontade. Também estou com o Casagrande, um cara fabuloso, fantástico e com uma das melhores baterias do nosso carnaval, com mais de dez campeonatos. Hoje eu posso dizer que entendo porque a bateria do Casão é chamada de Pura Cadência. É porque a bateria não sai do andamento. É o mesmo beat. Eles conseguem botar um andamento muito legal, que dá evolução para escola, mas sem cair, não vai para trás nem vai para frente, é totalmente perfeito. E todo o time da escola tem o mesmo objetivo de luta, perseverança e de vitória que a Tijuca precisa e merece para voltar a disputar título. Nós temos enredo, carnaval, barracão, samba, chão. No carro de som, todos tem todo direito e futuro de serem cantores do grupo especial. Cada ensaio nosso é uma emoção”, disse Ito.

Harmonia

Ainda sob chuva, a escola entrou na Avenida com um canto positivo. Do início do ano até aqui, a evolução da harmonia nos ensaios de rua tem sido destaque e tem impacto direto no desempenho deste domingo. O bom trabalho feito pela direção de carnaval da agremiação e pela equipe de harmonia somado ao fator Ito Melodia resultam no bom rendimento do samba. Apesar disso, após a bateria e já na metade do desfile – sem chuva – algumas alas tiveram o rendimento um pouco inferior. Ao todo, o canto foi forte em alguns trechos e um dos destaques da noite, mas ainda há espaço para melhora.

Evolução

O ensaio não apresentou buracos e fluiu bem. A alegria da comunidade foi um dos destaques na noite de ensaio da Unidos da Tijuca. Os componentes se movimentavam bastante, pulavam, interagiam ao longo da Sapucaí e mostraram a tradicional força do povo tijucano. Muitas alas contavam com adereços de mão. As alas coreografadas também se destacaram.

Outros destaques

Mesmo com a chuva que seguiu intensa até a metade do ensaio, a Pura Cadência mostrou um bom entrosamento com o carro de som comandado por Ito Melodia. A tradicional cadência, que faz jus ao nome da bateria, facilitou o trabalho da harmonia.

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“Hoje eu estou até emocionado para falar, eu me emocionei muito no início, com a chuva batendo a gente fica preocupado, porque você tirar o batuqueiro da sua casa numa chuva dessa, e às vezes a gente não tem um reconhecimento, não vou falar da escola, mas a gente às vezes não tem o reconhecimento como batuqueiro. Estou aqui com a minha rapaziada e você vê hoje a rapaziada numa chuva dessa sair de casa, e montar a bateria que a gente montou, ainda que a bateria de hoje é só 90%. Para mim foi motivo de muito orgulho, só tenho que agradecer a eles. Já em relação ao ensaio, acredito que foi reloginho que a Tijuca é, hoje ela mostrou hoje porque ela é credenciada a ser uma grande e esforçada escola de samba. Eu acho que a chegada do Marino juntamente com o entrosamento com Fernando Costa, hoje eles deram a aula de direção de carnaval de harmonia, e eu espero isso que se repita no dia do desfile, já que hoje eu fiquei muito tranquilo com a minha harmonia, hoje a minha harmonia tirou onda, tudo certinho, paramos onde tinha que parar, andamos aonde e na hora que tinha que andar. Foi maravilhoso, e lá na hora da largada lá, eu falei para meus ritmistas, eu quero que vocês hoje se divirtam, não quero vocês preocupados hoje, com a chuva que estava fazendo, quero que vocês se divirtam tocando e graças a de Deus deu tudo certo e a gente mostrou que a Unidos da Tijuca tem uma grande bateria. Sempre fica alguma coisa, eu creio que não posso dizer que hoje foi 100%, vamos dizer que foi 90%. Foi muito bom, proveitoso para caramba. Mas você tem que ficar alerta porque às vezes você já acha que passou muito bem, está tudo certo e você dá aquela raça, mas a gente não pode relaxar, no carnaval principalmente com bateria de escola de samba, você não pode relaxar. Tem que manter o foco, a gente tem mais duas quintas-feiras para ensaiar, e na semana do carnaval ainda vou fazer aquele pré-ensaio que eu gosto de fazer fechado, já que eu não faço no setor 11, eu gosto de fazer fechado só com a bateria. Eu acho que agora é manter o foco, acho que a gente está no caminho certo, e quem sabe levar a Tijuca, eu não vou dizer um campeonato, mas se credenciar, eu acredito que a Tijuca está credenciada nesse momento, postulante ao título. Mas carnaval se decide no dia, mas todas as escolas estão bem, se respeitando, mas tem que respeitar a Unidos da Tijuca, porque hoje ela se credenciou ao título do carnaval de 2024”, garantiu mestre Casagrande.

Portela faz ensaio técnico de ótimo canto impulsionado pelo desempenho do carro de som e bateria

Por Rafael Soares, Allan Duffes, Maria Clara, Guibsom Romão e Rhyan de Meira

A Portela, tradicional escola e maior campeã do carnaval carioca, foi a primeira a se apresentar na Marquês de Sapucaí durante a noite de domingo, realizando seu ensaio técnico. A azul e branco de Oswaldo Cruz e Madureira teve um ótimo desempenho, principalmente através do canto de seus componentes, que entoavam o samba com força. Outro ponto muito positivo foi a atuação do carro de som, liderado pelo intérprete Gilsinho, que cantou a obra com muita segurança e dolência necessária. A bateria do mestre Nilo Sérgio também fez uma apresentação muito boa, exibindo um ritmo consistente para embalar o samba-enredo. A evolução portelense se mostrou muito competente, mesmo debaixo de forte chuva e com grande contingente. A comissão de frente levou uma coreografia bem semelhante ao que é apresentado nos ensaios de rua, porém se poupando um pouco nos movimentos e escondendo o jogo. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marlon e Squel, também teve um belo desempenho, mostrando uma dança de bastante energia, mesmo com chuva e pista bastante molhada. Um ensaio para lavar a alma e lembrar a potência da escola.

A Portela será a segunda escola a desfilar na segunda-feira de carnaval, levando o enredo “Um Defeito de Cor”, de autoria dos carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga, baseado na obra homônima da autora Ana Maria Gonçalves, refazendo os caminhos imaginados da história da mãe preta, Luíza Mahim.

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“Eu acho que eu ouvi uma coisa que levei para hoje, quando começou a chover muito. Que não existe alegria amadora. Todo mundo que veio aqui hoje para ser alegre, foi muito profissional. Muito apaixonado por traduzir a Portela em força de canto, em força de evolução, em alma, em samba. Eu, mesmo trabalhando aqui na frente, escutei alto e claro o samba com toda a força de uma comunidade, com toda a força daquilo que é produto dos ensaios. Estou muito feliz hoje. A chuva foi uma bênção e a Portela celebrou o carnaval. A gente sempre identifica margem para melhora. Um ensaio técnico é um treino. Da gente cada vez mais trabalhar, em questão de dar força nesse canto por mais tempo. O que é mais importante em ver cantar dessa maneira é que nos mostra que podemos ainda cantar mais e temos força para isso. E também sempre a questão de você, no ensaio, não ter alegorias, não ter fantasias. E aí a gente tem todo um regramento e um alinhamento de tempo para poder cumprir junto do desfile oficial. A Portela desfilará com cerca de 2.800 componentes distribuídos em cinco alegorias e três tripés”, explicou Junior Schall, diretor de carnaval.

Comissão de frente

O grupo liderado pelos coreógrafos Léo Senna e Kelly Siqueira levou quinze mulheres pretas para a avenida. Todas elas usavam panos azuis na cabeça, tops e saias também azuis, com estilizações africanas, além de palhas amarradas na roupa. As bailarinas exibiram a mesma dança dos ensaios de rua. Com movimentos pulsantes e bem sincronizados, elas interagiram bastante durante o número. Giros faziam as saias darem um belo efeito. Também chamou a atenção o momento em que todas formavam uma fila e exibiam sequências de movimentos com os braços. Talvez pela pista molhada pela chuva, o grupo se preservou um pouco. Ao final da apresentação, duas integrantes pegavam grandes espelhos dourados, e outra pegava um livro também dourado e iluminado, gerando um bonito efeito.

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“Foi maravilhoso, a chuva ajudou, a gente testou várias coisas e foi muito forte, foi com muita energia, foi tudo perfeito. Muito bom, muito bom mesmo. Muita força feminina, muito afeto para todo mundo. A gente já está muito feliz se o público sentir esse carinho, sentir tudo mais pacífico e essa coisa que só mãe pode dar para gente, esse colo de mãe”, comentou a coreógrafa.

“Elas cantaram com uma energia assim, impressionante, mais forte do que nos ensaios, é diferente pisar aqui. E a escola veio com muita força também. A gente está com um grito preso na garganta desde o ano passado, tanto no ensaio técnico quanto no oficial, a gente vem com muita força dobrada, com certeza, esse ano”, assegurou o coreógrafo Léo Senna.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Em seu primeiro ano juntos, Marlon e Squel, o casal de mestre-sala e porta-bandeira da Portela, mostraram um bailado tradicional com muita energia. Os dois pareciam não se incomodar com a chuva e a pista escorregadia. Como de costume, Squel exibiu movimentos firmes e bonitos. Marlon também mostrou bastante confiança e força para cortejar. Usaram um bom espaço da avenida e grande variedade de interações, com poucos momentos mais coreografados na letra do samba. Outra marca importante foi a expressividade do casal, com muitos olhares, sorrisos e vivacidade. Uma atuação excelente, mesmo em condições desfavoráveis.

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“Diante da chuva, com a pista molhada, poças de água, que independente de você estar ou não ciente, derrapante, acaba não sendo muito válido, é mais um detalhe. Eu acho que a gente foi muito bem. A Portela é emoção, ela é o amor, é na chuva, é no sol, é no vento, é com trovão, é sem trovão. Eu acho que eu avalio positivamente, não só o casal, mas a escola. Eu estou extremamente feliz e foi muito, muito, muito, muito, muito bom. A gente está muito feliz. Ah, melhorar? A gente sempre acha que tem, não adianta. A gente vai olhar o vídeo, vai ver tanta coisa. Mas a gente está feliz por ter conseguido apresentar o que a gente apresentou diante de tudo esse tempo. Mas melhorar sempre vai ter que melhorar.”, disse o mestre-sala.

“Eu estou feliz da vida. A chuva é sempre muito temida, mas é uma bênção. E aqui: seu filho venceu, mulher. Derrame o seu axé, o seu axé está sendo derramado. Que a gente aproveite, que abençoe a Portela, que limpe a escola para que no dia 12, seja o desfile arrebatador das nossas vidas. Vai ser lindo”, completou a porta-bandeira.

Samba-enredo

A obra musical portelense é considerada uma das melhores do carnaval de 2024, muito em função de sua letra muito inspirada, altamente poética e retratando o enredo com perfeição. A melodia também é muito bonita em suas variações, que deixam a canção com a doçura e dolência que pede. O que se viu foi um grande rendimento do samba, embalado pelo canto forte da comunidade. O desempenho da bateria e do time de cantores da escola também foi fundamental para impulsionar ainda mais a fluência da obra.

Harmonia

O canto da comunidade portelense foi um grande destaque no ensaio técnico deste domingo. Desde o começo, a harmonia se mostrou bem forte, com todas as alas entoando o samba de ponta a ponta. O volume foi constante ao longo do treino. O desempenho de Gilsinho e seus cantores de apoio foi excelente, levando o samba com a exata dolência que é necessária, evidenciando ainda mais a bela melodia. Talvez no final do ensaio se percebeu uma leve queda de canto nas últimas alas, mas nada que preocupe a agremiação. Só mostra que, mesmo já em ótimo nível, ainda há margem para melhora. O quesito foi muito bem defendido.

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“Até onde a gente pode ver a escola cantou muito bem. A gente está super feliz com o resultado. Agora, é ver as outras avaliações. Mas, acredito que a escola passou muito bem. A gente fez o que vem ensaiando na temporada. Estava tudo dentro do que foi criado. O nosso entrosamento (bateria e carro de som) é por osmose. A gente só se olha e já sabe o que fazer. É uma dupla que está feliz e trabalha bem”, afirmou o intérprete.

Evolução

Outro ponto que se mostrou muito consistente no treino da escola. Mesmo com um grande número de componentes, a evolução aconteceu de forma muito correta e segura. Não houve nenhum espaçamento anormal, muito menos correria ou lentidão. O ritmo foi constante e muito adequado para permitir que os desfilantes cantassem com tranquilidade e também mostrassem animação. Desempenho exemplar.

Outros destaques

A atuação da bateria do mestre Nilo Sérgio foi muito boa neste domingo de ensaio técnico. Os ritmistas mantiveram uma cadência muito propícia para a levada do samba-enredo no carro de som e para o canto da comunidade. Eles tocaram seus instrumentos com bastante firmeza e segurança, exibindo seu peso característico. As bossas, de ótima execução, foram muito bem integradas com a obra musical, exaltando ainda mais a pegada africana do enredo.

“Hoje eu vi que eu tenho que tocar de plástico mesmo, estourou alguns plásticos ali, os surdos molharam, porque eu não tinha colocado ainda o plástico para o carnaval, que é o acetato a prova d’água em cima do couro, eu só botei o plástico, mas eu vi que não muda. Porém, é um ponto que eu tenho que fazer. Mas o andamento da escola, pela chuva que teve, a escola veio alegre, para a frente, eu gostei muito. Eu acredito que algumas coisas têm que melhorar para poder sair daquele jeito, ensaio técnico é para isso mesmo, para a gente ajustar algumas coisas, como o lance da afinação. Eu acredito que, para escola, eu até conversei com o Escafura e com Schal, sobre o lance ali da cabine, que é passar um pouco mais a cabeça do módulo para poder fazer no meio da bateria, para os jurados poderem ouvir as peças pequenas, as peças leves e as peças pesadas quero para perto do carro de som, para eles poderem ver tudo, e é só esperar o carnaval agora e vamos que vamos”, citou mestre Nilo Sérgio.

Furacão do carnaval! Viradouro ‘passa por cima’ da chuva e faz último ensaio de rua com garra e força no canto

Um raio atravessou o céu de Niterói logo no momento em que Wander Pires entoava pela primeira vez no domingo o “Arroboboi meu pai, arroboboi Dangbê”. Parecia um aviso da força e da potência com que a Viradouro ia fazer o seu último ensaio na Avenida Amaral Peixoto, no Centro de Niterói, neste pré-carnaval de 2024. Semana que vem a Viradouro estará no ensaio técnico na Sapucaí e na outra já vai ser para valer. A tempestade, para o bem, não chegou com mais raios do que aquele primeiro, garantindo que o ensaio pudesse continuar. Já a chuva foi constante durante todo o teste, na maioria do tempo sendo moderada, o que já incomodaria bastante o componente. Mas não a comunidade da Vermelha e Branca do Barreto. O canto, mais uma vez, foi muito forte, assim como a evolução. Os outros quesitos tiveram excelência e, o principal, a escola mostrou a organização de sempre e superou a chuva apresentando tudo aquilo que planejou para o ensaio. O samba foi a mola propulsora do treino e esteve na boca não só dos foliões como de quem assistia nas laterais. Os diretores de carnaval da Viradouro, Alex Fab e Dudu Falcão, consideram que a escola chegou a este momento em um estágio de rendimento dos componentes e segmentos dentro do planejado e que agora é ir para o ensaio técnico e posteriormente desfile com tudo aquilo que foi ensaiado e preparado.

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Fotos: Lucas Santos/Divulgação

“A gente vem trabalhando ao longo destes meses, a direção de carnaval, eu e Dudu, toda a direção de harmonia, todos os componentes de uma forma geral, viemos trabalhando para chegar no ápice do processo nestas duas semanas que restam. Na semana do ensaio técnico e consequentemente, a gente faz o ensaio técnico agora por mérito, por ter chegado no vice-campeonato. E logo na semana seguinte nós temos o grande dia. A gente vem em uma crescente e acho que vamos para domingo no ensaio técnico com os olhos bem atentos, espertos para os detalhes que a gente sempre pode melhorar. Mas a gente acredita que alcançamos o patamar que a gente estabeleceu para esse processo, para esses últimos ensaios. Agora é seguir trabalhando nas próximas duas semanas”, esclarece Alex Fab.

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“É um método que já estamos há 7 anos fazendo. A comunidade ajuda, todos os envolvidos no projeto ajudam. Nós fazemos um planejamento para chegar aqui perto do ápice, mas o ápice, a grande excelência é justamente essas duas semanas em que teremos o ensaio técnico que é muito importante para avaliar tudo que fizemos até aqui e transformar no que chamam de nota máxima no desfile oficial e para o nosso trabalho, para o nosso projeto é entender que fizemos tudo da melhor maneira possível para poder atingir o melhor resultado para a escola”, entende Dudu Falcão.

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Em 2024, a Unidos do Viradouro será a sexta e última escola a passar pelo Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de carnaval, dia 12 de fevereiro, encerrando os desfiles do Grupo Especial. A agremiação levará para a avenida o enredo “Arroboboi, Dangbé”, sobre a energia do culto ao vodun serpente, que será desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon, em seu segundo carnaval solo na Vermelha e Branca.

Comissão de Frente

Sempre entusiastas de grandes surpresas e grandes transformações, o casal Priscila Mota e Rodrigo Negri trouxe para este ensaio os dois elencos que vão fazer parte desta comissão. Além disso, uma corda marcava o espaço do elemento alegórico que deve ser usado na apresentação. Na coreografia muito vigor e uma pitada bem significativa de encantaria. Nos bailarinos muitas vezes era fácil ver os traços e movimentos da serpente.

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Um bom equilíbrio nas coreografias de apresentação para o módulo de julgadores e as coreografias de deslocamento. A troca de elenco também se deu de forma bem natural. A chuva não atrapalhou e os bailarinos não mostraram receio na hora de ir se deslocando pelo chão encharcado e pelas poças enormes. Muita sincronia nos movimentos e principalmente em algumas partes mais dançadas, também quando os componentes se aproximavam e avançavam como em falange.

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Mestre-sala e Porta-bandeira

A dupla tem trabalhado bastante para surpreender o público. Julinho e Rute Alves trajavam uma vestimenta, neste ensaio, que trazia um colorido e algumas cores mais cítricas. Julinho abusou do laranja e Rute tinha em seu vestido uma mistura de cores. O casal vai apostar em uma coreografia com muito vigor, como perde o enredo, mas tomando o cuidado para não se perder toda a singeleza do bailado do casal. Durante o treino deste domingo, a dupla realizou potente dança e apresentação, abusando de giros muito intensos, com bastante entrosamento nos movimentos e com elementos que pontuavam a letra do samba-enredo da Viradouro.

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Em um momento de grande ápice, a dupla girava cada um em seu eixo de forma bastante veloz, mas com muita técnica. Outro ponto alto, foi em um momento mais coreográfico, em que o casal executava passos de danças referentes à religião de matriz africana, bem pertinente à temática do enredo. Uma grande exibição, ainda deixando um gostinho de que tem mais coisa boa por vir.

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Harmonia

O componente da Viradouro já vem cantando o samba com muita força há um bom tempo. A questão era saber o quanto a chuva constante deste domingo ia atrapalhar e deixar o folião mais contido. A resposta é que a comunidade ligou muito pouco para a chuva. Até as capas eram raras, o componente encarou a água que via do céu como combustível para cantar ainda mais o samba.

Desempenho do canto com constância, força e correção. Muitas vezes você via no olhar a potência do enredo, a vontade com que o desfilantes mostrava que estava bem entrosado com o tema que pede um um pouco desse vigor mesmo. Em relação ao carro de som, Wander mostrou ter dominado completamente o samba achando o equilíbrio entre a força e potência que a obra pede, e as suas características mais melódicas, fazendo uma grande apresentação acompanhado pelas vozes de apoio e ancorado no apoio a todo o momento do diretor musical Hugo Bruno. O diretor geral de harmonia, Jefferson Coutinho, fez uma avaliação positiva do trabalho até aqui.

“Fizemos aqui hoje o nosso último ensaio de rua certos de que o trabalho que nos propusemos a fazer chega nesse dia 28 de janeiro da forma como gostaríamos. Logicamente sempre tem um ou outro acerto. Semana que vem é ensaio na Sapucaí. Mas, a gente consegue enxergar uma escola alegre, que não tem chuva, que não tem qualquer tipo de intempérie que afete o rendimento. Você pode ver hoje mais um ensaio com muito canto, muita evolução e agora é domingo que vem e dia 12 a gente quer coroar todo o esforço que foi feito até agora”.

Evolução

Com responsabilidade em uma pista que tinha alguns trechos encharcados, até porque semana que vem tem ensaio técnico e faltam 15 dias para o desfile oficial, o folião velho e branco mostrou a espontaneidade de sempre e a escola a organização de sempre. A evolução se deu com fluência, mas cadenciada, sem correria para que cada parte do desfile tivesse a ênfase necessária na sua apresentação.

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Pode-se perceber uma bonita ala coreografada de mulheres com bastões que tem uma grande chance de estarem representando as guerreiras Minô. A escola fez o ensaio em cerca de uma hora e pouco, não apresentando buracos e nem alas se embolando. Também não houve correria em nenhum momento, e os momentos em que a escola ficou um pouco mais parada por conta de apresentações de comissão de frente, primeiro casal e bateria, a todo momento os demais componentes se mantinham em movimento, com energia e cantando a obra.

Samba-enredo

O samba desde a escolha sempre foi apontado como um dos melhores dessa safra. Mas, é claro, que havia o que se trabalhar na obra de achar o melhor andamento para Wander e bateria, o melhor arranjo para valorizar as características do intérprete e impulsionar o canto do componente. Chegando ao último ensaio na Avenida Amaral Peixoto ficou claro que o trabalho de harmonia, carro de som, bateria e toda diretoria resultou em uma obra que não só tem recebido elogios de gente de fora da Viradouro como está bastante acertada com aquilo que a agremiação quer levar para o seu desfile, seja em força, vigor, potência, melodia, andamento. E o principal está na boca da comunidade. Destaque para a potência dos refrãos tanto do meio, como de baixo, muito dançantes inclusive e do pré “Ê alafiou” e em termos de melodia para a segunda parte da obra, principalmente a partir do primeiro verso “vive em mim…”. A Furacão Vermelha e Branca também fez sua colaboração com a obra com bossas bastante relacionadas à temática.

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Outros destaques

A rainha Erika Januza também não fugiu da rainha e fez pouco da chuva. A bela trouxe um modelito produzido pelas artesãs Marina e Elisa Guajajara, mostrou o samba no pé de sempre, apresentou a bateria nos pontos que simulavam os módulos de julgamento, dançou muito com as bossas, mostrando grande desenvoltura e fez sucesso como sempre com o público nas laterais que a chamavam e soltavam “gritinhos” quando ela acenava e dava atenção.

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A bateria, de mestre Ciça, apresentou suas bossas com muita africanidade e características musicais de tom religioso, além de fazer coreografia em uma delas abaixando. No esquenta, Wander cantou, entre outros, o samba de 2019 que garantiu um vice-campeonato logo no retorno ao Grupo Especial com o “O Brilho no olhar voltou”, além da obra do carnaval passado. O presidente de honra Marcelo Calil inflamou os componentes em seu discurso antes do ensaio ao pedir para eles irem buscar o décimo que faltou em 2024 para que a escola fosse campeã.

Debaixo de chuva, Imperatriz encerra temporada de ensaios de rua em alto astral e com excelente performance dos quesitos

A Rua Euclides Faria foi palco, na tarde de domingo, do último ensaio de rua da Imperatriz Leopoldinense para o carnaval de 2024. Quem esteve presente no local, mesmo sob forte chuva, pôde desfrutar da apresentação de uma escola feliz, confiante e de desempenho irretocável de seus quesitos. O grande destaque ficou por conta do forte canto da comunidade leopoldinense, alinhado ao grande samba-enredo da escola, magistralmente conduzido pelo carro de som comandado por Pitty de Menezes. No final do ensaio, o clima era o melhor possível, com os componentes da escola felizes e em clima de festa. Em 2024, a Imperatriz será a sexta e última escola a desfilar no domingo de Carnaval. A agremiação busca o bicampeonato com o enredo “Com a sorte virada pra lua segundo o testamento da cigana Esmeralda”, do carnavalesco Leandro Vieira. Antes do ensaio, o diretor-executivo da Imperatriz, João Drumond, fez forte discurso de incentivo à comunidade da escola.

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Fotos: Gabriel Gomes/CARNAVALESCO

“Eu estou aqui já em clima de avenida, em clima de desfile, a nossa equipe está empolgadíssima, animada. O carnaval está pronto e agora está na mão de vocês. Não vai ser fácil, a gente tem sofrido uns ataques na internet, vamos sofrer até o dia, eu sei que isso faz parte. Quando a gente estava lá no fundo do poço, ninguém falava mal da gente porque não se preocupavam com a gente. Nós vamos conseguir manter a Imperatriz no seu lugar. Falta pouco, mas falta muito ao mesmo tempo porque a nossa missão é árdua, vamos manter os pés no chão, mas vamos com muita alegria e com muita coragem, trazer esse bicampeonato para Ramos. Vamos com tudo! Aqui é Imperatriz!”, discursou João Drumond.

Comissão de Frente

Pelo segundo ano consecutivo comandada pelo experiente coreógrafo Marcelo Misailidis, a Comissão de Frente da Imperatriz Leopoldinense brindou o público presente no ensaio de rua com uma bela apresentação. Na dança, os bailarinos, com roupas de ciganos e distribuídos em casais, realizavam movimentos e gestos típicos do mundo cigano. As saias das mulheres produziam um lindo efeito na dança. Todos os movimentos realizados pela dançarinos na frente dos locais em que eram marcados como cabines de julgadores eram realizados com muita sincronia e vigor.

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Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Impecável. Assim, pode ser definida a apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira da Imperatriz Leopoldinense, Phelipe Lemos e Rafaela Teodoro, no último ensaio de rua rumo ao carnaval de 2024. Após retomar a parceria no último carnaval, a dupla mostrou estar completamente entrosada e em um nível ainda mais alto do que já foi mostrado no desfile do campeonato.

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No ensaio, Raphaela vestia uma bela roupa branca e dourada e Phelipe vestiu-se de verde e branco. Nas apresentações nos módulos de julgadores, a dupla realizava movimentos extremamente coordenados, com fortes giros e momentos de doçura e leveza, como pede a tradicional dança dos casais de mestre-sala e porta-bandeira. O casal foi muito aplaudido pelo público presente.

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Harmonia

O nível do canto da comunidade da Imperatriz Leopoldinense é de impressionar a todos que acompanham o ensaio de rua da escola. Os componentes da Verde e Branca cantam e em certos momentos, “berram” o samba-enredo da escola a plenos pulmões, com uma grande explosão no refrão, sobretudo o trecho do “Vai clarear”. Soma-se a isso o desempenho impecável e contagiante do intérprete Pitty de Menezes e a bateria “Swing da Leopoldina”, de mestre Lolo. Pitty e Lolo, que estão há dois anos trabalhando juntos na Imperatriz, dão a impressão de já trabalharem há mais de 20 anos em parceria na escola, tamanho o entrosamento da dupla. Em certo momento do ensaio, a bateria realizou um “apagão” no refrão principal, o que destacou ainda mais o forte canto dos componentes da escola.

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“Hoje foi realmente incrível. A gente teve um ensaio apenas cancelado por motivo de chuva, a cidade estava um caos. E hoje, não tinha muita previsão de chuva, acabou chovendo, mas serviu para lavar a alma. O povo está muito feliz com o resultado, acredita muito no trabalho dos profissionais que estão aqui. Então assim, tudo o que a gente pede, tudo o que a gente informa para eles, que a gente vai fazer, eles abraçam. E o resultado é esse. Se a gente cantasse aqui mais uma hora, ia ficar todo mundo aqui cantando. Todos os testes que a gente queria fazer hoje, a gente fez, deu tudo certo. Estamos muito preparados. Vamos ter ensaio quinta-feira no setor 11 para ajustar mais algumas coisas. Para dia 4, estar tudo perfeito lá no nosso ensaio técnico”, ressaltou o diretor de harmonia, Thiago Santos.

Samba-Enredo

Composto por Renne Barbosa, Antonio Crescente, Miguel da Imperatriz, Luiz Brinquinho, Gabriel Coelho, Me Leva, Jeferson Lima, Rômulo Meirelles, Jorge Goulart, Silvio Mesquita, Carlinhos Niterói e Bello, o samba-enredo da Imperatriz prova, a cada dia, a decisão acertada da direção da escola de optar pela junção de duas obras. Impulsionado pelos trabalhos do intérprete Pitty de Menezes e do mestre Lolo, com a bateria “Swing da Leopoldina”, o samba contribuiu muito para a leveza e o forte canto apresentado pelos componentes da escola. O grande destaque do samba-enredo ficou por conta do refrão principal da obra, “Vai clarear/Olha o povo cantando na rua/ A Imperatriz desfila com a sorte virada pra Lua”.

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“Hoje é muito mais do que ensaiar a forma técnica de desfilar, é mais um divertimento da galera, brincar, brincar de uma maneira mais séria. A escola já sabe o que tem que fazer na avenida, a gente vai colocar em prática isso no dia 4, no ensaio técnico. A Imperatriz é uma escola maravilhosa, uma escola que a comunidade canta muito, não tem chuva, não tem sol pra atrapalhar isso. A escola é maravilhosa. Eu só tenho que agradecer toda essa comunidade, que estende um pouco da minha voz. A avaliação é nota mil, comunidade nota mil. Parabéns a todos da zona da Leopoldina, de Ramos. Parabéns a comunidade, parabéns a todos os segmentos. Vamos embora, rumo ao bicampeonato”, comentou o intérprete Pitty de Menezes.

Evolução

A evolução dos componentes da Imperatriz ao longo da Rua Euclides Faria se deu de maneira leve, compacta e fluída. A se destacar, a felicidade e alto astral apresentadas por cada ala da escola, que já foi considerada “certinha demais”. Ao longo dos cerca de uma hora de ensaio, a escola não apresentou quaisquer tipos de problemas, como alas emboladas, buracos ou clarões. De destaque positivo no quesito, a tradicional ala de baianas da Imperatriz, que evoluiu de maneira animada, fluída e esbanjou elegância e simpatia no ensaio.

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Outros Destaques

Um show à parte, a bateria “Swing da Leopoldina”, de mestre Lolo, realizou mais uma grande apresentação no último ensaio de rua da Imperatriz. Além de sustentar o ritmo, bossas e convenções realizadas pelos ritmistas contribuíram muito para o bom desempenho do samba-enredo da escola.

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A rainha de bateria da Imperatriz, Maria Mariá, esteve presente e vestiu uma bela roupa de cigana. No final do ensaio, os componentes da escola estavam em clima de festa e felicidade. Era possível perceber muitas pessoas visivelmente emocionadas, com a rainha de bateria Maria Mariá. O clima na comunidade da Imperatriz, após o título de 2023, é o melhor possível.

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Fotos do ensaio da Unidos da Tijuca na Sapucaí para o Carnaval 2024

Fotos do ensaio da Portela na Sapucaí para o Carnaval 2024

Freddy Ferreira analisa a bateria da Tijuca no ensaio técnico na Sapucaí

Um excelente ensaio técnico da bateria “Pura Cadência” da Unidos da Tijuca, comandada por mestre Casagrande. Um ritmo de equilíbrio pleno entre os naipes, além de uma fluência considerável, graças as bem afinadas marcações tijucanas. Se a chuva alterou afinações do meio da pista para frente, não impactou de modo algum na condução musical da bateria da Tijuca.

Uma bateria “Pura Cadência” com uma afinação acima da média foi notada. Os marcadores de primeira e segunda foram precisos, além de demonstrarem bastante educação musical. O ótimo balanço dos surdos de terceira complementou os graves com eficiência. Repiques coesos e com volume diferenciado ajudaram no preenchimento da sonoridade dos médios, assim como as caixas de guerra foram simplesmente sublimes. É possível dizer que o trabalho destacado das caixas tijucanas serviu de base para os demais naipes, dada a consistência da execução da batida.

Na parte da frente do ritmo da Tijuca, um bom naipe de tamborins mostrou apuro técnico ao executar um desenho rítmico simples, mas bastante funcional. Tudo isso entrelaçado com uma ala de chocalhos de elevada qualidade musical, que se apresentou muito bem. Um naipe de cuícas seguro também ajudou na cabeça da bateria da escola do morro do Borel.

Bossas plenamente casadas com o samba-enredo foram realizadas. Destaque para a paradinha bastante dançante do refrão do meio e sua concepção criativa bem integrada à obra da Unidos da Tijuca. Todas as execuções de bossas pela pista foram sublimes, graças principalmente a educação musical de todo o ritmo tijucano, mas em principal os eficientes marcadores. Nem a chuva que caiu de forma pesada em grande parte do ensaio atrapalhou as execuções impecáveis dos arranjos.

Uma bateria da Unidos da Tijuca simplesmente exemplar realizando um grande ensaio técnico, dirigida por mestre Casão. Uma “Pura Cadência” que valorizou seu ritmo tradicional, acompanhando com segurança e qualidade o samba da Tijuca. Um conjunto de paradinhas bem vinculado a canção foi executado com maestria pelos ritmistas da escola do Borel, numa bateria que mostrou estar pronta para o desfile oficial.

Freddy Ferreira analisa a bateria da Portela no ensaio técnico na Sapucaí

A bateria “Tabajara do Samba” da Portela, sob comando de mestre Nilo Sérgio, fez um ensaio técnico muito bom, mesmo com chuva forte durante todo o cortejo. Um ritmo portelense marcado pelo andamento confortável e pela boa fluência entre os mais diversos naipes.

Uma bateria da Portela com sua tradicional afinação mais pesada foi percebida. Manter a afinação, inclusive, foi um desafio com a chuva persistente. Marcadores de primeira e segunda foram precisos, além de firmes em seu pulsar. Os surdos de terceira foram sublimes, tanto proporcionando balanço, quanto adicionando valor sonoro em bossas. Repiques coesos ajudaram no complemento dos médios, assim como as genuínas caixas de guerra com batida rufada foram um verdadeiro pilar musical da cozinha da “Tabajara do Samba”.

Na parte da frente do ritmo da Águia, uma ala de tamborins com boa sonoridade executou uma convenção rítmica pautada pela melodia do belo samba-enredo da azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira. Tudo interligado a um naipe de chocalhos de nítida qualidade técnica. A cabeça da bateria portelense também contou com uma boa ala de cuícas, que tocaram de forma segura e um naipe de agogôs de virtude sonora. Sem contar atabaques que foram eficientes seja em ritmo, ou nas bossas com pegada mais afro, complementando a sonoridade com requinte.

Bossas profundamente ligadas as variações melódicas da irretocável obra portelense foram percebidas. Uma sonoridade diferenciada, que ajudou a atrelar o ritmo da “Tabajara” ao tema de vertente africana da agremiação. As execuções das paradinhas e nuances rítmicas foram corretas e caprichadas. É possível dizer que a musicalidade dos arranjos com levada afro se destacaram e conduziram a bateria da Portela no grande ensaio realizado.

Um ótimo ensaio técnico da bateria da Portela, que mostrou uma “Tabajara” pronta para o desfile oficial. Mestre Nilo Sérgio, seus diretores e ritmistas têm motivos de sobra para voltarem orgulhosos para a rua Clara Nunes, após uma apresentação segura, firme e bem equalizada da bateria portelense. Uma sonoridade marcada pelos toques afros e uma concepção que vinculou o enredo portelense ao ritmo consistente além de equilibrado da “Tabajara do Samba”.

Bem organizada, Dom Bosco evolui no segundo ensaio técnico

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

As condições climáticas adversas são constantes em São Paulo. Prova disso foram os primeiros minutos do segundo (e último) ensaio técnico da Dom Bosco para o carnaval 2024, realizado neste sábado. A agremiação enfrentou garoa na Concentração – mas, quando boa parte da azul e branca ainda estava se preparando para pisar na passarela, parou de cair água do céu – e, então, os fortes ventos, tão tradicionais do Anhembi, apareceram. Nada que tirasse o ânimo dos componentes da instituição, que protagonizaram ótimos momentos no Sambódromo para defender o enredo “Um causo arretado de um povo pra lá de valente… O cordel de um nordeste independente”, idealizado pelo carnavalesco Danilo Dantas, que será a primeira escola a desfilar no Grupo de Acesso I – no dia 11 de fevereiro.

Evolução

Bastante segura e organizada, a agremiação ganhou o Anhembi com movimentos bastante uniformes, sem paradas nem atropelos. Com duas alas coreografas logo na cabeça da escola (uma à frente do casal de mestre-sala e porta-bandeira e outra à frente do carro abre-alas), a instituição já começou o desfile bastante dinâmica. Se a tônica dos demais agrupamentos era a liberdade, os componentes aproveitaram bastante para curtir o samba. Destaque também para o recuo de bateria: comandada por Mestre Bola, a Gloriosa fez um movimento bastante simples: com a Ala das Baianas, que vinha logo à frente dos ritmistas, ainda na metade do espaço do box, os componentes entraram com celeridade e a ala seguinte logo preencheu todo o espaço – em movimento que durou cerca de apenas sessenta segundos.

Comissão de frente

Em tempos de diversos tripés alegóricos, o segmento veio “apenas” com um carrinho que trazia uma série de itens. Em alguns momentos, eles interagiam com o público e até mesmo com quem estava no corredor, jogando displays com o samba da agremiação e confete. Em outro momento, a comissão de frente, que apresentou dois atos, tirava um imenso pano branco e cobria alguns dos integrantes – dando a entender que alguma surpresa acontecerá.

DomBosco et Comissao 1

Samba-enredo

Elogiado desde quando foi apresentado à comunidade e ao mundo do carnaval, a canção teve excelente resposta de boa parte dos componentes e do público presente, que ameaçava cantar, sobretudo, o verso “Com a Dom Bosco, pra ‘mode’ a gente prosear”. Desde a Concentração, por sinal, o carro de som, capitaneado por um mais uma vez inspirado Rodrigo Xará, chamava atenção: do incidental muito executado por Ariane Cuer e Yara Melo, a escola já emendou os primeiros versos da canção – que fizeram ritmistas e componentes cantarem sanguineamente, gerando muita empolgação.

Harmonia

Como é tradicional em escolas de samba da Zona Leste de São Paulo, a Dom Bosco teve ótima resposta no canto da comunidade – que, como dito anteriormente, empolgou até mesmo os presentes na arquibancada. Uma ala, entretanto, teve um canto mais abaixo: o agrupamento antes do segundo carro, que pouco colaborou para embalar o samba-enredo. Vale destacar, também, a ótima resposta da agremiação durante e depois os dois apagões da Gloriosa.

DomBosco et InterpreteRodrigoXara 1

Mestre-sala e Porta-bandeira

Além de uma pista minimamente úmida por conta da chuva e da garoa do meio da tarde paulistana, Leonardo Henrique e Mariana Vieira tiveram uma grande adversária: as grandes rajadas de vento no Anhembi. Se, no primeiro módulo, eles optaram pela segurança, com giros mais lentos com o ar se movimentando pouco, a partir da segunda cabine a situação mudou completamente. Na apresentação posterior, duas rajadas de vento tentaram atrapalhar a exibição – e, em uma delas, o pavilhão da agremiação deu uma discreta enrolada. Nos demais módulso, mais rajadas de vento – mas sem qualquer tipo de ocorrência negativa. Como característica, a dupla faz muito contato visual um com o outro, utilizando mais tal expediente que outros duos. E, claro: para combinar com o enredo, ambos, em determinados momentos, executam passos de ritmos nordestinos.

DomBosco et PrimeiroCasal 2

Outros destaques

A corte da bateria Gloriosa apresentou duas destaques: Mayra Barbosa (rainha) e Mariana Mello (madrinha) – que veio com uma sanfona de brinquedo para a passarela.